A questão que volta inevitavelmente à superfície gira entorno ao sentido; por exemplo, terá o cancro sentido, além do sentido óbvio de destabilizar física, psíquica, existencial e emotivamente o doente? A primeira resposta a dar é que, em si, o sofrimento não tem senão um sentido negativo; ele é, na linguagem de Teilhard de Chardin, uma passividade de diminuição. Contudo, não estamos longe de compreender que a questão deve ser posta de outro modo. Não adianta muito tentar saber qual é, a priori, o sentido do sofrimento, mas mais adequadamente como é que o vamos encarar, qual será a resposta existencial e concreta que lhe vamos opor. Como é que é vivido? A aceitação da máxima passividade torna-se a máxima atividade interior. Nela, com efeito, o crente oferece a Deus a única coisa que este não lhe pode impor, isto é: fazer o dom da plena confiança, além de todas as aparências e até dentro da sua angústia de morrer. Não deve ser fácil aceder a este nível de fé, mas felizes os que o alcançam – e feliz seria eu se, na eventual e devida altura, o conseguisse.
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