"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























sábado, 28 de fevereiro de 2015

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.

Solidão e ética do cuidado
Octapharma Patrão de Sócrates 'apanhado' pela Operação Marquês
Ex-líder da CGTP Carvalho da Silva abre jogo quanto a corrida a Belém
Não se podem fazer ofertas à Igreja às custas da injustiça com os trabalhadores, sublinha papa Francisco
O Carnaval do ditador, do soldado e do boi tolo
Da indignidade, da vergonha e da humilhação
Silva Peneda "Declaração ostensiva contra os gregos foi errada"
Cavaco é "o pior Presidente da democracia"
Brisa oferece 'pechincha' a viúva, mas dá fortuna a empresário
Portugal caso de sucesso? Só para troika não assumir fracasso
IMT alugou frota de carros que não sai do lugar
Mar Vermelho
Se nós não somos a Grécia é porque somos parvos
A força do ISIS
Parlamento "Amadorismo" de Zeinal Bava torna-se viral
Informática Hackers portugueses voltam ao ataque e deixam ameaças no ar
Movimento propõe lugares para voto em branco e alteração do regime de casamento
Zak Ebrahim, o filho de um terrorista que escolheu a paz
Wolfgang Schäuble. Conheça a história de um homem que viveu entre a glória e a tragédia
O futuro são as crianças
Em nosso poder
Sobre sexo e género. 1
A cedência grega tirou o tapete ao Governo
Dignidade, aquele conceito que o Governo não entende

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

REFLEXÃO/ATENÇÃO/MEDITAÇÃO: A sabedoria é sabor: O homem sábio e feliz

Agregado ao Instituto de França, o filósofo e crítico Roland Barthes (1915-1980) elaborara a sua “lectio”inaugural sobre um tema que ele próprio considerava ultrapassado, a «sabedoria», e definiu assim: «A sabedoria é nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de inteligência e o máximo de sabor possível.» Não por acaso, este vocábulo deriva do verbo latino “sapere”que, como primeira aceção, tem, precisamente, o «ter sabor».
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

LIVRO&LEITURA: "Superar o muro"

«Tenho muitas recordações, maravilhosas e até edificantes [de Bergoglio enquanto arcebispo de Buenos Aires]. Em certos momentos difíceis da minha vida soube pronunciar a palavra certa que me permitiu enfrentá-los melhor. Foi sempre atento e afetuoso. Muitas vezes, nestes últimos anos, fui ter com ele durante o mês do Ramadão, em horários que coincidiam com o momento de quebrar o jejum, e ele nunca deixou de me servir água, café e qualquer coisa para comer. Uma solicitude completamente inesperada, que sempre considerei um sinal de grande respeito.»
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domingo, 22 de fevereiro de 2015

PALAVRAdeDOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética"
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial"
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Ler mais em:
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro", http://www.paulinas.pt/Product_Detail.aspx?code=1977
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias
Então:
Tema do 1º Domingo do Tempo da Quaresma
No primeiro Domingo do Tempo da Quaresma, a liturgia garante-nos que Deus está interessado em destruir o velho mundo do egoísmo e do pecado e em oferecer aos homens um mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim.
A primeira leitura é um extracto da história do dilúvio. Diz-nos que Jahwéh, depois de eliminar o pecado que escraviza o homem e que corrompe o mundo, depõe o seu “arco de guerra”, vem ao encontro do homem, faz com ele uma Aliança incondicional de paz. A acção de Deus destina-se a fazer nascer uma nova humanidade, que percorra os caminhos do amor, da justiça, da vida verdadeira.
No Evangelho, Jesus mostra-nos como a renúncia a caminhos de egoísmo e de pecado e a aceitação dos projectos de Deus está na origem do nascimento desse mundo novo que Deus quer oferecer a todos os homens (o “Reino de Deus”). Aos seus discípulos Jesus pede – para que possam fazer parte da comunidade do “Reino” – a conversão e a adesão à Boa Nova que Ele próprio veio propor.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de Pedro recorda que, pelo Baptismo, os cristãos aderiram a Cristo e à salvação que Ele veio oferecer. Comprometeram-se, portanto, a seguir Jesus no caminho do amor, do serviço, do dom da vida; e, envolvidos nesse dinamismo de vida e de salvação que brota de Jesus, tornaram-se o princípio de uma nova humanidade.
EVANGELHOMc 1,12-15
Evangelho de Nosso senhor Jesus Cristo segundo São MarcosNaquele tempo,
o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto.
Jesus esteve no deserto quarenta dias
e era tentado por Satanás.
Vivia com os animais selvagens
e os Anjos serviam-n’O.
Depois de João ter sido preso,
Jesus partiu para a Galileia
e começou a pregar o Evangelho, dizendo:
«Cumpriu-se o tempo
e está próximo o reino de Deus.
Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
AMBIENTE
O Evangelho de Marcos começa com uma introdução (cf. Mc 1,2-13) destinada a apresentar Jesus. Em três quadros iniciais, Marcos diz-nos que Jesus é Aquele que vem “baptizar no Espírito” (cf. Mc 1,2-8), o Filho amado, sobre quem o Pai derrama o Espírito e a quem envia em missão para o meio dos homens (cf. Mc 1,9-11), o Messias que enfrenta e vence o mal que oprime os homens, a fim de fazer nascer um mundo novo e uma nova humanidade (cf. Mc 1,12-13). A primeira parte do texto que nos é proposto apresenta-nos o terceiro destes quadros. Situa-nos num “deserto” não identificado, não longe do lugar onde Jesus foi baptizado por João Baptista.
Depois deste tríptico introdutório, entramos na primeira parte do Evangelho (cf. Mc 1,14-8,30). Aí, Marcos vai descrever a acção de Jesus, o Messias que o Pai enviou ao mundo para anunciar aos homens uma realidade nova chamada “Reino de Deus”. Na segunda parte do texto que nos é hoje proposto, temos um “sumário-anúncio” da pregação inaugural de Jesus sobre o “Reino” (cf. Mc 1,14-15). O texto situa-nos na Galileia, região setentrional da Palestina, zona em permanente contacto com o mundo pagão e, portanto, considerada à margem da história da salvação.
MENSAGEM
Temos então, como primeira cena, o episódio da tentação de Jesus no deserto (vers. 12-13). Mais do que uma descrição fotográfica de acontecimentos concretos, trata-se de uma catequese. Está carregado de símbolos, que é preciso descodificar para entender a mensagem proposta.O deserto é, na teologia de Israel, o lugar privilegiado do encontro com Deus; foi no deserto que o Povo experimentou o amor e a solicitude de Jahwéh e foi no deserto que Jahwéh propôs a Israel uma Aliança. Contudo, o deserto é também o lugar da “prova”, da “tentação”; foi no deserto que Israel foi confrontado com opções e foi no deserto, também, que Israel sentiu, várias vezes, a tentação de escolher caminhos contrários aos propostos por Deus… O “deserto” para onde Jesus “vai” é, portanto, o “lugar” do encontro com Deus e do discernimento dos seus projectos; e é o “lugar” da prova, onde se é confrontado com a tentação de abandonar Deus e de seguir outros caminhos.
Nesse “deserto”, Jesus ficou “quarenta dias” (vers. 13a). O número “quarenta” é bastante frequente no Antigo Testamento. Muitas vezes refere-se ao tempo da caminhada do Povo de Israel pelo deserto, desde que deixou a terra da escravidão, até entrar na terra da liberdade; mas também é usado para significar “toda a vida” (a esperança média de vida, na época, rondava os quarenta anos). Deve ser entendido com o sentido de “toda a vida” ou, então, “todo o tempo que durou a caminhada”.
Durante esse tempo, Jesus foi “tentado por Satanás” (vers. 13b). A palavra “satanás” designava, originalmente, o adversário que, no contexto do julgamento, apresentava a acusação (cf. Sal 109,6). Mais tarde, a palavra vai passar a designar uma personagem que integrava a corte celeste e que acusava o homem diante de Deus (cf. Job 1,6-12). Na época de Jesus, “satanás” já não era considerado uma personagem da corte celeste, mas um espírito mau, inimigo do homem, que procurava destruir o homem e frustrar os planos de Deus. É neste sentido que ele vai aparecer aqui… “Satanás” representa um personagem que vai tentar levar Jesus a esquecer os planos de Deus e a fazer escolhas pessoais, que estejam em contradição com os projectos do Pai.
Ao referir as tentações de “Satanás”, é provável que Marcos estivesse a pensar, em concreto, em tentações de poder e de messianismo político. O deserto era, tradicionalmente, o lugar de refúgio dos agitadores e dos rebeldes com pretensões messiânicas. A tentação pretende, portanto, induzir Jesus a enveredar por um caminho de poder, de autoridade, de violência, de messianismo político, frustrando os projectos de Deus que passavam por um messianismo marcado pelo amor incondicional, pelo serviço simples e humilde, pelo dom da vida.
A referência às “feras” que rodeavam Jesus e aos “anjos” que O serviam (vers. 13c) deve aludir a certas interpretações de Gn 2-3, muito em voga nos ambientes rabínicos, no século I. Alguns “mestres” de Israel ensinavam que Adão, o primeiro homem, vivia no paraíso em paz completa com todos os animais e que os anjos estavam à sua volta para o servir; mas, quando Adão escolheu o caminho da auto-suficiência e se revoltou contra Deus, rompeu-se a harmonia original, os animais tornaram-se inimigos do homem e até os anjos deixaram de o servir. A catequese dos “rabis” adiantava ainda que, quando o Messias chegasse, nasceria um mundo harmonioso, sem violência e sem conflito, onde até os animais ferozes viveriam em paz com o homem. Seria o regresso à harmonia original, ao plano original de Deus para os homens e para o mundo. É isso que Marcos está aqui a sugerir: com Jesus, chegou esse tempo messiânico de paz sem fim, chegou o tempo de o mundo regressar a essa harmonia que era o plano inicial de Deus. Haverá, também, uma intenção de estabelecer um paralelo entre Adão e Jesus: Adão cedeu à tentação de escolher caminhos contrários aos de Deus e criou inimizade, violência, conflito, escravidão, sofrimento; Jesus escolheu viver na mais completa fidelidade aos projectos de Deus e fez nascer um mundo novo, de harmonia, de paz, de amor, de felicidade sem fim.
Em síntese: temos aqui uma catequese sobre as opções de Jesus. Marcos sugere que, ao longe de toda a sua existência (“quarenta dias”), Jesus confrontou-Se com dois caminhos, com duas propostas de vida: ou viver na fidelidade aos projectos do Pai, fazendo da sua vida uma entrega de amor, ou frustrar os planos de Deus, enveredando por um caminho messiânico de poder, de violência, de autoridade, de despotismo, ao jeito dos grandes deste mundo. Jesus escolheu viver na obediência às propostas do Pai; da sua opção, vai surgir um mundo de paz e de harmonia, um mundo novo que reproduz o plano original de Deus.
Na segunda parte do Evangelho deste domingo (vers. 14-15), temos uma outra cena. Marcos transporta-nos para a Galileia, onde Jesus aparece a concretizar esse plano salvador do Pai que, na cena anterior, Ele escolheu cumprir.
Jesus começa, precisamente, por anunciar que “chegou o tempo”. Que “tempo” é esse? É o “tempo” do “Reino de Deus”. A expressão – tão frequente no Evangelho segundo Marcos – leva-nos a um dos grandes sonhos do Povo de Deus…
A catequese de Israel (como aliás acontecia com a reflexão teológica de outros povos do Crescente Fértil) referia-se, com frequência, a Jahwéh como a um rei que, sentado no seu trono, governa o seu Povo. Mesmo quando Israel passou a ter reis terrenos, esses eram considerados, apenas, como homens escolhidos e ungidos por Jahwéh para governar o Povo, em lugar do verdadeiro rei que era Deus. O exemplo mais típico de um rei/servo de Jahwéh, que governa Israel em nome de Jahwéh, submetendo-se em tudo à vontade de Deus, foi David. A saudade deste rei ideal e do tempo ideal de paz e de felicidade em que Jahwéh reinava (através de David) sobre o seu povo vai marcar toda a história futura de Israel. Nas épocas de crise e de frustração nacional, quando reis medíocres conduziam a nação por caminhos de morte e de desgraça, o Povo sonhava com o regresso aos tempos gloriosos de David. Os profetas, por sua vez, vão alimentar a esperança do Povo anunciando a chegada de um tempo, no futuro, em que Jahwéh vai voltar a reinar sobre Israel e vai restabelecer a situação ideal da época de David. Essa missão, na perspectiva profética, será confiada a um “ungido” que Deus vai enviar ao seu Povo. Esse “ungido” (em hebraico “messias”, em grego “cristo”) estabelecerá, então, um tempo de paz, de justiça, de abundância, de felicidade sem fim – isto é, o tempo do “reinado de Deus”.
O “Reino de Deus” é, portanto, uma noção que resume a esperança de Israel num mundo novo, de paz e de abundância, preparado por Deus para o seu Povo. Esta esperança está bem viva no coração de Israel na época em que Jesus aparece a dizer: “cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus”. Certas afirmações de Jesus, transmitidas pelos Evangelhos sinópticos, mostram que Ele tinha consciência de estar pessoalmente ligado ao Reino e de que a chegada do Reino dependia da sua acção.
Jesus começa, precisamente, a construção desse “Reino” pedindo aos seus conterrâneos a conversão (“metanoia”) e o acolhimento da Boa Nova (“evangelho”).
Converter-sesignifica transformar a mentalidade e os comportamentos, assumir uma nova atitude de base, reformular os valores que orientam a própria vida. É reequacionar a vida, de modo a que Deus passe a estar no centro da existência do homem e ocupe sempre o primeiro lugar. Na perspectiva de Jesus, não é possível que esse mundo novo de amor e de paz se torne uma realidade, sem que o homem renuncie ao egoísmo, ao orgulho, à auto-suficiência e passe a escutar, de novo, Deus e as suas propostas.
Acreditarnão é, apenas, aceitar um conjunto de verdades intelectuais; mas é, sobretudo, aderir à pessoa de Jesus, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração, fazer dela o guia da própria vida. “Acreditar” é escutar essa “Boa Notícia” de salvação e de libertação (“evangelho”) que Jesus propõe e fazer dela o centro à volta do qual se constrói toda a existência.
“Conversão” e “adesão ao projecto de Jesus” são duas faces de uma mesma moeda: a construção de um homem novo, com uma nova mentalidade, com novos valores, com uma postura vital inteiramente nova. Então, sim teremos um mundo novo – o “Reino de Deus”.
ACTUALIZAÇÃO
• O quadro da “tentação no deserto” diz-nos que Jesus, ao longo do caminho que percorreu no meio dos homens, foi confrontado com opções. Ele teve de escolher entre viver na fidelidade aos projectos do Pai e fazer da sua vida um dom de amor, ou frustrar os planos de Deus e enveredar por um caminho de egoísmo, de poder, de auto-suficiência. Jesus escolheu viver – de forma total, absoluta, até ao dom da vida – na obediência às propostas do Pai. Os discípulos de Jesus são confrontados a todos os instantes com as mesmas opções. Seguir Jesus é perceber os projectos de Deus e cumpri-los fielmente, fazendo da própria vida uma entrega de amor e um serviço aos irmãos. Estou disposto a percorrer este caminho?
• Ao dispor-se a cumprir integralmente o projecto de salvação que o Pai tinha para os homens, Jesus começou a construir um mundo novo, de harmonia, de justiça, de reconciliação, de amor e de paz. A esse mundo novo, Jesus chamava “Reino de Deus”. Nós aderimos a esse projecto e comprometemo-nos com ele, no dia em que escolhemos ser seguidores de Jesus. O nosso empenho na construção do “Reino de Deus” tem sido coerente e consequente? Mesmo contra a corrente, temos procurado ser profetas do amor, testemunhas da justiça, servidores da reconciliação, construtores da paz?
Para que o “Reino de Deus” se torne uma realidade, o que é necessário fazer? Na perspectiva de Jesus, o “Reino de Deus” exige, antes de mais, a “conversão”. “Converter-se” é, antes de mais, renunciar a caminhos de egoísmo e de auto-suficiência e recentrar a própria vida em Deus, de forma a que Deus e os seus projectos sejam sempre a nossa prioridade máxima. Implica, naturalmente, modificar a nossa mentalidade, os nossos valores, as nossas atitudes, a nossa forma de encarar Deus, o mundo e os outros. Exige que sejamos capazes de renunciar ao egoísmo, ao orgulho, à auto-suficiência, ao comodismo e que voltemos a escutar Deus e as suas propostas. O que é que temos de “converter” – quer em termos pessoais, quer em termos institucionais – para que se manifeste, realmente, esse Reino de Deus tão esperado?
• De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, o “Reino de Deus” exige, também, o “acreditar” no Evangelho. “Acreditar” não é, na linguagem neo-testamentária, a aceitação de certas afirmações teóricas ou a concordância com um conjunto de definições a propósito de Deus, de Jesus ou da Igreja; mas é, sobretudo, uma adesão total à pessoa de Jesus e ao seu projecto de vida. Com a sua pessoa, com as suas palavras, com os seus gestos e atitudes, Jesus propôs aos homens – a todos os homens – uma vida de amor total, de doação incondicional, de serviço simples e humilde, de perdão sem limites. O “discípulo” é alguém que está disposto a escutar o chamamento de Jesus, a acolher esse chamamento no coração e a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Estou disposto acolher o chamamento de Jesus e a percorrer o caminho do “discípulo”?
• O chamamento a integrar a comunidade do “Reino” não é algo reservado a um grupo especial de pessoas, com uma missão especial no mundo e na Igreja; mas é algo que Deus dirige a cada homem e a cada mulher, sem excepção. Todos os baptizados são chamados a ser discípulos de Jesus, a “converter-se”, a “acreditar no Evangelho”, a seguir Jesus nesse caminho de amor e de dom da vida. Esse chamamento é radical e incondicional: exige que o “Reino” se torne o valor fundamental, a prioridade, o principal objectivo do discípulo.
• O “Reino” é uma realidade que Jesus começou e que já está, decisivamente, implantada na nossa história. Não tem fronteiras materiais e definidas; mas está a acontecer e a concretizar-se através dos gestos de bondade, de serviço, de doação, de amor gratuito que acontecem à nossa volta (muitas vezes, até fora das fronteiras institucionais da “Igreja”) e que são um sinal visível do amor de Deus nas nossas vidas. Não é uma realidade que construímos de uma vez, mas é uma realidade sempre em construção, sempre a fazer-se, até à sua realização final, no fim dos tempos, quando o egoísmo e o pecado desaparecerem para sempre. Em cada dia que passa, temos de renovar o compromisso com o “Reino” e empenharmo-nos na sua edificação.
Fonte: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=349
Voltai-vos para a luz, porque a luz já está aqui: Meditação sobre o Evangelho do 1.º Domingo da Quaresma
Como é possível levar uma boa notícia, que é para todos, a não ser com um olhar exultante de alegria e um sorriso aberto? Muitos vieram antes dele e depois dele como profetas, e começaram por denunciar o mal, por lamentar a queda dos valores, a maldade dos tempos… como se esse fosse o caminho para fazer triunfar o bem.
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/voltai_vos_para_a_luz.html

sábado, 21 de fevereiro de 2015

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.
Suspeitas de corrupção com expropriação em autoestradas
Vende terrenos à AEDL/Brisa que tinha adquirido no dia anterior
É cega mas tirou 20 valores na tese de mestrado
Duas mãos cheias de portugueses que mandam em Bruxelas
Para onde vai a Grécia de Tsipras?
Varoufakis avisa que não está a fazer bluff e que "não é altura para jogos"
Estou farto do choradinho dos desgraçadinhos dos gregos
Papa sublinha que «caminho da Igreja é o de não condenar eternamente» e lembra que «credibilidade» dos católicos joga-se no «Evangelho dos marginalizados»
A púrpura e a pobreza
Qual é o maior problema da Europa?
Crescimento, austeridade e resiliência
Filhos e enteados
Tatuagens eram nomes de pessoas com fome, revela Ibrahimovic
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Tem alguma caução por reclamar? Há 18 milhões de euros à espera
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«Hoje, mais do que nunca, é preciso voltar a trazer a fraternidade ao centro da nossa sociedade tecnocrática e burocrática», alerta papa
Comissão Justiça e Paz aplica a Portugal mensagem quaresmal do papa e nomeia "conversões" a fazer na economia, saúde, justiça e trabalho

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

CINEMA&Documentário: "O padre das prisões"

A equipa de produção do documentário “O padre das prisões”, de Inês e Daniela Leitão (argumentista e realizadora), centrado na vida e ação do padre João Gonçalves, coordenador da Pastoral Penitenciária da Igreja católica, divulgou o primeiro excerto do filme (“trailer”).
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ESPIRITUALIDADE: "Quarta-feira de Cinzas" & Quaresma..

...início da Quaresma. Então:
 
«És pó, e ao pó voltarás»
Quando? Amanhã? No próximo ano? Daqui a 20 anos? Que importa… Esse grão de pó sobre a tua cabeça é o teu destino inelutável. Por isso emprega bem os teus curtos anos, converte-te, volta-te para Cristo, que só Ele te pode dar perdão e vida. É assim que na Quarta-feira de Cinzas começamos a Quaresma, tempo de conversão e austeridade, mas também tempo de uma alegria contida, a alegria de um coração purificado. Trata-se de nos prepararmos para as festas pascais. A Quaresma é o caminho para uma festa!
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«Por favor, paremos, paremos um pouco, e deixemo-nos reconciliar com Deus»: Papa Francisco no primeiro dia da Quaresma
Quanto é importante ouvir e acolher esse chamamento no nosso tempo. O convite à conversão torna-se então um impulso a regressar, como fez o filho da parábola [do filho pródigo], aos braços de Deus, Pai terno e misericordioso, a chorar nesse abraço, a confiar nele e a confiar-se a Ele.
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Migratórios
As inquietações mais profundas, gravadas no nosso coração, fazem do homem um ser migratório. O homem tem ânsia de novas terras, de lugares sagrados, de territórios por descobrir, ambientes onde possa realizar o sonho antigo de um mundo melhor. E Deus deu-nos a bússola, dotou-nos de inteligência para ir mais longe. Está ao nosso alcance voar livremente, superando todas as tempestades até encontrar a terra prometida.
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Comissão Justiça e Paz aplica a Portugal mensagem quaresmal do papa e nomeia "conversões" a fazer na economia, saúde, justiça e trabalho
Cerca de dois milhões de portugueses estão em situação de pobreza ou na iminência dela. Continuamos a ser pressionados pelas imposições do norte da Europa. Nunca como agora precisamos de coesão social. No entanto cada um (ou cada comunidade), de um modo individualista, trata de si próprio e ignora o que se passa à sua volta, esquecendo que as soluções ou são globais… ou não há soluções.
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Não se podem fazer ofertas à Igreja às custas da injustiça com os trabalhadores, sublinha papa Francisco
«Se alguém vai à missa todos os domingos e comunga, pode perguntar-se-lhe: “E como é a tua relação com os teus empregados? Pago-lhe debaixo da mesa [como fuga aos impostos]? Pago-lhe o salário justo? Deposito as contribuições para as pensões? Para assegurar a saúde?», questionou. «Tu não podes fazer ofertas à Igreja às custas da injustiça que cometes com os teus empregados. Isto é um pecado gravíssimo: é usar Deus para cobrir a injustiça.»
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/nao_podes_fazer_ofertas_igreja_a_custa_da_injustica.html

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

ESPIRITUALIDADE: Para uma teologia do meu quotidiano

Como sou um “pássaro da manhã” e em geral me levanto mesmo muito cedo, é nessas horas de silêncio e (ainda) quietude que vou escrevendo regularmente, a um ritmo praticamente diário, num caderno de capa grossa (já lá vão tantos!…). Vou tecendo a teologia do meu quotidiano que não está desligada da construção da minha mais profunda humanidade.
Ler mais em:

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

LIVROS&LEITURA: “Obra Completa do Padre António Vieira”

O ensaísta Viriato Soromenho-Marques considera que a edição da “Obra Completa do Padre António Vieira”, que se concluiu esta quarta-feira, «sem atrasos», é sinal de que «o exemplo inspirador» do pregador jesuíta «continua a mover montanhas». Para José Eduardo Franco, citado pelo jornal “Observador”, o Padre António Vieira continua, passados três séculos, a ensinar «a bem falar, bem escrever e bem comunicar a língua portuguesa», a par de ser «uma figura histórica anticrise», «frontal» e corajosa, por ter enfrentado «os homens do seu tempo».
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/obra_completa_padre_antonio_vieira_inspiracao_pregador_continua_mover_montanhas.html

Mais do que um indivíduo, ele é uma multidão de heterónimos de carne e osso, tal a variedade dos seus talentos: missionário e diplomata; organizador e conselheiro de Estado; aventureiro e teólogo; réu da Inquisição e profeta. Este homem que habitou na terra e nas ondas do Atlântico, conviveu com reis, soldados, papas e escravos.
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/padre_antonio_vieira.html

domingo, 15 de fevereiro de 2015

PALAVRAdeDOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética"
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial"
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Ler mais em:
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro", http://www.paulinas.pt/Product_Detail.aspx?code=1977
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias
Então
Tema do 6º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 6º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos um Deus cheio de amor, de bondade e de ternura, que convida todos os homens e todas as mulheres a integrar a comunidade dos filhos amados de Deus. Ele não exclui ninguém nem aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos.
A primeira leitura apresenta-nos a legislação que definia a forma de tratar com os leprosos. Impressiona como, a partir de uma imagem deturpada de Deus, os homens são capazes de inventar mecanismos de discriminação e de rejeição em nome de Deus.
O Evangelho diz-nos que, em Jesus, Deus desce ao encontro dos seus filhos vítimas da rejeição e da exclusão, compadece-Se da sua miséria, estende-lhes a mão com amor, liberta-os dos seus sofrimentos, convida-os a integrar a comunidade do “Reino”. Deus não pactua com a discriminação e denuncia como contrários aos seus projectos todos os mecanismos de opressão dos irmãos.
A segunda leitura convida os cristãos a terem como prioridade a glória de Deus e o serviço dos irmãos. O exemplo supremo deve ser o de Cristo, que viveu na obediência incondicional aos projectos do Pai e fez da sua vida um dom de amor, ao serviço da libertação dos homens.
EVANGELHOMc 1 ,40-45
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
veio ter com Jesus um leproso.
Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe:
«Se quiseres, podes curar-me».
Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse:
«Quero: fica limpo».
No mesmo instante o deixou a lepra
e ele ficou limpo.
Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem:
«Não digas nada a ninguém,
mas vai mostrar-te ao sacerdote
e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou,
para lhes servir de testemunho».
Ele, porém, logo que partiu,
começou a apregoar e a divulgar o que acontecera,
e assim, Jesus já não podia entrar abertamente
em nenhuma cidade.
Ficava fora, em lugares desertos,
e vinham ter com Ele de toda a parte.

AMBIENTE
No episódio que o Evangelho de hoje nos propõe, Jesus continua a cumprir a missão que o Pai lhe confiou e a anunciar o “Reino”. A proposta do “Reino” torna-se uma realidade no mundo e na vida dos homens, não só nas palavras, mas também nos gestos de Jesus.
A cena coloca Jesus frente a um leproso, num sítio e num lugar não nomeado. A primeira leitura deste domingo deu-nos conta da situação social e religiosa do leproso… Para a ideologia oficial, o leproso era um pecador e um maldito, vítima de um particularmente doloroso castigo de Deus. A sua condição excluía-o da comunidade e impedia-o de frequentar a assembleia do Povo de Deus. Tinha que viver isolado, apresentar-se andrajoso e avisar, aos gritos, o seu estado de impureza, a fim de que ninguém se aproximasse dele. Não tinha acesso ao Templo, nem sequer à cidade santa de Jerusalém, a fim de não conspurcar, com a sua impureza, o lugar sagrado. O leproso era o protótipo do marginalizado, do excluído, do segregado. A sua condição afastava-o, não só da comunidade dos homens, mas também do próprio Deus.

MENSAGEM
Um leproso – isto é, um homem doente, marginalizado da comunidade santa do Povo de Deus, considerado pecador e maldito – vem “ter com Jesus”. Provavelmente tinham chegado até ele ecos do anúncio do “Reino” e a pregação de Jesus tinha-lhe aberto um horizonte de esperança. O desejo de sair da situação de miséria e de marginalidade em que estava mergulhado vence o medo de infringir a Lei e ele aproxima-se de Jesus, sem respeitar as distâncias que um leproso devia manter das pessoas sãs. O pormenor dá conta do seu desespero e mostra a sua decisão em mudar a sua triste situação. Uma vez diante de Jesus, o leproso é humilde, mas insistente (“prostrou-se de joelhos e suplicou-lhe” – vers. 40), pois o encontro com Jesus é uma oportunidade de libertação que ele não pode desperdiçar. O que ele pretende de Jesus não é apenas ser curado, mas ser “purificado” dessa enfermidade que o torna impuro e indigno de pertencer à comunidade de Deus e à comunidade dos homens («se quiseres podes “purificar-me”» – vers. 40; o verbo grego “katharidzô” aqui utilizado não deve traduzir-se como “curar”, mas sim como “purificar” ou “limpar”). Ele confia no poder de Jesus, sabe que só Jesus pode ajudá-lo a superar a sua triste situação de miséria, de isolamento e de indignidade.
A reacção de Jesus é estranha, pelo menos de acordo com os padrões judaicos. Em lugar de se afastar do leproso e de o acusar de infringir a Lei, Jesus olha-o “compadecido”, estende a mão e toca-lhe (vers. 41).
O verbo “compadecer-se” é aplicado, na literatura neo-testamentária, só a Deus e a Jesus. Habitualmente, é usado em contextos onde se refere a ternura de Deus pelos homens… Jesus é apresentado, assim, como o Deus com um coração cheio de amor pelos seus filhos, que Se “compadece” face à miséria e sofrimento dos homens.
Depois, o amor de Deus tornado presente em Jesus vai manifestar-se num gesto concreto para com o leproso… Jesus estende a mão e toca-o. É, evidentemente, um gesto “humano”, que manifesta a bondade e a solidariedade de Jesus para com o homem; mas o gesto de estender a mão tem um profundo significado teológico, pois é o gesto que acompanha, na história do Êxodo, as acções libertadoras de Deus em favor do seu Povo (cf. Ex 3,20;6,8;8,1;9,22;10,12;14,16.21.26-27; etc.). O amor de Deus manifesta-se como gesto libertador, que salva o homem leproso da escravidão em que a doença o havia lançado.
Por outro lado, ao tocar o leproso, Jesus está a infringir a Lei. Dessa forma, Ele denuncia uma Lei que criava marginalização e exclusão. Jesus, com a autoridade que Lhe vem de Deus, mostra que a marginalização imposta pela Lei não expressa a vontade de Deus. O gesto de tocar o leproso mostra que a distinção entre puro e impuro consagrada pela Lei não vem de Deus e não transmite a lógica de Deus; mostra que Deus não discrimina ninguém, que Ele quer amar e oferecer a liberdade a todos os seus filhos e que a todos Ele convida a integrar a família do “Reino”, a nova humanidade.
A resposta verbal de Jesus (“quero: fica limpo” – vers. 41) não acrescenta mais nada; apenas confirma o seu gesto. Mostra, por palavras, que, do ponto de vista de Deus, o leproso não é um marginal, um pecador condenado, um homem indigno, mas um filho amado a quem Deus quer oferecer a salvação e a vida plena.
A purificação do leproso significa, em primeiro lugar, que o “Reino de Deus” chegou ao meio dos homens e anuncia a irrupção desse mundo novo do qual Deus quer banir o sofrimento, a marginalização, a exclusão.
A purificação do leproso significa, também, a desmontagem da teologia oficial que considerava o leproso um maldito. Não é verdade – parece dizer o gesto de Jesus – que o leproso seja um impuro, um abandonado pela misericórdia de Deus, um prisioneiro do pecado, abandonado por Deus nas mãos das forças demoníacas. A misericórdia, a bondade, a ternura de Deus derramam-se sobre o leproso no gesto salvador de Jesus e dizem-lhe: “Deus ama-te e quer salvar-te”.
A purificação do leproso significa, finalmente, que o Reino de Deus não pactua com racismos de qualquer espécie: não há bons e maus, doentes e sãos, filhos e enjeitados, incluídos e excluídos; há apenas pessoas com dignidade e que não devem, em caso algum, ser privados dos seus direitos mais elementares, muito menos em nome de Deus.
Consumada a purificação do leproso, Jesus recomenda-lhe veementemente que não diga nada a ninguém (vers. 44). Esta recomendação de Jesus aparece várias vezes no Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,34;5,43;7,36;7,36; etc.). Provavelmente, é um dado histórico, que resulta do facto de Jesus não querer gerar equívocos ou ser aceite pelas razões erradas. De acordo com Mt 11,5, a cura dos leprosos era uma obra do Messias; assim, o gesto de Jesus define-O como o Messias esperado. No entanto, numa Palestina em plena febre messiânica, Jesus pretende evitar um título que tem algo de ambíguo, por estar ligado a perspectivas nacionalistas e a sonhos de luta política contra o ocupante romano. Jesus não quer deitar mais lenha para a fogueira da esperança messiânica, pois tem consciência de que o seu messianismo não passa por um trono político (como sonhavam as multidões), mas pela cruz. Jesus é o Messias, mas o Messias-servo, que veio ao encontro dos homens para lhes transmitir o projecto salvador do Pai e para os libertar das cadeias da opressão. O seu caminho passa pelo sofrimento e pela morte. O seu trono é a cruz, expressão máxima de uma vida feita amor e entrega.
Ao leproso purificado, Jesus diz para ir mostrar-se aos sacerdotes (vers. 44). Segundo a Lei, o leproso só podia ser reintegrado na comunidade religiosa depois de a sua cura ter sido homologada pelo sacerdote em funções no Templo. No entanto, Jesus acrescenta: “para lhes servir de testemunho”. Dado que a cura de um leproso só podia ser operada por Deus e era, por isso, um sinal messiânico, o facto devia servir aos líderes do Povo para concluírem que o Messias tinha chegado e que o “Reino de Deus” estava já presente no meio do mundo. O leproso purificado devia, portanto, ser um “testemunho” da presença de Deus no meio do seu Povo e um sinal de que os novos tempos tinham chegado. Apesar das evidências, os líderes judaicos estavam demasiado entrincheirados nas suas certezas, preconceitos e privilégios e recusaram-se sempre a acolher a novidade de Deus, a novidade do Reino.
O texto termina com a indicação de que o leproso purificado “começou a apregoar e a divulgar o que acontecera”, apesar do silêncio que Jesus lhe impusera. Marcos quer, provavelmente, sugerir que quem experimenta o poder integrador e salvador de Jesus converte-se necessariamente em profeta e em testemunha do amor e da bondade de Deus
.
ACTUALIZAÇÃO
• O nosso texto fala-nos de um Deus cheio de amor, de bondade e de ternura, que Se faz pessoa e que desce ao encontro dos seus filhos, que lhes apresenta propostas de vida nova e que os convida a viver em comunhão com Ele e a integrar a sua família. É um Deus que não exclui ninguém e que não aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos. Às vezes há pessoas (quase sempre bem intencionadas) que inventam mecanismos de exclusão, de segregação, de sofrimento, em nome de um Deus severo, intolerante, distante, incapaz de compreender os limites e as fragilidades do homem. Trata-se de um atentado contra Deus. O Deus que somos convidados a descobrir, a amar, a testemunhar no mundo, é o Deus de Jesus Cristo – isto é, esse Deus que vem ao encontro de cada homem, que Se compadece do seu sofrimento, que lhe estende a mão com ternura, que o purifica, que lhe oferece uma nova vida e que o integra na comunidade do “Reino” (nessa família onde todos têm lugar e onde todos são filhos amados de Deus).
• A atitude de Jesus em relação ao leproso (bem como aos outros excluídos da sociedade do seu tempo) é uma atitude de proximidade, de solidariedade, de aceitação. Jesus não está preocupado com o que é política ou religiosamente correcto, ou com a indignidade da pessoa, ou com o perigo que ela representa para uma certa ordem social… Ele apenas vê em cada pessoa um irmão que Deus ama e a quem é preciso estender a mão e amar, também. Como é que lidamos com os excluídos da sociedade ou da Igreja? Procuramos integrar e acolher (os estrangeiros, os marginais, os pecadores, os “diferentes”) ou ajudamos a perpetuar os mecanismos de exclusão e de discriminação?
• O gesto de Jesus de estender a mão e tocar o leproso é um gesto provocador, que denuncia uma Lei iníqua, geradora de discriminação, de exclusão e de sofrimento. Com a autoridade de Deus, Ele retira qualquer valor a essa Lei e sugere que, do ponto de vista de Deus, essa Lei não tem qualquer significado. Hoje temos leis (umas escritas nos nossos códigos legais civis ou religiosos, outras que não estão escritas mas que são consagradas pela moda e pelo politicamente correcto) que são geradoras de marginalização e de sofrimento. Como Jesus, não podemos conformarmo-nos com essas leis e muito menos pautar por elas os nossos comportamentos para com os nossos irmãos.
• Mais uma vez, o Evangelho deste domingo propõe à nossa consideração a atitude dos líderes judaicos. Comodamente instalados no alto das suas certezas e preconceitos, eles perpetuam, em nome de Deus, um sistema religioso que gera sofrimento e miséria e não se deixam questionar nem desafiar pela novidade de Deus. Estão tão seguros e convictos das suas verdades particulares que fecham totalmente o coração a Jesus e não se revêem nas suas propostas. O sem sentido desta atitude deve alertar-nos para a necessidade de nos desinstalarmos e de abrirmos o coração aos desafios de Deus.
• O leproso, apesar da proibição de Jesus, “começou a apregoar e a divulgar o que acontecera”. Marcos sugere, desta forma, que o encontro com Jesus transforma de tal forma a vida do homem que ele não pode calar a alegria pela novidade que Cristo introduziu na sua vida e tem de dar testemunho. Somos capazes de testemunhar, no meio dos nossos irmãos, a libertação que Cristo nos trouxe?

Fonte: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=347
«Quero: fica curado!»: Meditação sobre o Evangelho de domingo

sábado, 14 de fevereiro de 2015

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.
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