"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 29 de abril de 2012

O MUNDO à nossa volta

PALAVRA de DOMINGO: há que contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!!!

EVANGELHOJo 10,11-18
Naquele tempo, disse Jesus.
«Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas,
logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge,
enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor:
conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-Me,
do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai;
Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil
e preciso de as reunir;
elas ouvirão a minha voz
e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama:
porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar:
foi este o mandamento que recebi de meu Pai».

AMBIENTE
O capítulo 10 do 4º Evangelho é dedicado à catequese do “Bom Pastor”. O autor utiliza esta imagem para propor uma catequese sobre a missão de Jesus: a obra do “Messias” consiste em conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em plenitude.
A imagem do “Bom Pastor” não foi inventada pelo autor do 4º Evangelho. Literariamente falando, este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do Antigo Testamento. Em especial, este discurso tem presente Ez 34 (onde se encontra a chave para compreender a metáfora do “pastor” e do “rebanho”). Falando aos exilados da Babilónia, Ezequiel constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus “pastores”, que conduziram o Povo por caminhos de morte e de desgraça; mas – diz Ezequiel – o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo; Ele porá à frente do seu Povo um “Bom Pastor” (o “Messias”), que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida. A catequese que o 4º Evangelho nos oferece sobre o “Bom Pastor” sugere que a promessa de Deus – veiculada por Ezequiel – se cumpre em Jesus.
O contexto em que João coloca o “discurso do Bom Pastor” (cf. Jo 10) é um contexto de polémica entre Jesus e alguns líderes judaicos, principalmente fariseus (cf. Jo 9,40; 10,19-21.24.31-39). Depois de ver a pressão que os líderes judaicos colocaram sobre o cego de nascença para que ele não abraçasse a luz (cf. Jo 9,1-41), Jesus denuncia a forma como esses líderes tratam o Povo: eles estão apenas interessados em proteger os seus interesses pessoais e usam o Povo em benefício próprios; são, pois, “ladrões e salteadores” (Jo 10,1.8.10), que se apossam de algo que não lhes pertence e roubam ao seu Povo qualquer possibilidade de vida e de libertação.

MENSAGEM
O nosso texto começa com uma afirmação lapidar, posta na boca de Jesus: “Eu sou o Bom Pastor”. O adjectivo “bom” deve, neste contexto, entender-se no sentido de “modelo”, de “ideal”: “Eu sou o modelo de pastor, o pastor ideal”. E Jesus explica, logo de seguida, que o “pastor modelo” é aquele que é capaz de se entregar a si mesmo para dar a vida às suas ovelhas (vers. 11).
Depois da afirmação geral, Jesus põe em paralelo duas figuras de pastor: o “pastor mercenário” e o “verdadeiro pastor” (vers. 12-13).
Aquilo que distingue o “verdadeiro pastor” do “pastor mercenário” é a diferente atitude diante do “lobo”. O “lobo” representa, nesta “parábola”, tudo aquilo que põe em perigo a vida das ovelhas: os interesses dos poderosos, a opressão, a injustiça, a violência, o ódio do mundo.O “pastor mercenário” é o pastor contratado por dinheiro. O rebanho não é dele e ele não ama as ovelhas que lhe foram confiadas. Limita-se a cumprir o seu contrato, fugindo de tudo aquilo que o pode pôr em perigo a ele próprio e aos seus interesses pessoais. Limita-se a cumprir determinadas obrigações, sem que o seu coração esteja com o rebanho. Ele tem uma função de enquadrar o rebanho e de o dirigir, mas a sua acção é sempre ditada por uma lógica de egoísmo e de interesse. Por isso, quando sente que há perigo, abandona o rebanho à sua sorte, a fim de salvaguardar os seus interesses egoístas e a sua posição.
O verdadeiro pastor é aquele que presta o seu serviço por amor e não por dinheiro. Ele não está apenas interessado em cumprir o contrato, mas em fazer com que as ovelhas tenham vida e se sintam felizes. A sua prioridade é o bem das ovelhas que lhe foram confiadas. Por isso, ele arrisca tudo em benefício do rebanho e está, até, disposto a dar a própria vida por essas ovelhas que ama. Nele as ovelhas podem confiar, pois sabem que ele não defende interesses pessoais mas os interesses do seu rebanho.
Ora, Jesus é o modelo do verdadeiro pastor (vers. 14-15). Ele conhece cada uma das suas ovelhas, tem com cada uma relação pessoal e única, ama cada uma, conhece os seus sofrimentos, dramas, sonhos e esperanças. Esta relação que Jesus, o verdadeiro pastor, tem com as suas ovelhas é tão especial, que Ele até a compara à relação de amor e de intimidade que tem com o próprio Deus, seu Pai. É este amor, pessoal e íntimo, que leva Jesus a pôr a própria vida ao serviço das suas ovelhas, e até a oferecer a própria vida para que todas elas tenham vida e vida em abundância. Quando as ovelhas estão em perigo, Ele não as abandona, mas é capaz de dar a vida por elas. Nenhum risco, dificuldade ou sofrimento O faz desanimar. A sua atitude de defesa intransigente do rebanho é ditada por um amor sem limites, que vai até ao dom da vida.
Depois de definir desta forma a sua missão e a sua atitude para com o rebanho, Jesus explica quem são as suas ovelhas e quem pode fazer parte do seu rebanho. Ao dizer “tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir” (vers. 16a), Jesus deixa claro que a sua missão não se encerra nas fronteiras limitadas do Povo judeu, mas é uma missão universal, que se destina a dar vida a todos os povos da terra. A comunidade de Jesus não está encerrada numa determinada instituição nacional ou cultural. O que é decisivo, para integrar a comunidade de Jesus, é acolher a sua proposta, aderir ao projecto que Ele apresenta, segui-l’O. Nascerá, então, uma comunidade única, cuja referência é Jesus e que caminhará com Jesus ao encontro da vida eterna e verdadeira (“elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor” – vers. 16b).
Finalmente, Jesus explica que a sua missão se insere no projecto do Pai para dar vida aos homens (vers. 17-18). Jesus assume esse projecto do Pai e dedica toda a sua vida terrena a cumprir essa missão que o Pai lhe confiou. O que O move não é o seu interesse pessoal, mas o cumprimento da vontade do Pai. Ao cumprir o projecto de amor do Pai em favor dos homens, Ele está a realizar a sua condição de Filho.
Ao dar a sua vida, Jesus está consciente de que não perde nada. Quem gasta a vida ao serviço do projecto de Deus, não perde a vida, mas está a construir para si e para o mundo a vida eterna e verdadeira. O seu dom não termina em fracasso, mas em glorificação. Para quem ama, não há morte, pois o amor gera vida verdadeira e definitiva.
A entrega de Jesus não é um acidente ou uma inevitável fatalidade, mas um gesto livre de alguém que ama o Pai e ama os homens e escolhe o amor até às últimas consequências. O dom de Jesus é um dom livre, gratuito e generoso. Na decisão de Jesus em oferecer livremente a vida por amor, manifesta-se o seu amor pelo Pai e pelos homens.

ACTUALIZAÇÃO
Todos nós temos as nossas figuras de referência, os nossos heróis, os nossos mestres, os nossos modelos. É a uma figura desse tipo que, utilizando a imagem do Evangelho do 4º Domingo da Páscoa, poderíamos chamar o nosso “pastor”… É Ele que nos aponta caminhos, que nos dá segurança, que está ao nosso lado nos momentos de fragilidade, que condiciona as nossas opções, que é para nós uma espécie de modelo de vida. O Evangelho deste domingo diz-nos que, para o cristão, o “Pastor” por excelência é Cristo. É n’Ele que devemos confiar, é à volta d’Ele que nos devemos juntar, são as suas indicações e propostas que devemos seguir. O nosso “Pastor” é, de facto, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam e que são as referências fundamentais à volta das quais construimos a nossa existência? O que é que nos conduz e condiciona as nossas opções: Jesus Cristo? As directrizes do chefe do departamento? A conta bancária? A voz da opinião pública? A perspectiva do presidente do partido? O comodismo e a instalação? O êxito e o triunfo profissional a qualquer custo? O herói mais giro da telenovela? O programa de maior audiência da estação televisiva de maior audiência?• Reparemos na forma como Cristo desempenha a sua missão de “Pastor”: Ele não actua por interesse (como acontece com outros pastores, que apenas procuram explorar o rebanho e usá-lo em benefício próprio), mas por amor; Ele não foge quando as ovelhas estão em perigo, mas defende-as, preocupa-Se com elas e até é capaz de dar a vida por elas; Ele mantém com cada uma das ovelhas uma relação única, especial, pessoal, conhece os seus sofrimentos, dramas, sonhos e esperanças. As “qualidades” de Cristo, o Bom Pastor, aqui enumeradas, devem fazer-nos perceber que podemos confiar integral e incondicionalmente n’Ele e entregar, sem receio, a nossa vida nas suas mãos. Por outro lado, este “jeito” de actuar de Cristo deve ser uma referência para aqueles que têm responsabilidades na condução e animação do Povo de Deus: aqueles que receberam de Deus a missão de presidir a um grupo, de animar uma comunidade, exercem a sua missão no dom total, no amor incondicional, no serviço desinteressado, a exemplo de Cristo?
• No “rebanho” de Jesus, não se entra por convite especial, nem há um número restrito de vagas a partir do qual mais ninguém pode entrar… A proposta de salvação que Jesus faz destina-se a todos os homens e mulheres, sem excepção. O que é decisivo para entrar a fazer parte do rebanho de Deus é “escutar a voz” de Cristo, aceitar as suas indicações, tornar-se seu discípulo… Isso significa, concretamente, seguir Jesus, aderir ao projecto de salvação que Ele veio apresentar, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projectos de Deus e na doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso “Pastor” (Cristo) no caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos que esse caminho é apenas um caminho de derrota e de fracasso, que não leva aonde nós pretendemos ir?
• O nosso texto acentua a identificação total de Jesus com a vontade do Pai e a sua disponibilidade para colocar toda a sua vida ao serviço do projecto de Deus. Garante-nos também que é dessa entrega livre, consciente, assumida, que resulta vida eterna, verdadeira e definitiva. O exemplo de Cristo convida-nos a aderir, com a mesma liberdade mas também com a mesma disponibilidade, às propostas de Deus e ao cumprimento do projecto de Deus para nós e para o mundo. Esse caminho é, garantidamente, um caminho de vida eterna e de realização plena do homem.
• Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam. Podemos aceitar, sem problemas, que elas receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições; mas convém igualmente ter presente que o nosso único “Pastor”, aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Cristo. Os outros “pastores” têm uma missão válida, se a receberam de Cristo; e a sua actuação nunca pode ser diferente do jeito de actuar de Cristo.
• Para que distingamos a “voz” de Jesus de outros apelos, de propostas enganadoras, de “cantos de sereia” que não conduzem à vida plena, é preciso um permanente diálogo íntimo com “o Pastor”, um confronto permanente com a sua Palavra e a participação activa nos sacramentos onde se nos comunica essa vida que “o Pastor” nos oferece.


FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=357




sábado, 28 de abril de 2012

Suicídio & Crise económica

De acordo com os números do Instituto Nacional de Estatística, em 2010 as mortes por suicídio em Portugal ultrapassaram pela primeira vez, os óbitos provocados por acidentes rodoviários. Neste caso, ocorreram no nosso país 1101 óbitos por suicídio, mais 86 do que as mortes registadas em acidentes nas estradas durante o mesmo período.
Desde a “grande depressão”, com início em 1929 nos EUA, que se conhece a relação entre a crise económica e o aumento do número de suicídios. Ora, considerando o crescimento da taxa de desemprego para cerca de 15%, as dificuldades económicas da população e o consequente acréscimo dos casos de depressão, existem sérios riscos de ocorrer no nosso país um aumento exponencial do número de suicídios. Um estudo publicado em 2009, na revista Lancet, revelou que na UE cada aumento de 1% do desemprego está associado a uma subida de 0,8% de suicídios. Além disso, verificou-se que um aumento superior a 3% na taxa de desemprego encontra-se associada a um acréscimo de 4,5% de suicídios.
Mas será que este aumento do número de suicídios poderá ser evitado? Existem pelo menos dois países da UE que conseguiram alcançar este objectivo. Na Suécia, o desemprego aumentou de 2,1% para 5,7 % entre 1991 e 1992, mas apesar disso a taxa de suicídios diminuiu. Por sua vez, na Finlândia, o desemprego aumentou de 3,2% para 16,6% entre 1990 e 1993 e as taxas de suicídios diminuíram ano após ano. Este sucesso pode ser em grande parte explicado pelo facto de ambos os países disporem de um forte modelo de protecção social e terem implementado programas de estímulo à procura e criação de emprego, a par de possuírem bons cuidados de saúde mental.
O aumento das doenças psiquiátricas associadas à crise económica é um problema que terá de ser monitorizado pelo governo, devendo ser tomadas algumas medidas que podem salvar vidas. Por exemplo, os serviços de saúde devem acompanhar as situações mais dramáticas, como são os casos em que ambos os elementos do casal estão desempregados, ou quando existem filhos menores que podem sofrer graves carências com o empobrecimento dos pais. De resto, umas das maiores humilhações que o ser humano pode sofrer é não conseguir garantir a alimentação dos seus próprios filhos.

Sabendo que a crise veio para durar, já não se trata de solicitar aos portugueses que façam alguns sacrifícios, trata-se de lhes pedir que acatem resignadamente uma vida servil de constante provações, exigindo por vezes que ultrapassem os limites do suportável da sua saúde mental. Talvez por isso é que tomo cada vez mais consciência do sentimento de impotência perante muitos casos de depressão e sinto uma força irreprimível de escrever a palavra “fome” no diagnóstico psiquiátrico da ficha de observação.

O pior sinal que poderíamos dar actualmente ao mundo seria o de uma sociedade que se resigna perante o sofrimento dos mais fracos e que permanece impassível face à sua própria destruição. A indiferença política diante do aumento do número de suicídios, no contexto da presente crise económica, pode tornar-se perigosa, pois corrompe o tecido social e exprime a renúncia a um importante compromisso: o compromisso com o futuro.
 
Pedro Afonso
Médico Psiquiatra
In jornal SOL 27.04.2012

(in)PRENSA: a minha selecção

1. FMI: Portugal só terá sucesso se resolver problemas estruturais
http://expresso.sapo.pt//fmi-portugal-so-tera-sucesso-se-resolver-problemas-estruturais=f720691

2. Problemas de elefante
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2435851&seccao=Jo%E3o C%E9sar das Neves&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=2

3. Os 900 livros que a Censura proibiu
http://expresso.sapo.pt//os-900-livros-que-a-censura-proibiu=f720543

4. Portugal precisa de mais estímulo à economia para quebrar "ciclo vicioso", diz economista da ONU
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2435822

5. Investidor (ir)racional
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=552627&pn=1

6. Um minuto de silêncio por Miguel Portas
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=59791
http://visao.sapo.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=vs.stories/519860
http://expresso.sapo.pt/miguel-portas-quem-nao-se-arrepende-de-nada-ou-e-parvo-ou-santo=f721369


7. Anunciada criação de agência de 'rating' europeia
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2443261

8. Miguel Beleza: "O mercado já deixou de dar muita importância" aos "ratings"
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=553627

10. Silva Lopes: "Insistência germânica na austeridade vai ser a desgraça não só de Portugal mas da Europa"
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=553615

11. Stiglitz: "A Europa está próxima de um suicídio"
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=553553

12. Austeridade por si não chega, diz governador islandês
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=553533&pn=1

13. Mercados e preconceitos
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=553529&pn=1

14. Vencer a dividocracia  
http://expresso.sapo.pt//vencer-a-dividocracia=f721866
15. Recessão&Austeridade

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Da", "Na" e "Para" a HISTÓRIA do 25 de ABRIL em PORTUGAL

Em 25 de Abril de 2012 mantenho, infeliz & lamentavelmente, o que escrevi em:
"Como comemorei o 25 de Abril? Eu português de Abril1974 e em Abril2010 me confesso ...
... a pensar e não foi preciso muito para, em jeito de desabafo, desilusão e revolta, perguntar/comentar/abanar/lembrar:
Volvidos todos estes anos, "cadé" os três " DDD's " de Desenvolvimento, Democracia e Descolonização com que os responsáveis - e muito bem - nos acenaram nessa data?
Apenas um dos três, um terço, 33% - muito pouco, convenhamos - foi conseguido, a democracia. Mas atenção porque, pelos vistos, alguém dos dias de hoje quer, senão derrubar, pelo menos domesticar - também se escrevem com "D". Quanto aos restantes:
1. O pretenso "Desenvolvimento" se é que em alguma ocasião existiu, degenerou malignamente em 3 carcinomas: "Dívida", "Défice" e "Desemprego"; agora, só se lá vai com o antídoto 3 "PPP's" de Poupança, Produtividade e Para exportação que por sinal ou por ... não estão no famigerado e tão badalado PEC;
2. A "Descolonização" dita exemplar, deu no que deu: milhares de espoliados à espera da justa indemnização, só Portugal não o fez, angolanos vítimas vampirizadas de outros angolanos, os "Dos Santos & Cia", transformaram-se eles sim em colonizadores e...
... com o fruto do seu saque, vão, via Galp, Zon, Bcp, ..., colonizar aquela a que chamavam/gritavam/berravam "Potência Colonial". De facto, "A vitória é certa"- M.P.L.A; se o não  foi militarmente está a sê-lo economica e financeiramente. Alguém escreveu e, diga-se em abono da verdade, com razão: "... quem são afinal os colonos, os portugueses antes do  25A ou aqueles que os substituiram? Quando serão responsabilizados ... gerando a morte e miséria em todos os territórios do ex-Império, do Minho a Timor? Só por má fé se pode encontrar benefício ou vantagem ... se comparadas as realidades actuais, sob TODOS os pontos de vista, da totalidade desses territórios com a realidade de 1974."
Dito isto, resta, seguir o conselho de Francisco Fanhais (que será feito deste homem de Abril?) na sua canção, "Vemos, ouvimos e lemos, não podemos (nem devemos) ignorar".
e passo a actualizar, comentários inclusivé:

DO MELHOR: Bonança, Esperança & ...
- 25 de Abril: Minuto-a-minuto dos dias que mudaram Portugal
  http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=47756
- O tempo e o modo de uma revolução
  http://mediaserver.rr.pt/newrr/25abril_final25760fd0/video/index.html
- Propaganda para colar ao peito
  http://expresso.sapo.pt/propaganda-para-colar-ao-peito=f721295
- Saiba tudo sobre os autocolantes do 25 de Abril
  http://visao.sapo.pt/saiba-tudo-sobre-os-autocolantes-do-25-de-abril=f659687
- Grândola Vila Morena ... o porquê a canção de abril"
  http://derterrorist.blogs.sapo.pt/1917880.html



- etc.

AO PIOR: Desilusão, Frustração & ...
«...De resto, acumularam-se as oportunidades perdidas. A descolonização acabou num mero "descargo de má consciência". Quanto ao desenvolvimento, não passa de uma sucessão de desperdícios, mesmo sem falar nos desastres da Educação e da Justiça.
Embora custe, temos de admitir que se perderam quase 40 anos!» (A.Freitas Cruz, JN de 25-04-2010)



- Entretanto...
  ...Catorze milhões de euros. É este o valor da luxuosa moradia que José Eduardo dos Santos adquiriu na Quinta do Lago, no Algarve, onde passou férias nas primeiras semanas do mês de Agosto.
Ao que o CM apurou, o presidente angolano terá estado em Portugal com um dos filhos, mas oficialmente ninguém confirma a visita do chefe de Estado. Pouca gente notou a sua presença na Quinta do Lago, porque terá saído poucas vezes de casa, que comprou por cerca de 13 milhões de euros e está agora avaliada em 14 milhões. Apesar de ter adquirido a mansão recheada de luxos, José Eduardo dos Santos decidiu fazer algumas alterações no interior.
Segundo uma fonte da Quinta do Lago, foi equipada com o que de mais caro existe no mercado e é considerada uma das mais luxuosas moradias do empreendimento algarvio. O CM sabe que, por exemplo, só o candeeiro que foi instalado na entrada da casa custou nada mais nada menos do que 600 mil euros. Os móveis e equipamentos da cozinha aproximadamente 700 mil euros, e o sistema de televisão cerca de 70 mil euros. Depois das mudanças, a moradia foi avaliada em 14 milhões.


http://daliteratura.blogspot.pt/2012/02/angola-e-nossa.html
- Precisamos de outro 25 de Abril?          
http://visao.sapo.pt/precisamos-de-outro-25-de-abril=f660578

- Morreu um homem justo
«...Conta-se que Camões, sabendo no leito de morte da catástrofe de Alcácer Quibir, terá dito: "Morro com a Pátria". Miguel Portas não teria gostado da duvidosa palavra "Pátria", mas morreu também quando Portugal se afunda num desastre não menos catastrófico para a independência nacional do que o de Alcácer Quibir. »:
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=2440144&opiniao=Manuel%20Ant%F3nio%20Pina

- Bispo das Forças Armadas compreende ausências nas comemorações do 25 de Abril
 “Disse relativamente ao último Governo que isto nunca teve tão fundo, e agora digo que o não cumprimento da justiça social que nos foi prometida e que não está a ser realizada…a isto se retira a paz social”:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=59747

- Classe média já pede ajuda à Santa Casa
 "Há centenas de pessoas da classe média que diariamente vão pedir ajuda à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A revelação é feita por Pedro Santana Lopes, actual provedor daquela instituição..."
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=191&did=59785

- Rui Rio, um insuspeito, atribui ao sistema bancário responsabilidades no "descalabro" do País
"Autarca aproveita cerimónia do 25 de Abril na Câmara do Porto para assinalar a degradação do regime, fazer o diagnóstico da crise e alertar para a erosão da democracia..."
http://visao.sapo.pt/rui-rio-atribui-ao-sistema-bancario-responsabilidades-no-descalabro-do-pais=f660662

- A situação financeira portuguesa e a falência da Enron: pontos de contacto
«...Se Portugal fosse uma empresa era possível que atualmente já não existisse como tal. No entanto, não há culpados pelo estado a que a se chegou. Neste domínio da responsabilização, as diferenças para o caso Enron são abissais.
É, pois, imprescindível que se apurem responsabilidades e, sendo caso disso, se punam eventuais comportamentos fraudulentos. Para que o futuro não seja a repetição do passado e, de modo particular, para não voltem a ocorrer "festas" à revelia de quem as tem de pagar»
http://visao.sapo.pt/a-situacao-financeira-portuguesa-e-a-falencia-da-enron-pontos-de-contacto=f660587

- Quem foi e quem é?
 "... deu pensões a dois agentes da PIDE (polícia política do regime de Salazar), mas recusou uma pensão ao Capitão Salgueiro Maia, um homem íntegro e um dos artífices do 25 de Abril e do Portugal democrático, quando se encontrava muito doente devido a um crancro que o matou..."
 
- General Pires Veloso defende novo 25 de Abril para acabar com "a mentira e o roubo institucionalizados"
  http://sicnoticias.sapo.pt/pais/article1504393.ece

- etc.
- etc.
- etc.

terça-feira, 24 de abril de 2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Conhecia esta?

Cansado do "sobe-e-desce" do preço dos combustíveis, do "pára-arranca" nas filas de trânsito, dos estacionamentos-espaços que rareiam e do stress/pressa que abunda, de...? Então porque espera? Você e também eu? Por falar nisso, um destes dias saio da "concha", vou a uma dessas lojas e tiro a "prova dos nove", i.é, faço um testdrive e/ou um aluguer. Depois "et voilá". Chuva, vento, frio?
«O que não tem remédio remediado está», ou ainda, «sol na eira e chuva no nabal»? Impossível, ou melhor, nem sempre.


Ver + http://e-bike.com.pt/?mod=home

domingo, 22 de abril de 2012

O efeito de Mateus

ANSELMO BORGES por ANSELMO BORGES, DN 21-04-2012

Significativamente, os mestres religiosos foram advertindo particularmente contra a ganância, que leva à corrupção, à opressão, à injustiça, à violência e à morte.
Ficam aí, a título de exemplo, três textos famosos do Evangelho segundo Lucas e São Mateus. Não se esqueça que Mateus sabia bem do que falava, pois tinha sido chefe de cobradores de impostos.


1. A primeira parábola é a do administrador infiel. Um homem rico tinha um administrador, que foi denunciado por ter dissipado os seus bens. Chamado a prestar contas e percebendo que ia ser demitido, reflectiu: "Que farei, visto que o meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não posso. Mendigar? Tenho vergonha. Já sei o que vou fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando for despedido. Chamou, pois, separadamente, a cada um dos devedores do seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves? Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinquenta. Depois, perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve oitenta."
Quando se olha para o descalabro de bancos, défices brutais em obras públicas, corrupções em cadeia, conhecidas e desconhecidas, somos levados a perguntar quantas vezes esta parábola se tornou realidade entre nós. Até sem papéis.

2. A segunda parábola é a dos talentos. A um foram dados cinco talentos - talento era uma unidade monetária. E ele, negociando, ganhou outros cinco. O que recebeu dois ganhou outros dois. O que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Quando o senhor voltou, prestaram contas. E os que tinham recebido cinco e dois talentos ouviram a sentença: "Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei muito. Vem regozijar-te com o teu senhor." Mas o que recebeu um só talento disse: "Senhor, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. Por isso, tive medo e fui esconder o teu talento na terra. Aqui está, toma o que te pertence." Sentença do senhor: "Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeio e que recolho onde não espalhei. Devias, pois, levar o meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez."
E seguem-se estas palavras terríveis: "Ao que tem dar-se-á e terá em abundância. Mas ao que não tem até o que tem lhe será tirado."
Ora, não é esta a lógica da Banca? Não se trata, evidentemente, de modo nenhum, de legitimar a preguiça e a inépcia. Mas não é uma constatação: os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres? Aí está o que os sociólogos denominam, precisamente a partir da parábola, o "efeito de Mateus": quem leu mais em criança tem mais possibilidades em adulto; com trabalhos e resultados iguais, os cientistas mais famosos serão mais citados do que os menos famosos; quem mais tem, em princípio, aumentará constantemente a sua riqueza.

3. Mas, no Evangelho, depois destas parábolas, vem o Juízo Final. Do que se trata é de revelar o essencial da história do mundo, na perspectiva de Deus. E o decisivo não são actos de culto, mas a justiça e a solidariedade : "Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado, porque tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; era peregrino e acolhestes-me; nu e vestistes-me; enfermo e visitastes-me; estava na prisão e viestes ver-me."
Os justos não sabiam: "Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber, peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos, enfermo ou na prisão e te fomos visitar?" E Cristo: "Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos foi a mim mesmo que o fizestes." O que se faz ao outro é feito a Cristo.
Entretanto, parece confirmar- -se cada vez mais o "efeito de Mateus": não está o fosso entre os ricos e os pobres cada vez mais fundo? Cuidado! A situação pode tornar-se explosiva.

Falsos Deuses

«[No mundo greco-romano,] cada cidade adorava as suas divindades preferidas e construía santuários à volta de imagens de culto. Quando Paulo foi a Atenas, viu que esta estava literalmente cheia de imagens dessas divindades (Atos 17,16). O Pártenon de Atenas ofuscava tudo o resto, mas havia outras divindades representadas em cada espaço público. Havia Afrodite, a deusa da beleza; Ares, o deus da guerra; Ártemis, a deusa da fertilidade e da riqueza; Vulcano, o deus forjador e do fogo.
A nossa sociedade contemporânea não é fundamentalmente diferente dessas sociedades antigas. Cada cultura é dominada pela sua própria série de ídolos. Cada uma tem os seus «sacerdócios», os seus totens e os seus rituais. Cada uma tem os seus santuários – quer se trate de torres de escritórios, de spas e ginásios, de estúdios ou de estádios –, onde têm de se fazer sacrifícios, a fim de obter as bênçãos de uma boa vida e de afastar as catástrofes. Não serão esses os deuses da beleza, do poder, do dinheiro e da realização pessoal, precisamente aquelas coisas que assumiram proporções míticas na nossa vida individual e na nossa sociedade?
Podemos não nos ajoelhar fisicamente frente à estátua de Afrodite, mas muitas jovens mulheres de hoje caem na depressão e em distúrbios alimentares, devido a uma preocupação obsessiva com a sua imagem física. Podemos não queimar incenso a Ártemis, mas, quando o dinheiro e a carreira são elevados a proporções cósmicas, fazemos uma espécie de «sacrifício de crianças», negligenciando a família e a comunidade para alcançar um posto mais elevado na empresa, e para ganhar mais dinheiro e prestígio. (…)
Mais do que os outros ídolos, o êxito pessoal e a autorrealização produzem um sentimento de que somos deuses, de que a nossa segurança e valor dependem da nossa própria sabedoria, força e desempenho. Para sermos os melhores, naquilo que fazemos, estar no topo da pirâmide significa que ninguém é como nós. Nós somos supremos.
Um sinal de que fabricámos um ídolo do êxito é o falso sentimento de segurança que isso nos transmite. Os pobres e marginalizados esperam sofrer, sabem que a vida sobre a terra é «miserável, brutal e curta». As pessoas bem sucedidas ficam muito mais chocadas e transtornadas com os problemas. Como pastor, tenho ouvido muita gente do topo da escala social dizer: «A vida não devia ser assim», quando se confrontam com a tragédia. Nos meus anos de pastor, nunca ouvi essa linguagem da boca dos operários e dos pobres.
O falso sentimento de segurança provém de deificarmos as nossas realizações e de esperarmos que estas nos preservem das preocupações da vida de uma forma que só Deus pode fazer. Outro sinal de que fizemos da autorrealização um ídolo é que ela distorce a sua visão sobre si próprio. Quando as suas realizações servem de base ao seu valor como pessoas, elas podem dar azo a uma visão inflacionada das suas capacidades.»

Timothy Keller
In Falsos deuses, ed. Paulinas
20.04.12

PALAVRA de DOMINGO: há que contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!!!

EVANGELHO - Lc 24,35-48
Naquele tempo,
os discípulos de Emaús
contaram o que tinha acontecido no caminho
e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto,
Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco».
Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus:
«Porque estais perturbados
e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo;
tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos,
Como vedes que Eu tenho».
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração,
não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes:
«Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado,
que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes:
«Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco:
'Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos'».
Abriu-lhes então o entendimento
para compreenderem as Escrituras
e disse-lhes:
«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia,
e que havia de ser pregado em seu nome
o arrependimento e o perdão dos pecados
a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».
AMBIENTE
O episódio que Lucas nos relata no Evangelho deste domingo situa-nos em Jerusalém, pouco depois da ressurreição. Os onze discípulos estão reunidos e já conhecem uma aparição de Jesus a Pedro (cf. Lc 24,34), bem como o relato do encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24,35).
Apesar de tudo, o ambiente é de medo, de perturbação e de dúvida. A comunidade, cercada por um ambiente hostil, sente-se desamparada e insegura. O medo e a insegurança vêm do facto de os discípulos não terem, ainda, feito a experiência de encontro com Cristo ressuscitado.
Nesta última secção do seu Evangelho, Lucas procura mostrar como os discípulos descobrem, progressivamente, Jesus vivo e ressuscitado. Ao evangelista não interessa tanto fazer uma descrição jornalística e fotográfica das aparições de Jesus aos discípulos; interessa-lhe, sobretudo, afirmar aos cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja, e que os discípulos, reunidos em comunidade, podem fazer uma experiência de encontro verdadeiro com Jesus ressuscitado.
Para a sua catequese, Lucas vai utilizar diversas imagens que não devem ser tomadas à letra nem absolutizadas. Elas são, apenas, o invólucro que apresenta a mensagem. O que devemos procurar, neste texto, é algo que está para além dos pormenores, por muito reais que eles pareçam: é a catequese da comunidade cristã sobre a sua experiência de encontro com Jesus vivo e ressuscitado.
MENSAGEM
A ressurreição de Jesus terá sido uma simples invenção da Igreja primitiva, ou um piedoso desejo dos discípulos, esperançados em que a maravilhosa aventura que viveram com Jesus não terminasse no fracasso da cruz e num túmulo escavado numa rocha em Jerusalém?
É, fundamentalmente, a esta questão que Lucas procura responder. Na sua catequese, Lucas procura deixar claro que a ressurreição de Jesus foi um facto real, incontornável que, contudo, os discípulos descobriram e experimentaram só após um caminho longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e de incertezas.
Todos os relatos das aparições de Jesus ressuscitado falam das dificuldades que os discípulos sentiram em acreditar e em reconhecer Jesus ressuscitado (cf. Mt 28,17; Mc 16,11.14; Lc 24,11.13-32.37-38.41; Jo 20,11-18.24-29; 21,1-8). Essa dificuldade deve ser histórica e significa que a ressurreição de Jesus não foi um acontecimento cientificamente comprovado, material, captável pela objectiva dos fotógrafos ou pelas câmaras da televisão. Nos relatos das aparições de Cristo ressuscitado, os discípulos nunca são apresentados como um grupo crédulo, idealista e ingénuo, prontos a aceitar qualquer ilusão; mas são apresentados como um grupo desconfiado, crítico, exigente, que só acabou por reconhecer Jesus vivo e ressuscitado depois de um caminho mais ou menos longo, mais ou menos difícil.
O caminho da fé não é o caminho das evidências materiais, das provas palpáveis, das demonstrações científicas; mas é um caminho que se percorre com o coração aberto à revelação de Deus, pronto para acolher a experiência de Deus e da vida nova que Ele quer oferecer. Foi esse o caminho que os discípulos percorreram. No final desse caminho (que, como caminho pessoal, para uns demorou mais e para outros demorou menos), eles experimentaram, sem margem para dúvidas, que Jesus estava vivo, que caminhava com eles pelos caminhos da história e que continuava a oferecer-lhes a vida de Deus. Eles começaram a percorrer esse caminho com dúvidas e incertezas; mas fizeram a experiência de encontro com Cristo vivo e chegaram à certeza da ressurreição. É essa certeza que os relatos da ressurreição, na sua linguagem muito própria, procuram transmitir-nos.
Na catequese de Lucas há elementos que importa pôr em relevo:
1. Ao longo da sua caminhada de fé, os discípulos descobriram a presença de Jesus, vivo e ressuscitado, no meio da sua comunidade. Perceberam que Ele continua a ser o centro à volta do qual a comunidade se constrói e se articula. Entenderam que Jesus derrama sobre a sua comunidade em marcha pela história a paz (o "shalom" hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, vida plena - verso 36).
2. Esse Jesus, vivo e ressuscitado, é o filho de Deus que, após caminhar com os homens, reentrou no mundo de Deus. O "espanto" e o "medo" com que os discípulos acolhem Jesus são, no contexto bíblico, a reacção normal e habitual do homem diante da divindade (vers. 37). Jesus não é um homem reanimado para a vida que levava antes, mas o Deus que reentrou definitivamente na esfera divina.
3. As dúvidas dos discípulos dão conta dessa dificuldade que eles sentiram em percorrer o caminho da fé, até ao encontro pessoal com o Senhor ressuscitado. A ressurreição não foi, para os discípulos, um facto imediatamente evidente, mas uma caminhada de amadurecimento da própria fé, até chegar à experiência do Senhor ressuscitado (vers. 38).
4. Na catequese/descrição de Lucas, certos elementos mais "sensíveis" e materiais (a insistência no "tocar" em Jesus para ver que Ele não era um fantasma - verso 39-40; a indicação de que Jesus teria comido "uma posta de peixe assado" - verso 41-43) são, antes de mais, uma forma de ensinar que a experiência de encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado não foi uma ilusão ou um produto da imaginação, mas uma experiência muito forte e marcante, quase palpável. São, ainda, uma forma de dizer que esse Jesus que os discípulos encontraram, embora diferente e irreconhecível, é o mesmo que tinha andado com eles pelos caminhos da Palestina, anunciando-lhes e propondo-lhes a salvação de Deus. Finalmente, Lucas ensina também, com estes elementos, que Jesus ressuscitado não está ausente e distante, definitivamente longe do mundo em que os discípulos têm de continuar a caminhar; mas Ele continua, pelo tempo fora, a sentar-Se à mesa com os discípulos, a estabelecer laços de familiaridade e de comunhão com eles, a partilhar os seus sonhos, as suas lutas, as suas esperanças, as suas dificuldades, os seus sofrimentos.
5. Jesus ressuscitado desvela aos discípulos o sentido profundo das Escrituras. A Escritura não só encontra em Jesus o seu cumprimento, mas também o seu intérprete. A comunidade de Jesus que caminha pela vida deve, continuamente, reunir-se à volta de Jesus ressuscitado para escutar a Palavra que alimenta e que dá sentido à sua caminhada histórica (vers. 44-46)
6. Os discípulos, alimentados por essa Palavra, recebem de Jesus a missão de dar testemunho diante de "todas as nações, começando por Jerusalém". O anúncio dos discípulos terá como tema central a morte e ressurreição de Jesus, o libertador anunciado por Deus desde sempre. A finalidade da missão da Igreja de Jesus (os discípulos) é pregar o arrependimento e o perdão dos pecados a todos os homens e mulheres, propondo-lhes a opção pela vida nova de Deus, pela salvação, pela vida eterna (vers. 47-48).
Lucas apresenta aqui uma breve síntese da missão da Igreja, tema que ele desenvolverá amplamente no livro dos Actos dos Apóstolos.
ACTUALIZAÇÃO
• A questão fundamental que o nosso texto põe é a da coerência de vida. O cristão é uma pessoa que aceitou o convite de Deus para escolher a luz e que tem de viver, dia a dia, de forma coerente com o compromisso que assumiu. Não pode comprometer-se com Deus e conduzir a sua vida por caminhos de orgulho, de auto-suficiência, de indiferença face a Deus e às suas propostas. A vida do crente não pode ser uma vida de "meias-tintas", de comodismo, de opções volúveis, de oportunismos, mas tem de ser uma vida consequente, comprometida, exigente. Na minha vida procuro viver, com coerência e honestidade, os meus compromissos com Deus e com os meus irmãos, ou deixo-me levar ao sabor da corrente, das situações, das oportunidades? • Essa coerência de vida deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana. O pecado não é algo "normal", para o crente (o pecado é sempre um "não" a Deus e às suas propostas e isso deve ser visto pelos crentes como uma "anormalidade"); mas é uma realidade que o crente reconhece e que sabe que está sempre presente ao longo da sua caminhada pelo mundo. Hoje, fala-se muito da falta de consciência do pecado e a falta de consciência do pecado cria homens insensíveis, orgulhosos e auto¬suficientes, que acreditam não precisar de Deus e da sua oferta de salvação. O autor da Carta de João convida-nos a tomar consciência da nossa realidade de pecadores, a acolher a salvação que Deus nos oferece, a confiar em Jesus, o "advogado" que nos entende (porque veio ao nosso encontro, partilhou a nossa natureza, experimentou a nossa fragilidade) e que nos defende. Reconhecer a nossa realidade pecadora não pode levar-nos ao desespero; tem de levar-nos a abrir o coração aos dons de Deus, a acolher humildemente a sua salvação e a caminhar com esperança ao encontro do Deus da bondade e da misericórdia que nos ama e que nos oferece, sem condições, a vida eterna. • A coerência que o autor da primeira Carta de João nos pede deve manifestar-se, também, na identificação entre a fé e a vida. A nossa religião não é uma bela teoria, separável da nossa vida concreta. É uma mentira dizer que se ama Deus e, na vida concreta, desprezar as suas propostas e conduzir a vida de acordo com valores que contradizem de forma absoluta a lógica de Deus. Um crente que diz amar Deus e, no dia a dia, cria à sua volta injustiça, conflito, opressão, sofrimento, vive na mentira; um crente que diz "conhecer Deus" e fomenta uma lógica de guerra, de ódio, de intransigência, de intolerância, está bem distante de Deus; um crente que diz ter "a sua fé" e recusa o amor, a partilha, o serviço, a comunidade, está muito longe dos caminhos onde se revela a vida e a salvação de Deus. A minha vida concreta, as minhas atitudes para com os irmãos que me rodeiam, os sentimentos que enchem o meu coração, os valores que condicionam as minhas acções, são coerentes com a minha fé?
Jesus ressuscitou verdadeiramente, ou a ressurreição é fruto da imaginação dos discípulos? Como é possível ter a certeza da ressurreição? Como encontrar Jesus ressuscitado? É a estas e a outras questões semelhantes que o Evangelho deste domingo procura responder. Com a sua catequese, Lucas diz-nos que nós, como os primeiros discípulos, temos de percorrer o nem sempre claro caminho da fé, até chegarmos à certeza da ressurreição. Não se chega lá através de deduções lógicas ou através de construções de carácter intelectual; mas chega-se ao encontro com o Senhor ressuscitado inserindo-nos nesse contexto em que Jesus Se revela - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço. É nesse "caminho" que vamos encontrando Cristo vivo, actuante, presente na nossa vida e na vida do mundo.
• É que Cristo continua presente no meio da sua comunidade em marcha pela história. Quando a comunidade se reúne para escutar a Palavra, Ele está presente e explica aos seus discípulos o sentido das Escrituras. Não sentimos, tantas vezes, a presença de Cristo a indicar-nos caminhos de vida nova e a encher o nosso coração de esperança quando lemos e meditamos a Palavra de Deus? Não sentimos o coração cheio de paz - a paz que Jesus ressuscitado oferece aos seus - quando escutamos e acolhemos as propostas de Deus, quando procuramos conduzir a nossa vida de acordo com o plano de Deus?
• Jesus ressuscitado reentrou no mundo de Deus; mas não desapareceu da nossa vida e não se alheou da vida da sua comunidade. Através da imagem do "comer em conjunto" (que, para o Povo bíblico, significa estabelecer laços estreitos, laços de comunhão, de familiaridade, de fraternidade), Lucas garante-nos que o Ressuscitado continua a "sentar-se à mesa" com os seus discípulos, a estabelecer laços com eles, a partilhar as suas inquietações, anseios, dificuldades e esperanças, sempre solidário com a sua comunidade. Podemos descobrir este Jesus ressuscitado que se senta à mesa com os homens sempre que a comunidade se reúne à mesa da Eucaristia, para partilhar esse pão que Jesus deixou e que nos faz tomar consciência da nossa comunhão com Ele e com os irmãos.
• Jesus lembra aos discípulos: "vós sois as testemunhas de todas estas coisas". Isto significa, apenas, que os cristãos devem ir contar a todos os homens, com lindas palavras, com raciocínios lógicos e inatacáveis que Jesus ressuscitou e está vivo? O testemunho que Cristo nos pede passa, mais do que pelas palavras, pelos nossos gestos. Jesus vem, hoje, ao encontro dos homens e oferece-lhes a salvação através dos nossos gestos de acolhimento, de partilha, de serviço, de amor sem limites. São esses gestos que testemunham, diante dos nossos irmãos, que Cristo está vivo e que Ele continua a sua obra de libertação dos homens e do mundo.
• Na catequese que Lucas apresenta, Jesus ressuscitado confia aos discípulos a missão de anunciar "em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém". Continuando a obra de Jesus, a missão dos discípulos é eliminar da vida dos homens tudo aquilo que é "o pecado" (o egoísmo, o orgulho, o ódio, a violência e propor aos homens uma dinâmica de vida nova.


FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=853

sábado, 21 de abril de 2012

(in)PRENSA: a minha selecção

1. Otelo, a revolução e o amor
http://visao.sapo.pt/otelo-a-revolucao-e-o-amor=f659609#ixzz1sQlKzDI9

2. PSP mantém perímetro de segurança na Es.CoL.A da Fontinha
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=59106

3. O resto da Europa é fascista. Nós é que somos bons
http://expresso.sapo.pt//o-resto-da-europa-e-fascista-nos-e-que-somos-bons=f719747

4. Quando Portugal é mesmo a república das bananas
http://expresso.sapo.pt/quando-portugal-e-mesmo-a-republica-das-bananas=f720125

5. Onde param 10 milhões e 333 mil euros das "luvas" dos submarinos?
http://expresso.sapo.pt/onde-param-10-milhoes-e-333-mil-euros-das-luvas-dos-submarinos=f719923

6. Sem França, não há Europa. (sem Justiça, não há Democracia)
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=552311

7. FMI "puxa as orelhas" à Alemanha e pede mais acção à Europa

8. Liberté, egalité, fraternité - austerité?
O seu futuro? O seu futuro está a ser decidido em Paris, nas eleições francesas; em Madrid, na derrocada espanhola; em Washington, no relatório "político" do FMI. A Europa ou se refunda ou se afunda – e nós com ela. Se tudo for parar a Berlim.

9. FMI mantém cenário de recessão para Portugal
http://expresso.sapo.pt/fmi-mantem-cenario-de-recessao-para-portugal=f719976

10. Realismo, precisa-se!
http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=34&did=59130

11. A inesperada surpresa de João Proença
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=552305

12. Os bárbaros entre nós
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=552307
13. Rei de Espanha internado

14. Rei J. Carlos e a tromba

15. A receita

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Só nós os "Três" é que sabemos (3/13)...

...o quanto cantamos bem!Já lá vai uma vintena de anos, no Casino do Estoril e no virar de mais uma década (Passagem de Ano 1989/1990).

quinta-feira, 19 de abril de 2012

"Nunca me engano e raramente tenho dúvidas"

Viva a abstenção, pior, a "santa" ignorância (?) de que o voto em branco existe. E se existe é para ser usado. Se assim fosse meus "Senhores" & "senhores abstencionistas", outro "galo cantaria". Agora... há que pagar... uns pelos outros, esses tais...infeliz e lamentavelmente. 
Como diriam Ivone Silva" & Camilo de Oliveira, "Aguenta qu'é democrático"!!!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Salazar versus Gaspar

Este senhor, que dá pelo título de Ten. Cor. Piloto Aviador- Cmt Linha Aérea e nome João José Brandão Ferreira, esqueceu-se que não fora a teimosia obsessiva, logo doentia de Salazar e não teríamos, por exemplo, as guerras coloniais com as graves consequências por demais e de todos conhecidas. No resto, tudo, infelizmente verdade, verdadinha!!!

terça-feira, 17 de abril de 2012

AO: ainda há dúvidas?


O Acordo Ortográfico: inútil e prejudicial

por ANSELMO BORGES, em 4-04-2012

Escola vem do grego scholê, que significa ócio. Mas este ócio nada tem a ver com preguiça. Do que se trata é do tempo livre para o exercício da liberdade do pensar, do aprender e do tornar-se cidadão enquanto ser humano pleno e íntegro, numa sociedade livre. Sempre pensei - uma das heranças do meu pai - que a escola deve ser o lugar da saída da ignorância e da opressão, em ordem ao progresso e à realização plena do ser humano. Lugar de educação e formação.
A palavra educação vem do latim: educare (alimentar) e educere (fazer sair, dar à luz, elevar). Cá está: alimentar e fazer com que cada um/a venha à luz, realizando as suas potencialidades, segundo o preceito paradoxal de Píndaro: "Homem, torna-te no que és": o Homem já nasce Homem, mas tem de tornar-se plenamente humano.
Aí está a razão da educação como o trabalho mais humano e humanizador, de tal modo que o filósofo F. Savater pôde justamente considerar os professores "a corporação mais necessária, mais esforçada e generosa, mais civilizadora de quantos trabalham para satisfazer as exigências de um Estado democrático". Porque o que é próprio do Homem não é tanto aprender como "aprender de outros homens, ser ensinado por eles".
Claro que, assim, sou a favor de uma formação holística. O ser humano não pode crescer apenas no plano científico e técnico: precisa também da estética, da ética, da literatura, da filosofia, da música, da história, da geografia, da religião... Mas julgo que o Português e a Matemática são fundamentais.
E é aqui que se coloca a questão do Acordo Ortográfico. Para que serve? Unificar a ortografia? São tantas as excepções que não se vê unificação! E a Inglaterra preocupa-se com a unificação do inglês? E ainda não foi ratificado por Angola e Moçambique. O jornal oficioso Jornal de Angola escreveu mesmo, justificando a sua não aceitação: "não queremos destruir essa preciosidade (a língua portuguesa) que herdámos inteira e sem mácula" e: "se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes de mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios".
A maior parte dos colunistas bem como a generalidade dos jornais ignoram-no. Não há consenso para a sua aplicação. Graça Moura suspendeu-a no Centro Cultural de Belém (CCB). Nos documentos oficiais da própria CPLP continua a não ser aplicado, passando-se o mesmo com a Academia das Ciências, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a Fundação de Serralves, a Casa da Música. Um juiz do Tribunal de Viana proibiu a sua utilização. O secretário de Estado da Cultura admitiu que poderá ainda haver ajustamentos. O filósofo José Gil classificou-o como "néscio e grosseiro". O eurodeputado Paulo Rangel escreveu: "O gesto no CCB é o início de um movimento, cada dia mais forte, de boicote cívico a uma mudança ortográfica arrogante e inútil."
Sem querer pormenorizar (o espectáculo é cada vez mais triste, pois já não tem espectadores, mas "espetadores" e os egípcios são cidadãos do "Egito"; quando um aluno escrever "a recessão do texto", para dizer "a recepção do texto", como explicar-lhe que não é recessão, se é de recessão que constantemente ouve falar?), considero-o isso mesmo: inútil. Que vantagens trouxe? Assim, em tempos de crise, para quê gastar tanto dinheiro na sua implementação? Afinal, quem lucrou, e muito, com ele?
Mas não é só inútil. Veja-se esta antologia de escrita, colhida em trabalhos académicos: "se vi-se-mos", "há-dem ver" (mas isto até ministros dizem), "se nos entretermos", "o homem dasse a conhecer", "deve-se dizer não há violência", "há-ja compreensão", "isso nada tem haver com o real", "à muito que é assim", "tratam-se de questões complexas", "é assim; senão vejamos"; "haviam imensos erros". Se é assim, sem o Acordo, o que vai ser com a confusão em curso do Acordo? Ele não é, portanto, apenas inútil: é prejudicial.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico


in http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2419561&seccao=Anselmo Borges&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1

Espero, ou melhor, desejo, que o Professor J. C. das Neves tenha lido este artigo do Professor e Pe. Anselmo Borges.

Aristocracia ortográfica
por JOÃO CÉSAR DAS NEVES, 27 Fevereiro 2012
Nesta coluna nunca se comentou o Acordo Ortográfico. Em tema muito específico, com reputados especialistas envolvidos em polémicas violentas, recomenda-se silêncio respeitoso. Mas ultimamente o jornal inclui no fundo do artigo a referência: "Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico", o que merece explicação.
Esta opção não implica tomada de posição na contenda. Sobre o tema, permaneço perplexo e expectante. Tenho por princípio cumprir a lei e fiz esforços sérios para aprender as novas regras. Mas confesso a dificuldade em "escrever com erros" e, existindo ainda escolha, prefiro manter a situação.
No que toca às partes em confronto, vejo erros dos dois lados. Os que tomam o novo Acordo como atentado à cultura nacional esquecem que a nossa escrita não é a de Gil Vicente, nem sequer de Eça. O que hoje usamos vem do Formulário Ortográfico de 1911, resultado da ânsia legalista da Primeira República, cuja arrogância ingénua aspirava a regulamentar tudo. O século XX viu atribulada história de acordos na lusofonia, todos falhados (ver www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php).
Os que apregoam a nova regulamentação como indispensável exageram o significado de pequenos detalhes. Existem importantes diferenças regionais em todas as línguas dominantes, sem que tal prejudique a sua influência. Basta abrir o Thesaurus do editor Word para ver 21 alternativas de Spanish, 16 de English, seis de French e duas de Portuguese convivendo pacificamente.
Em toda a questão, tenho uma única ideia clara. O projecto de regulamentação legal da ortografia é, em si mesmo, manifestação de um dos traços mais fortes da nossa cultura. Não seríamos portugueses se não gastássemos tempo e recursos numa discussão deste tipo. Apesar de alterarem a escrita, são os defensores das novas regras ortográficas quem realmente manifesta o fundo da nossa tradição. Este aspecto merece atenção, até por se relacionar com a origem da crise económica.
Portugal é um país culturalmente aristocrata. A atitude nacional típica é de confiança em elites, especialistas, leis e políticas. Desconfiamos instintivamente da gente comum, de mercados e forças sociais livres. A nossa direita é naturalmente oligárquica, e a esquerda também, na elite progressista do partido. Ambas consideram o povo incapaz, necessitando de orientação. O próprio povo está de acordo, ansiando por chefes salvadores ou acusando os líderes de todo o mal.
A atitude cultural nem sempre coincide com a estrutura social. A Inglaterra é uma sociedade aristocrata, onde perdura a nobreza e a Câmara dos Lordes, mas com uma cultura de abertura e fair play, apostada na iniciativa, na liberdade e no vigor das dinâmicas populares. A França, pelo contrário, afirmando-se democrática e abominando tirania e desigualdade, prefere planeamento e regras impostas de cima, desconfia visceralmente de liberais e movimentos espontâneos e confia em intelectuais e especialistas.
Portugal, apesar da multissecular aliança britânica, é culturalmente francês. A ideia espantosa de a escrita, manifestação por excelência da vida de um povo, ser negociada por academias e imposta por lei só poderia surgir num país de atitude aristocrata, hoje como na Primeira República. A simples concepção de um Estado intrometido nas nossas cartas e recados nasce de um traço cultural básico. Foi a mesma atitude estatizante que nos trouxe à emergência financeira.
A solução razoável para a questão seria elencar e classificar as diferentes ortografias como variantes vivas e aceitáveis de uma língua dinâmica e florescente. Mas nesse caso o académico seria servidor da língua, não seu juiz. Além disso, evitava-se a oportunidade de criar estruturas burocráticas, com funcionários, comissões e ajudas de custo. As editoras escolares perderiam a pequena fortuna que sai da substituição de toda a bibliografia lectiva e, acima de tudo, desaparecia um belo debate ocioso, abstrato e inútil, excelente para ocultar as verdadeiras dificuldades nacionais.

in http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2327678&seccao=Jo%E3o C%E9sar das Neves&tag=Opini%E3o - Em Foco

domingo, 15 de abril de 2012

(in)PRENSA: a minha selecção

1. Maternidade Alfredo da Costa: nem as joias de coroa escapam ao saque
 - http://expresso.sapo.pt/maternidade-alfredo-da-costa-nem-as-joias-de-coroa-escapam-ao-saque=f718067
 - http://expresso.sapo.pt/protesto-contra-encerramento-da-maternidade-alfredo-da-costa=f719288
 - http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=58309
 - http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=58469
2. As mentiras pornográficas do Ministro da Saúde!
- http://expresso.sapo.pt/as-mentiras-pornograficas-do-ministro-da-saude=f719089 (parte 1)
- http://expresso.sapo.pt/as-mentiras-pornograficas-do-ministro-da-saude-parte-ii=f719358 (parte 2)
3. Os novos recados de Marcelo Rebelo de Sousa a Passos Coelho e Cavaco Silva
http://expresso.sapo.pt/os-novos-recados-de-marcelo-rebelo-de-sousa-a-passos-coelho-e-cavaco-silva=f718793
4. Sócrates cercado
http://sol.sapo.pt/inicio/Opiniao/interior.aspx?content_id=44360&opiniao=Pol%EF%BF%BDtica+a+S%EF%BF%BDrio#.T2eifAjfbLM.facebook
5. José Sócrates e companhia no banco dos réus
http://expresso.sapo.pt/jose-socrates-e-companhia-no-banco-dos-reus=f718493
6. "Fim do Serviço Nacional de Saúde é a morte dos mais carenciados"
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=58060
7. Falência do BPN é "superior à dívida da Saúde"
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=58064
8. "Pai" do SNS pede demissão do ministro da Saúde
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=58033
9. “Pai” do SNS critica “desumanidade da visão neoliberal” do Governo
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=54935
10. Banco de terras: isto ainda vai dar confusão         
http://expresso.sapo.pt/banco-de-terras-isto-ainda-vai-dar-confusao=f718671
11. Pacto Orçamental
12. Franqueza & Festa
13. Voltar aos merdados?

A cruz pesada do Real Madrid

In "Voz Portucalense" 04-04-2012RUI OSÓRIO
A “petite histoire” ou a nota de pé de página conta-se com brevidade: o Real Madrid, prestigiada equipa do futebol espanhol, vai abdicar da cruz no topo do símbolo do clube na sua representação num resort (estância turística) que vai ser construído em Ras Al-Khaimah, nos Emiratos Árabes Unidos. O complexo deverá comportar um parque temático, um museu do Real Madrid, diversas instalações desportivas, hotéis de luxo e um estádio de futebol. O “Real Madrid Resort Island” é um projeto pioneiro no mundo do futebol que, quando estiver pronto e funcional, deverá levar um pouco do Real Madrid para junto dos mais de 150 mil fãs que residem no continente asiático, afirmava o jornal desportivo “LaMarca”.
Tudo isso, como dizia o semanário “Sol”, para “evitar confusões ou mal-entendidos numa zona onde a religião muçulmana representa a grande maioria da população”.
A cruz, retirada por tais (in)conveniências faz parte do emblema do clube, encimando a coroa real que o rei Alfonso XIII consentiu que fosse usada pelo Real Madrid.
Ninguém se admire: o investimento ascende a um montante de mil milhões de euros e será, como se prevê, uma importante fonte de receitas para os cofres do clube madrileno. É aí que a porca torce o rabo!
Eis mais um caso da chamada cristianofobia que, sob variados pretextos, se vai multiplicando como afronta aos símbolos cristãos, uma das “pragas” dos tempos que correm, marcados pela intolerância e pelos atentados seletivos à liberdade religiosa.
Digo “seletivos” porque poucos têm sequer a veleidade de atacar outras confissões religiosas e os seus símbolos, em particular o Islamismo. Os corajosos têm sido uma minoria e, regra geral, ficam com a cabeça a prémio.
Lamento essa situação e digo-o sem querer, de modo algum, que alguém seja perseguido pela sua confissão religiosa, desejo que estendo aos que não confessam qualquer religião ou nem se interessam com isso.
A negação da liberdade religiosa não é assunto meramente espiritual, mas cultural e civilizacional. Atenta contra um dos direitos humanos mais fundamentais.
Não acho tanta piada como isso aos desportistas que entram em campo e se benzem. Respeito-os, obviamente. Mesmo assim, consintam-me que não aprecie tais gestos nos cenários desportivos.
Ainda não percebi bem os “atletas de Cristo” e a originalidade do consagrado futebolista brasileiro Kaká que usou chuteiras no Campeonato do Mundo com a inscrição proselitista: “Jesus in first place” (Jesus em primeiro lugar).
Não gosto, mas dou-me bem com as diferenças alheias e respeito-as.
Portista me confesso, mas jamais me pareceu que o “dragão”do meu clube preferido seja o símbolo de que fala o Apocalipse!

PALAVRA de DOMINGO: há que contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!!!

EVANGELHOJo 20,19-31
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse-lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram-lhe os outros discípulos:
«Vimos o Senhor».
Mas ele respondeu-lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado,
não acreditarei».
Oito dias depois,
estavam os discípulos outra vez em casa,
e Tomé com eles.
Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou-Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete-a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!»
Disse-lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».
Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos,
que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram escritos
para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus,
e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.
AMBIENTEContinuamos na segunda parte do Quarto Evangelho, onde nos é apresentada a comunidade da Nova Aliança. A indicação de que estamos no “primeiro dia da semana” faz, outra vez, referência ao tempo novo, a esse tempo que se segue à morte/ressurreição de Jesus, ao tempo da nova criação.
A comunidade criada a partir da acção criadora e vivificadora de Jesus está reunida no cenáculo, em Jerusalém. Está desamparada e insegura, cercada por um ambiente hostil. O medo vem do facto de não terem, ainda, feito a experiência de Cristo ressuscitado.
João apresenta, aqui, uma catequese sobre a presença de Jesus, vivo e ressuscitado, no meio dos discípulos em caminhada pela história. Não lhe interessa tanto fazer uma descrição jornalística das aparições de Jesus ressuscitado aos discípulos; interessa-lhe, sobretudo, afirmar aos cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja. De resto, cada crente pode fazer a experiência do encontro com o “Senhor” ressuscitado, sempre que celebra a fé com a sua comunidade.
MENSAGEMO texto que nos é proposto divide-se em duas partes bem distintas. Na primeira parte (vers. 19-23), descreve-se uma “aparição” de Jesus aos discípulos. Depois de sugerir a situação de insegurança e de fragilidade em que a comunidade estava (o “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo”), o autor deste texto apresenta Jesus “no centro” da comunidade (vers. 19b). Ao aparecer “no meio deles”, Jesus assume-Se como ponto de referência, factor de unidade, videira à volta da qual se enxertam os ramos. A comunidade está reunida à volta dele, pois Ele é o centro onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o “medo” e a hostilidade do mundo.
A esta comunidade fechada, com medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil, Jesus transmite duplamente a paz (vers. 19 e 21: é o “shalom” hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, vida plena). Assegura-se, assim, aos discípulos que Jesus venceu aquilo que os assustava (a morte, a opressão, a hostilidade do mundo); e que, doravante, os discípulos não têm qualquer razão para ter medo.
Depois (vers. 20a), Jesus revela a sua “identidade”: nas mãos e no lado trespassado, estão os sinais do seu amor e da sua entrega. É nesses sinais de amor e de doação que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio. A permanência desses “sinais” indica a permanência do amor de Jesus: Ele será sempre o Messias que ama e do qual brotarão a água e o sangue que constituem e alimentam a comunidade.
Em seguida (vers. 22), Jesus “soprou” sobre os discípulos reunidos à sua volta. O verbo aqui utilizado é o mesmo do texto grego de Gn 2,7 (quando se diz que Deus soprou sobre o homem de argila, infundindo-lhe a vida de Deus). Com o “sopro” de Gn 2,7, o homem tornou-se um ser vivente; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus – dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a comunidade de Jesus.
Na segunda parte (vers. 24-29), apresenta-se uma catequese sobre a fé. Como é que se chega à fé em Cristo ressuscitado?
João responde
: podemos fazer a experiência da fé em Cristo vivo e ressuscitado na comunidade dos crentes, que é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de Jesus. Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Em lugar de integrar-se e participar da mesma experiência, pretende obter (apenas para si próprio) uma demonstração particular de Deus.
Tomé acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da comunidade. Porquê? Porque no “dia do Senhor” volta a estar com a sua comunidade. É uma alusão clara ao domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado.
A experiência de Tomé não é exclusiva das primeiras testemunhas; mas todos os cristãos de todos os tempos podem fazer esta mesma experiência.

ACTUALIZAÇÃO• Antes de mais, a catequese que João nos apresenta garante-nos a presença de Cristo no meio da sua comunidade em marcha pela história. Os discípulos de Jesus vivem no mundo, numa situação de fragilidade e de debilidade; experimentam, como os outros homens e mulheres, o sofrimento, o desalento, a frustração, o desânimo; têm medo quando o mundo escolhe caminhos de guerra e de violência; sofrem quando são atingidos pela injustiça, pela opressão, pelo ódio do mundo; conhecem a perseguição, a incompreensão e a morte… Mas são sempre animados pela esperança, pois sabem que Jesus está presente, oferecendo-lhes a sua paz e apontando-lhes o horizonte da vida definitiva. O cristão é sempre animado pela esperança que brota da presença a seu lado de Cristo ressuscitado. Não devemos, nunca, esquecer esta realidade.
• A presença de Cristo ao lado dos seus discípulos é sempre uma presença renovadora e transformadora. É esse Espírito que Jesus oferece continuamente aos seus, que faz deles homens e mulheres novos, capazes de amar até ao fim, ao jeito de Jesus; é esse Espírito que Jesus oferece aos seus, que faz deles testemunhas do amor de Deus e que lhes dá a coragem e a generosidade para continuarem no mundo a obra de Jesus.
• A comunidade cristã gira em torno de Jesus é construída à volta de Jesus e é de Jesus que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis, incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito, e não seremos uma comunidade de irmãos… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte?
• A comunidade tem de ser o lugar onde fazemos, verdadeiramente, a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade (no “lado trespassado” e nas chagas de Jesus, expressões do seu amor), que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura Cristo ressuscitado, encontra-O em nós? O amor de Jesus – amor total, universal e sem medida – transparece nos nossos gestos?
Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas, egoístas, que encontramos Jesus ressuscitado; mas encontramo-l’O no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. O que é que significa, para mim, a Eucaristia?



FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=356