"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

FORMAÇÃO&EDUCAÇÃO: Virtudes

Temperança é palavra que está a sair do nosso vocabulário quotidiano. Do económico já saiu há muito tempo, para deixar espaço ao seu contrário. Usamo-la agora para o clima, para as escalas musicais, para as escalas musicais ou para o cravo de Bach, que são também coisas importantes, mas que não estão no centro da nossa vida civil nem do pacto social. Com a temperança está todo o léxico da ética das virtudes que tende a desaparecer da gramática da vida em comum; e as consequências políticas, civis e económicas deste eclipse estão já tristemente à vista de toda a gente. A nossa civilização (pelo menos a ocidental) corre o risco de deixar de compreender a mensagem de vida sã contida na ética das virtudes, e isso depende de diversos motivos, de dois especialmente. O primeiro é o desaparecimento do conceito de educação do caráter, a começar pela educação das nossas crianças.
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http://www.snpcultura.org/temperanca_para_alem_escassez.html
Justiça
Para avaliar a justiça deste capitalismo não devemos confrontá-la com a do feudalismo, que era ainda menor, mas sim com a que poderíamos realizar se não tivéssemos traído a vocação social e civil da Europa para seguir as sirenes do consumismo e da finança especulativa. Este capitalismo, que continua a produzir rendimentos e privilégios para pouquíssimos e desemprego e marginalidade para tantíssimos, que publica leis que reforçam os privilégios e desfavorecem cada vez mais os fracos e os pobres – não podendo ter a justiça da sua parte, deve contentar-se com a eficiência, quando o consegue. Se quiséssemos superar este modelo de desenvolvimento e tomar decididamente o caminho da justiça, deveríamos ter uma coragem civil e uma força de pensamento pelo menos semelhante à daqueles que geraram o movimento cooperativo europeu que, nos alvores do capitalismo, tentou uma outra via para o mercado e para a empresa; e para tal punha em discussão os direitos de propriedade, a distribuição do rendimento (tema que já não se encontra nos tratados de economia), o poder, a igualdade de oportunidades entre os sujeitos económicos, sem negar a liberdade nem o mercado.
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http://www.snpcultura.org/justica_para_alem_da_iniquidade.html
Prudência
Quem no nosso tempo está em contacto com as muitas periferias morais e antropológicas do mundo, se não tocar e por vezes ultrapassar a fronteira da justiça traçada pelas leis da cidade, não poderá ser verdadeiramente justo. Quando certa noite bateu Alí à porta de um meu amigo pároco siciliano, se ele se tivesse prudentemente detido no limiar da justiça e não o tivesse acolhido na sua casa (pensando nas consequências penais que poderia ter e que depois veio a ter), não teria sido verdadeiramente virtuoso. Uma dinâmica paradoxal conhecida por quem trabalha em comunidades de recuperação, em prisões de menores, e por muitos que continuam a arriscar carreira, bens, volume de vendas, postos de trabalho, falência de empresas. Não é pedido a todos e a cada momento que vivam esta dimensão paradoxal da virtude. Mas se não respondermos quando o apelo soa, comprometeremos a qualidade ética e espiritual da nossa existência, porque não se trata de atos extraordinários de super-heróis, mas de ações de que todos somos potencialmente capazes.
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http://www.snpcultura.org/prudencia.html
Fortaleza
É uma virtude a par das outras, mas, como e mais do que as outras virtudes cardeais, é também uma dimensão ou pré-condição para poder viver todas as outras virtudes quando se atua em contextos difíceis, e quando as condições difíceis se mantêm por muito tempo. É uma virtude que serve todas as outras, porque nos faz ir por diante quando falta reciprocidade. Por isso uma bela palavra que hoje recolhe muitos dos significados da fortaleza é resiliência, que diz também a capacidade de a pessoa não ceder, de se manter agarrada às paredes, de não escorregar nos diferentes declives da vida pessoal e civil. Por esta razão a fortaleza foi – e é – a salvação sobretudo dos pobres, que graças a ela conseguem muitas vezes resistir à injusta falta de recursos, direitos, liberdade, respeito. Fá-los resistir durante longas carestias, intermináveis ausências de maridos e filhos emigrados ou desaparecidos na guerra (existe uma relação especial entre a fortaleza e a mulher).
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http://www.snpcultura.org/a_fortaleza_para_alem_das_crises.html
Esperança
Existe um laço profundo entre a esperança e a expectativa. Dizem-no também as línguas portuguesa e espanhola, nas quais com uma única palavra se pode dizer ter esperança e aguardar algo ou alguém: esperar. Existe talvez algo desta esperança no misterioso final do Conde de Montecristo: «Toda a sabedoria humana repousa nestas duas palavras: aguardar e esperar». É a espera do esposo com as lâmpadas acesas da esperança. Esta esperança, como todo o verdadeiro e grande dom, chega sem pré-aviso e sem pedir licença, quando esgotámos os recursos naturais para esperar, e nos encontramos em condições em que não haveria já qualquer razoável razão para esperar, nem sequer no Paraíso. E no entanto chega; depois do anúncio de uma doença séria, de uma grave traição, depois de infinitas solidões, quando menos se espera aflora na alma algo delicado, uma brisa ligeira; e de novo é possível esperar, esperar e aguardar diversamente.
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http://www.snpcultura.org/esperanca_a_sala_dos_tesouros.html
A Fé
Há palavras que, sozinhas, conseguem exprimir totalidade. Justiça, beleza, verdade, possuem tal força, tal inteireza que não é necessário acrescentar-lhes adjetivos para as completar. Que mais dizer de uma pessoa verdadeira, de um homem justo, de uma vida bela? Uma dessas poucas palavras grandes e absolutas é: Fé. É possível viver, e por vezes bem, uma longa vida sem dinheiro ou bens, mas não se vive sem acreditar. Todos somos capazes de fé, porque no espaço interior de cada pessoa existe uma “janela” que dá para um “além”, uma frincha que ali permanece mesmo quando ao olharmos dentro de nós (já) não vemos nada e ainda que à frente dela tenhamos colocado um armário ou o televisor. E precisamente porque é uma palavra grande do humano, a fé é também palavra do económico.
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http://www.snpcultura.org/a_fe.html
Ágape
É o agape que doa ao amor humano aquela dimensão de gratuidade que não é garantida pela philia, e muito menos pelo eros; e que, abrindo-as, cumpre (assim) todas as virtudes, que na sua ausência não passam de subtil egoísmo. A forma de amor do ágape é também uma grande força de ação e de mudança económica e civil. Todas as vezes que uma pessoa age para o bem, e encontra na ação mesma e dentro de si recursos para andar para diante mesmo sem reciprocidade, entra em ação o ágape. O ágape é o amor típico dos fundadores, os iniciadores de um movimento, de uma cooperativa, que não podem contar com a reciprocidade dos outros, e cuja ação exige fortaleza e perseverança em longos períodos de solidão. O ágape não condiciona a escolha de amar à resposta do outro mas, quando tal resposta falta, sofre porque o ágape é pleno na reciprocidade («dou-vos um mandamento novo: amai-vos!»); mas não fica incomodado a ponto de interromper o seu amor não amado.
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http://www.snpcultura.org/agape_a_grande_aurora.html

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