"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























segunda-feira, 29 de maio de 2023

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

 Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.
13. A atenção daqueles que estão ao serviço da Palavra que devem, também, preparar-se convenientemente, a fim de que a Palavra se torne atraente e chegue ao coração dos que a escutam. . . É assim que procedem aqueles a quem a Igreja confia o serviço da Palavra? (Dehonianos, 20 Outubro 2019)

Então:
Tema do Domingo de Pentecostes - Ano A
O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.
EVANGELHO - Jo 20,19-23
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou,
também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser lhes ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
AMBIENTE
Este texto (lido já no segundo domingo da Páscoa) situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição. Apresenta-nos a comunidade da nova aliança, nascida da acção criadora e vivificadora do Messias. No entanto, esta comunidade ainda não se encontrou com Cristo ressuscitado e ainda não tomou consciência das implicações da ressurreição. É uma comunidade fechada, insegura, com medo... Necessita de fazer a experiência do Espírito; só depois, estará preparada para assumir a sua missão no mundo e dar testemunho do projecto libertador de Jesus.
Nos "Actos", Lucas narra a descida do Espírito sobre os discípulos no dia do Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa (sem dúvida por razões teológicas e para fazer coincidir a descida do Espírito com a festa judaica do Pentecostes, a festa do dom da Lei e da constituição do Povo de Deus); mas João situa no anoitecer do dia de Páscoa a recepção do Espírito pelos discípulos.
MENSAGEM
João começa por pôr em relevo a situação da comunidade. O "anoitecer", as "portas fechadas", o "medo" (vers. 19 a), são o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se agarrar.
Entretanto, Jesus aparece "no meio deles" (vers. 19b). João indica desta forma que os discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência, a coordenada fundamental à volta do qual a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.
Jesus começa por saudá-los, desejando-lhes "a paz" ("shalom", em hebraico). A "paz" é um dom messiânico; mas, neste contexto, significa, sobretudo, a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado está "no meio deles".
Em seguida, Jesus "mostrou-lhes as mãos e o lado". São os "sinais" que evocam a entrega de Jesus, o amor to
tal expresso na cruz. É nesses "sinais" (na entrega da vida, no amor oferecido até à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus. O facto de esses "sinais" permanecerem no ressuscitado, indica que Jesus será, de forma permanente, o Messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja entrega alimentará a comunidade.
Vem, depois, a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza, aqui, precisamente o mesmo verbo do texto grego de Gn 2,7). Com o "sopro" de Deus de Gn 2,7, o homem tornou-se um "ser vivente"; com este "sopro", Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados - como Jesus - para fazerem da sua vida um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar - com gestos e com palavras - o amor de Jesus.
Finalmente, Jesus explicita qual a missão dos discípulos (ver. 23): a eliminação do pecado. As palavras de Jesus não significam que os discípulos possam ou não - conforme os seus interesses ou a sua disposição - perdoar os pecados. Significam, apenas, que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os homens. Quem aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.
ACTUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar as seguintes coordenadas:
A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n'Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidaes são, antes de mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os crentes?
Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos "sinais" que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os "sinais" do amor de Jesus?
As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde... É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.
PALAVRA PARA O CAMINHO.
Tempestade! Fogo! Portas arrombadas! O Pentecostes é a irrupção do Espírito Santo na vida dos discípulos que vão deixar-se transformar em todas as dimensões do seu ser. O Pentecostes continua! Mas não estamos muitas vezes, face a este Espírito Santo, como diante de uma ameaça nuclear? Ousamos, enfim, deixar-nos irradiar por Ele sem qualquer protecção?
e/ou nos vídeos AQUI e AQUI.

Receber o Espírito Santo cheios de gratidão
Quando líamos no evangelho que o Senhor deu o Espírito Santo aos seus discípulos soprando sobre eles (cf Jo 20,22), Gertrudes suplicou ao Senhor com instante devoção que Se dignasse, na sua liberalidade, dar-lhe, também a ela, o Espírito de onde decorre toda a suavidade. O Senhor respondeu-lhe: «Se desejas receber o Espírito Santo, tens primeiro, como fizeram os meus discípulos, de Me tocar no lado e nas mãos» (cf Jo 20,27).
Com estas palavras, ela compreendeu que, para receber o Espírito Santo, é preciso tocar no lado do Senhor, ou seja, considerar com gratidão o amor do Coração divino, pelo qual Ele nos predestinou desde toda a eternidade para sermos seus filhos e herdeiros do seu reino, e também como Ele nos preveniu com benefícios infinitos, a despeito da nossa indignidade, e nos seguiu com a sua graça, a despeito da nossa ingratidão; é preciso ainda tocar as mãos do Senhor, ou seja, recordar com gratidão cada um dos atos pelos quais Ele sofreu por nosso amor durante trinta anos para consumar a nossa redenção, especialmente na sua Paixão e na sua morte.
Quem assim fizer, quando for inflamado por este pensamento e por esta gratidão, ofereça a Deus todo o seu coração para agradar à vontade divina, em união com o amor que levou o Senhor a dizer: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós», de maneira que não queira nem deseje nada senão a soberana vontade de Deus. [...] Quem assim se comportar receberá indubitavelmente o Espírito Santo, o Paráclito, com os mesmos sentimentos com que os apóstolos O receberam, pelo sopro do Filho de Deus.
Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina, «O Arauto», Livro IV, SC 255

domingo, 28 de maio de 2023

(in)PRENSA semanal (20-05-2023 a 26-05-2023): a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSAsemanal: a minha selecção!" que aí virão.



Rússia diz que há uma nuvem radioativa a dirigir-se para a Europa Ocidental
Os arranha-céus estão a afundar Nova Iorque
Fraudes com cartão Universo aumentam. Sonae não reembolsa sem provas
Pode a guerra congelar? Os EUA já temem que a Ucrânia seja a “próxima Coreia do Sul”
Crescimento em 2023
Os mistérios do gabinete de Galamba
A bomba-relógio de Biden rebenta dentro de oito dias (e ameaça a economia global)
“Cavaco teve o efeito de cerrar fileiras”. Ana Gomes dispara contra Costa
Bill Gates prevê a morte do Google (e das lojas online)
Cientistas descobrem “fonte da juventude” em ratos. Nasce uma nova esperança para humanos
Pacto com o PSD e favores ao Benfica: e-mails e escutas tramam Medina
“Receber sem trabalhar”. Quando o tacho é bom, “é sempre a mamar”

domingo, 21 de maio de 2023

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

 Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.
13. A atenção daqueles que estão ao serviço da Palavra que devem, também, preparar-se convenientemente, a fim de que a Palavra se torne atraente e chegue ao coração dos que a escutam. . . É assim que procedem aqueles a quem a Igreja confia o serviço da Palavra? (Dehonianos, 20 Outubro 2019)

Então:
Tema do Domingo da Ascensão - Ano A
A Festa da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
O Evangelho apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora-O e recebe d’Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do “Reino”.
Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo “caminho” que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projecto de Jesus.
A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa “esperança” de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside no seu “corpo” que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos homens.
EVANGELHOMt 28,16-20
Conclusão do santo Evangelho segundo São Mateus.
Naquele tempo,
os onze discípulos partiram para a Galileia,
em direcção ao monte que Jesus lhes indicara.
Quando O viram, adoraram n’O;
mas alguns ainda duvidaram.
Jesus aproximou Se e disse lhes:
«Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra.
Ide e ensinai todas as nações,
baptizando as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando as a cumprir tudo o que vos mandei.
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
AMBIENTE
O texto situa-nos na Galileia, após a ressurreição de Jesus (embora não se diga se é muito ou pouco tempo após a descoberta do túmulo vazio – cf. Mt 28,1-15). De acordo com Mateus, Jesus – pouco antes de ser preso – havia marcado encontro com os discípulos na Galileia (cf. Mt 26,32); na manhã da Páscoa, os anjos que apareceram às mulheres no sepulcro (cf. Mt 28,7) e o próprio Jesus, vivo e ressuscitado (cf. Mt 28,10), renovam o convite para que os discípulos se dirijam à Galileia, a fim de lá encontrar o Senhor.
A Galileia – região setentrional da Palestina – era uma região próspera e bem povoada, de solo fértil e bem cultivado. A sua situação geográfica fazia desta região o ponto de encontro de muitos povos; por isso, um número importante de pagãos fazia parte da sua população. A coabitação de populações pagãs e judias fazia, certamente, com que os judeus da Galileia vivessem a religião de uma maneira diferente dos judeus de Jerusalém e da Judeia: a presença diária dos pagãos conduzia, provavelmente, os galileus a suavizar a sua prática da Lei e a interpretar mais amplamente as regras que se referiam, por exemplo, às impurezas rituais contraídas pelo contacto com os não judeus. No entanto, isto fazia com que os judeus de Jerusalém desprezassem os judeus da Galileia e considerassem que da Galileia “não podia sair nada de bom”.
No entanto, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a sua vida. Foi, também, na Galileia que Ele começou a anunciar o Evangelho do “Reino” e que começou a reunir à sua volta um grupo de discípulos (cf. Mt 4,12-22). Para Mateus, esse facto sugere que o anúncio libertador de Jesus tem uma dimensão universal: destina-se a judeus e pagãos.
Mateus situa este encontro final entre Jesus ressuscitado e os discípulos num “monte que Jesus lhes indicara”. Trata-se, no entanto, de uma montanha da Galileia que é impossível identificar geograficamente, mas que talvez Mateus ligue com a montanha da tentação (cf. Mt 4,8) e com a montanha da transfiguração (cf. Mt 17,1). De qualquer forma, o “monte” é sempre, no Antigo Testamento, o lugar onde Deus se revela aos homens.
MENSAGEM
O texto que descreve o encontro final entre Jesus e os discípulos divide-se em duas partes.
Na primeira (vers. 16-18), descreve-se o encontro. Jesus, vivo e ressuscitado, revela-Se aos discípulos; e os discípulos reconhecem-n’O como “o Senhor” e adoram-n’O. Depois de descrever a adoração, Mateus acrescenta uma expressão que alguns traduzem como “alguns ainda duvidaram” e outros como “eles que tinham duvidado” (gramaticalmente, ambas as traduções são possíveis). No primeiro caso, a expressão significaria que a fé não é uma certeza científica e que não exclui a dúvida; no segundo caso, a expressão aludiria a essa dúvida constante dos discípulos – expressa em vários momentos, ao longo da caminhada para Jerusalém – e que aqui perde qualquer razão de ser.
Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos, segue-se uma manifestação do mistério de Jesus, que reflecte a fé da comunidade de Mateus: Jesus é o “Kyrios”, que possui todo o poder sobre o mundo e sobre a história; Jesus “o mestre”, cujo ensinamento será sempre uma referência para os discípulos; Jesus é o “Deus-connosco”, que acompanhará, a par e passo, a caminhada dos discípulos pela história.
Na segunda (vers. 19-20), Mateus descreve o envio dos discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens e que deixou nas mãos e no coração dos discípulos. A primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é a da universalidade… A missão dos discípulos destina-se a “todas as nações”.
A segunda nota dá conta das duas fases da iniciação cristã, conhecidas da comunidade de Mateus: o ensino e o baptismo. Começava-se pela catequese, cujo conteúdo eram as palavras e os gestos de Jesus (o discípulo começava sempre pelo catecumenato, que lhe dava as bases da proposta de Jesus). Quando os discípulos estavam informados da proposta de Jesus, vinha o baptismo – que selava a íntima vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (era a adesão à proposta anteriormente feita).
Uma última nota: Jesus estará sempre com os discípulos, “até ao fim dos tempos”. Esta afirmação expressa a convicção – que todos os crentes da comunidade mateana possuíam – de que Jesus ressuscitado estará sempre com a sua Igreja, acompanhando a comunidade dos discípulos na sua marcha pela história, ajudando-a a superar as crises e as dificuldades da caminhada.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar os seguintes elementos:
• Jesus foi ao encontro do Pai, depois de uma vida gasta ao serviço do “Reino”; deixou aos seus discípulos a missão de anunciar o “Reino” e de torná-lo uma proposta capaz de renovar e de transformar o mundo. Celebrar a ascensão de Jesus significa, antes de mais, tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos homens. Estou consciente de que a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, a que eu também pertenço – é, hoje, a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens? Como é que eu procuro testemunhar o “Reino” na minha vida de todos os dias – em casa, no trabalho ou na escola, na paróquia, na comunidade religiosa?
• A missão que Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Tenho consciência de que a missão confiada aos discípulos é uma missão universal? Tenho consciência de que Jesus me envia a todos os homens – sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas, sociais ou económicas – a anunciar-lhes a libertação, a salvação, a vida definitiva? Tenho consciência de que sou responsável pela vida, pela felicidade e pela liberdade de todos os meus irmãos – mesmo que eles habitem no outro lado do mundo?
• Tornar-se discípulo é, em primeiro lugar, aprender os ensinamentos de Jesus – a partir das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida oferecida por amor. É claro que o mundo do século XXI apresenta, todos os dias, desafios novos; mas os discípulos, formados na escola de Jesus, são convidados a ler os desafios que hoje o mundo coloca, à luz dos ensinamentos de Jesus. Preocupo-me em conhecer bem os ensinamentos de Jesus e em aplicá-los à vida de todos os dias?
• No dia em que fui baptizado, comprometi-me com Jesus e vinculei-me com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?
• É um tremendo desafio testemunhar, hoje, no mundo os valores do “Reino” (esses valores que, muitas vezes, estão em contradição com aquilo que o mundo defende e que o mundo considera serem as prioridades da vida). Com frequência, os discípulos de Jesus são objecto da irrisão e do escárnio dos homens, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no amor e no dom da vida; com frequência, os discípulos de Jesus são apresentados como vítimas de uma máquina de escravidão, que produz escravos, alienados, vítimas do obscurantismo, porque insistem em testemunhar que a vida plena está no perdão, no serviço, na entrega da vida. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração… Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.
PALAVRA PARA O CAMINHO.
Ide! Somos “clientes habituais” da Palavra de Deus. Tantas vezes escutada, não tem eco vibrante na nossa vida. “Ide e ensinai todas as nações, baptizando-os…”. Jesus chama e envia sem cessar e sem cansar. Como é que há tão poucas respostas? Qual a minha resposta?


e/ou nos vídeos AQUI e AQUI.

Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos»
Aquele que desceu à Terra - e só Ele sabe como -, antes de voltar para o Céu - como? só Ele o sabe -, tomou aqueles que amava e levou-os ao alto de um monte [...] para lhes elevar a cabeça e o espírito. [...] O Senhor, abrindo os braços como asas, cobriu, qual águia, o ninho de que cuidava ternamente (cf Dt 32,11) e disse aos seus: «Protegi-vos contra todos os males à minha sombra (cf Sl 90,1): assim como Eu vos amei, amai-Me vós também. Não Me separarei de vós: permaneço convosco, e ninguém poderá fazer-vos mal» (cf Mt 28,20; Rom 8,31). [...]
Com estas palavras, o Senhor provocou grande dor nos seus apóstolos. Talvez tenham até chorado, dizendo: [...] «Vais abandonar-nos, vais separar-Te daqueles que Te amam? [...] Isso angustia-nos, porque o nosso maior desejo é estar sempre contigo. Procuramos o teu rosto [...]; não há outro Deus além de Ti (cf Sl 26,8; Is 45,5). Não Te afastes daqueles que Te amam, fica connosco e diz-nos: "Não Me separarei de vós: permaneço convosco, e ninguém poderá fazer-vos mal"».
Vendo a dor daqueles que O amavam, o Senhor consolou-os como um pai consola os filhos: «Não choreis, amigos, porque não estamos em tempo de lágrimas [...]. Esta é a hora da minha alegria; para ir ter com meu Pai, tomo asas e repousarei na minha tenda (cf Sl 138,9), pois fiz do firmamento do céu uma tenda [...], como diz Isaías: "Deus formou o céu como uma abóbada e como uma tenda onde Ele habita" (Is 40,22), Deus, que diz aos seus: "Não Me separarei de vós: permaneço convosco, e ninguém poderá fazer-vos mal"».
«Por isso, estai alegres e radiosos, tende um ar feliz, "cantai um cântico novo" (Sl 97,1), pois tudo aquilo que vai chegar, chega para vós. Eu desci do Alto por amor a vós, e andei pela Terra para vos agradar e ser acolhido por vós. É também por amor a vós que volto para o Céu, a fim de dispor do lugar onde estarei convosco, pois "em casa de meu Pai há muitas moradas" (Jo 14,2) [...]. Vou, pois, preparar-vos uma morada para vos receber e não Me separarei de vós: permaneço convosco, e ninguém poderá fazer-vos mal».
São Romano, o Melodista (?-c. 560), compositor de hinos, Hino 48 para a ascensão, 2-4, 7-8; SC 283

sábado, 20 de maio de 2023

(in)PRENSA semanal (13-05-2023 a 19-05-2023): a minha selecção!

 Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSAsemanal: a minha selecção!" que aí virão.



Rei dos Diamantes e magnatas do petróleo “amigos” de Putin querem ser portugueses
Sondagem secreta sobre o 25 de Abril revelada em Espanha
O nosso destino está nas mãos do DNA?
Documentos revelam que o grupo Wagner ofereceu a localização das tropas russas à Ucrânia
Tabaco não, mas vibradores pode ser? Pais indignados com máquina de vendas perto de escola
Chamaram-lhe “louco e alarmista”. Uma a uma, as suas previsões sobre a IA estão a concretizar-se
Dois coronéis, quatro aeronaves, um dia mau para a Rússia (e a outra face de Zelensky)
Porno português, apresentadores fartos, plágio da vencedora: 12 momentos da Eurovisão
Falta mão-de-obra e sobe o desemprego
Vice-presidente da Câmara de Gaia entre os sete detidos em operação da PJ
Está a nascer a maior cidade flutuante e sustentável do mundo
Baterias de carros elétricos mais baratas têm o futuro escondido numa lata de sardinhas
Adeus iPhones. O seu próximo telemóvel poderá estar (literalmente) na palma da sua mão
A história da ilha que deu origem à cidade de Nova Iorque e foi vendida por um dólar
A injeção “milagrosa” contra a obesidade que pode combater cancro e Alzheimer
CAP diz que Portugal não tem falta de água, mas adia decisões como fez com aeroporto
Sete detidos, mala com 100 mil euros e relógio de luxo. O que já se sabe sobre a Operação Babel
Perdões presidenciais à venda e sexo oral à força “como o Bill Clinton”. Novo escândalo no círculo de Trump
ChatGPT pode ser a nova “bomba atómica”
EUA: o teto da discórdia
Presos por traição os cientistas russos que criaram os mísseis invencíveis abatidos na Ucrânia
Será um antibiótico esquecido há décadas o derradeiro assassino de superbactérias?

sábado, 13 de maio de 2023

(in)PRENSA semanal (6-05-2023 a 12-05-2023): a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSAsemanal: a minha selecção!" que aí virão.


Pela primeira vez, médicos fizeram uma cirurgia ao cérebro de um feto ainda dentro do útero
Há pessoas que deitam uma pitada de sal no café. A ciência dá-lhes razão
Rússia está a espiar cabos submarinos (e Portugal está no radar)
3 meses sem pornografia (e com outras 8 coisas): nunca mais será a mesma pessoa
Israel, 75 anos
Mundo deve preparar-se para novos recordes de temperaturas devido ao "El Niño"
A paz é impossível. “Os dois lados estão totalmente empenhados na guerra”
Ter a casa muito limpa esconde um problema
Crianças compradas vêm para Portugal: 30 euros por dia, escravas e obrigadas a engravidar
Morreu Rita Lee, rainha do tropicalismo e do rock brasileiro
Trump considerado responsável por agressão sexual sobre E. Jean Carroll
Lúpus. Investigação portuguesa identificou mecanismo responsável pela doença
"A 26 de Abril fui ao República para escrever pela primeira vez em liberdade”
Aos 92 anos, ainda é peregrina: “Disse a Nossa Senhora que enquanto pudesse viria sempre”
Apresentado primeiro pangenoma humano. É como passar da TV a preto e branco para 1080p
Casa de Luís Montenegro não paga IMI e tem IVA reduzido

domingo, 7 de maio de 2023

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.
13. A atenção daqueles que estão ao serviço da Palavra que devem, também, preparar-se convenientemente, a fim de que a Palavra se torne atraente e chegue ao coração dos que a escutam. . . É assim que procedem aqueles a quem a Igreja confia o serviço da Palavra? (Dehonianos, 20 Outubro 2019)

Então:
Tema do 5º Domingo da Páscoa - Ano A
A liturgia deste domingo convida-nos a reflectir sobre a Igreja - a comunidade que nasce de Jesus e cujos membros continuam o "caminho" de Jesus, dando testemunho do projecto de Deus no mundo, na entrega a Deus e no amor aos homens.
O Evangelho define a Igreja: é a comunidade dos discípulos que seguem o "caminho" de Jesus - "caminho" de obediência ao Pai e de dom da vida aos irmãos. Os que acolhem esta proposta e aceitam viver nesta dinâmica tornam-se Homens Novos, que possuem a vida em plenitude e que integram a família de Deus - a família do Pai, do Filho e do Espírito.
A primeira leitura apresenta-nos alguns traços que caracterizam a "família de Deus" (Igreja): é uma comunidade santa, embora formada por homens pecadores; é uma comunidade estruturada hierarquicamente, mas onde o serviço da autoridade é exercido no diálogo com os irmãos; é uma comunidade de servidores, que recebem dons de Deus e que põem esses dons ao serviço dos irmãos; e é uma comunidade animada pelo Espírito, que vive do Espírito e que recebe do Espírito a força de ser testemunha de Jesus na história.
A segunda leitura também se refere à Igreja: chama-lhe "templo espiritual", do qual Cristo é a "pedra angular" e os cristãos "pedras vivas". Essa Igreja é formada por um "povo sacerdotal", cuja missão é oferecer a Deus o verdadeiro culto: uma vida vivida na obediência aos planos do Pai e no amor incondicional aos irmãos.
EVANGELHO - Jo 14,1-12
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Não se perturbe o vosso coração.
Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim.
Em casa de meu Pai há muitas moradas;
se assim não fosse, Eu vo lo teria dito.
Vou preparar vos um lugar
e virei novamente para vos levar comigo,
para que, onde Eu estou, estejais vós também.
Para onde Eu vou, conheceis o caminho».
Disse Lhe Tomé:
«Senhor, não sabemos para onde vais:
como podemos conhecer o caminho?»
Respondeu lhe Jesus:
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Ninguém vai ao Pai senão por Mim.
Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.
Mas desde agora já O conheceis e já O vistes».
Disse Lhe Filipe:
«Senhor, mostra nos o Pai e isto nos basta».
Respondeu lhe Jesus:
«Há tanto tempo que estou convosco
e não Me conheces, Filipe?
Quem Me vê, vê o Pai.
Como podes tu dizer: 'Mostra nos o Pai'?
Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim?
As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio;
mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras.
Acreditai Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim;
acreditai ao menos pelas minhas obras.
Em verdade, em verdade vos digo:
quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço
e fará ainda maiores que estas,
porque Eu vou para o Pai».
AMBIENTE
Estamos na fase final da caminhada histórica do "Messias". Até este momento, Jesus cumpriu a sua missão em confronto aberto com os dirigentes judeus. Precisamente o último e mais importante dos seus "sinais" - a ressurreição de Lázaro - levou o Sinédrio a decidir matá-l'O (cf. Jo 11,45-54). Jesus está consciente de que a morte está no seu horizonte próximo.
O ambiente em que este trecho nos coloca é o de uma ceia de despedida. Nessa ceia (realizada na quinta-feira à noite, pouco tempo antes da prisão, na véspera da morte), estão Jesus e os discípulos. No decurso da ceia, Jesus despede-Se dos discípulos e faz-lhes as suas últimas recomendações. As palavras de Jesus soam a "testamento" final: Ele sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos vão continuar no mundo.
Os discípulos, da sua parte, já perceberam que o ambiente é de despedida e que, daí a poucas horas, o seu "mestre" lhes vai ser tirado. Estão inquietos e preocupados. A aventura que eles começaram com Jesus, na Galileia, terá chegado ao fim? Essa relação que eles construíram com o "mestre" irá morrer? Os discípulos não sabem o que vai acontecer nem que caminho vão, a partir daí, percorrer. Sobretudo, não sabem como é que manterão, após a partida de Jesus, a sua relação com Ele e com o Pai.
É neste contexto que podemos situar as palavras de Jesus que o Evangelho de hoje nos apresenta.
MENSAGEM
A catequese desenvolvida pelo autor do Quarto Evangelho, neste diálogo de Jesus com os discípulos, é de uma impressionante densidade teológica. Fundamentalmente, trata-se de uma catequese sobre "o caminho": o "caminho" que Jesus percorreu e que é o mesmo "caminho" que os discípulos são convidados a percorrer. Vamos tentar esmiuçar o conteúdo e pôr em relevo os pontos fundamentais.
O plano de salvação de Deus passa por estabelecer com os homens uma relação de comunhão, de familiaridade, de amor. Por isso, Jesus veio ao mundo: para tornar os homens "filhos de Deus" ("aos que O receberam, aos que crêem n'Ele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" - Jo 1,12).
Como é que Jesus concretizou esse projecto? Ele "montou a sua tenda no meio dos homens" (Jo 1,14) e ofereceu aos homens um "caminho" de vida em plenitude: mostrou aos homens, na sua própria pessoa, como é que eles podem ser Homens Novos - isto é, homens que vivem na obediência total aos planos do Pai e no amor aos irmãos. Viver desse jeito é viver numa dinâmica divina, entrar na intimidade do Pai, tornar-se "filho de Deus".
Na ceia de despedida a que o nosso texto se refere, Jesus sente que está a começar o último acto da missão que o Pai lhe confiou (criar o Homem Novo). Falta oferecer aos discípulos a última lição - a lição do amor que se dá até à morte; falta também o dom do Espírito, que capacitará os homens para viverem como Jesus, na obediência a Deus e na entrega aos homens. Para que esse último acto se cumpra, Jesus tem de passar pela morte: tem de "ir para o Pai". Ao dizer "vou preparar-vos um lugar" (vers. 2b), Jesus sugere que tem de ir ao encontro do Pai, para que os homens possam (pela lição do amor e pelo dom do Espírito) fazer parte da família de Deus.
Nessa família, há lugar para todos os homens ("na casa de meu Pai há muitas moradas" - vers. 2a): basta que sigam "o caminho" de Jesus - isto é, que escutem as suas propostas e que aceitem viver como Homens Novos, no amor e no dom da vida. A "casa do Pai" é a comunidade dos seguidores de Jesus (a Igreja).
Qual é o "caminho" para chegar a fazer parte dessa família de Deus? - perguntam os discípulos (eles foram testemunhas da vida que Jesus levou e, portanto, conhecem de cor o "mapa" desse "caminho"; mas continuam a recusar-se a acreditar que o dom da vida seja um caminho obrigatório para fazer parte da família de Deus - vers. 4-5).
A resposta é simples... O "caminho" é Jesus (vers. 6): é a sua vida, os seus gestos de amor e de bondade, a sua morte (dom da vida por amor) que mostram aos homens o itinerário que eles devem percorrer. Ao aceitarem percorrer esse "caminho" de identificação com Jesus, os homens estão a ir ao encontro da verdade e da vida em plenitude. Quem aceita percorrer esse "caminho" de amor, de entrega, de dom da vida, chega até ao Pai e torna-se - como Jesus - "filho de Deus".
Mais: ao identificarem-se com Jesus, os discípulos estabelecem uma relação íntima e familiar com o Pai, porque o Pai e Jesus são um só (vers. 7-12). O Pai está presente em Jesus. Quem adere a Jesus e estabelece com Ele laços de amor, já faz parte da família do Pai, porque Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens: as obras de Jesus são as obras do Pai; o seu amor é o amor do Pai; a vida que Ele oferece é a vida que o Pai dá aos homens.
Em conclusão: os discípulos de Jesus têm de percorrer um "caminho", até chegarem a ser família de Deus. Esse "caminho" foi traçado por Jesus, na obediência a Deus e no amor aos homens. É no final desse "caminho" que os discípulos - tornados Homens Novos - encontrarão o Pai e serão integrados na família de Deus.
No entanto, Jesus não é somente o modelo do "caminho"; ao mesmo tempo, Ele oferece como dom a força, a energia (o Espírito) para que o homem possa percorrer "o caminho". É o Espírito do Senhor ressuscitado que renova e transforma o homem, no sentido de o levar, cada dia, a tornar-se Homem Novo, que vive na obediência a Deus e no amor aos irmãos. Desta dinâmica, nasce a comunidade de Homens Novos, a família de Deus, a Igreja.
ACTUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar os seguintes dados:
• A Igreja é essa comunidade de Homens Novos, que se identifica com Jesus que, animada pelo Espírito, segue "o caminho" de Jesus (caminho de obediência aos planos do Pai e de dom da vida aos irmãos), que procura dar testemunho de Jesus no meio dos homens e que é a "família de Deus". No dia do nosso baptismo, fomos integrados nesta família... A nossa vida tem sido coerente com os compromissos que, então, assumimos? Sentimo-nos "família de Deus", ou deixamos que o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência falem mais alto e escolhemos caminhar à margem desta família? É verdade que esta família tem falhas, e é verdade que nem sempre encontramos nela humanidade e amor. Que fazemos, então: afastamo-nos, ou esforçamo-nos para que ela viva de forma mais coerente e verdadeira?
• Falar do "caminho" de Jesus é falar de uma vida dada a Deus e gasta em favor dos irmãos, numa doação total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a percorrer, com Jesus, esse mesmo "caminho". Paradoxalmente, dessa entrega (dessa morte para si mesmo) nasce o Homem Novo, o homem na plenitude das suas possibilidades, o homem que desenvolveu até ao extremo todas as suas potencialidades. É esse "caminho" que eu tenho vindo a percorrer? A minha vida tem sido uma entrega a Deus e doação aos meus irmãos? Tenho procurado despir-me do egoísmo e do orgulho que impedem o Homem Novo de aparecer?
• A comunhão do crente com o Pai e com Jesus não resulta de momentos mágicos nos quais, através da recitação de certas fórmulas ou do cumprimento de certos ritos, a vida de Deus bombardeia e inunda incondicionalmente o crente; mas a intimidade e a comunhão com Jesus e com o Pai estabelecem-se percorrendo o caminho do amor e da entrega, em doação total a Deus e aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus e com o Pai, tem de sair do egoísmo e a fazer da sua vida um dom a Deus e aos homens.
BILHETE DE EVANGELHO.
Dar um passo... Alguém dizia, durante uma homilia: "a fé começa pelos pés!" De facto, a fé é uma resposta e uma caminhada. Foi a aventura destes onze homens reunidos numa sala, em Jerusalém. Estavam cheios de medo, mas lançaram-se, algum tempo mais tarde, pelas ruas da Palestina e para além disso. Sentiram-se possuídos pelo Espírito recebido no Pentecostes. É a aventura das crianças que, nestes dias, vão começar a comungar: são convidadas ao Banquete do Senhor, vão responder a este convite. É a aventura dos jovens que, por ocasião da sua profissão de fé, decidiram dar um passo para Deus, ousando dizer: "Creio!". É a aventura dos jovens que, em certo período do ano, vão ser confirmados, um passo que lhes faz pedir a ajuda do Espírito. Somos todos convidados a dar um passo, para o Senhor e para os nossos irmãos. Sim, sejamos cristãos a caminho.
PALAVRA PARA O CAMINHO.
"Sede as pedras vivas..." Que espécie de pedras somos nós na construção da nossa Igreja em 2023? Pedras que procuram ajustar-se umas às outras, em harmonia com a "Pedra angular"? Ou pedras que se opõem umas às outras e se eliminam mutuamente? Que "Templo espiritual" estamos nós a construir?


e no vídeo AQUI.
«Não se perturbe o vosso coração»
Tenho a certeza de que serei eternamente feliz, porque espero firmemente sê-lo e é de Vós, ó meu Deus, que o espero: «Em vós, Senhor, me refugio; jamais serei confundido» (Sl 31,2 Vg).
Sei bem, infelizmente sei muito bem como sou frágil e mutável; sei que as tentações atacam as virtudes mais firmes; vi cair os astros do céu e as colunas do firmamento. Mas nada isso me faz medo, desde que continue na esperança; estou a coberto de todas as infelicidades e certo de esperar sempre, porque espero ainda nesta invariável esperança. Enfim, tenho a certeza de que não é possível esperar demasiado em Vós e de que não posso alcançar menos do que aquilo que esperei de Vós. Assim, espero que me segurareis contra as minhas tendências mais impetuosas, que me sustentareis contra os mais furiosos assaltos e que fareis triunfar a minha fraqueza contra os meus mais terríveis inimigos.
Espero que me amareis para sempre e que eu também Vos amarei incansavelmente; e, para dum golpe lançar a minha esperança tão longe quanto for possível, espero-Vos a Vós mesmo de Vós, ó meu Criador: tanto no tempo como na eternidade! Ámen.
São Cláudio de la Colombière (1641-1682), jesuíta, Ato de confiança em Deus