"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 20 de junho de 2021

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

 Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.

Então:
Tema do 12º Domingo do Tempo Comum - Ano B
Deus preocupa-se com os dramas dos homens? Onde está Ele nos momentos de sofrimento e de dificuldade que enfrentamos ao longo da nossa vida? A liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum diz-nos que, ao longo da sua caminhada pela terra, o homem não está perdido, sozinho, abandonado à sua sorte; mas Deus caminha ao seu lado, cuidando dele com amor de pai e oferecendo-lhe a cada passo a vida e a salvação.
A primeira leitura fala-nos de um Deus majestoso e omnipotente, que domina a natureza e que tem um plano perfeito e estável para o mundo. O homem, na sua pequenez e finitude, nem sempre consegue entender a lógica dos planos de Deus; resta-lhe, no entanto, entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com total confiança.
No Evangelho, Marcos propõe-nos uma catequese sobre a caminhada dos discípulos em missão no mundo... Marcos garante-nos que os discípulos nunca estão sozinhos a enfrentar as tempestades que todos os dias se levantam no mar da vida... Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer a oposição das forças que se opõe à vida e à salvação dos homens.
A segunda leitura garante-nos que o nosso Deus não é um Deus indiferente, que deixa os homens abandonados à sua sorte. A vinda de Jesus ao mundo para nos libertar do egoísmo que escraviza e para nos propor a liberdade do amor mostra que o nosso Deus é um Deus interveniente, que nos ama e que quer ensinar-nos o caminho da vida.
EVANGELHO - Mc 4,35-41
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele dia, ao cair da tarde,
Jesus disse aos seus discípulos:
«Passemos à outra margem do lago».
Eles deixaram a multidão
e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado.
Iam com Ele outras embarcações.
Levantou-se então uma grande tormenta
e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água.
Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada.
Eles acordaram-n'O e disseram:
«Mestre, não Te importas que pereçamos?»
Jesus levantou-Se,
falou ao vento imperiosamente e disse ao mar:
«Cala-te e está quieto».
O vento cessou e fez-se grande bonança.
Depois disse aos discípulos:
«Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?»
Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros:
«Quem é este homem,
que até o vento e o mar Lhe obedecem?»
AMBIENTE
Na primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30), Jesus é apresentado como o Messias que proclama o Reino de Deus. Marcos procura aí demonstrar como Jesus, com palavras e com gestos, anuncia um mundo novo (o "reino de Deus"), livre do egoísmo, da opressão, da injustiça e de tudo o que escraviza os homens e os impede de ter acesso à vida verdadeira. O texto que hoje nos é proposto deve ser visto neste ambiente.
O nosso texto começa com a indicação de que Jesus decidiu passar "à outra margem". A "outra margem" (do lago de Tiberíades, evidentemente) é o território pagão da Decápole. A Decápole ("dez cidades") era o nome dado ao território situado na Palestina oriental, estendendo-se desde Damasco, ao norte, até Filadélfia, ao sul. O nome servia para designar uma liga de dez cidades, que se formou depois da conquista da Palestina pelos romanos, no ano 63 a.C.. As "dez cidades" que formavam esta liga eram helenísticas e não estavam sujeitas às leis judaicas. As cidades que integravam a Decápole (bem como os territórios circundantes a cada uma dessas cidades) estavam sob a administração do legado romano da Síria. Eram território pagão, considerado pelos judeus completamente à margem dos caminhos da salvação.
O episódio que Marcos nos narra, neste domingo, passa-se durante a travessia do Lago de Tiberíades. O Lago de Tiberíades, designado frequentemente por "Mar da Galileia", é um lago de água doce, alimentado sobretudo pelas águas do rio Jordão, com 12 quilómetros de largura e 21 quilómetros de comprimento. As tempestades que se levantavam neste "mar" podiam aparecer subitamente e ser especialmente violentas.
Para entendermos melhor o que está em causa no episódio que hoje Marcos nos propõe, convém ter presente o que dissemos na primeira leitura a propósito do que o "mar" significava para a mentalidade judaica: era uma realidade assustadora, indomável, orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar e onde estavam os poderes maléficos que queriam destruir os homens... Só Deus, com o seu poder e majestade, podia pôr limites ao mar, dar-lhe ordens e libertar os homens dessas forças descontroladas do caos que o mar encerrava.
Mais do que uma crónica fiel de uma viagem de Jesus com os discípulos através do Lago de Tiberíades, a narração que Marcos nos apresenta deve ser vista como uma página de catequese. Usando elementos com uma forte carga simbólica (o mar, o barco, a tempestade, a noite, o sono de Jesus), Marcos apresenta-nos uma reflexão sobre a comunidade dos discípulos em marcha pela história. Marcos escreve numa época em que a Igreja de Jesus enfrenta sérias "tempestades" (perseguição de Nero, problemas internos causados pela diferença de perspectivas entre judeo-cristãos e pagano-cristãos, dificuldades sentidas pelas comunidades em encontrar o caminho para o futuro...); e pretende dar sugestões aos crentes acerca do caminho a percorrer.
MENSAGEM
Reparemos, em primeiro lugar, no "ambiente" em que Marcos nos situa: no mar, ao anoitecer (vers. 35). Situar o barco com Jesus e os discípulos "no mar", é colocá-los num ambiente hostil, adverso, perigoso, caótico, rodeados pelas forças que lutam contra Deus e contra a felicidade do homem. Por outro lado, a "noite" é o tempo das trevas, da falta de luz; aparece como elemento ligado com o medo, com o desânimo, com a falta de perspectivas. O "mar" e a "noite" definem uma realidade de dificuldade, de hostilidade, de incompreensão.
No "barco" vão Jesus e os discípulos (vers. 36). O "barco" é, na catequese cristã, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está no "barco", mas são os discípulos que se encarregam da navegação, pois é a eles que é confiada a tarefa de conduzir a comunidade pelo mar da vida.
O "barco" dirige-se "para a outra margem" (vers. 35b), ao encontro das terras dos pagãos. Com este dado Marcos alude, muito provavelmente, à missão da comunidade cristã, convidada por Jesus a ir ao encontro de todos os homens para lhes levar Jesus e a sua proposta libertadora.
Durante a travessia, Jesus "dorme" (vers. 38). O "sono" de Jesus durante a viagem refere-se, possivelmente, à sua aparente ausência ao longo da "viagem" que a comunidade cristã faz pela história. Com frequência os discípulos, ocupados em dirigir o "barco", têm a sensação de que estão sós, abandonados à sua sorte e que Jesus não está com eles a enfrentar as vicissitudes da viagem. Na verdade, Jesus está com eles no "barco"; Ele prometeu ficar com eles "até ao fim do mundo".
A "tempestade" (vers. 37) significa as dificuldades que o mundo opõe à missão dos discípulos. É provável que Marcos estivesse a pensar numa "tempestade" concreta, talvez a perseguição de Nero aos cristãos de Roma, durante a qual foram mortos Pedro e Paulo, bem como muitos outros cristãos (anos 64-68. O Evangelho segundo Marcos deve ter aparecido nessa altura); mas a "tempestade" refere-se também a todos os momentos de crise, de perseguição, de hostilidade que os discípulos terão de enfrentar ao longo do seu caminho histórico, até ao fim dos tempos.
Jesus, despertado pelos discípulos, acalma a fúria do mar e do vento, com a sua Palavra imperiosa e dominadora (vers. 39). Já dissemos atrás que, na teologia judaica, só Deus era capaz de dominar o mar e as forças hostis que se albergavam no mar. Jesus aparece assim, como o Deus que acompanha a difícil caminhada dos discípulos pelo mundo e que cuida deles no meio das dificuldades e da hostilidade do mundo.
Depois de aclamar o mar e o vento, Jesus dirige-Se aos discípulos e repreende-os pela sua falta de fé (vers. 40: "porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?"). Os discípulos, depois da caminhada feita com Jesus, já deviam saber que Ele nunca está ausente, nem alheado da vida da sua comunidade. Eles não podem esquecer que, em todas as circunstâncias, Jesus vai com eles no mesmo "barco" e que, por isso, nada têm a temer. A comunidade de Jesus tem de estar consciente de que Jesus está sempre presente e que, portanto, as tempestades da história não poderão impedi-los de concretizar no mundo a missão que lhes foi confiada.
O nosso texto termina com o "temor" dos discípulos e a pergunta que eles fazem uns aos outros: "Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?" (vers. 41). O "temor" define o estado de espírito do homem diante da divindade. No universo bíblico, este "temor" não apresenta carácter de pânico ou de medo servil, mas encerra um misterioso poder de atracção que se traduz em obediência, entrega, confiança, entusiasmo. Tal atitude positiva deriva da experiência que o crente israelita tem de Deus: Jahwéh é um Deus presente, que guia o seu Povo com uma solicitude paternal e maternal. Por isso, o crente, se por um lado tem consciência da omnipotência de Deus, por outro lado sabe que pode confiar incondicionalmente n'Ele e entregar-se nas suas mãos. A resposta à questão já está, portanto, dada: o "temor" dos discípulos significa que eles reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens, e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.
A catequese que Marcos nos propõe é, portanto, sobre a caminhada dos discípulos, em missão no mundo... Marcos garante-nos que Cristo está sempre com os discípulos, mesmo quando parece ausente. Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer as forças que se opõem à vida e à salvação dos homens.
ACTUALIZAÇÃO
*A imagem de um barco cheio de discípulos convidados por Jesus a passar "à outra margem do lago" e a dar testemunho dessa vida nova que Deus quer oferecer aos homens é uma boa definição de Igreja. Antes de mais, o nosso texto convida-nos a tomar consciência de que a comunidade que nasce de Jesus é uma comunidade missionária, cuja tarefa é ir ao encontro dos homens prisioneiros do egoísmo e do pecado para lhes apresentar a Boa Nova da libertação. Os discípulos de Jesus não podem ficar comodamente instalados nos seus espaços seguros e protegidos, defendidos dos perigos do mundo e alheados dos problemas e necessidades dos homens; mas a Igreja tem de ser uma comunidade empenhada na transformação do mundo, que se preocupa em levar aos homens - a todos os homens, sobretudo aos pobres e marginalizados - com palavras e com gestos a proposta libertadora do Reino.
* O caminho percorrido pela comunidade de Jesus em missão no mundo é, muitas vezes, um caminho marcado por duras tempestades. Quando a comunidade procura ser fiel à sua vocação e levar a libertação aos homens, confronta-se frequentemente com as forças da injustiça, da opressão e do pecado que não estão interessadas em que o anúncio libertador de Jesus ecoe no mundo (às vezes, essas forças de injustiça e de opressão disfarçam-se com as atraentes roupagens da "moda", do "politicamente correcto" ou do "socialmente aceitável")... Por isso, a comunidade de Jesus conhece, ao longo da sua caminhada, a oposição, a incompreensão, a perseguição, as calúnias e até a morte... No entanto, os discípulos devem estar conscientes de que esse cenário é inevitável e resulta da sua fidelidade ao caminho de Jesus.
* Muitas vezes, ao longo da caminhada, os discípulos sentem uma tremenda solidão e, confrontados com a oposição e a incompreensão do mundo, experimentam a sua fragilidade e impotência. Parece que Jesus os abandonou; e o silêncio de Jesus desconcerta-os e angustia-os. O Evangelho deste domingo garante-nos que Jesus nunca abandona o barco dos discípulos. Ele está sempre lá, embarcado com eles na mesma aventura, dando-lhes segurança e paz. Nos momentos de crise, de desânimo, de medo, os discípulos têm de ser capazes de descobrir a presença - às vezes silenciosa, mas sempre amiga e reconfortante - de Jesus ao seu lado, no mesmo barco.
* "Ainda não tendes fé?" - pergunta Jesus aos discípulos... Se os discípulos tivessem fé, não teriam medo e não sentiriam a necessidade de "acordar" Jesus. Estariam conscientes da presença de Jesus ao seu lado em todos os momentos e não estariam à espera de uma intervenção mais ou menos mágica de Jesus para os livrar das dificuldades. O verdadeiro discípulo é aquele que aderiu a Jesus, que vive em permanente comunhão e intimidade com Jesus, que está em permanente escuta de Jesus, que caminha com Jesus, que a cada instante descobre a presença reconfortante de Jesus ao seu lado. Ele conta sempre com Jesus e não se lembra de Jesus apenas nos momentos de dificuldade e de crise...
¨ A intervenção de Jesus provoca o "temor" dos discípulos. Dissemos atrás que o "temor" significa, neste contexto, que os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega. Esta "catequese" convida-nos a assumir, diante desse Jesus que nos acompanha sempre, uma atitude semelhante (de "temor") e a aderir incondicionalmente às suas propostas, a confiar n'Ele, a segui-l'O nesse caminho do amor e do dom da vida que Ele nos veio propor.
BILHETE DE EVANGELHO.
Seria para repousar? Seria para propor aos seus Apóstolos uma forma de retiro? O facto é que Jesus convida os seus discípulos a passar para a outra margem. A travessia do lago não é de repouso, levanta-se uma tempestade violenta e os Apóstolos estão aterrorizados. Sabem que não estão sozinhos no barco. Eles, os especialistas do lago, admiram-se com o sono de Jesus. Estão perdidos, então despertam Jesus, Ele que veio salvar os que estavam perdidos. Ele vai manifestar, então, que tem autoridade sobre todas as forças da morte, dá uma ordem: "Silêncio! Cala-te!" E fez-se uma grande calmaria. Os Apóstolos, naquele dia, não passaram apenas para a outra margem... Passaram do medo à confiança, graças ao "Passador" que tinha embarcado com eles. Nunca esqueçamos de fazer subir Cristo para o nosso barco, para passarmos com Ele...
À ESCUTA DA PALAVRA.
Jesus no barco da nossa vida. "Ao cair da tarde..." Toda a cena da tempestade acalmada desenrola-se durante a noite. É o momento em que todas as forças do mal podem agir com toda a impunidade. O barco está "no mar", o lugar onde residem as forças demoníacas. Enfim, a palavra de Jesus ao vento e ao mar - "acalma-te!" - significa também "exorcizar". Dito de outro modo, Marcos quer fazer-nos compreender que, para além da brusca tempestade, os discípulos - e todos os homens - são confrontados a um combate bem mais profundo e dramático: o combate contra o mal, não somente o mal "natural", mas sobretudo o mal que habita e trabalha no coração dos homens. Os apóstolos, ultrapassados pela violência da tempestade, simbolizam os homens ultrapassados pelo poder do mal, que parece vencer, ainda e sempre. Para vencer o mal, é preciso recorrer a um poder maior. Felizmente que Jesus está lá! Ele dispõe do poder divino! Sim, mas Ele dorme tão profundamente que as enormes vagas não o fazem despertar. O seu sono torna-se, pois, a imagem da sua morte. Tudo parece perdido: "Mestre, estamos perdidos!" Jesus acaba por "despertar". Ora, a palavra é a mesma que Marcos empregará para dizer a Ressurreição de Jesus: "Ele despertou de entre os mortos". Podemos, pois, compreender o sentido mais profundo deste milagre da tempestade acalmada. Jesus veio ao coração da nossa história, desceu até ao fundo do mistério do mal que se desencadeia, ainda e sempre, foi até entrar no sono da morte violenta, que os homens esvaziaram de toda a traça de amor, onde parece que não se ouve mais nada, onde o próprio Deus parece dormir, indiferente aos males dos homens: "Mestre, isto não Te diz nada?" Mas Deus, em Jesus, respeitando infinitamente a nossa liberdade, só podia fazer uma coisa: juntar-se às nossas vidas, esconder-se nas nossas tempestades e nas nossas mortes, para aí colocar a sua presença, mais forte que todas as trevas. Só após a vitória aparente da morte é que Ele manifestará o poder da sua Ressurreição. O que Ele nos pede hoje é de crer, de Lhe dar a nossa confiança: "Porque ter medo?" Com Ele na nossa vida, as forças do mal não terão a última palavra.
PARA A SEMANA QUE SE SEGUE...
As palavras da nossa fé. No domingo, é importante professar a nossa fé com o Credo da Igreja, para marcar a nossa pertença ao Povo de Deus que nos transmitiu estas palavras. Mas, nesta semana, se pudermos viver uma partilha à volta da questão "quem é Jesus para nós?", poderemos tentar compor uma profissão de fé que retome o essencial desta partilha.
e/ou no vídeo AQUI.

Na vida a tempestade chega sem aviso
Perante a falta de fé, Jesus repreende o vento e exorciza o mar. «dizendo-lhe: “Cala-te, acalma-te”. E subitamente o vento cessou e houve grande bonança». Este milagre realizado por Jesus – não escapa a ninguém – tem sobretudo um grande alcance simbólico, porque cada um de nós, na sua vida, conhece horas de tempestade. Nestas situações, em particular quando duram muito tempo, tem-se a impressão que a invisibilidade de Deus é, na realidade, um seu dormir, um não ver, um não sentir o grito e os gemidos de quem se lamenta. Sim, a pouca fé faz os crentes gritar: «Deus, onde estás? Porque dormes? Porque não intervéns?» Para saber mais clicar AQUI.

«Porque estais tão assustados?»
Os discípulos «acordaram-no e disseram: "Mestre, não Te importas que pereçamos?"». [...] Ó bem-aventurados, ó verdadeiros discípulos de Deus, tendes convosco o Senhor, vosso Salvador, e estais com medo? A Vida está convosco e a vossa morte preocupa-vos? Tirais o Criador do sono, como se Ele não pudesse, mesmo a dormir, acalmar as ondas, fazer cessar a tempestade?
Que respondem a isto os discípulos bem-amados? Ainda somos crianças fracas. Ainda não somos homens vigorosos. [...] Ainda não vimos a cruz; ainda não fomos solidificados pela Paixão do Senhor, a sua ressurreição, a sua ascensão aos Céus e a descida do Espírito Santo Paráclito. [...] O Senhor tem razão ao dizer-nos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Porque estais sem forças? Porquê essa falta de confiança? Porque vos falta a temeridade quando tendes a Confiança convosco? Mesmo que a morte irrompesse, não deveríeis recebê-la com constância? Eu dar-vos-ei a força necessária para os perigos e as provas, incluindo a saída da alma do corpo. [...] Se precisais da minha força para tudo suportardes com fé, como homens, quanto mais para não cairdes nas tentações desta vida!
Porque vos perturbais, gente de pouca fé? Sabeis que tenho poder sobre a terra; porque não acreditais que também tenho poder sobre o mar? Se Me reconheceis como verdadeiro Deus e Criador de todas as coisas, porque não acreditais que tenho poder sobre tudo o que criei? Então, «falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: "Cala-te e está quieto". O vento cessou e fez-se grande bonança».
Homilia grega antiga, Erradamente atribuída a Orígenes (c.185-253), presbítero, teólogo

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