"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























segunda-feira, 30 de junho de 2014

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Uma comunidade incapaz de lidar com o desacordo está mal preparada para o futuro

Os primeiros discípulos falaram com ousadia, assim nos diz Lucas. Esta é a parrhesia que Simon Tugwell define como «ser capaz de dizer tudo e qualquer coisa». As nossas Igrejas estão cheias de palavras: inumeráveis documentos, escritos de orientação, declarações episcopais, dissertações teológicas, sermões, artigos eruditos, crónicas jornalísticas. Mas nem sempre existe um discurso aberto em que digamos aquilo em que mais profundamente cremos, partilhemos as nossas dúvidas e receios e abramos os nossos ouvidos a visões diferentes das nossas. Santa Catarina de Sena deu aos cardeais que estavam com o Papa exilados em Avinhão um bom raspanete: «Deixai de estar calados. Gritai com cem mil vozes. Vejo que o mundo é destruído pelo silêncio». A Igreja deveria educar os crismados a falar bem, abertamente e com confiança. Não se trata de dizer a primeira coisa que nos venha à cabeça. Todo o cristão confirmado deveria receber um treino teológico básico, um conhecimento das Escrituras e dos ensinamentos da Igreja. Continuar a ler…

domingo, 29 de junho de 2014

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

Este ano, o 13º Domingo Comum coincide com a Solenidade dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo. A liturgia convida-nos a refletir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projeto libertador de Deus.
O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-no como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.
A primeira leitura mostra como Deus cauciona o testemunho dos discípulos e como cuida deles quando o mundo os rejeita. Na ação de Deus em favor de Pedro – o apóstolo que é protagonista, na história que este texto dos Atos hoje nos apresenta – Lucas mostra a solicitude de Deus pela sua Igreja e pelos discípulos que testemunham no mundo a Boa Nova da salvação.
A segunda leitura apresenta-se como o “testamento” de Paulo. Numa espécie de “balanço final” da vida do apóstolo, o autor deste texto recorda a resposta generosa de Paulo ao chamamento que Jesus lhe fez e o seu compromisso total com o Evangelho. É um texto comovente e questionante, que convida os crentes de todas as épocas e lugares a percorrer o caminho cristão com entusiasmo, com entrega, com ânimo – a exemplo de Paulo.
EVANGELHOMateus 16,13-19
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe
e fez aos discípulos esta pergunta:
«Quem dizem as pessoas que é o Filho do Homem?»
Eles responderam:
«Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias,
outros que é Jeremias ou um dos profetas».
Jesus replicou-lhes:
«E quem dizeis vós que Eu sou?»
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse-Lhe:
«Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!».
Jesus respondeu-lhe:
«És feliz, Simão, filho de Jonas,
porque não foram a carne e o sangue que to revelaram,
mas sim Meu Pai que está nos Céus.
E Eu também te digo a ti:
Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja,
e as forças do Inferno não levarão a melhor contra ela.
Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus:
tudo o que ligares na Terra ficará ligado nos Céus,
e tudo o que desligares na Terra ficará desligado nos Céus».
AMBIENTE
O Evangelho deste domingo situa-nos no Norte da Galileia, perto das nascentes do rio Jordão, em Cesareia de Filipe (na zona da atual Bânias). A cidade tinha sido construída por Herodes Filipe (filho de Herodes o Grande) no ano 2 ou 3 a.C., em honra do imperador Augusto.
O episódio que nos é proposto ocupa um lugar central no Evangelho de Mateus. Aparece num momento de viragem, quando começa a perfilar-se no horizonte de Jesus um destino de cruz. Depois do êxito inicial do seu ministério, Jesus experimenta a oposição dos líderes e um certo desinteresse por parte do Povo. A sua proposta do Reino não é acolhida, senão por um pequeno grupo – o grupo dos discípulos.
É, então, que Jesus dirige aos discípulos uma série de perguntas sobre si próprio. Não se trata, tanto, de medir a sua quota de popularidade; trata-se, sobretudo, de tornar as coisas mais claras para os discípulos e confirmá-los na sua opção de seguir Jesus e de apostar no Reino.
O relato de Mateus é um pouco diferente do relato do mesmo episódio feito por outros evangelistas (nomeadamente Marcos – cf. Mc 8,27-30). Mateus remodelou e ampliou o texto de Marcos, acrescentando a afirmação de que Jesus é o Filho de Deus e a missão confiada a Pedro.
MENSAGEM
O nosso texto pode dividir-se em duas partes. A primeira, de carácter mais cristológico, centra-se em Jesus e na definição da sua identidade. A segunda, de carácter mais eclesiológico, centra-se na Igreja, que Jesus convoca à volta de Pedro.
Na primeira parte (vers. 13-16), Jesus interroga duplamente os discípulos: acerca do que as pessoas dizem d’Ele e acerca do que os próprios discípulos pensam.
A opinião dos “homens” vê Jesus em continuidade com o passado (“João Baptista”, “Elias”, “Jeremias” ou “algum dos profetas”). Não captam a condição única de Jesus, a sua novidade, a sua originalidade. Reconhecem, apenas, que Jesus é um homem convocado por Deus e enviado ao mundo com uma missão – como os profetas do Antigo Testamento… Mas não vão além disso. Na perspetiva dos “homens”, Jesus é, apenas, um homem bom, justo, generoso, que escutou os apelos de Deus e que Se esforçou por ser um sinal vivo de Deus, como tantos outros homens antes d’Ele (vers. 13-14). É muito, mas não é o suficiente: significa que os “homens” não entenderam a novidade do Messias, nem a profundidade do mistério de Jesus.
A opinião dos discípulos acerca de Jesus vai muito além da opinião comum. Pedro, porta-voz da comunidade dos discípulos, resume o sentir da comunidade do Reino na expressão: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (vers. 16). Nestes dois títulos resume-se a fé da Igreja de Mateus e a catequese aí feita sobre Jesus. Dizer que Jesus é “o Cristo” (Messias) significa dizer que Ele é esse libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva. No entanto, para os membros da comunidade do Reino, Jesus não é, apenas, o Messias: é, também, o “Filho de Deus”. No Antigo Testamento, a expressão “Filho de Deus” é aplicada aos anjos (cf. Dt 32,8; Sal 29,1; 89,7; Job 1,6), ao Povo eleito (cf. Ex 4,22; Os 11,1; Jer 3,19), aos vários membros do Povo de Deus (cf. Dt 14,1-2; Is 1,2; 30,1.9; Jer 3,14) ao rei (cf. 2 Sm 7,14) e ao Messias/rei da linhagem de David (cf. Sal 2,7; 89,27). Designa a condição de alguém que tem uma relação particular com Deus, a quem Deus elegeu e a quem Deus confiou uma missão. Definir Jesus como o “Filho de Deus” significa, não só que Ele recebe vida de Deus, mas que vive em total comunhão com Deus, que desenvolve com Deus uma relação de profunda intimidade e que Deus Lhe confiou uma missão única para a salvação dos homens; significa reconhecer a profunda unidade e intimidade entre Jesus e o Pai e que Jesus conhece e realiza os projetos do Pai no meio dos homens. Os discípulos são convidados a entender dessa forma o mistério de Jesus.
Na segunda parte (vers. 17-19), temos a resposta de Jesus à confissão de fé da comunidade dos discípulos, apresentada pela voz de Pedro. Jesus começa por felicitar Pedro (isto é, a comunidade) pela clareza da fé que o anima. No entanto, essa fé não é mérito de Pedro, mas um dom de Deus (“não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim o meu Pai que está nos céus” – vers. 17). Pedro (os discípulos) pertence a essa categoria dos “pobres”, dos “simples”, abertos à novidade de Deus, que têm um coração disponível para acolher os dons e as propostas de Deus (esses “pobres” e “simples” estão em contraposição com os líderes – fariseus, doutores da Lei, escribas – instalados nas suas certezas, seguranças e preconceitos, incapazes de abrir o coração aos desafios de Deus).
O que é que significa Jesus dizer a Pedro que ele é “a rocha” (o nome “Pedro” é a tradução grega do hebraico “Kephâ” – “rocha”) sobre a qual a Igreja de Jesus vai ser construída? As palavras de Jesus têm de ser vistas no contexto da confissão de fé precedente. Mateus está, portanto, a afirmar que a base firme e inamovível, sobre a qual vai assentar a Ekklesia de Jesus é a fé que Pedro e a comunidade dos discípulos professam: a fé em Jesus como o Messias, Filho de Deus vivo.
Para que seja possível a Pedro testemunhar que Jesus é o Messias Filho de Deus e edificar a comunidade do Reino, Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. Aquele que detém as chaves, no mundo bíblico, é o “administrador do palácio”… Ora o “administrador do palácio”, entre outras coisas, administrava os bens do soberano, fixava o horário da abertura e do fechamento das portas do palácio e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano… Por outro lado, a expressão “atar e desatar” designava, entre os judeus da época, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Assim, Jesus nomeia Pedro para “administrador” e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus a novas necessidades e situações, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino (atenção: todos são chamados por Deus a integrar a comunidade do Reino; mas aqueles que não estão dispostos a aderir às propostas de Jesus não podem aí ser admitidos).
Trata-se, aqui, de confiar a um homem (Pedro) um primado, um papel de liderança absoluta (o poder das chaves, o poder de ligar e desligar) da comunidade dos discípulos? Ou Pedro é, aqui, um discípulo que dá voz a todos aqueles que acreditam em Jesus e que representa a comunidade dos discípulos? É difícil, a partir deste texto, fazer afirmações concludentes e definitivas. O poder de “ligar e desligar”, por exemplo, aparece noutro contexto, confiado à totalidade da comunidade e não a Pedro em exclusivo (cf. Mt 18,18). Provavelmente, o mais correto é ver em Pedro o protótipo do discípulo; nele, está representada essa comunidade que se reúne em volta de Jesus e que proclama a sua fé em Jesus como o “Messias” e o “Filho de Deus”. É a essa comunidade, representada por Pedro, que Jesus confia as chaves do Reino e o poder de acolher ou excluir. Isso não invalida que Pedro fosse uma figura de referência para os primeiros cristãos e que desempenhasse um papel de primeiro plano na animação da Igreja nascente, sobretudo nas comunidades da Síria (as comunidades a que o Evangelho de Mateus se destina).
ACTUALIZAÇÃO
• Quem é Jesus? O que é que “os homens” dizem de Jesus? Muitos dos nossos conterrâneos veem em Jesus um homem bom, generoso, atento aos sofrimentos dos outros, que sonhou com um mundo diferente; outros veem em Jesus um admirável “mestre” de moral, que tinha uma proposta de vida “interessante”, mas que não conseguiu impor os seus valores; alguns veem em Jesus um admirável condutor de massas, que acendeu a esperança nos corações das multidões carentes e órfãs, mas que passou de moda quando as multidões deixaram de se interessar pelo fenómeno; outros, ainda, veem em Jesus um revolucionário, ingénuo e inconsequente, preocupado em construir uma sociedade mais justa e mais livre, que procurou promover os pobres e os marginais e que foi eliminado pelos poderosos, preocupados em manter o “statu quo”. Estas visões apresentam Jesus como “um homem” – embora “um homem” excecional, que marcou a história e deixou uma recordação imorredoira. Jesus foi, apenas, um “homem” que deixou a sua pegada na história, como tantos outros que a história absorveu e digeriu?
• Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Defini-l’O dessa forma significa reconhecer em Jesus o Deus que o Pai enviou ao mundo com uma proposta de salvação e de vida plena, destinada a todos os homens. A proposta que Ele apresentou não é, apenas, uma proposta de “um homem” bom, generoso, clarividente, que podemos admirar de longe e aceitar ou não; mas é uma proposta de Deus, destinada a tornar cada homem ou cada mulher uma pessoa nova, capaz de caminhar ao encontro de Deus e de chegar à vida plena da felicidade sem fim. A diferença entre o “homem bom” e o “Messias, Filho de Deus”, é a diferença entre alguém a quem admiramos e que é igual a nós, e alguém que nos transforma, que nos renova e que nos encaminha para a vida eterna e verdadeira.
• “E vós, quem dizeis que Eu sou?” É uma pergunta que deve, de forma constante, ecoar nos nossos ouvidos e no nosso coração. Responder a esta questão não significa papaguear lições de catequese ou tratados de teologia, mas sim interrogar o nosso coração e tentar perceber qual é o lugar que Cristo ocupa na nossa existência… Responder a esta questão obriga-nos a pensar no significado que Cristo tem na nossa vida, na atenção que damos às suas propostas, na importância que os seus valores assumem nas nossas opções, no esforço que fazemos ou que não fazemos para O seguir… Quem é Cristo para mim?
• É sobre a fé dos discípulos (isto é, sobre a sua adesão ao Cristo libertador e salvador, que veio do Pai ao encontro dos homens com uma proposta de vida eterna e verdadeira) que se constrói a Igreja de Jesus. O que é a Igreja? O nosso texto responde de forma clara: é a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”. Que lugar ocupa Jesus na nossa experiência de caminhada em Igreja? Porque é que estamos na Igreja: é por causa de Jesus Cristo, ou é por outras causas (tradição, inércia, promoção pessoal…)?
• A Igreja de Jesus não existe, no entanto, para ficar a olhar para o céu, numa contemplação estéril e inconsequente do “Messias, Filho de Deus”; mas existe para o testemunhar e para levar a cada homem e a cada mulher a proposta de salvação que Cristo veio oferecer. Temos consciência desta dimensão “profética” e missionária da Igreja? Os homens e as mulheres com quem contactamos no dia a dia – em casa, no emprego, na escola, na rua, no prédio, nos acontecimentos sociais – recebem de nós este anúncio e este convite a integrar a comunidade da salvação?
• A comunidade dos discípulos é uma comunidade organizada e estruturada, onde existem pessoas que presidem e que desempenham o serviço da autoridade. Essa autoridade não é, no entanto, absoluta; mas é uma autoridade que deve, constantemente, ser amor e serviço. Sobretudo, é uma autoridade que deve procurar discernir, em cada momento, as propostas de Cristo e a interpelação que Ele lança aos discípulos e a todos os homens.
FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=971

sábado, 28 de junho de 2014

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.

Atriz visita Santuário de Fátima e torna-se freira
"País caminha alegremente para catástrofe maior do que há três anos"
Desigualdade pode levar pobreza a 400 milhões nos próximos anos
Dívida? Mas qual dívida?
Mudanças radicais
Guia de um economista para a Guerra e a Paz
Anacom proíbe empresas de venderem como ilimitadas ofertas de comunicações com restrições
Bye-bye Troika, olá educação
Relatório europeu aponta para degradação das condições de trabalho em Portugal
Sentar ou não na sanita? Eis a questão
A língua de Miley Cyrus
Sting não deixará a sua fortuna aos filhos
Igreja: Papa convida a imitar exemplo de São João Batista
BPN gastou 5,2 milhões na compra de cópias de arte
Adeptos japoneses voltam a limpar bancadas após jogo
Sede da Jerónimo Martins pode mudar-se para Genebra
O valente Jerôme
Os cegos vêem e os coxos andam
Fatura da Sorte Hoje há não um... mas quatro Audi a sorteio
O Iraque, de novo
WikiLeaks revela negociações para destruir regulação financeira
Um balanço a vermelho da equipa que sofreu a maior goleada
"Quando Ronaldo fala ou entra mosca ou sai asneira"
Esquecer o Mundial e começar a forjar a seleção do futuro
Os perigos de um homem livre

quinta-feira, 26 de junho de 2014

ESPIRITUALIDADE: Felicidade & Facilidade

na palavra do Padre Fábio de Melo http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1bio_de_Melo e no dia 18/08/2013.
São 1:09:14 que passam num abrir e fechar de olhos, tal é a forma linda, cativante, motivadora, esclarecedora, vivida, franca e verdadeira como a comunica.


quarta-feira, 25 de junho de 2014

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Gostar e amar

Dizem os amantes: «Encanta-me a tua voz»; «cativa-me o teu sorriso»; «fascina-me a tua figura». Mas isso não é amor. O amor estende-se e abarca a totalidade da pessoa. Muitos identificam amar com gostar, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nem tudo aquilo de que se gosta equivale a amor. Dizem ainda os amantes: «Gosto da tua cintura, do ritmo do teu andar, da modulação da tua voz.» O amor pode nascer sem que o outro seja cativado por alguma zona anatómica concreta, por determinada parte da personalidade. O amor nasce de um momento em que o ser humano se esquece de si; fica deslumbrado, é «arrancado» de si mesmo e cativado por outro todo. Cresce com desejos de se dar e consuma-se no esquecimento total de um gozo recíproco. Continuar a ler…

terça-feira, 24 de junho de 2014

LEITURA: "Lugares do infinito: Um guia de mosteiros e conventos para reencontrar o mundo"

O jornalista António Marujo e o fotógrafo Daniel Rocha são os autores do livro “Lugares do infinito: Um guia de mosteiros e conventos para reencontrar o mundo”, que a escritora Alice Vieira apresenta esta sexta-feira, em Lisboa. Aproximando-se as férias de verão, tempo de repouso físico e intelectual, e ao mesmo tempo propício ao silêncio, à indagação interior e à escuta de Deus, os autores e a Paulinas Editora passam para livro as reportagens publicadas no jornal “Público”. «Com o Daniel Rocha e o seu olhar capaz de entender o interior das pessoas e das coisas, fomos, durante algumas semanas de 2012, na senda (…) [de] mosteiros e conventos onde se pode ficar a rezar, descansar e ansiar por mais», lê-se na apresentação. «Hoje, mosteiros e conventos continuam a ser possibilidades de, na fuga, reencontrar o mundo. E continuam a ser lugares de hospitalidade, mesmo se o acolhimento surge já como um desafio mútuo, para quem chega ou quem está.» Leia o texto e veja as fotografias de um dos espaços selecionados pelos autores. Continuar a ler (com imagens)…

segunda-feira, 23 de junho de 2014

MÚSICA&Cia de fazer bem...

... aos ouvidos, coração & ego - «quem canta seus males http://www.noticiasaominuto.com/mundo/238628/sentar-ou-nao-na-sanita-eis-a-questao?utm_source=vision&utm_medium=email&utm_campaign=daily#/615/0 espanta» - com a ONG, "Playing for Change" e com o s/ site oficial, http://playingforchange.com/home/ sempre, pois claro!

Já agora, quem conhece estes 2 tripeiros de ferrinhos&bombo mais o senhor de voz "roufenha" que que se lhes segue de imediato, um septuagenário e "dinossauro" sobrevivente do rock "rolante" dos sixties, no seu refúgio e paraíso ilhéu?



"More"? Clicar aqui: http://playingforchange.com/episodes/

Gostoso? Sim? Então, deixe-se ficar e ser (en)levado por mais umas tantas quantas... "Clandestino", "Love is wall", "Imagine"... desta festa da música que, de per si, vão rolando no e pelo Youtube.

Não? Gostos (ou indisposição?) não se discutem!


Votos sinceros de um bom fim-de-semana (boas férias se fôr o caso) e de UM MUNDO MELHOR,



tal como deseja este HOMEM livre http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3996943&seccao=Anselmo+Borges&tag=Opini%C3%A3o+-+Em+Foco&page=-1&success=1

domingo, 22 de junho de 2014

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

Não tendo sido possível preparar os habituais comentários para a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, após os textos litúrgicos colocamos alguns apoios para meditação: as homilias de Bento XVI para o Ano A desta Solenidade em 2005, 2008 e 2011; as recentes catequeses do Papa Francisco sobre a Eucaristia.
EVANGELHOJo 6, 51-58
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
disse Jesus à multidão:
«Eu sou o pão vivo descido do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei de dar é a minha Carne
pela vida do mundo».
os judeus discutiam entre si:
«Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?»
Jesus disse-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Se não comerdes a Carne do Filho do homem
e não beberdes o seu Sangue,
não tereis a vida em vós.
Quem come a mina Carne e bebe o meu Sangue
tem a vida eterna;
e Eu o ressuscitarei no último dia.
A minha Carne é verdadeira comida
e o meu Sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em Mim, e Eu nele.
Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai,
também aquele que me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu;
não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram;
quem comer deste pão viverá eternamente».
ANEXO 1
Homilia de Bento XVI para a Solenidade do Corpo de Deus em 2005
Amados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Queridos irmãos e irmãs!
Na festa de Corpus Christi, a Igreja revive o mistério da Quinta-Feira Santa à luz da Ressurreição. Também a Quinta-Feira Santa conhece uma sua procissão eucarística, com a qual a Igreja repete o êxodo de Jesus do Cenáculo para o monte das Oliveiras. Em Israel, celebrava-se a noite de Páscoa em casa, na intimidade da família. Fazia-se assim memória da primeira Páscoa, no Egipto da noite em que o sangue do cordeiro pascal, aspergido na arquitrave e nos portais das casas, protegia contra o exterminador. Jesus, naquela noite, sai e entrega-se ao traidor, ao exterminador e, precisamente assim, vence a noite, vence as trevas do mal. Só desta forma, o dom da Eucaristia, instituída no Cenáculo, encontra o seu cumprimento: Jesus entrega realmente o seu corpo e o seu sangue. Atravessando o limiar da morte, torna-se pão vivo, verdadeiro maná, alimento inexaurível para todos os séculos. Acarne torna-se pão de vida.
Na procissão da Quinta-Feira Santa, a Igreja acompanha Jesus ao monte das Oliveiras: a Igreja orante sente um desejo profundo de vigiar com Jesus, de não o deixar sozinho na noite do mundo, na noite da traição, na noite da indiferença de muitos. Na festa de Corpus Christi, retomamos esta procissão, mas na alegria da Ressurreição. O Senhor ressuscitou e precedeu-nos. Nas narrações da Ressurreição há uma característica comum e fundamental; os anjos dizem: o Senhor "vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis" (Mt 28, 7). Considerando isto mais de perto, podemos dizer que este "preceder" de Jesus exige uma dupla direção. A primeira é como ouvimos a Galileia. Em Israel, a Galileia era considerada como a porta que se abre para o mundo dos pagãos.
E na realidade precisamente na Galileia, no monte, os discípulos veem Jesus, o Senhor, que lhes diz: "Ide... fazei discípulos de todos os povos" (Mt 28, 19). A outra direção do preceder, por parte do Ressuscitado, aparece no Evangelho de São João, nas palavras de Jesus a Madalena: "Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai..." (Jo 20, 17). Jesus precede-nos junto do Pai, eleva-se à altura de Deus e convida-nos a segui-lo. Estas duas direções do caminho do Ressuscitado não se contradizem, mas indicam ao mesmo tempo o caminho do seguimento de Cristo. A verdadeira meta do nosso caminho é a comunhão com Deus o próprio Deus é a casa com muitas moradas (cf. Jo 14, 2s.). Mas só podemos subir a esta morada indo "em direção à Galileia" indo pelos caminhos do mundo, levando o Evangelho a todas as nações, levando o dom do seu amor aos homens de todos os tempos. Por isso o caminho dos apóstolos prolongou-se até aos "confins da terra" (cf. Act 1, 6s.); assim São Pedro e São Paulo foram até Roma, cidade que na época era o centro do mundo conhecido, verdadeira "caput mundi".
A procissão da Quinta-Feira Santa acompanhou Jesus na sua solidão, rumo à "via crucis". A procissão de Corpus Christi, ao contrário, responde de maneira simbólica ao mandamento do Ressuscitado: precedo-vos na Galileia. Ide até aos confins do mundo, levai o Evangelho a todas as nações. Sem dúvida, para a fé, a Eucaristia é um mistério de intimidade. O Senhor instituiu o Sacramento no Cenáculo, circundado pela sua nova família, pelos doze apóstolos, prefiguração e antecipação da Igreja de todos os tempos. Por isso, na liturgia da Igreja antiga, a distribuição da sagrada comunhão era introduzida com as palavras: Sancta sanctis o dom sagrado destina-se aos que são tornados santos. Deste modo, respondia-se à admoestação dirigida por São Paulo aos Coríntios: "Portanto, examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba deste vinho..." (1 Cor 11, 28). Contudo, desta intimidade, que é dom muito pessoal do Senhor, a força do sacramento da Eucaristia vai além das paredes das nossas Igrejas. Neste Sacramento, o Senhor está sempre a caminho no mundo. Este aspeto universal da presença eucarística sobressai na procissão da nossa festa. Nós levamos Cristo, presente na figura do pão, pelas estradas da nossa cidade. Nós confiamos estas estradas, estas casas a nossa vida quotidiana à sua bondade. Que as nossas estradas sejam de Jesus! Que as nossas casas sejam para Ele e com Ele! A nossa vida de todos os dias estejam penetradas da sua presença. Com este gesto, colocamos sob o seu olhar os sofrimentos dos doentes, a solidão dos jovens e dos idosos, as tentações, os receios toda a nossa vida. A procissão pretende ser uma bênção grande e pública para a nossa cidade: Cristo é, em pessoa, a bênção divina para o mundo o raio da sua bênção abranja todos nós!
Na procissão de Corpus Christi, acompanhamos o Ressuscitado no seu caminho pelo mundo inteiro como dissemos. E, precisamente fazendo isto, respondemos também ao seu mandamento: "Tomai e comei... Bebei todos" (Mt 26, 26s.). Não se pode "comer" o Ressuscitado, presente na figura do pão, como um simples bocado de pão. Comer este pão é comunicar, é entrar em comunhão com a pessoa do Senhor vivo. Esta comunhão, este ato de "comer", é realmente um encontro entre duas pessoas, é deixar-se penetrar pela vida d'Aquele que é o Senhor, d'Aquele que é o meu Criador e Redentor. A finalidade desta comunhão, deste comer, é a assimilação da minha vida à sua, a minha transformação e conformação com Aquele que é Amor vivo. Por isso, esta comunhão exige a adoração, requer a vontade de seguir Cristo, de seguir Aquele que nos precede. Por isso, a adoração e a procissão fazem parte de um único gesto de comunhão; respondem ao seu mandamento: "Tomai e comei".
A nossa procissão termina diante da Basílica de Santa Maria Maior, no encontro com Nossa Senhora, chamada pelo querido Papa João Paulo II "Mulher eucarística". Verdadeiramente Maria, a Mãe do Senhor, ensina-nos o que significa entrar em comunhão com Cristo: Maria ofereceu a própria carne, o próprio sangue a Jesus e tornou-se tenda viva do Verbo, deixando-se penetrar no corpo e no espírito pela sua presença. Pedimos a Ela, nossa santa Mãe, para que nos ajude a abrir, cada vez mais, todo o nosso estar na presença de Cristo; para que nos ajude a segui-lo fielmente, dia após dia, pelos caminhos da nossa vida. Amém!
ANEXO 2
Homilia de Bento XVI para a Solenidade do Corpo de Deus em 2008
Queridos irmãos e irmãs!
Depois do tempo forte do ano litúrgico, que centrando-se sobre a Páscoa se prolonga por três meses primeiro os quarenta dias da Quaresma, depois os cinquenta dias do Tempo pascal a liturgia faz-nos celebrar três festas que ao contrário têm um carácter "sintético": a Santíssima Trindade, depois o Corpus Christi, e por fim o Sagrado Coração de Jesus. Qual é exatamente o significado da solenidade de hoje, do Corpo e do Sangue de Cristo? A própria celebração que estamos a realizar no-lo diz, no desenvolvimento dos gestos fundamentais: antes de tudo reunimo-nos em volta do altar do Senhor, para estar na sua presença; em segundo lugar faremos a procissão, isto é, o caminhar com o Senhor; e por fim, o ajoelharmo-nos diante do Senhor, a adoração, que já inicia na Missa e acompanha toda a procissão, mas tem o seu ápice no momento final da bênção eucarística, quando todos nos prostraremos diante d'Aquele que se inclinou até nós e deu a vida por nós. Detenhamo-nos brevemente sobre estas três atitudes, para que sejam verdadeiramente expressão da nossa fé e da nossa vida.
Portanto, o primeiro ato é o de reunir-se na presença do Senhor. É o que antigamente se chamava "statio". Imaginemos por um momento que em toda a cidade de Roma haja só este único altar, e que todos os cristãos da cidade sejam convidados a reunir-se aqui, para celebrar o Salvador morto e ressuscitado. Isto dá-nos a ideia daquilo que foi, nas origens, a celebração eucarística em Roma, e em muitas outras cidades onde chegava a mensagem evangélica: havia em cada Igreja particular um só Bispo e à sua volta, em volta da Eucaristia por ele celebrada, constituía-se a Comunidade, única porque era uno o Cálice abençoado e um o Pão partido, como ouvimos das palavras do apóstolo Paulo na segunda Leitura (cf. 1 Cor 10, 16-17). Vem à mente a outra célebre expressão paulina: "Não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo" (Gl 3, 28). "Todos vós sois um só"! Sente-se nestas palavras a verdade e a força da revolução cristã, a revolução mais profunda da história humana, que se experimenta precisamente em volta da Eucaristia: reúnem-se aqui na presença do Senhor pessoas diversas por idade, sexo, condição social, ideias políticas. A Eucaristia nunca pode ser um facto privado, reservado a pessoas que se escolheram por afinidades ou por amizade. A Eucaristia é um culto público, que nada tem de esotérico, de exclusivo. Também aqui, esta tarde, não fomos nós que escolhemos com quem nos encontrarmos, viemos e encontramo-nos uns ao lado dos outros, irmanados pela fé e chamados a tornarmo-nos um único corpo partilhando o único Pão que é Cristo. Estamos unidos independentemente das nossas diferenças de nacionalidade, de profissão, de camada social, de ideias políticas: abrimo-nos uns aos outros para nos tornarmos um só a partir d'Ele. Foi esta, desde os inícios, uma característica do cristianismo realizada visivelmente em volta da Eucaristia, e é necessário vigiar sempre para que as tentações frequentes de individualismo, mesmo se em boa fé, de facto não vão em sentido oposto. Portanto, o Corpus Christi recorda-nos antes de tudo isto: que ser cristãos significa reunir-se de todas as partes para estar na presença do único Senhor e tornar-se n'Ele um só.
O segundo aspeto constitutivo é o caminhar com o Senhor. É a realidade manifestada pela procissão, que viveremos juntos depois da Santa Missa, quase como um seu prolongamento natural, movendo-nos atrás d'Aquele que é a Via, o Caminho. Com a doação de Si mesmo na Eucaristia, o Senhor Jesus liberta-nos das nossas "parálises", faz-nos levantar e faz-nos "proceder", isto é, faz-nos dar um passo em frente, e depois outro, e assim põe-nos a caminho, com a força deste Pão da vida. Como aconteceu ao profeta Elias, que se tinha refugiado no deserto por receio dos seus inimigos, e tinha decidido deixar-se morrer (cf. 1 Rs 19, 1-4). Mas Deus despertou-o do sono e fez-lhe encontrar ao lado um pão cozido: "Levanta-te e come disse-lhe porque ainda tens um caminho longo a percorrer" (1 Rs 19, 5.7). A procissão do Corpus Christi ensina-nos que a Eucaristia nos quer libertar de qualquer abatimento e desencorajamento, quer fazer-nos levantar, para que possamos retomar o caminho com a força que Deus nos dá mediante Jesus Cristo. É a experiência do povo de Israel no êxodo do Egipto, a longa peregrinação através do deserto, da qual nos falou a primeira Leitura. Uma experiência que para Israel é constitutiva, mas resulta exemplar para toda a humanidade. De facto, a expressão "nem só de pão vive o homem, mas... de tudo o que sai da boca do Senhor" (Dt 8, 3) é uma afirmação universal, que se refere a todos os homens enquanto homens. Cada um pode encontrar o próprio caminho, se encontrar Aquele que é Palavra e Pão de vida e se deixar guiar pela sua presença amiga. Sem o Deus-connosco, o Deus próximo, como podemos enfrentar a peregrinação da existência, quer individualmente quer em comunidade e família de povos? A Eucaristia é o Sacramento do Deus que não nos deixa sozinhos no caminho, mas se coloca ao nosso lado e nos indica a direção. De facto, não é suficiente ir em frente, é preciso ver para onde se vai! Não é suficiente o "progresso", se não há critérios de referência. Aliás, se se andar fora do caminho, corre-se o risco de cair num precipício, ou contudo de se afastar mais rapidamente da meta. Deus criou-nos livres, mas não nos deixou sozinhos: Ele mesmo se fez "via" e veio caminhar juntamente connosco, para que a nossa liberdade tenha também o critério para discernir o caminho justo e percorrê-lo.
E a este ponto não se pode deixar de pensar no início do "decálogo", os dez mandamentos, onde está escrito: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez sair do Egipto, de uma casa de escravidão. Não terás outro Deus além de Mim" (Êx 20, 2-3). Encontramos aqui o sentido do terceiro elemento constitutivo do Corpus Christi: ajoelhar-se em adoração diante do Senhor. Adorar o Deus de Jesus Cristo, que se fez pão repartido por amor, é o remédio mais válido e radical contra as idolatrias de ontem e de hoje. Ajoelhar-se diante da Eucaristia é profissão de liberdade: quem se inclina a Jesus não pode e não deve prostrar-se diante de nenhum poder terreno, mesmo que seja forte. Nós, cristãos, só nos ajoelhamos diante do Santíssimo Sacramento, porque nele sabemos e acreditamos que está presente o único Deus verdadeiro, que criou o mundo e o amou de tal modo que lhe deu o seu Filho único (cf. Jo 3, 16). Prostramo-nos diante de um Deus que foi o primeiro a inclinar-se diante do homem, como Bom Samaritano, para o socorrer e dar a vida, e ajoelhou-se diante de nós para lavar os nossos pés sujos. Adorar o Corpo de Cristo significa crer que ali, naquele pedaço de pão, está realmente Cristo, que dá sentido verdadeiro à vida, ao imenso universo como à menor criatura, a toda a história humana e à existência mais breve. A adoração é a oração que prolonga a celebração e a comunhão eucarística na qual a alma continua a alimentar-se: alimenta-se de amor, de verdade, de paz; alimenta-nos de esperança, porque Aquele diante do qual nos prostramos não nos julga, não nos esmaga, mas liberta-nos e transforma-nos.
Eis por que reunir-nos, caminhar, adorar nos enche de alegria. Fazendo nossa a atitude adorante de Maria, que neste mês de Maio recordamos de modo particular, rezemos por nós e por todos; rezemos por todas as pessoas que vivem nesta cidade, para que Te possam conhecer, ó Pai, e Àquele que Tu enviaste, Jesus Cristo. E desta forma ter a vida em abundância. Amém.
ANEXO 3
Homilia de Bento XVI para a Solenidade do Corpo de Deus em 2011
Queridos irmãos e irmãs!
A festa do Corpus Christi é inseparável da Quinta-Feira Santa, da Missa in Caena Domini, na qual se celebra solenemente a instituição da Eucaristia. Enquanto na tarde de Quinta-Feira Santa se revive o mistério de Cristo que se oferece a nós no pão partido e no vinho derramado, hoje, na celebração do Corpus Christi, este mesmo mistério é proposto à adoração e à meditação do Povo de Deus, e o Santíssimo Sacramento é levado em procissão pelas estradas das cidades e das aldeias, para manifestar que Cristo ressuscitado caminha no meio de nós e nos guia para o Reino do céu. O que Jesus nos doou na intimidade do Cenáculo, hoje manifestamo-lo abertamente, porque o amor de Cristo não está destinado a alguns, mas a todos. Na Missa in Caena Domini da passada Quinta-Feira Santa ressaltei que na Eucaristia se realiza a transformação dos dons desta terra — o pão e o vinho — finalizada a transformar a nossa vida e a inaugurar assim a transformação do mundo. Esta tarde gostaria de retomar esta perspetiva.
Poder-se-ia dizer que tudo parte do coração de Cristo, que na Última Ceia, na vigília da sua paixão, agradeceu e louvou a Deus e, deste modo, com o poder do seu amor, transformou o sentido da morte que se estava a aproximar. O facto que o Sacramento do altar tenha assumido o nome «Eucaristia» — «ação de graças» — expressa precisamente isto: que a transformação da substância do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo é fruto do dom que Cristo fez de si mesmo, dom de um amor mais forte do que a morte, Amor divino que o fez ressuscitar dos mortos. Eis por que a Eucaristia é alimento de vida eterna, Pão da vida. Do coração de Cristo, da sua «oração eucarística» na vigília da paixão, brota aquele dinamismo que transforma a realidade nas suas dimensões cósmica, humana e histórica. Tudo procede de Deus, da omnipotência do seu Amor Uno e Trino, encarnado em Jesus. Neste amor está imerso o coração de Cristo; por isso Ele sabe agradecer e louvar a Deus também perante a traição e a violência, e desta forma muda as coisas, as pessoas e o mundo.
Esta transformação é possível graças a uma comunhão mais forte que a divisão, a comunhão do próprio Deus. A palavra «comunhão», que usamos também para designar a Eucaristia, resume em si a dimensão vertical e a horizontal do dom de Cristo. É bonita e muito eloquente a expressão «receber a comunhão» referida ao gesto de comer o Pão eucarístico. Com efeito, quando realizamos este gesto, entramos em comunhão com a própria vida de Jesus, no dinamismo desta vida que se doa a nós e por nós. De Deus, através de Jesus, até nós: é uma única comunhão que se transmite na sagrada Eucaristia. Ouvimo-lo há pouco, na segunda Leitura, das palavras do apóstolo Paulo, dirigidas aos cristãos de Corinto: «O cálice da bênção que benzemos não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do mesmo pão» (1 Cor 10, 16-17).
Santo Agostinho ajuda-nos a compreender a dinâmica da comunhão eucarística, quando faz referência a uma espécie de visão que teve, na qual Jesus lhe disse: «Eu sou o alimento dos fortes. Cresce e receber-me-ás. Tu não me transformarás em ti, como o alimento do corpo, mas és tu que serás transformado em mim» (Confissões VII, 10, 18). Portanto, enquanto o alimento corporal é assimilado pelo nosso organismo e contribui para o seu sustento, no caso da Eucaristia trata-se de um Pão diferente: não somos nós que o assimilamos, mas é ele que nos assimila a si, de tal modo que nos tornamos conformes com Jesus Cristo, membros do seu corpo, um só com Ele. Esta passagem é decisiva. Com efeito, precisamente porque é Cristo que, na comunhão eucarística, nos transforma em si, neste encontro a nossa individualidade é aberta, libertada do seu egocentrismo e inserida na Pessoa de Jesus, que por sua vez está imersa na comunhão trinitária. Assim a Eucaristia, enquanto nos une a Cristo, abre-nos também aos outros, tornando-nos membros uns dos outros: já não estamos divididos, mas somos um só nele. A comunhão eucarística une-me à pessoa que está ao meu lado e com a qual, talvez, eu nem sequer tenho um bom relacionamento, mas também aos irmãos distantes, em todas as regiões do mundo. Portanto daqui, da Eucaristia, deriva o profundo sentido da presença social da Igreja, como testemunham os grandes santos sociais, que foram sempre grandes almas eucarísticas. Quem reconhece Jesus na Hóstia sagrada, reconhece-O no irmão que sofre, que tem fome e sede, que é estrangeiro, está nu, doente, prisioneiro; e está atento a cada pessoa, empenha-se de modo concreto por todos aqueles que se encontram em necessidade. Portanto, do dom de amor de Cristo provém a nossa especial responsabilidade de cristãos na construção de uma sociedade solidária, justa e fraterna. Especialmente no nosso tempo, em que a globalização nos torna cada vez mais dependentes uns dos outros, o Cristianismo pode e deve fazer com que esta unidade não se edifique sem Deus, ou seja, sem o verdadeiro Amor, o que daria espaço à confusão, ao individualismo e à prepotência de todos contra todos. O Evangelho visa desde sempre a unidade da família humana, uma unidade não imposta do alto, nem por interesses ideológicos ou económicos, mas sim a partir do sentido de responsabilidade recíproca, porque nos reconhecemos membros de um único corpo, do corpo de Cristo, porque aprendemos e continuamos a aprender constantemente do Sacramento do Altar, que a partilha, o amor é o caminho da verdadeira justiça.
Voltemos agora ao gesto de Jesus na Última Ceia. O que aconteceu naquele momento? Quando Ele disse: isto é o meu corpo, que é entregue por vós; isto é o meu sangue, derramado por vós e pela multidão, o que acontece? Neste gesto, Jesus antecipa o acontecimento do Calvário. Por amor, Ele aceita toda a paixão, com a sua dificuldade e a sua violência, até à morte de cruz; aceitando-a deste modo, transforma-a num gesto de doação. Esta é a transformação de que o mundo tem mais necessidade, porque o redime a partir de dentro, abrindo-o às dimensões do Reino dos céus. Mas esta renovação do mundo, Deus quer realizá-la sempre através do mesmo caminho percorrido por Cristo, aliás, o caminho que é Ele mesmo. Não há nada de mágico no Cristianismo. Não existem atalhos, mas tudo passa através da lógica humilde e paciente do grão de trigo que se abre para dar vida, a lógica da fé que move as montanhas com a força mansa de Deus. Por isso, Deus quer continuar a renovar a humanidade, a história e o cosmos através desta cadeia de transformações, cujo sacramento é a Eucaristia. Mediante o pão e o vinho consagrados, nos quais estão realmente presentes o seu Corpo e o seu Sangue, Cristo transforma-nos, assimilando-nos a Ele: compromete-nos na sua obra de redenção tornando-nos capazes, pela graça do Espírito Santo, de viver segundo a sua própria lógica de entrega, como grãos de trigo unidos a Ele e nele. É assim que se semeiam e amadurecem nos sulcos da história a unidade e a paz, que constituem o fim para o qual tendemos, segundo o desígnio de Deus.
Sem ilusões, sem utopias ideológicas, nós caminhos pelas veredas do mundo, trazendo dentro de nós o Corpo do Senhor, como a Virgem Maria no mistério da Visitação. Com a humildade de saber que somos simples grãos de trigo, conservemos a certeza firme de que o amor de Deus, encarnado em Cristo, é mais forte que o mal, a violência e a morte. Sabemos que Deus prepara para todos os homens céus novos e uma nova terra, onde reinam a paz e a justiça — e na fé entrevemos o mundo novo, que é a nossa verdadeira pátria. Também esta tarde, enquanto o sol se põe sobre esta nossa amada cidade de Roma, pomo-nos a caminho: connosco está Jesus-Eucaristia, o Ressuscitado, que disse: «Eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28, 20). Obrigado, Senhor Jesus! Obrigado pela vossa fidelidade, que sustém a nossa esperança. Permanecei connosco, porque está a anoitecer. «Bom Pastor, Pão verdadeiro, ó Jesus, tende piedade de nós; alimentai-nos, defendei-nos e conduzi-nos para os bens eternos, na terra dos vivos!». Amém.
ANEXO 4
Catequeses do Papa Francisco sobre a Eucaristia
Catequese 1.Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, falar-vos-ei da Eucaristia. A Eucaristia insere-se no âmago da «iniciação cristã», juntamente com o Batismo e a Confirmação, constituindo a nascente da própria vida da Igreja. Com efeito, é deste Sacramento do Amor que derivam todos os caminhos autênticos de fé, de comunhão e de testemunho.
O que vemos quando nos congregamos para celebrar a Eucaristia, a Missa, já nos faz intuir o que estamos prestes a viver. No centro do espaço destinado à celebração encontra-se o altar, que é uma mesa coberta com uma toalha, e isto faz-nos pensar num banquete. Sobre a mesa há uma cruz, a qual indica que naquele altar se oferece o sacrifício de Cristo: é Ele o alimento espiritual que ali recebemos, sob as espécies do pão e do vinho. Ao lado da mesa encontra-se o ambão, ou seja o lugar de onde se proclama a Palavra de Deus: e ele indica que ali nos reunimos para ouvir o Senhor que fala mediante as Sagradas Escrituras, e portanto o alimento que recebemos é também a sua Palavra.
Na Missa, Palavra e Pão tornam-se uma coisa só, como na Última Ceia, quando todas as palavras de Jesus, todos os sinais que Ele tinha realizado, se condensaram no gesto de partir o pão e de oferecer o cálice, antecipação do sacrifício da cruz, e naquelas palavras: «Tomai e comei, isto é o meu corpo... Tomai e bebei, isto é o meu sangue».
O gesto levado a cabo por Jesus na Última Ceia é a extrema ação de graças ao Pai pelo seu amor, pela sua misericórdia. Em grego, «ação de graças» diz-se «eucaristia». É por isso que o Sacramento se chama Eucaristia: é a suprema ação de graças ao Pai, o qual nos amou a tal ponto que nos ofereceu o seu Filho por amor. Eis por que motivo o termo Eucaristia resume todo aquele gesto, que é de Deus e ao mesmo tempo do homem, gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Por conseguinte, a celebração eucarística é muito mais do que um simples banquete: é precisamente o memorial da Páscoa de Jesus, o mistério fulcral da salvação. «Memorial» não significa apenas uma recordação, uma simples lembrança, mas quer dizer que cada vez que nós celebramos este Sacramento participamos no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Eucaristia constitui o apogeu da obra de salvação de Deus: com efeito, fazendo-se pão partido para nós, o Senhor Jesus derrama sobre nós toda a sua misericórdia e todo o seu amor, a ponto de renovar o nosso coração, a nossa existência e o nosso próprio modo de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos. É por isso que geralmente, quando nos aproximamos deste Sacramento, dizemos que «recebemos a Comunhão», que «fazemos a Comunhão»: isto significa que, no poder do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística nos conforma com Cristo de modo singular e profundo, levando-nos a prelibar desde já a plena comunhão com o Pai, que caracterizará o banquete celestial, onde juntamente com todos os Santos teremos a felicidade de contemplar Deus face a face.
Estimados amigos, nunca daremos suficientemente graças ao Senhor pela dádiva que nos concedeu através da Eucaristia! Trata-se de um dom deveras grandioso e por isso é tão importante ir à Missa aos domingos. Ir à Missa não só para rezar, mas para receber a Comunhão, o pão que é o corpo de Jesus Cristo que nos salva, nos perdoa e nos une ao Pai. É bom fazer isto! E todos os domingos vamos à Missa, porque é precisamente o dia da Ressurreição do Senhor. É por isso que o Domingo é tão importante para nós! E com a Eucaristia sentimos esta pertença precisamente à Igreja, ao Povo de Deus, ao Corpo de Deus, a Jesus Cristo. Nunca compreenderemos todo o seu valor e toda a sua riqueza. Então, peçamos-lhe que este Sacramento possa continuar a manter viva na Igreja a sua presença e a plasmar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o Coração do Pai. E fazemos isto durante a vida inteira, mas começamos a fazê-lo no dia da nossa primeira Comunhão. É importante que as crianças se preparem bem para a primeira Comunhão e que cada criança a faça, pois trata-se do primeiro passo desta pertença forte a Jesus Cristo, depois do Batismo e do Crisma.
Catequese 2.
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Na última catequese elucidei o modo como a Eucaristia nos introduz na comunhão real com Jesus e o seu mistério. Agora podemos formular algumas interrogações a propósito da relação entre a Eucaristia que celebramos e a nossa vida, como Igreja e como simples cristãos. Como vivemos a Eucaristia? Quando vamos à Missa aos domingos, como a vivemos? É apenas um momento de festa, uma tradição consolidada, uma ocasião para nos encontrarmos, para estarmos à vontade, ou então é algo mais?
Existem sinais muito concretos para compreender como vivemos tudo isto, como vivemos a Eucaristia; sinais que nos dizem se vivemos bem a Eucaristia, ou se não a vivemos muito bem. O primeiro indício é o nosso modo de ver e considerar os outros. Na Eucaristia Cristo oferece sempre de novo o dom de si que já concedeu na Cruz. Toda a sua vida é um gesto de partilha total de si mesmo por amor; por isso, Ele gostava de estar com os discípulos e com as pessoas que tinha a oportunidade de conhecer. Para Ele, isto significava partilhar os seus desejos, os seus problemas, aquilo que agitava as suas almas e vidas. Pois bem, quando participamos na Santa Missa encontramo-nos com homens e mulheres de todos os tipos: jovens, idosos e crianças; pobres e abastados; naturais do lugar e estrangeiros; acompanhados pelos familiares e pessoas sós... Mas a Eucaristia que eu celebro leva-me a senti-los todos verdadeiramente como irmãos e irmãs? Faz crescer em mim a capacidade de me alegrar com quantos rejubilam, de chorar com quem chora? Impele-me a ir ao encontro dos pobres, dos enfermos e dos marginalizados? Ajuda-me a reconhecer neles o rosto de Jesus? Todos nós vamos à Missa porque amamos Jesus e, na Eucaristia, queremos compartilhar a sua paixão e ressurreição. Mas amamos, como deseja Jesus, os irmãos e irmãs mais necessitados? Por exemplo, nestes dias vimos em Roma muitas dificuldades sociais, ou devido às chuvas, que causaram prejuízos enormes para bairros inteiros, ou devido à falta de trabalho, consequência da crise económica no mundo inteiro. Pergunto-me, e cada um de nós deve interrogar-se: eu que vou à Missa, como vivo isto? Preocupo-me em ajudar, em aproximar-me, em rezar por quantos devem enfrentar este problema? Ou então sou um pouco indiferente? Ou, talvez, preocupo-me em tagarelar: reparaste como se veste esta pessoa, ou como está vestida aquela? Às vezes é isto que se faz depois da Missa, mas não podemos comportar-nos assim! Devemos preocupar-nos com os nossos irmãos e irmãs que têm necessidade por causa de uma doença, de um problema. Hoje, far-nos-á bem pensar nos nossos irmãos e irmãs que devem enfrentar estes problemas aqui em Roma: problemas devidos à tragédia provocada pelas chuvas, questões sociais e de trabalho. Peçamos a Jesus, que recebemos na Eucaristia, que nos ajude a ajudá-los!
Um segundo indício, muito importante, é a graça de nos sentirmos perdoados e prontos para perdoar. Por vezes, alguém pergunta: «Por que deveríamos ir à igreja, visto que quem participa habitualmente na Santa Missa é pecador como os outros?». Quantas vezes ouvimos isto! Na realidade, quem celebra a Eucaristia não o faz porque se considera ou quer parecer melhor do que os outros, mas precisamente porque se reconhece sempre necessitado de ser acolhido e regenerado pela misericórdia de Deus, que se fez carne em Jesus Cristo. Se não nos sentirmos necessitados da misericórdia de Deus, se não nos sentirmos pecadores, melhor seria não irmos à Missa! Nós vamos à Missa porque somos pecadores e queremos receber o perdão de Deus, participar na redenção de Jesus e no seu perdão. Aquele «Confesso» que recitamos no início não é um «pro forma», mas um verdadeiro ato de penitência! Sou pecador e confesso-o: assim começa a Missa! Nunca devemos esquecer que a Última Ceia de Jesus teve lugar «na noite em que Ele foi entregue» (1 Cor 11, 23). Naquele pão e naquele vinho que oferecemos, e ao redor dos quais nos congregamos, renova-se de cada vez a dádiva do corpo e do sangue de Cristo, para a remissão dos nossos pecados. Temos que ir à Missa como pecadores, humildemente, e é o Senhor que nos reconcilia.
Um último indício inestimável é-nos oferecido pela relação entre a celebração eucarística e a vida das nossas comunidades cristãs. É preciso ter sempre presente que a Eucaristia não é algo que nós fazemos; não é uma nossa comemoração daquilo que Jesus disse e fez. Não! É precisamente uma ação de Cristo! Ali, é Cristo quem age, Cristo sobre o altar! É um dom de Cristo, que se torna presente e nos reúne ao redor de Si, para nos alimentar com a sua Palavra e a sua vida. Isto significa que a própria missão e identidade da Igreja derivam dali, da Eucaristia, e ali sempre adquirem forma. Uma celebração pode até ser impecável sob o ponto de vista exterior, maravilhosa, mas se não nos levar ao encontro com Jesus corre o risco de não oferecer alimento algum ao nosso coração e à nossa vida. Através da Eucaristia, ao contrário, Cristo quer entrar na nossa existência e permeá-la com a sua graça, de tal modo que em cada comunidade cristã haja coerência entre liturgia e vida.
O coração transborda de confiança e de esperança, pensando nas palavras de Jesus, citadas no Evangelho: «Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 54). Vivamos a Eucaristia com espírito de fé, de oração, de perdão, de penitência, de júbilo comunitário, de solicitude pelos necessitados e pelas carências de numerosos irmãos e irmãs, na certeza de que o Senhor cumprirá aquilo que nos prometeu: a vida eterna. Assim seja!

sábado, 21 de junho de 2014

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.
Vergonha e esperança
A deflação e os salários
Cavaco, ou da mais regular instituição que conhecemos
http://expresso.sapo.pt/cavaco-ou-da-mais-regular-instituicao-que-conhecemos=f875435#ixzz34iliBkau
Está a acontecer-nos. Já notou?
O mundo está perigoso
São os pobres que pagam a corrupção dos políticos e do clero, diz papa Francisco
A cascata
Gestão do BPP movimentou 50 milhões no dia do primeiro 'alerta'
Arrasta-se há seis anos fraude em matadouros
Quem são e o que querem os jihadistas que lançam o caos no Iraque?
Papa sonha com Igreja que seja «mãe» numa sociedade de «órfãos» de «afeto» e «gratuidade»
As agências de rating estão de volta!
"Quando a minha mulher não vê, trinco um pouco de queijo"
66 diretores do Centro Hospitalar S. João demitem-se
O drone de Belém
O tratado divisor
Rebenta a bolha

quarta-feira, 18 de junho de 2014

REFLEXÃO/ATENÇÃO/MEDITAÇÃO: Olhar para a vida

É necessário decidir entre o amor ilusório à vida, que nos faz adiá-la perenemente, e o amor real, mesmo que ferido, com que a assumimos. Entre amar a vida hipoteticamente pelo que dela se espera ou amá-la incondicionalmente pelo que ela é, muitas vezes em completa impotência, em pura perda, em irresolúvel carência. Condicionar o júbilo pela vida a uma felicidade sonhada é já renunciar a ele, porque a vida é dececionante (não temamos a palavra). Continuar a ler…

segunda-feira, 16 de junho de 2014

LEITURA: "Dia a dia com Maria e com o papa Francisco"

«É um sinal de vida realmente cristã deixar crescer e amadurecer no nosso coração, lenta mas eficazmente, na humildade e na fidelidade, um amor pessoal para com Nossa Senhora» (Karl Rahner). «Peçamos a Maria, nossa Mãe, que ande sempre ao nosso lado. Se Maria ficar perto de nós, poderemos conservar sempre Jesus nos nossos corações, de modo que nos será possível amá-lo e servi-lo nos pobres mais pobres» (Beata Teresa de Calcutá). «Os grandes guias do Povo de Deus, como Moisés, sempre deixaram espaço para a dúvida. Devemos deixar espaço ao Senhor, não às nossas certezas. É necessário ser humilde. A incerteza existe em cada discernimento verdadeiro que se abre à confirmação da consolação espiritual» (papa Francisco). Proporcionar instantes de reflexão que alimentem a meditação espiritual cristã e sintonizem mente e coração em Deus, entre as tarefas quotidianas, é um dos objetivos dos livros “Dia a dia com Maria” e “Dia a dia com papa Francisco”, recentemente lançados pela Paulus Editora. Continuar a ler…

domingo, 15 de junho de 2014

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOJo 3,16-18
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
disse Jesus a Nicodemos:
«Deus amou tanto o mundo
que entregou o seu Filho Unigénito,
para que todo o homem que acredita n’Ele
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Quem acredita n’Ele não é condenado,
mas quem não acredita n’Ele já está condenado,
porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus».
AMBIENTE
O nosso texto pertence à secção introdutória do Quarto Evangelho (cf. Jo 1,19-3,36). Nessa secção, o autor apresenta Jesus e procura – através dos contributos dos diversos personagens que vão sucessivamente ocupando o centro do palco e declamando o seu texto – dizer quem é Jesus.
Mais concretamente, o trecho que nos é proposto faz parte da conversa entre Jesus e um “chefe dos judeus” chamado Nicodemos (cf. Jo 3,1). Nicodemos foi visitar Jesus “de noite” (cf. Jo 3,2), o que parece indicar que não se queria comprometer e arriscar a posição destacada de que gozava na estrutura religiosa judaica. Membro do Sinédrio, Nicodemos aparecerá, mais tarde, a defender Jesus, perante os chefes dos fariseus (cf. Jo 7,48-52); também estará presente na altura em que Jesus foi descido da cruz e colocado no túmulo (cf. Jo 19,39).
A conversa entre Jesus e Nicodemos apresenta três etapas ou fases.
Na primeira (cf. Jo 3,1-3), Nicodemos reconhece a autoridade de Jesus, graças às suas obras; mas Jesus acrescenta que isso não é suficiente: o essencial é reconhecer Jesus como o enviado do Pai.
Na segunda (cf. Jo 3,4-8), Jesus anuncia a Nicodemos que, para entender a sua proposta, é preciso “nascer de Deus” e explica-lhe que esse novo nascimento é o nascimento “da água e do Espírito”.
Na terceira (cf. Jo 3,9-21), Jesus descreve a Nicodemos o projecto de salvação de Deus: é uma iniciativa do Pai, tornada presente no mundo e na vida dos homens através do Filho e que se concretizará pela cruz/exaltação de Jesus. O nosso texto pertence a esta terceira parte.
MENSAGEM
Depois de explicar a Nicodemos que o Messias tem de “ser levantado ao alto”, como “Moisés levantou a serpente” no deserto (a referência evoca o episódio da caminhada pelo deserto em que os hebreus, mordidos pelas serpentes, olhavam uma serpente de bronze levantada num estandarte por Moisés e se curavam – cf. Nm 21,8-9), a fim de que “todo aquele que n’Ele acredita tenha vida definitiva” (Jo 3,14-15), Jesus explica como é que a cruz se insere no projecto de Deus. A explicação vem em três passos…O primeiro (vers. 16) refere-se ao significado último da cruz. Esse Homem que vai ser levantado na cruz veio ao mundo, incarnou na nossa história humana, correu o risco de assumir a nossa fragilidade, partilhou a nossa humanidade; e, como consequência de uma vida gasta a lutar contra as forças das trevas e da morte que escravizavam os homens, foi preso, torturado e morto numa cruz. A cruz é o último acto de uma vida vivida no amor, na doação, na entrega.Ora, esse Homem é o “Filho único” de Deus. A expressão evoca, provavelmente, o “sacrifício de Isaac” (cf. Gn 22,16): Deus comporta-Se como Abraão, que foi capaz de desprender-se do próprio filho por amor (no caso de Abraão, amor a Deus; no caso de Deus, amor aos homens)… A cruz é, portanto, a expressão suprema do amor de Deus pelos homens. O quadro dá-nos a dimensão do incomensurável amor de Deus por essa humanidade a quem Ele quer oferecer a salvação.
Qual é o objectivo de Deus ao enviar o seu Filho único ao encontro dos homens? É libertá-los do egoísmo, da escravidão, da alienação, da morte, e dar-lhes a vida eterna. Com Jesus – o Filho único que morreu na cruz – os homens aprendem que a vida definitiva está na obediência aos planos do Pai e no dom da vida aos homens, por amor.
O segundo (vers. 17) deixa claro que a intenção de Deus, ao enviar ao mundo o seu Filho único, não era uma intenção negativa. Jesus veio ao mundo porque o Pai ama os homens e quer salvá-los. O Messias não veio com uma missão judicial, nem veio excluir ninguém da salvação. Pelo contrário, Ele veio oferecer aos homens – a todos os homens – a vida definitiva, ensinando-os a amar sem medida e dando-lhes o Espírito que os transforma em Homens Novos.Reparemos neste facto notável: Deus não enviou o seu Filho único ao encontro de homens perfeitos e santos; mas enviou o seu Filho único ao encontro de homens pecadores, egoístas, auto-suficientes, a fim de lhes apresentar uma nova proposta de vida… E foi o amor de Jesus – bem como o Espírito que Jesus deixou – que transformou esses homens egoístas, orgulhosos, auto-suficientes e os inseriu numa dinâmica de vida nova e plena.O terceiro (vers. 18) descreve as duas atitudes que o homem pode tomar, diante da oferta de salvação que Jesus faz: quem aceita a proposta de Jesus, adere a Ele, recebe o Espírito, vive no amor e na doação, escolhe a vida definitiva; mas quem prefere continuar escravo de esquemas de egoísmo e de auto-suficiência, auto-exclui-se da salvação. A salvação ou a condenação não são, nesta perspectiva, um prémio ou um castigo que Deus dá ao homem pelo seu bom ou mau comportamento; mas são o resultado da escolha livre do homem, face à oferta incondicional de salvação que Deus lhe faz. A responsabilidade pela vida definitiva ou pela morte eterna não recai assim sobre Deus, mas sobre o homem.
De acordo com a perspectiva de João, também não existe um julgamento futuro, no final dos tempos, no qual Deus pesa na sua balança os pecados dos homens, para ver se os há-de salvar ou condenar: o juízo realiza-se aqui e agora e depende da atitude que o homem assume diante da proposta de Jesus.

Em resumo: porque amava a humanidade, Deus enviou o seu Filho único ao mundo com uma proposta de salvação. Essa oferta nunca foi retirada; continua aberta e à espera de resposta. Diante da oferta de Deus, o homem pode escolher a vida eterna, ou pode excluir-se da salvação.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar os seguintes pontos:
• João é o evangelista abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o mandato do Pai, fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos homens o “caminho” da vida eterna… No dia em que celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade, somos convidados a contemplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projectos e no coração de Deus.
• O amor de Deus traduz-se na oferta ao homem de vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre; mas Deus respeita absolutamente a nossa liberdade e aceita que recusemos a sua oferta de vida. No entanto, rejeitar a oferta de Deus e preferir o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, é um caminho de infelicidade, que gera sofrimento, morte, “inferno”. Quais são as manifestações desta recusa da vida plena que eu observo, na vida das pessoas, nos acontecimentos do mundo, e até na vida da Igreja?
• Nós, crentes, devíamos ser as testemunhas desse Deus que é amor; e as nossas comunidades cristãs ou religiosas deviam ser a expressão viva do amor trinitário. É isso que acontece? Que contributo posso eu dar para que a minha comunidade – cristã ou religiosa – seja sinal vivo do amor de Deus no meio dos homens?
• A celebração da Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender e decifrar essa estranha charada de “um em três”. Mas deve ser, sobretudo, a contemplação de um Deus que é amor e que é, portanto, comunidade. Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é, também, negar a fé. A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o indizível, não consegue definir o mistério de Deus.
 
 
 
 

sábado, 14 de junho de 2014

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.
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