"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO: A regra de ouro e a empatia

por ANSELMO BORGES, DN, 19/01/2013

Na Inglaterra, foi de tal modo valorizada que aí recebeu, nos inícios do século XVII, o nome por que é conhecida: "regra de ouro" (golden rule), com duas formulações, uma negativa: "não faças aos outros o que não quererias que te fizessem a ti", e outra positiva: "trata os outros como quererias ser tratado". Frédéric Lenoir faz, com razão, notar que a maior parte dos moralistas prefere a versão negativa, pois o perigo de auto-projecção sobre os outros pode levar a esquecer que cada um tem os seus gostos e a sua própria visão do que é bem. Neste quadro, Bernard Shaw escreveu com o seu sentido de humor: "Não façais aos outros o que quereríeis que vos fizessem; talvez não tenham os mesmos gostos que vós!"
É uma regra tão universal que o filósofo R.-P. Droit perguntava recentemente no Le Monde: "Existem regras morais presentes em todos os tempos e lugares, seja qual for a cultura ou a época? Isso é posto em dúvida a maior parte das vezes. No entanto, há uma excepção notável face ao relativismo generalizado." E apontava precisamente a regra de ouro.
De facto, ela encontra-se em todas as áreas culturais e religiosas do mundo. Apresentam-se exemplos, segundo Olivier du Roy, que acaba de publicar: La règle d'or. Histoire d'une maxime universelle.
Na China, com Confúcio, talvez o primeiro a formulá-la: "O que não queres que te façam não o faças aos outros." No budismo: "Uma situação que não é para mim agradável nem felicitante também o não poderia ser para o outro; como poderia então desejar-lhe isso?" No zoroastrismo: "Tudo o que te repugna não o faças também aos outros." No judaísmo: "Não faças a outrem o que não desejas que te façam a ti." No cristianismo: "Tudo o que quereis que os homens façam por vós, fazei-o igualmente por eles: eis a Lei e os profetas." No islão: "Ninguém entre vós é um crente enquanto não desejar para o seu irmão o que deseja para si próprio."
No estóico Séneca, encontramos esta reflexão admirável sobre como tratar os escravos: "Vive com o teu inferior como quererias que o teu superior vivesse contigo. Cada vez que pensares na extensão dos teus direitos sobre o teu escravo pensa que o teu senhor tem sobre ti direitos idênticos. 'Mas eu não tenho senhor', dizes. Talvez venhas a ter."
Todos os grandes reformadores cristãos a retomam. Pode ler-se num sermão de Martinho Lutero: "Não há ninguém que não sinta e não tenha de reconhecer que é justo e verdadeiro o que diz a lei natural: o que queres que te seja feito e poupado, fá-lo e poupa-o aos outros: esta luz vive e reluz no espírito de todos os seres humanos. E se quiserem tomá-lo em consideração, terão ainda necessidade de outro livro, de outro mestre, de outra lei? Têm um livro vivo neles, no fundo do coração, que pode bastar para ditar-lhes o que devem fazer, não fazer, aceitar ou rejeitar."
Com ela, argumentou John F. Kennedy contra a segregação racial, em 1963: "Se um americano, porque o seu rosto é negro, não pode almoçar num restaurante aberto ao público, mandar os seus filhos à melhor escola pública acessível, votar para os funcionários públicos que vão representá-lo, então quem de vós quereria ver mudar a cor do rosto e colocar-se no seu lugar? O coração do problema é este: vamos tratar os nossos companheiros americanos como queremos ser tratados?"
Atendendo à sua universalidade, Olivier du Roy conclui que ela "corresponde a uma espécie de maturidade moral da humanidade, que descobre ou exprime, por volta do século V a. C., um princípio fundamental de moralidade ou de vida em sociedade". O reconhecimento do outro humano pode ser considerado como "um dado cultural universal, o fundamento de uma verdadeira 'lei natural'". A sua base está na empatia, na capacidade de eu me colocar no lugar do outro, como que sentindo as consequências da minha acção sobre ele. Mas a ética propriamente dita começa, quando se vai para lá da simpatia e se alarga o círculo do humano ao que me não é próximo nem simpático.
Imagine-se o que seria o mundo regido por esta regra de ouro!
(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

MÚSICA: Neste dia...

...em 1969, os Beatles apresentaram-se pela última vez ao vivo antes de se separarem. Por isso, nas pessoas e música destes "Fab Four", aqui fica a minha sentida e saudosa homenagem!!!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

EFEMÉRIDE/HISTÓRIA: "O Tempo e o Modo": uma revista diferente

Basta folhearmos os números, para percebermos os sinais proféticos desconcertantes (perante a “desordem estabelecida”) e o anúncio de um caminho aberto, europeu, assente na democracia. António Alçada Baptista, no primeiro texto que assinou, usa, aliás, um eufemismo, que hoje quase nos faz sorrir: Em vez da referência às instituições democráticas, para iludir os censores, recorria à misteriosa expressão “instituições que pressupõem uma certa dialética”. Os fundadores da nova revista pertenciam a uma geração não-conformista vinda dos movimentos católicos, desde o I Congresso da JUC (Juventude Universitária Católica) até ao jornal «Encontro», que rompera com o regime. As gerações conservadoras que vinham de antes da guerra mantinham os velhos temas e uma lógica de protecionismo, mas havia que romper fronteiras e abrir o caminho para a Europa e para novas instituições.

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO: O mal: uma difícil questão

Como é que o mal deixa de ser o irreparável? Quando aproveitamos o contexto de mal para um acontecimento doutra ordem. Quando deixamos apenas de perguntar: «Porque é que isto me aconteceu?». E investimos antes as nossas forças criadoras a decidir: «Como é que devo reagir vitalmente a isto que aconteceu?».
Ler nais em: http://www.snpcultura.org/paisagens_o_mal_uma_dificil_questao.html

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CINEMA: Django Libertado: Tarantino oferece tratado cinematográfico sobre vida e morte

“Django Libertado” é uma reinterpretação da questão da escravatura e de um Oeste Selvagem que, sem grandes pretensões intelectuais ou filosóficas, não deixa de desbravar vasto terreno sobre a condição humana, a liberdade interior, o valor da vida e, inerente a este, o do amor e da amizade como cumprimento, ou não, desse “estar ou ser vivo”. Magnificamente interpretado por Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington e Samuel L. Jackson, magnificamente filmado e servido por uma banda sonora de um registo eclético muito pertinente, eis um tratado cinematográfico sobre “os vivos e os mortos” que somos e que a crueza de algumas sequências não pode confundir com mero horror nem espetacularidade.
Ler mais em: http://www.snpcultura.org/django_libertado.html

domingo, 27 de janeiro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

LEITURA INe 8,2-4a.5-6.8-10
Leitura do Livro de Neemias

Naqueles dias,
o sacerdote Esdras trouxe o Livro da Lei
perante a assembleia de homens e mulheres
e todos os que eram capazes de compreender.
Era o primeiro dia do sétimo mês.
Desde a aurora até ao meio dia,
fez a leitura do Livro,
no largo situado diante da Porta das Águas,
diante dos homens e mulheres
e todos os que eram capazes de compreender.
Todo o povo ouvia atentamente a leitura do Livro da Lei.
O escriba Esdras estava de pé
num estrado de madeira feito de propósito.
Estando assim em plano superior a todo o povo,
Esdras abriu o Livro à vista de todos;
e quando o abriu, todos se levantaram.
Então Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus,
e todos responderam, erguendo as mãos:
«Amen! Amen!».
E prostrando-se de rosto por terra, adoraram o Senhor.
Os levitas liam, clara e distintamente, o Livro da Lei de Deus
e explicavam o seu sentido,
de maneira que se pudesse compreender a leitura.
Então o governador Neemias,
o sacerdote e escriba Esdras,
bem como os levitas, que ensinavam o povo,
disseram a todo o povo:
«Hoje é um dia consagrado ao Senhor vosso Deus.
Não vos entristeçais nem choreis».
– Porque todo o povo chorava, ao escutar as palavras da Lei –.
Depois Neemias acrescentou:
«Ide para vossas casas,
comei uma boa refeição, tomai bebidas doces
e reparti com aqueles que não têm nada preparado.
Hoje é um dia consagrado a nosso Senhor;
portanto, não vos entristeçais,
porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza».
AMBIENTE
O Livro de Neemias (com o de Esdras com o qual, inicialmente, formava uma unidade) pertence ao período que se segue ao regresso dos exilados judeus da Babilónia.
Estamos nos séculos V/IV a.C.; para os habitantes de Jerusalém, é ainda um tempo de miséria e desolação, com a cidade sem muralhas e sem portas, uma sombra negra da cidade bela que tinha sido. Neemias, um alto funcionário do rei Artaxerxes, entristecido pelas notícias recebidas de Jerusalém, obtém do rei autorização para se instalar na capital judia. Neemias vai começar a sua actividade com a reconstrução da muralha (cf. Ne 3-4) e com o combate às injustiças cometidas pelos ricos contra os pobres (cf. Ne 5). Depois, procura restaurar o culto (cf. Ne 8-9).
É neste contexto de preocupação com a restauração do culto que podemos situar o trecho que nos é proposto: Neemias reúne todo o Povo “na praça que fica diante da Porta das Águas”, a fim de escutar a leitura da Lei. Trata-se de recordar ao Povo o compromisso fundamental que Israel assumiu com o seu Deus: só assim será possível preparar esse futuro novo que Neemias sonha para Jerusalém e para o Povo de Deus.
MENSAGEM
A questão fundamental sugerida pelo texto tem a ver com a importância que a Palavra de Deus deve assumir na vida de uma comunidade. Todos os pormenores apontam nesse sentido.
Em primeiro lugar, o autor do texto sublinha a convocação de toda a comunidade para escutar a Palavra: os homens, as mulheres e as crianças em idade “de compreender”. A Palavra de Deus dirige-se a todos sem excepção, a todos interpela e questiona.
Em segundo lugar, atente-se na questão dos preparativos: há um estrado de madeira feito de propósito que coloca o leitor em plano superior; depois, o Livro da Lei é aberto de forma solene e todos se levantam, em atitude de respeito e veneração pela Palavra… É o exemplo de uma comunidade onde a Palavra de Deus está no centro e onde tudo se conjuga em função do lugar especial que a Palavra ocupa na vida da comunidade.
Em terceiro lugar, temos a descrição do rito: a Palavra é aclamada pela assembleia; depois, os levitas lêem clara e distintamente; finalmente, explicam ao povo a Palavra, de modo acessível, “de maneira que se pudesse compreender a leitura”. Temos aqui um autêntico manual de como deve processar-se uma verdadeira “celebração da Palavra”.
Em quarto lugar, temos a resposta do Povo: confrontados com a Palavra, choram. A atitude do Povo revela, certamente, uma comunidade que se deixa interpelar pela Palavra, que confronta a sua vida com a Palavra proclamada e que sente, na sequência, a urgência da conversão. A Palavra é eficaz e provoca a transformação da vida.
Finalmente, tudo termina numa grande festa: o dia “consagrado ao Senhor” é um dia de alegria e de festa para a comunidade que se alimentou da Palavra.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, na reflexão, as seguintes questões:
 
• Que lugar ocupa a Palavra de Deus na vida de cada um de nós e na vida das nossas comunidades? A Palavra é o centro à volta do qual tudo se articula? Encontramos espaço para ler, para reflectir, para partilhar a Palavra?
Aqueles a quem é confiada a missão de proclamar a Palavra: preparam convenientemente o ambiente? Proclamam a Palavra clara e distintamente? Reflectem a Palavra e explicam-na de forma acessível, de forma que ela toque a assembleia que escuta? Têm a preocupação de adaptá-la à vida?
• Nas nossas assembleias comunitárias, a Palavra é acolhida com veneração e respeito, ou aproveitamos o momento em que ela é proclamada para acender velinhas ao santo da nossa devoção, para rezar o terço ou para “controlar” quem está ao nosso lado?
A Palavra interpela-nos, leva-nos à conversão, à mudança de vida, ou a Palavra é só para os outros (“grande recado que o padre está a mandar à dona…”)?
• No Evangelho de Lucas e neste texto em particular, Jesus manifesta de forma bem nítida a consciência de que foi investido do Espírito de Deus e enviado para pôr cobro a tudo o que rouba a vida e a dignidade do homem. A nossa civilização, há vinte e um séculos que conhece Cristo e a essência da sua proposta. No entanto, o nosso mundo continua a multiplicar e a refinar as cadeias opressoras. Porque é que a proposta libertadora de Jesus ainda não chegou a todos? Que situações hoje, à minha volta, me parecem mais dramáticas e exigem uma acção imediata (pensar na situação de tantos imigrantes de leste ou das ex-colónias; pensar na situação de tantos idosos, sem amor e sem cuidados, que sobrevivem com pensões de miséria; pensar nas crianças de rua e nos sem abrigo que dormem nos recantos das nossas cidades; pensar na situação de tantas famílias, destruídas pela droga e pelo álcool…)?
• A fidelidade ao “caminho” percorrido por Cristo é a exigência fundamental do ser cristão. Ao longo dos séculos, tem sido a defesa da dignidade do homem a preocupação fundamental da Igreja de Jesus? Preocupa-nos a libertação dos nossos irmãos escravizados? Que posso eu fazer, em concreto, para continuar no meio deles a missão libertadora de Cristo?
• Repare-se, neste texto, como Jesus “actualiza” a Palavra de Deus proclamada e a torna um anúncio de libertação que toca de muito perto a vida dos homens. Os que proclamam a Palavra, que a explicam nas homilias, têm esta preocupação de a tornar uma realidade “tocante” e um anúncio verdadeiramente transformador e libertador, que atinge a vida daqueles que os escutam?

FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=446


Fazer da palavra de Deus motivo de alegria:
Esdras, o sacerdote, e Neemias, o governador, podem dar-se por satisfeitos: ganharam o desafio! O desafio é voltar a dar uma alma a este povo. Porque ele, uma vez mais, atravessa um período difícil. Estamos em Jerusalém, cerca de 450 anos antes de Cristo. O exílio na Babilónia terminou, o templo de Jerusalém está finalmente reconstruído (mesmo se ele é muito menos belo do que o de Salomão), a vida retomou o seu curso. Visto à distância, poder-se-ia pensar que tudo estava esquecido. No entanto a moral anda por baixo. Este povo parece ter perdido a esperança que foi sempre a sua característica principal.
A união faz a força
Para oferecer um ensinamento aos seus fiéis, Paulo recorre a um método que tem mais resultados do que todos os discursos: propõe-lhes uma comparação. Na verdade ela não foi completamente inventada, mas é ainda melhor: ele utiliza uma fábula e adapta-a ao seu objetivo. Como todas as fábulas começa por «Era uma vez». «Era uma vez», então, um homem como todos os outros… à exceção do facto de todos os membros do seu corpo falarem e discutirem entre si! E, aparentemente, não tinham bom feitio. E, provavelmente, alguns deviam ter a impressão de ser menos considerados ou de terem as suas capacidades menos exploradas.
Do início da narrativa de Lucas ao início da missão de Jesus
Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro, não podia, claramente, pretender ser este Rei-Messias aguardado. Sejamos francos, Jesus nunca deixou de surpreender os seus contemporâneos: ele é verdadeiramente o Messias que esperavam, mas totalmente diferente daquele que era esperado! Lucas, para ajudar os seus leitores, teve o cuidado desde o início do seu livro de lhes dizer que se tinha informado diligentemente de tudo desde as origens. E, por outro lado, sublinhou na introdução a esta passagem que Jesus estava acompanhado do poder do Espírito, o que era precisamente a característica do Messias. Mas é Lucas, o cristão, quem o afirma, os habitantes de Nazaré não sabem que, realmente, o Espírito de Deus repousa sobre Jesus

sábado, 26 de janeiro de 2013

(in)PRENSA semanal: a (minha) selecção possível

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.

Ricardo Salgado "esqueceu-se" de comprar polpa de tomate e de declarar 8,5 milhões
http://expresso.sapo.pt/ricardo-salgado-esqueceu-se-de-comprar-polpa-de-tomate-e-de-declarar-85-milhoes=f780291#ixzz2IWk2tfL6
A Irlanda pode. E nós não?
http://expresso.sapo.pt/gen.pl?sid=ex.sections/25615&mid1=ex.menus/23&m2=505
O que diz o FMI sobre Portugal
http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=66608
Os 4 cenários do FMI para Portugal
http://expresso.sapo.pt/os-4-cenarios-do-fmi-para-portugal=f780642
A reunião dos manteigueiros
http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=34&did=93449
O ex-ministro que pede 53,6 milhões
http://expresso.sapo.pt/o-ex-ministro-que-pede-536-milhoes=f780759?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2013-01-21
A importância do regresso aos mercados
 http://economico.sapo.pt/noticias/a-importancia-do-regresso-aos-mercados_160886.html
Portugal volta aos mercados, os portugueses não
http://expresso.sapo.pt/portugal-volta-aos-mercados-os-portugueses-nao=f781150?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2013-01-23
É mesmo um regresso aos mercados?
http://expresso.sapo.pt/e-mesmo-um-regresso-aos-mercados=f781168?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2013-01-24
Freitas do Amaral diz que regresso aos mercados é bom para o país mas não é mérito do Governo
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3013108
Co-autor de relatório do FMI para Portugal despedido por fraude
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=93847
Por que vamos pagar ao professor Charrua
http://expresso.sapo.pt/por-que-vamos-pagar-ao-professor-charrua=f781463?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2013-01-24
Freitas acha possível aumentar impostos aos mais ricos
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3013242
Perito alemão critica estratégia de Portugal para salários
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3015261

Como os deputados justificam faltas por doença. Sim, são os mesmos que legislaram sobre a suspensão do vencimento nos 3 primeiros dias de um atestado médico!!!
Aqui está e fica claro, que "a palavra de deputado faz fé" porque legitimado pelo "cheque" passado pelos "senhores eleitores em dia de festa, quando não arraial, o dia das eleições. E eles, os senhores deputados, obviamente aproveitam a oportunidade, já que «quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é burro ou não não tem arte». Ora arte é o que não lhes falta - uns verdadeiros artistas, artistas portugueses, pois então!
Então, para quê tanto "banzé", leia-se, manif's, greves, vigílias, ...? O mal está feito. Pior que isso, legitimado. E "legitimado pelo voto popular"!!! - como dizem eles depois e com razão, do alto do seu "poleiro", perdão, posto.
Pena é que sejam uns a pagar pelos erros dos outros, «o justo pelo pecador» - como sempre!!!

 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

quem conhece ESSES "DESCONHECIDOS" (22): Já lestes S. Paulo?

...que merecem ser CONHECIDOS - vida&obra - e eu mais em conhecê-los e dar a conhecer?

Numa daquelas frases inesquecíveis que cunhou, Paulo de Tarso escreve: «quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12,10). E a nossa pergunta vem imediata: “que homem enigmático é este que revolve a ordem esperada das coisas, elogiando a fragilidade em vez da força?”. A verdade é que quem pretenda tornar-se leitor de Paulo tem de adequar o ouvido e o coração a uma linguagem paradoxal, que nos desconcerta, nos comove e nos forma. A gramática que ele utiliza (isto é, o seu modo de pensar e de dizer) estilhaça as convenções. A tradição judaica olhou para a pregação dele com suspeita e escândalo. Os gregos e os romanos, habituados à sofisticação do pensamento e ao poder da retórica, menosprezaram o seu discurso que lhes parecia uma loucura. E, mesmo hoje, passados dois mil anos do seu nascimento, o seu discurso não deixa de ressoar profético e desafiador.
...
Avançava ao encontro da humilhação e das ofensas que tinha de suportar por causa da pregação, com mais entusiasmo do que o que pomos nós em alcançar o prazer das honras; punha mais empenho na morte do que nós na vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava sempre mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho. A Igreja assinala a 25 de janeiro a festa da conversão do apóstolo S. Paulo.
Ler mais em:
http://evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&id=10222&fd=0
http://www.snpcultura.org/ja_lestes_sao_paulo.html
http://www.snpcultura.org/pedras_angulares_sao_paulo.html

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ESPIRITUALIDADE: «Onde quer que estejamos, podemos e devemos aspirar à vida perfeita»

Os católicos assinalam a 24 de janeiro a memória de S. Francisco de Sales (1567-1622), bispo e doutor da Igreja de origem francesa, patrono dos jornalistas, autores, escritores e surdos-mudos. O cofundador da Ordem da Visitação é considerado o pai da espiritualidade moderna. «A devoção deve ser exercida de maneira diferente pelo fidalgo e pelo operário, pelo criado e pelo príncipe, pela viúva, a solteira ou a mulher casada; e não somente isto: é necessário acomodar o exercício da devoção às forças, aos trabalhos e aos deveres de cada pessoa em particular.»

QUESTÕES para ATEUS (3/16): as expressões eu creio e sou da opinião que têm o mesmo significado?


 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

SAÚDE: 12 motivos para consumir mais água durante o dia

Quem consome água de forma regular durante o dia ajuda o corpo a funcionar melhor, previne problemas de saúde e até fica mais bonito. "A água tem um papel regulador de muitas funções de nosso organismo. a quantidade de água que consumimos tem um papel fundamental desde o controle da temperatura até o bom funcionamento do sistema circulatório", explica o fisiologista Raul Santo de Oliveira, da Unifesp.
Ler mais em:
http://www.minhavida.com.br/saude/galerias/13051-12-motivos-para-consumir-mais-agua-durante-o-dia?utm_source=news_mv&utm_medium=hoje_no_mv&utm_campaign=943266

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nem todo o silêncio é de oiro

Porquê? Vejamos:
"Um dia bateram-me à porta e anunciaram-me que o governo tinha decidido cortar-me meio subsidio de Natal. Apesar de inconstitucional, compreendi o sacrifício que o Governo me pedia.
   Noutro dia bateram à porta do meu pai e anunciaram-lhe que iam cortar meia pensão do Natal. Apesar de considerar que era um roubo, ainda admiti, porque o pais estava em estado de emergência.
    Depois bateram-me à porta e anunciaram que me iam tirar dois meses de salário e dois meses de pensão ao meu pai. Depois da estupefação, resignação.
    A 7 de Setembro, bateram-me à porta para me anunciar que tiravam 7% do salário para dar 5,75% ao patrão e ficavam com os trocos, em principio para os cofres da Segurança Social.
    Desta vez fiquei indignado. Achei que estava a ser roubado e que estavam a transformar os patrões em recetadores do dinheiro roubado. Em reação, corri para a rua para protestar.
   Bateram-me mais uma vez à porta e informaram-me de que o ministro das finanças ia reescalonar as taxas de IRS, de modo a torna-lo mais progressivo. Imaginando que iam poupar os rendimentos mais baixos e taxar fortemente os mais altos, pensei que o Governo, finalmente, voltava ao trilho da lei.
   Mas para surpresa minha, voltaram a bater-me à porta para me ameaçarem com aumentos brutais no IMI. A minha indignação transformou-se em ira e juntei-me ao movimento nacional de resistentes ao pagamento do IMI.
    Ainda mal refeito do choque do IMI, bateram-me novamente à porta para me mostrarem nos jornais, em grandes parangonas e cinco colunas, os novo escalões de IRS. Afinal aumentaram as taxas dos rendimentos mais baixos, menos os dos mais altos e não criaram nenhum escalão para os mais ricos. E a progressividade do rei dos impostos diminuiu. A minha raiva subiu de tom e resolvi não mais voltar a votar estou preparado para qualquer ação revolucionária que apareça.
Ao fim e ao cabo eu o meu pai e a minha família já não temos nada a perder(J. Nunes de Almeida, Ericeira)
Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E na oportunidade
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada já não podemos dizer nada. 
Maiakovski (poeta russo 1893-1930)


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

Em 1933 Martin Niemöller criou o seguinte poema:
Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar?

Martin Niemöller,(1892-1984?), símbolo da resistência aos nazis.

Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima.
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança,
que não era meu filho…
Cláudio Humberto,  em 09 Fevereiro de 2007

Também Martin Luther King (1929-1968): O que mais me preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem carácter, dos sem ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons!.





segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO: Que futuro para Deus?

por ANSELMO BORGES, DN, Hoje, 12/01/2013

É sobre o tema em epígrafe que Marie Drucker publicou uma entrevista com Frédéric Lenoir, da École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. Faz parte do livro Dieu (Deus).
Alguns indicadores estatísticos. Actualmente, dois terços da população mundial confessam acreditar em Deus. O outro terço reparte-se entre as religiões sem Deus (religiões chinesas, budismo, animismo, xamanismo...) e uma pequena parte que se declara sem pertença religiosa (menos de 10% da população mundial, principalmente na China e nos países europeus descristianizados).
Mesmo se a fé está a diminuir progressivamente desde há várias décadas, cerca de 90% dos americanos e dois terços dos europeus acreditam em Deus. A França e a República Checa constituem excepção, pois são os países que contam hoje com a taxa mais elevada de ateus na Europa. De qualquer modo, mesmo na França, a fé em Deus resiste melhor do que a pertença religiosa e permanece estável: 52%.
As projecções para 2050 dizem que os cristãos passarão de dois mil milhões para três mil milhões; os muçulmanos, de mil e duzentos milhões para dois mil e duzentos milhões; os hindus, de oitocentos milhões para mil e duzentos milhões; os budistas, de trezentos e cinquenta milhões para quatrocentos e trinta milhões; os judeus, de catorze milhões para dezassete milhões.
Estes números não consideram, evidentemente, "evoluções internas profundas" que as mentalidades podem vir a conhecer nem catástrofes ou agitações excepcionais. Segundo a evolução das mentalidades, é a Europa que indica a tendência: "uma secularização crescente, sem que a fé em Deus se afunde. Assim, as religiões terão cada vez menos domínio sobre as sociedades e serão cada vez mais numerosos os indivíduos a declarar-se sem religião, sem que isso signifique o fim da fé em Deus." Acentua-se, portanto, aquele movimento que os sociólogos caracterizam como "crer sem pertencer", emancipação progressiva dos indivíduos em relação às instituições religiosas, mas continuando a ter fé em Deus ou uma espiritualidade pessoal.
Este fenómeno está na linha dos "três grandes vectores da modernidade": "individualização, espírito crítico, mundialização". Assim, no quadro do que Marcel Gauchet chamou uma "revolução da consciência religiosa", é expectável que já não seja "o grupo a transmitir e impor a religião ao indivíduo, mas que seja este a exercer a sua livre escolha em função do seu desejo de realização pessoal". "Salvo se houver uma enorme catástrofe, nenhuma ditadura poderá manter-se na Terra e nenhuma religião conseguirá impor a sua lei aos indivíduos. Os principais vectores da modernidade vão progressivamente, com recuos pontuais, conquistar o mundo todo. Neste contexto, a religião tem razões para preocupar-se, mas não necessariamente Deus e ainda menos a espiritualidade, isto é, a procura do sentido da vida." De facto, as pessoas continuarão a interrogar-se sobre o enigma da existência e as suas questões essenciais: qual o sentido último?, como fazer face ao sofrimento e à morte?, como ser feliz?, quais são os valores que alicerçam a vida?
Por isso, ao mesmo tempo que assistimos à crise da prática religiosa constatamos que a fé em Deus "regressa docemente, mas de modo seguro". Significativamente, os dois elementos que se mantêm estáveis na Europa ao longo dos últimos trinta anos são as cerimónias funerárias religiosas e a fé em Deus, o que mostra que, apesar do distanciamento em relação às Igrejas, ainda se considera que a religião traz respostas à questão do enigma da vida e face à morte. Por isso, "enquanto a existência permanecer um enigma, enquanto a experiência do amor e da beleza nos fizer tocar no sagrado, enquanto a morte nos interpelar", há fortes chances de Deus, seja qual for o nome que se lhe dê, permanecer para muitos "uma resposta credível, um absoluto, uma força transformadora."
Mas há "metamorfoses" do rosto de Deus na modernidade que se acentuam: "Passa-se de um Deus pessoal a um divino impessoal; de um Deus masculino a um divino de qualidades femininas de amor e protecção; de um Deus exterior a um divino que se encontra no interior, no mais íntimo."
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

domingo, 20 de janeiro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOJo 2,1-11
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo,
realizou-se um casamento em Caná da Galileia
e estava lá a Mãe de Jesus.
Jesus e os seus discípulos
foram também convidados para o casamento.
A certa altura faltou o vinho.
Então a Mãe de Jesus disse-Lhe:
«Não têm vinho».
Jesus respondeu-Lhe:
«Mulher, que temos nós com isso?
Ainda não chegou a minha hora».
Sua Mãe disse aos serventes:
«Fazei tudo o que Ele vos disser».
Havia ali seis talhas de pedra,
destinadas à purificação dos judeus,
levando cada uma de duas a três medidas.
Disse-lhes Jesus:
«Enchei essas talhas de água».
Eles encheram-nas até acima.
Depois disse-lhes:
«Tirai agora e levai ao chefe de mesa».
E eles levaram.
Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho,
– ele não sabia de onde viera,
pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam –
chamou o noivo e disse-lhe:
«Toda a gente serve primeiro o vinho bom
e, depois de os convidados terem bebido bem,
serve o inferior.
Mas tu guardaste o vinho bom até agora».
Foi assim que, em Caná da Galileia,
Jesus deu início aos seus milagres.
Manifestou a sua glória
e os discípulos acreditaram n’Ele.
AMBIENTE
Este texto pertence à “secção introdutória” do Quarto Evangelho (que vai de 1,19 a 3,36). Nessa secção, o autor apresenta um conjunto de cenas (com contínuas entradas e saídas de personagens, como se estivéssemos no palco de um teatro), destinadas a apresentar Jesus e o seu programa.
O autor declara explicitamente (cf. Jo 2,11) que o episódio pertence à categoria dos “signos” (“semeiôn”): trata-se de acções simbólicas, de sinais indicadores, que nos convidam a procurar, para além do episódio concreto, uma realidade mais profunda para a qual aponta o facto narrado. O importante, aqui, não é que Jesus tenha transformado a água em vinho; mas é apresentar o programa de Jesus: trazer à relação entre Deus e o homem o vinho da alegria, do amor e da festa.
MENSAGEM
O episódio narrado é, pois, uma acção simbólica que aponta para algo mais importante do que o próprio fenómeno concreto descrito. Que realidade é essa?
O cenário de fundo é o de um casamento. Ora, o cenário das bodas ou do noivado é (como vimos na primeira leitura) um quadro onde se reflecte a relação de amor entre Jahwéh e o seu Povo. Dito de outra forma, estamos no contexto da “aliança” entre Israel e o seu Deus.
A essa “aliança” vem, em certa altura, a faltar o vinho. O “vinho”, elemento indispensável na “boda”, é símbolo do amor entre o esposo e a esposa (cf. Cant 1,2;4,10;7,10;8,2. Recordar, a propósito, como Isaías compara a “aliança” com uma vinha plantada pelo Senhor, que não produziu frutos – cf. Is 5,1-7), bem como da alegria e da festa (cf. Sir 40,20; Qoh 10,19). Constata-se, portanto, a realidade da antiga “aliança”: tornou-se uma relação seca, sem alegria, sem amor e sem festa, que já não potencia o encontro amoroso entre Israel e o seu Deus. Esta realidade de uma “aliança” estéril e falida é representada pelas “seis talhas de pedra destinadas à purificação dos judeus”. O número seis evoca a imperfeição, o incompleto; a “pedra” evoca as tábuas de pedra da Lei do Sinai e os corações de pedra de que falava o profeta Ezequiel (cf. Ez 36,26); a referência à “purificação” evoca os ritos e exigências da antiga Lei que revelavam um Deus susceptível, zeloso, impositivo, que guarda distâncias: ora, um Deus assim pode-se temer, mas não amar… As talhas estão “vazias”, porque todo este aparato era inútil e ineficaz: não servia para aproximar o homem de Deus, mas sim para o afastar desse Deus difícil e distante.
Detenhamo-nos, agora, nas personagens apresentadas. Temos, em primeiro lugar, a “mãe”: ela “estava lá”, como se pertencesse à boda; por outro lado, é ela que se apercebe do intolerável da situação (“não têm vinho”): representa o Israel fiel, que já se tinha apercebido da realidade e que esperava que o Messias pusesse cobro à situação.
Temos, depois, o “chefe de mesa”: representa os dirigentes judeus, instalados comodamente, que não se apercebem – ou não estão interessados em entender – que a antiga “aliança” caducou.
Os “serventes” são os que colaboram com o Messias, que estão dispostos a fazer tudo “o que Ele disser” (cf. Ex 19,8) para que a “aliança” seja revitalizada.
Temos, finalmente, Jesus: é a Ele que o Israel fiel (a “mulher”/mãe) se dirige no sentido de dar nova vida a essa “aliança” caduca; mas o Messias anuncia que é preciso deixar cair essa “aliança” onde falta o vinho do amor (“que temos nós com isso?”). A obra de Jesus não será preservar as instituições antigas, mas apresentar uma radical novidade… Isso acontecerá quando chegar a “Hora” (a “Hora” é, em João, o momento da morte na cruz, quando Jesus derramar sobre a humanidade essa lição do amor total de Deus).
O episódio das “bodas de Caná” anuncia, portanto, o programa de Jesus: trazer à relação entre Deus e os homens o vinho da alegria, do amor e da festa. Este programa – que Jesus vai cumprir paulatinamente ao longo de toda a sua vida – realizar-se-á em plenitude no momento da “Hora” – da doação total por amor.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão e actualização, considerar as seguintes questões:
Quando a relação com Deus assenta num jogo intrincado de ritos externos, de regras e de obrigações que é preciso cumprir, a religião torna-se um pesadelo insuportável que tiraniza e oprime. Ora, Jesus veio revelar-nos Deus como um Pai bondoso e terno, que fica feliz quando pode amar os seus filhos. É esse o “vinho” que Jesus veio trazer para alegrar a “aliança”: o “vinho” do amor de Deus, que produz alegria e que nos leva à festa do encontro com o Pai e com os irmãos. A nossa “religião” é isto mesmo – o encontro com o Jesus que nos dá o vinho do amor?
• O que é que os nossos olhos e os nossos lábios revelam aos outros: a alegria que brota de um coração cheio de amor, ou o medo e a tristeza que brotam de uma religião de pesadelo, de leis e de medo?
Com qual das personagens que participam da “boda” nos identificamos: com o chefe de mesa, comodamente instalado numa religião estéril, vazia e hipócrita, com a “mulher”/mãe que pede a Jesus que resolva a situação, ou com os “serventes” que vão fazer “tudo o que Ele disser” e colaborar com Jesus no estabelecimento da nova realidade?

sábado, 19 de janeiro de 2013

(in)PRENSA semanal: a (minha) selecção possível

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.
 
Presidente da Câmara de Palmela vai reformar-se aos 47 anos
http://www.publico.pt/local/noticia/presidente-da-camara-de-palmela-vai-reformarse-aos-47-anos-1580370
Reformas do FMI reformas de autarcas
http://expresso.sapo.pt/reformas-do-fmi-reformas-de-autarcas=f778997
Cobardia política
http://expresso.sapo.pt/cobardia-politica=f778726
Os “cadastrados” do BCP
http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=34&did=92575
Médicos europeus acusam governos de pôr economia à frente do bem-estar
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=92727
Relatório do FMI teve "mão" do Governo
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=92820
Freitas do Amaral prevê novo Governo a partir do Verão
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=92817
Canotilho: "Baixar salários é baixar direitos"
http://expresso.sapo.pt/canotilho-baixar-salarios-e-baixar-direitos=f779642?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2013-01-16
O que diz o FMI sobre Portugal




 

 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CINEMA: "Guia para um final feliz": saber olhar o futuro com esperança após a perda, ausência e frustração

Construir de forma consistente uma obra que se debruce sobre um dos maiores e mais comuns problemas que afligem a nossa sociedade – a capacidade de lidar com a perda, a ausência e a frustração – está longe de ser uma tarefa fácil. Mas foi a que assumiu o realizador David O. Russell ao propor-se simultaneamente retratar, convidar à reflexão e divertir os espetadores com a adaptação ao cinema do romance “Silver Linings Playbook” de Matthew Quick (2008). Do ímpeto de evasão à procura dos paliativos mais imediatos, do desmoronamento à reconstrução da relação a dois, da dúvida e do pessimismo à convicção e à esperança em melhores dias, tudo começando no princípio de que é de dentro de nós que parte a solução, eis um filme que de forma suave é capaz de tocar questões importantes que fazem parte do nosso dia-a-dia – questões nossas ou dos que nos rodeiam.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

HISTÓRIA/BIOGRAFIA: Álvaro Cunhal

"A essência do ofício, do percurso das artes. A arquitetura, a diplomacia, o cinema, o teatro, a ciência, a música... As ideias e o pensamento." - ANTENA 2, pois claro!!!

1ª parte
2ª parte

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

RELIGIÃO: "Cronista do Reino de Deus a caminho"

por ANSELMO BORGES

No passado dia 10 de Dezembro, realizou-se em Lisboa uma merecida homenagem a Frei Bento Domingues, com a apresentação do livro Frei Bento Domingues e o Incómodo da Coerência, onde escrevem personalidades destacadas de diferentes quadrantes da cultura, da política, da religião.
Os intervenientes na sessão salientaram os valores por que Frei Bento se rege: a coerência, o diálogo, o humanismo universalista (Guilherme d'Oliveira Martins), a sabedoria, a dignidade humana, a ética (Maria José Morgado), o amor, a tolerância (Luís Osório, que concluiu: "Sempre que vejo um homem e penso em Jesus, penso em Frei Bento").
Ao longo da sua vida, foi deixando lições fundamentais: a paixão por Jesus Cristo, a liberdade cristã - "foi para a liberdade que Cristo nos libertou", escreveu São Paulo -, uma teologia que tem de ser encarnada, o combate pelos direitos humanos, a magnanimidade com os perseguidores, o despojamento em relação ao Poder, que conhece mas ao qual nunca se colou, a alegria, aliada a uma ironia fina, uma generosidade sem limites. É enorme a dívida da Igreja e dos portugueses para com Frei Bento Domingues.
O que aí fica é uma brevíssima tentativa de leitura da sua teologia, expressa cada domingo nas suas crónicas. Ele também lê o Evangelho, e lá está, no Prólogo do Evangelho segundo São João: o Logos, a Palavra, fez-se carne, ser humano frágil, fez-se tempo (Chronos), assumindo-o na sua fragilidade e dando-lhe sentido. Aí está a crónica no sentido teológico: a Palavra no tempo - a Palavra habita o tempo, e então o ser humano transcende o tempo na sua voragem, há um Sentido de todos os sentidos - quantas vezes, nos seus textos, Frei Bento refere esta ideia: a articulação do Sentido de todos os sentidos.
O que são os Evangelhos senão narrativas - histórias do e no tempo, iluminadas pela Palavra? O que são os evangelistas senão cronistas do Reino de Deus a acontecer em histórias paradigmáticas? Será possível uma teologia viva que não seja teologia narrativa? Concretamente a teologia cristã o que é senão reflexão explicitada sobre a praxis do Reino de Deus? É assim que Frei Bento é o teólogo-hermeneuta, se se quiser, cronista do Reino de Deus, que é o reino do homem bom, justo, livre, fraterno e feliz.
E aí estão os seus grandes princípios arquitectónicos: teologia do Reino de Deus; contra a gnose, porque "não há salvação fora do mundo"; teologia que não abandona a razão crítica, também em relação à Igreja, frequentemente "pasmada e sentada", no dizer de Fernando Alves, até porque sabe que a razão autónoma, feito o seu percurso todo, descobre que ela própria se acende na noite do Mistério e que só um homem livre pode dizer sim a Deus; teologia que vincula ética e estética; teologia ecuménica: todos estão incluídos, sem anular, pelo contrário, implicando, as diferenças; teologia para a paz e articulando-se à volta da ética e da mística, num vínculo indissolúvel, pois a nova catolicidade passa por essa outra nova globalização desde baixo, desde os débeis, pobres e marginalizados, à escala mundial.
O tempo, na sua fragilidade e carácter efémero, é habitado: o Verbo fez-se carne no tempo. Frei Bento Domingues continuará a alumiar-nos como cronista do Reino de Deus a caminho, Reino de uma humanidade boa, livre, justa e feliz. Precisamente a concretização desta bondade, liberdade, justiça, fraternidade, diálogo, felicidade, no horizonte sempre mais aberto de esperança no Sentido de todos os sentidos, irá sendo o critério de verificação da verdade da fé e da teologia, uma verificação sempre frágil, porque, num mundo que é processo, a verificação última é para todos escatológica: só no fim se saberá.
De todos os modos, como ele escreveu, "A religião verdadeira é a respiração da alegria da terra ou o projecto contra o sofrimento do mundo. Quando uma religião, uma igreja ou uma seita se cala perante a humilhação da condição humana, é porque se esqueceu da pergunta de Deus que percorre a história da desumanidade: 'que fizeste do teu irmão?' A arte de viver de Jesus de Nazaré foi esta pergunta feita carne, humanidade de Deus."

FONTE:http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2977034&seccao=Anselmo Borges&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

POLÍTICA/ECONOMIA/FINANÇAS: o "PORQUÊ" dos "porquês".​..

A propósito de Bancos, FMI, Troika & demais cÂÁÃÀ quejandos...que, com a nossa cumplicidade - nossa, quer dizer, com a cumplicidade dos "habitués" que lá, no poder, os põem, esquecendo-se que há um partido "protestativo" & indicativo, o partido do VOTO EM BRANCO - nos levam, tiram, usurpam, maltratam, subtraem,..., atente-se nisto que mãos amigas me fizeram chegar ( a quem já viu peço desculpa, mas se calhar é bom & conveniente, rever e/ou partilhar) e eu resolvi "dossierfi(c)ar":
- "Eles deviam era ter vergonha de sair à rua"
- Em análise, o estado social do país.
- Sic Grande Reportagem: Investigação ao Banco Português de Negócios (BPN) (22 Dez 2012).
- Banca rota
- Apresentação do livro: "Quem Paga o Estado Social em Portugal",
- Como Descrever a Crise Espanhola (e a Crise Portuguesa) a Falar do Equador
(Rafael Correa, presidente do Equador desde 2007...)

DEZEMBRO 3, 2012 - 10:28PM | POR BONIFACIO CAÑIBANO
Rafael Correa chegou ontem à tarde à Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha, onde era aguardado por uma multidão de pessoas. Veio explicar como tinha o Equador saído da crise da sua dívida ou, como ele próprio chamou, da «longa noite neoliberal» na qual afundaram o país na década de noventa: a ação conjunta de banqueiros insaciáveis, políticos corruptos e governos cegamente obedientes às medidas desreguladoras do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Parecia estar a descrever o que se está a passar em Espanha e no Sul da Europa, porque o processo era quase uma fotocópia do seguido aqui, de tal modo que, para não provocar conflitos diplomáticos, avisou no início da conferência que «não vinha dar conselhos ao governo espanhol sobre a forma de sair da crise, mas sim descrever o que tinha acontecido no país dele». A sala onde decorreu a conferência estava a abarrotar de estudantes e havia mais três salas onde se seguia a sua intervenção por videoconferência. Mesmo assim, não era suficiente. Fora, no campus, um numeroso grupo de estudantes que tinham ficado sem lugar gritava durante metade da conferência: «Que saia Correa!»O presidente do Equador situou a origem dos problemas económicos do seu país na década de setenta, em pleno boom do petróleo. Nessa altura, o Equador crescia a um ritmo de 10 por cento, superior ao que a China apresenta atualmente. Então, quando houve excesso de liquidez, começaram a aparecer em Quito os burocratas do FMI, do BM e da banca internacional, predicando o endividamento agressivo. O país começou a comprar compulsivamente no estrangeiro todo o tipo de coisas, entre as quais, obviamente, pacotes de armamento caríssimos.
Em 1982, o Equador já não conseguiu pagar a dívida e a situação explodiu.
Naquela altura, disse Correa, «entrou em funcionamento a lógica financeira do FMI, que dá a prioridade ao pagamento da dívida, acima de tudo». Os sucessivos governos equatorianos sentiram a necessidade de endividar-se uma e outra vez para poder pagar os cada vez mais altos juros de uma dívida que continuava a crescer. «O objetivo da economia passou a ser o pagamento das dívidas do próprio Estado e dos bancos, enquanto a população empobrecia cada vez mais», acrescentou, levando os estudantes a aplaudir entusiasticamente. «O círculo infernal em que se encontram atualmente Grécia e Portugal» – afirmou Correa, que, por respeito ao país anfitrião, não incluiu a Espanha nesta referência. No Equador, sustentou o Presidente, «a dívida privada interna (a dos bancos) foi paga à base de empréstimos externos, mas à custa do endividamento do Estado». Também desta vez não referiu Espanha, mas lembrou que dois anos antes, numa visita a Portugal, tinha avisado o governo português do risco de acontecer o mesmo no país vizinho. Augúrio cumprido.
O passo que o Equador deu em seguida também é bem conhecido nestas latitudes: «Foi o das privatizações, desregulações e cortes sociais, ditados pelo consenso de Washington, a Bíblia do neoliberalismo para a América Latina». (Algo semelhante ao que ditam atualmente Berlim ou Bruxelas). «Impuseram-nos leis», disse o Presidente, «que, diziam eles, impulsionavam a competitividade e a flexibilidade no trabalho, que é o mesmo que explorar os trabalhadores», esclareceu a uns estudantes cujos aplausos e entusiasmo continuavam a aumentar. «Demonizavam a despesa pública quando era para pagar aos professores, mas não quando era para comprar armas», voltou a esclarecer.
Foi nesta conjuntura que o Equador entrou no ano 2000, no qual 16 bancos foram à falência. «Então, os políticos, que não representavam os cidadãos mas sim os poderes económicos, tudo fizeram para que a crise fosse paga pelo povo», referiu, tendo todo o cuidado para não mencionar em momento algum a Espanha, enquanto as quatro salas aplaudiam com grande alvoroço.
Correa explicou que, pouco antes da falência, o governo em funções criou um Fundo de Garantia de Depósitos, que não teria sido uma má ideia se o objetivo não tivesse sido o de cobrir as perdas das entidades financeiras que faliram imediatamente depois. “Desta forma, as perdas da banca foram socializadas”. O presidente equatoriano manteve-se firme na decisão de não fazer comparações com a Espanha. O «quintalinho» equatoriano recebeu o nome de encautamiento de depósitos (cativação de depósitos), que se traduz na proibição governamental de os cidadãos utilizarem o dinheiro que tinham no banco. Depois chegou a dolarização, os suicídios – «chegamos a conhecer um novo fenómeno, o suicídio infantil» – e a emigração de milhões de equatorianos (alguns dos quais presentes na conferência).
Correa criticou abertamente a independência do Banco Central Europeu, «que não está a fazer o necessário para que a Europa saia da crise». «A ideia de que a economia não é política não resiste a uma análise séria e torna-se uma estupidez argumentar que os tecnocratas que a dirigem tomam decisões sem interesses políticos concretos, como se fossem seres celestiais que não estão contaminados pela maldade terrena».
Nesta altura o público estava rendido. Depois, dirigindo-se aos estudantes, disse: «Quando a burocracia financeira internacional toma decisões, não está a pensar em solucionar o vosso desemprego, está a pensar no pagamento da dívida». E disse-o com a elegância de colocar como sujeito dessa ação a burocracia internacional... não os políticos locais. Foi mais direto ao evocar um cartaz que tinha visto em Sevilha nessa manhã e que dizia «Gente sem casas e casas sem gente». «Se seguirmos a lógica dos poderes financeiros vamos chegar ao pior dos mundos possíveis, no qual as pessoas não terão casas e os bancos terão casas de que não precisam». Os despejos são inumanos, disse, e «não tem lógica que uma pessoa que entrega a casa, por não a conseguir pagar, fique endividado para sempre». O presidente explicou que, quando chegou ao governo em 2007, implementou de imediato diversas medidas: eliminou a hegemonia do seu banco central, auditou e reestruturou a dívida, eliminando o embuste da «dívida ilegítima» e recuperando títulos de dívida a 35 por cento do seu valor nominal. Depois pagou o resto, «para se livrar do condicionamento do FMI, como haviam feito o Brasil e a Venezuela». Correa terminou lembrando que «expulsei de Quito a missão do Banco Mundial e há seis anos que a burocracia financeira internacional não voltou ao meu país. Agora estamos melhor do que nunca».
Tradução de David Mesa
Revisão de Rita Veloso
Veja-se também a intervenção de Rafael Correa na XII Cimeira Ibero-Americana, em Cadiz, no dia 17 de Novembro de 2012 (em castelhano):

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO. O consumismo

É sabido que, durante as últimas décadas, o estilo de vida dos países ocidentais (e não só) vinha sendo dominado pelo “consumismo”. Trata-se de um estilo de vida impróprio e insustentável (estima-se que para que toda a população mundial usufruísse de um estilo de vida equivalente ao dos Estados Unidos da América, seriam precisos seis planetas Terra). Consumismo não é apenas uma prática de esbanjamento do dinheiro que se tem e que se não tem, em coisas mais do que supérfluas mas que se apresentam como necessárias ao nosso modelo de felicidade. É também isso, mas é sobretudo um quadro cultural e de comportamento social. Por vezes, acontece que, por mais que tenhamos, a felicidade parece depender precisamente do que ainda não temos.
Ler mais em: http://www.snpcultura.org/consumismo_quadro_cultural_comportamento_social.html

domingo, 13 de janeiro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOLc 3,15-16.21-22

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
o povo estava na expectativa
e todos pensavam em seus corações
se João não seria o Messias.
João tomou a palavra e disse-lhes:
«Eu baptizo-vos com água,
mas vai chegar quem é mais forte do que eu,
do qual não sou digno de desatar as correias das sandálias.
Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo».
Quando todo o povo recebeu o baptismo,
Jesus também foi baptizado;
e, enquanto orava, o céu abriu-se
e o Espírito Santo desceu sobre Ele
em forma corporal, como uma pomba.
E do céu fez-se ouvir uma voz:
«Tu és o meu Filho muito amado:
em Ti pus toda a minha complacência».

AMBIENTE

O Evangelho deste domingo apresenta o encontro entre Jesus e João Baptista, nas margens do rio Jordão. Na circunstância, Jesus foi baptizado por João.
João Baptista foi o guia carismático de um movimento de cariz popular, que anunciava a proximidade do “juízo de Deus”. A sua mensagem estava centrada na urgência da conversão (pois, na opinião de João, a intervenção definitiva de Deus na história para destruir o mal estava iminente) e incluía um rito de purificação pela água.
O “baptismo” proposto por João não era, na verdade, uma novidade insólita. O judaísmo conhecia ritos diversos de imersão na água, sempre ligados a contextos de purificação ou de mudança de vida. O “mergulhar na água” era, inclusive, um rito usado na integração dos “prosélitos” (os pagãos que aderiam ao judaísmo) na comunidade do Povo de Deus.
Na perspectiva de João, provavelmente, este “baptismo” era um rito de iniciação à comunidade messiânica: quem aceitava este “baptismo” renunciava ao pecado, convertia-se a uma vida nova e passava a integrar a comunidade do Messias.
O que é que Jesus tem a ver com isto? Que sentido faz Ele apresentar-se a João para receber este “baptismo” de purificação, de arrependimento e de perdão dos pecados?
Para Lucas, João Baptista é a última testemunha de um tempo salvífico que está a chegar ao fim: o tempo da antiga Aliança (cf. Lc 16,16). O aparecimento em cena de Jesus significa o começo de um novo tempo, o tempo em que o próprio Deus vem ao mundo, feito pessoa humana, para oferecer à humanidade escravizada a vida e a salvação. No episódio do “baptismo” revela-se, desde logo, a missão específica e a verdadeira identidade de Jesus.
Em toda a secção (cf. Lc 3,1-4,13), Lucas segue o texto de Marcos (cf. Mc 1,1-13), completado com algumas tradições provenientes de uma outra “fonte”, formada por “ditos” de Jesus.

MENSAGEM

Numa Palestina em plena efervescência messiânica, a figura e a actividade de João fazem que surjam conjecturas sobre o seu possível messianismo. Será João esse “ungido de Deus” (“messias”), cuja missão é libertar Israel da dominação estrangeira e assegurar ao Povo de Deus vida em abundância e paz sem fim?
João rejeita, de forma categórica, essa possibilidade. Ele não é o “messias”; a sua missão (inclusive como administrador de um “baptismo” de penitência e de purificação) é, apenas, preparar o Povo para esse tempo novo que vai começar com a chegada do verdadeiro “messias” (vers. 15-16). O “messias” que “vai chegar” é definido por João como “aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno desatar as correias das sandálias”. “Desatar as correias das sandálias” era tarefa dos escravos (por isso, a tradição rabínica proibia ao discípulo desatar as correias das sandálias do seu mestre). A imagem utilizada define, pois, João como um “escravo” cuja missão é estar ao serviço desse “messias” que está para chegar. O “messias”, além de ser “mais forte” do que João, irá “baptizar com o Espírito e com o fogo”. Tanto a fortaleza, como o baptismo no Espírito, são prerrogativas que caracterizam o Messias que Israel esperava (cf. Is 9,5-6; 11,2). O testemunho de João não oferece dúvidas: chegou o tempo do “messias”, o tempo da libertação que os profetas anunciaram, o tempo em que o Povo de Deus irá receber o Espírito. Na perspectiva de Lucas, esta “profecia” de João concretizar-se-á no dia de Pentecostes: o “fogo” do “messias”, derramado sobre os discípulos reunidos no cenáculo, fará nascer um Povo novo e livre, a comunidade da nova Aliança.
A cena do “baptismo” irá identificar claramente esse “messias” anunciado por João com o próprio Jesus (vers. 21-22). O Espírito Santo, que desce sobre Jesus “como uma pomba”, leva-nos a essa figura de “Servo de Jahwéh” apresentada na primeira leitura, que recebe o Espírito de Deus para levar “a justiça às nações”. Por outro lado, a “voz vinda do céu” apresenta Jesus como “o Filho muito amado” de Deus (vers. 22). A missão de Jesus será, como a do “Servo”, “abrir os olhos aos cegos, tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas” (Is 42,7); para concretizar esse projecto, Ele irá “baptizar no Espírito” e inserir os homens numa dinâmica de vida nova – a vida no Espírito.
Na cena do “baptismo” de Jesus, o testemunho de Deus acerca de Jesus é acompanhado por três factos estranhos que, no entanto, devem ser entendidos em referência a factos e símbolos do Antigo Testamento…
Assim, a abertura do céu significa a união da terra e do céu. A imagem inspira-se, provavelmente, em Is 63,19, onde o profeta pede a Deus que “abra os céus” e desça ao encontro do seu Povo, refazendo essa relação que o pecado do Povo interrompeu. Desta forma, Lucas anuncia que a actividade de Jesus vai reconciliar o céu e a terra, vai refazer a comunhão entre Deus e os homens.
O símbolo da pomba não é imediatamente claro… Provavelmente, não se trata de uma alusão à pomba que Noé libertou e que retornou à arca (cf. Gn 8,8-12); é mais provável que a pomba (em certas tradições judaicas, símbolo do Espírito de Deus que, no início, pairava sobre as águas – cf. Gn 1,2) evoque a nova criação que terá lugar a partir da actividade que Jesus vai iniciar. A missão de Jesus é, portanto, fazer aparecer um Homem Novo, animado pelo Espírito de Deus.
Temos, finalmente, a voz do céu. Trata-se de uma forma muito usada pelos rabbis para expressar a opinião de Deus acerca de uma pessoa ou de um acontecimento. Essa voz declara que Jesus é o Filho de Deus; e fá-lo com uma fórmula tomada desse cântico do “Servo de Jahwéh” que vimos na primeira leitura de hoje (cf. Is 42,1)… A referência ao Servo de Jahwéh sugere que a missão de Jesus, o Filho de Deus, não se desenrolará no triunfalismo, mas na obediência total ao Pai; não se cumprirá com poder e prepotência, mas na suavidade, na simplicidade, no respeito pelos homens (“não gritará, nem levantará a voz; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega” – Is 42,2-3).
Porque é que Jesus quis ser baptizado por João? Jesus necessitava de um baptismo cujo significado primordial estava ligado à penitência, ao perdão dos pecados e à mudança de vida? Ao receber este baptismo de penitência e de perdão dos pecados (do qual não precisava, porque Ele não conheceu o pecado), Jesus solidarizou-Se com o homem limitado e pecador, assumiu a sua condição, colocou-Se ao lado dos homens para os ajudar a sair dessa situação e para percorrer com eles o caminho da libertação, o caminho da vida plena. Esse era o projecto do Pai, que Jesus cumpriu integralmente.
A cena do Baptismo de Jesus revela, portanto, essencialmente, que Jesus é o Filho de Deus, que o Pai envia ao mundo a fim de cumprir um projecto de libertação em favor dos homens. Como verdadeiro Filho, Ele obedece ao Pai e cumpre o plano salvador do Pai; por isso, vem ao encontro dos homens, solidariza-Se com eles, assume as suas fragilidades, caminha com eles, refaz a comunhão entre Deus e os homens que o pecado havia interrompido e conduz os homens ao encontro da vida em plenitude. Da actividade de Jesus, o Filho de Deus que cumpre a vontade do Pai, resultará uma nova criação, uma nova humanidade.

ACTUALIZAÇÃO

• No episódio do Baptismo, Jesus aparece como o Filho amado, que o Pai enviou ao encontro dos homens para os libertar e para os inserir numa dinâmica de comunhão e de vida nova. Nessa cena revela-se, portanto, a preocupação de Deus e o imenso amor que Ele nos dedica… É bonita esta história de um Deus que envia o próprio Filho ao mundo, que pede a esse Filho que Se solidarize com as dores e limitações dos homens e que, através da acção do Filho, reconcilia os homens consigo e fá-los chegar à vida em plenitude. Aquilo que nos é pedido é que correspondamos ao amor do Pai, acolhendo a sua oferta de salvação e seguindo Jesus no amor, na entrega, no dom da vida. Ora, no dia do nosso Baptismo, comprometemo-nos com esse projecto… Temos, depois disso, renovado diariamente o nosso compromisso e percorrido, com coerência, esse caminho que Jesus nos veio propor?

• A celebração do Baptismo do Senhor leva-nos até um Jesus que assume plenamente a sua condição de “Filho” e que Se faz obediente ao Pai, cumprindo integralmente o projecto do Pai de dar vida ao homem. É esta mesma atitude de obediência radical, de entrega incondicional, de confiança absoluta que eu assumo na minha relação com Deus? O projecto de Deus é, para mim, mais importante de que os meus projectos pessoais ou do que os desafios que o mundo me faz?

• O episódio do Baptismo de Jesus coloca-nos frente a frente com um Deus que aceitou identificar-Se com o homem, partilhar a sua humanidade e fragilidade, a fim de oferecer ao homem um caminho de liberdade e de vida plena. Eu, filho deste Deus, aceito ir ao encontro dos meus irmãos mais desfavorecidos e estender-lhes a mão? Partilho a sorte dos pobres, dos sofredores, dos injustiçados, sofro na alma as suas dores, aceito identificar-me com eles e participar dos seus sofrimentos, a fim de melhor os ajudar a conquistar a liberdade e a vida plena? Não tenho medo de me sujar ao lado dos pecadores, dos marginalizados, se isso contribuir para os promover e para lhes dar mais dignidade e mais esperança?

• No Baptismo, Jesus tomou consciência da sua missão (essa missão que o Pai Lhe confiou), recebeu o Espírito e partiu em viagem pelos caminhos poeirentos da Palestina, a testemunhar o projecto libertador do Pai. Eu, que no Baptismo aderi a Jesus e recebi o Espírito que me capacitou para a missão, tenho sido uma testemunha séria e comprometida desse programa em que Jesus Se empenhou e pelo qual Ele deu a vida?

FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=444