"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 30 de junho de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHO – Lc 9,51-62
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo,
Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém
e mandou mensageiros à sua frente.
Estes puseram-se a caminho
e entraram numa povoação de samaritanos,
a fim de Lhe prepararem hospedagem.
Mas aquela gente não O quis receber,
porque ia a caminho de Jerusalém.
Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus:
«Senhor,
queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?»
Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os.
E seguiram para outra povoação.
Pelo caminho, alguém disse a Jesus:
«Seguir-Te-ei para onde quer que fores».
Jesus respondeu-lhe:
«As raposas têm as suas tocas
e as aves do céu os seus ninhos;
mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça».
Depois disse a outro: «Segue-Me».
Ele respondeu:
«Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai».
Disse-lhe Jesus:
«Deixa que os mortos sepultem os seus mortos;
tu, vai anunciar o reino de Deus».
Disse-Lhe ainda outro:
«Seguir-Te-ei, Senhor;
mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família».
Jesus respondeu-lhe:
«Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás
não serve para o reino de Deus».
AMBIENTE
Aqui começa, precisamente, a segunda parte do Evangelho segundo Lucas. Até agora, Lucas situou Jesus na Galileia (1ª parte); mas, a partir de 9,51, Lucas põe Jesus a caminhar decididamente para Jerusalém. A “caminhada” que Jesus aqui inicia com os discípulos é mais teológica do que geográfica: não se trata tanto de fazer um diário da viagem ou de fazer a lista dos lugares por onde Jesus vai passar até chegar a Jerusalém; trata-se, sobretudo, de apresentar um itinerário espiritual, ao longo do qual Jesus vai mostrando aos discípulos os valores do “Reino” e os vai presenteando com a plenitude da revelação de Deus. Todo este percurso que aqui se inicia converge para a cruz: ela vai trazer a revelação suprema que Jesus quer apresentar aos discípulos e nela vai irromper a salvação definitiva. Os discípulos são exortados a seguir este “caminho”, para se identificarem plenamente com Jesus… Lucas propõe aqui à sua comunidade o itinerário que os autênticos crentes devem percorrer.
MENSAGEM
Lucas começa por apresentar as “exigências” do “caminho”. O nosso texto apresenta, nitidamente, duas partes, dois desenvolvimentos.
Na primeira parte (vers. 51-56), o cenário de fundo situa-nos no contexto da hostilidade entre judeus e samaritanos. Trata-se de um dado histórico: a dificuldade de convivência entre os dois grupos era tradicional; os peregrinos que iam a Jerusalém para as grandes festas de Israel procuravam evitar a passagem pela Samaria, utilizando preferencialmente o “caminho do mar” (junto da orla costeira), ou o caminho que percorria o vale do rio Jordão, a fim de evitar “maus encontros”.
A primeira lição de Jesus ao longo desta “caminhada” vai para a atitude que os discípulos devem assumir face ao “ódio” do mundo. Que fazer quando o mundo tem uma atitude de rejeição face à proposta de Jesus? Tiago e João pretendem uma resposta agressiva, “musculada”, que retribua na mesma moeda, face à hostilidade manifestada pelos samaritanos (a referência ao “fogo do céu” leva-nos ao castigo que Elias infligiu aos seus adversários – cf. 2 Re 1,10-12); mas Jesus avisa-os que o seu “caminho” não passa nem passará nunca pela imposição da força, pela resposta violenta, pela prepotência (no seu horizonte próximo continua a estar apenas a cruz e a entrega da vida por amor: é no dom da vida e não na prepotência e na morte que se realizará a sua missão). Isto é algo que os discípulos nunca devem esquecer, se estão interessados em percorrer o “caminho” de Jesus.
Na segunda parte (vers. 57-62), Lucas apresenta – através do diálogo entre Jesus e três candidatos a discípulos – algumas das condições para percorrer, com Jesus, esse “caminho” que leva a Jerusalém, isto é, que leva ao acontecer pleno da salvação. Que condições são essas?
O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se totalmente das preocupações materiais: para o discípulo, o Reino tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material.
O segundo diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se desses deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância (o dever de sepultar os pais é um dever fundamental no judaísmo), impedem uma resposta imediata e radical ao Reino.
O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se de tudo (até da própria família, se for necessário), para fazer do Reino a sua prioridade fundamental: nada – nem a própria família – deve adiar e demorar o compromisso com o Reino.
Não podemos ver estas exigências como normativas: noutras circunstâncias, Ele mandou cuidar dos pais (cf. Mt 15,3-9); e os discípulos – nomeadamente Pedro – fizeram-se acompanhar das esposas durante as viagens missionárias (cf. 1 Cor 9,5)… O que estes ensinamentos pretendem dizer é que o discípulo é convidado a eliminar da sua vida tudo aquilo que possa ser um obstáculo no seu testemunho quotidiano do Reino.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar os seguintes elementos:
¨ A nós, discípulos de Jesus, é proposto que O sigamos no “caminho” de Jerusalém, nesse “caminho” que conduz à salvação e à vida plena. Trata-se de um “caminho” que implica a renúncia a nós mesmos, aos nossos interesses, ao nosso orgulho, e um compromisso com a cruz, com a entrega da vida, com o dom de nós próprios, com o amor até às últimas consequências. Aceitamos ser discípulos, isto é, embarcar com Jesus no “caminho de Jerusalém”?
¨ Jesus recusa, liminarmente, responder à oposição e à hostilidade do mundo com qualquer atitude de violência, de agressividade, de vingança. No entanto, a Igreja de Jesus, na sua caminhada histórica, tem trilhado caminhos de violência, de fanatismo, de intolerância (as cruzadas, as conversões à força, os julgamentos da “santa” Inquisição, as exigências que criam em tantas consciências escravidão e sofrimento…). Diante disto, resta-nos reconhecer que, infelizmente, nem sempre vivemos na fidelidade aos caminhos de Jesus e pedir desculpa aos nossos irmãos pela nossa falta de amor. É preciso, também, continuar a anunciar o Evangelho com fidelidade, com firmeza e com coragem, mas no respeito absoluto por aqueles que querem seguir outros caminhos e fazer outras opções.
¨ O “caminho do discípulo” é um caminho exigente, que implica um dom total ao “Reino”. Quem quiser seguir Jesus, não pode deter-se a pensar nas vantagens ou desvantagens materiais que isso lhe traz, nem nos interesses que deixou para trás, nem nas pessoas a quem tem de dizer adeus… O que é que, na nossa vida quotidiana, ainda nos impede de concretizar um compromisso total com o “Reino” e com esse caminho do dom da vida e do amor total?
 

sábado, 29 de junho de 2013

EFEMÉRIDE: Dia de S. Pedro e S.Paulo

Quando celebramos o triunfo da graça de Deus em Pedro e Paulo, celebramos igualmente o facto de também nós podermos ser grandes, cada um de acordo com a sua realidade. A festa é também uma oportunidade para afastar todos os falsos medos que nos segredam que nunca sairemos do que somos hoje, todos aqueles medos que nos dizem que nem Deus nos pode fazer crescer interiormente, que nem Deus nos pode tornar grandes.
Ler mais em:

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão
 
Contrapoder: compacto da semana
Polícia PSP à caça de mitos urbanos
Cadilhe defende venda das reservas de ouro
Sampaio da Nóvoa discorda da rotação de poder entre PSD e PS
Portugueses preferem guardar dinheiro em cofres
Quase 30% do pão tem substâncias à margem da lei
"A história dos vistos é uma história feliz"
Bono diz que “ou Jesus era quem dizia, ou era louco”
Desempregados alimentam-se de restos e vivem sem luz e água
Todos unidos contra o Governo, pede Salgueiro aos reformados
Sobre o declínio ocidental
O Governo e os funcionários públicos
Há mais milionários em Portugal
A almoçarada
“Sou como vocês. Somos todos iguais”, afirma Francisco
Entrevista a Luís Portela
A greve que interessa
"Precisamos de greves"
Prestação da casa sobe por culpa dos Estados Unidos
Podem vir aí novas mudanças nas pensões
E se o Euro morrer em Paris?
Visita ao país real e humano
Os trabalhos de Passos
Vírus da Sida salva criança
À beira da clarificação
Os 113 contratos 'swap' das empresas públicas








sexta-feira, 28 de junho de 2013

FOTOGRAFIA: aprender a ver com os olhos do coração

Uma exposição como a do World Press Photo exalta a força que uma imagem pode ter. Mas ao mesmo tempo, ela denuncia que algo está doente na nossa comunicação visual. Ao ver aquele retrato de 2012 fiquei com a impressão que ali me estava a ser mostrado um ano diferente daquele que quotidianamente me foi dado a ver através dos media. O modo acelerado e inquieto com que hoje os media tendem a fazer passar diante de nós as imagens deste nosso tempo em vez de gerar proximidade, parece criar indiferença. De tanto estimulados, os nossos olhos como que se defendem não levando muito a sério o que vêem. A multiplicação nervosa de imagens não é pois garantia de um olhar mais atento e sensível ao real.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

CINEMA: Explorar as circuntâncias é um factor vital

por Paulo Miguel Martins,
in Jornal de Negócios, 02 Maio 2013
 

 

Uma circunstância difícil pode originar uma mudança de atitude ou o aperfeiçoamento de uma estratégia.

As circunstâncias surgem, acontecem e impõe-se. São imprevisíveis, imponderáveis e imprevistas. Não dependem da vontade dos agentes envolvidos. O que cada um pode controlar e dominar é a reacção perante esse factor. O que realmente conta é o "como" enfrentar as circunstâncias e as acções que se tomam para as ultrapassar.
Em primeiro lugar é preciso avaliá-las como adversas ou favoráveis. Em ambos os casos, devem ser aproveitadas. Uma circunstância difícil pode originar uma mudança de atitude ou o aperfeiçoamento de uma estratégia que permite até superar o plano inicial. Noutras ocasiões, um "imprevisto" pode indicar uma falha que ao ser logo detectada e corrigida, abre caminho para o resultado planeado.

É útil analisar o contexto das circunstâncias e o que elas demonstram, representam e significam.
De igual modo, as circunstâncias favoráveis podem potenciar iniciativas que ganham ainda maior dimensão, tirando partido de sinergias de outras actividades que se vão unindo e conjugando para alcançarem o objectivo traçado.
Em segundo lugar, é útil analisar o contexto das circunstâncias e o que elas demonstram, representam e significam. Saber "ler e percepcionar" o que acontece permite uma melhor adequação de uma acção à realidade concreta. Nessa análise é essencial diferenciar o "emocional" do "racional", utilizando ferramentas válidas que indiquem o que realmente se passa e só a partir daí, decidir e agir correctamente.

Os dois filmes seleccionados apresentam desafios que começam em circunstâncias difíceis. No entanto, tirando o máximo partido dessas mesmas condições e das oportunidades que criam, acabam por vencer! Vale a pena aproveitar estas lições!

"Regra de silêncio"


Realizador Robert Redford
Actores Shia LaBeouf, Julie Christie
Duração 121 min.
Ano 2012
Um advogado bem sucedido, já viúvo com uma filha adolescente, vê de repente toda a sua vida posta em causa. Uma colega sua de há 30 anos atrás é presa pelo FBI, por crimes cometidos enquanto ambos faziam parte de um grupo radical dos anos 70 contra a guerra do Vietname. Ela decidira entregar-se. Lutara por causas que considerara nobres, mas matara gente inocente. Agora quer acertar contas com a sua consciência e defender esses ideais por meios legítimos. No entanto, o seu gesto vai afectar os restantes membros do grupo, alguns dos quais sem culpa nos assassinatos. Todos eles vivem bem e com as vidas refeitas. Uns preferem ignorar o que se passa mas este advogado quer explicar tudo e provar a inocência de alguns, como é o seu caso. Para isso, precisa do testemunho dos outros colegas.
Um jornalista e a polícia iniciam as pesquisas e lançam-se em busca dos vários elementos do grupo. Por sua vez, ele também tenta contactar e convencer os antigos colegas a resolver tudo. O cerco aperta-se. Decide então agir com firmeza. Traça um plano. Confronta os amigos com a realidade do passado e a actual situação. Continuar a viver uma "farsa" é insuportável. Tenta esclarecer como seria "libertador" desvendar tudo e não serem "apanhados" a medo. Mostra-lhes o que está a acontecer e consegue.

Três tópicos de discussão
Analisar as circunstâncias é útil pois dá pistas sobre as decisões a tomar.
Ultrapassar um imprevisto estimula a descoberta da solução mais correcta.
Uma circunstância que se altera pode pôr fim a situações de impasse.

"Não"



Realizador Pablo Larraín
Actores Gael Garcia Bernal, Alfredo Castro
Duração 118 min.
Ano 2012
Em 1988 o presidente Pinochet do Chile convoca um referendo perguntando "Sim" ou "Não" à continuação do seu regime. O filme retrata o papel de um dos principais responsáveis pela campanha do "Não". Trata-se de um jovem que trabalha numa empresa publicitária com experiência. A circunstância do acto eleitoral apanha muitos de surpresa. O jovem criativo vai então aplicar à campanha um tom de vitória e não torná-la numa simples denúncia das injustiças de um poder autoritário. Dentro da sua plataforma política encontra grande oposição mas a todos responde que analisara o contexto social e tivera em conta a "percepção" do momento. O objectivo é ganhar e não um mero ajuste de contas com o passado. Sabe que um discurso para um público amplo e generalista, deve conter uma mensagem a apelar mais à "emoção" do que à "razão". Quer responder aos reais interesses das pessoas e investiga quais são. Defende os seus pontos de vista com dados concretos. Faz uma avaliação constante da estratégia seguida para dar resposta ao que as diversas conjecturas lhe solicitam.
A sua vida pessoal está em crise. As relações com alguns colegas não são das melhores. Há invejas e disputas. No entanto, tira força dessas circunstâncias. Empenha-se no que acredita e acredita no que faz. No final, a vitória leva a sua marca!


Três tópicos de discussão
Novas circunstâncias podem revelar novas potencialidades desconhecidas.
Analisar bem as circunstâncias, clarifica os vários dados de uma questão.
As circunstâncias ajudam a orientar a estratégia adequada a cada momento.

terça-feira, 25 de junho de 2013

HISTÓRIA: recordar o passado para compreender o presente é OBRIGATÓRIO!

O regresso a 1975/76.
A chegada a Portugal em discurso direto.
Testemunhos de quem saiu das ex-colónias para... "Começar de Novo"...
Produção e Realização de Iolanda Ferreira, com comentários da historiadora Helena Matos e participação de Inês Lopes Gonçalves, Madalena Balça e Manuela Silva Reis.
http://www.rtp.pt/play/p1019/comecar-de-novo

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Santo António já se acabou, o São Pedro está-se acabar, São João, São João...

...
Dá cá um balão
Para eu brincar
http://letras.mus.br/lenita-gentil/1669072/

Portugal festeja, neste mês, os seus santos populares: S. António, S. João Baptista e S. Pedro, a 13, 24 e 29 de Junho, respectivamente. São a excepção à nova regra, que expurgou do calendário a memória dos santos, para o preencher com as mais abstrusas efemérides, como o primeiro sábado de Julho, dia mundial das cooperativas e, a 30 de Setembro, o dia internacional do direito à blasfémia.
Nestes dias dos santos populares, as ruas dos bairros típicos dos velhos burgos enchem-se de animação, e improvisam-se altares numas esconsas escadinhas, ou nas portas das tascas, onde o único incenso é o cheiro a vinho e a sardinhas. Alguns severos liturgistas não acharão graça a esta profanação do culto, mas estou certo que os nossos santos, lá no céu, não levam a mal a sem-cerimónia, nem que o seu nome seja invocado para introduzir uma chalaça atrevida, para justificar um inocente beijo mais arrojado, ou até para desculpar mais um copo de sangria.
«A alegria, que era a pequena publicidade do pagão, é o gigantesco segredo do cristão». Com efeito, «para o pagão, as coisas pequenas são agradáveis, como os pequenos regatos que irrompem nas montanhas, mas as coisas grandes, contudo, são amargas» porque, «quando o pagão olha para o coração do cosmos, fica gelado». Mas, prossegue Chesterton, «a melancolia devia ser um inocente interlúdio, um suave e passageiro estado de espírito; e o louvor deveria ser o permanente pulsar da alma, (?) porque a alegria é a tumultuosa actividade em que todas as coisas vivem».
Nestes dias das suas festas, quero crer que os santos populares piscam o olho às nossas fraquezas, à conta do que há de mais verdadeiro e puro neste culto popular e, afinal, em toda a autêntica devoção cristã: a alegria. Boas festas!

Padre Gonçalo Portocarrero de Almada
publicado no jornal “i” em 15 de Junho de 2013

http://www.snpcultura.org/sao_joao_batista.html

domingo, 23 de junho de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOLc 9,18-24
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Um dia, Jesus orava sozinho,
estando com Ele apenas os discípulos.
Então perguntou-lhes:
«Quem dizem as multidões que Eu sou?»
Eles responderam:
«Uns, João Baptista; outros, que és Elias;
e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou».
Disse-lhes Jesus:
«E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Pedro tomou a palavra e respondeu:
«És o Messias de Deus».
Ele, porém, proibiu-lhes severamente
de o dizerem fosse a quem fosse
e acrescentou:
«O Filho do homem tem de sofrer muito,
ser rejeitado pelos anciãos,
pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas;
tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».
Depois, dirigindo-Se a todos, disse:
«Se alguém quiser vir comigo,
renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz todos os dias e siga-Me.
Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la;
mas quem perder a sua vida por minha causa,
salvá-la-á».

AMBIENTE
Estamos na fase final da etapa da Galileia. Jesus passou algum tempo a apresentar o seu programa e a levar a Boa Nova aos pobres, aos marginalizados, aos oprimidos (cf. Lc 4,16-21). À volta d’Ele, foi-se formando um grupo de “testemunhas”, que apreciaram a sua actuação e que se juntaram a esse sonho de criar um mundo novo, de justiça, de liberdade e de paz para todos. Agora, antes de começar a etapa decisiva da sua caminhada nesta terra (o “caminho” para Jerusalém, onde Jesus vai concretizar a sua entrega de amor), os discípulos são convidados a tirar as suas conclusões acerca do que viram, ouviram e testemunharam. Quem é este Jesus, que se prepara para cumprir a etapa final de uma vida de entrega, de dom, de amor partilhado? E os discípulos estarão dispostos a seguir esse mesmo caminho de doação e de entrega da vida ao “Reino”?
MENSAGEM
A cena de hoje começa com a indicação da oração de Jesus (vers. 18). É um dado típico de Lucas que põe sempre Jesus a rezar antes de um momento fundamental (cf. Lc 5,16; 6,12; 9,28-29; 10,21; 11,1; 22,32.40-46; 23,34). A oração é o lugar do reencontro de Jesus com o Pai; depois de rezar, Jesus tem sempre uma mensagem importante – uma mensagem que vem do Pai – para comunicar aos discípulos. A questão importante que, no contexto do episódio de hoje, Jesus tem a comunicar, tem a ver com a questão: “quem é Jesus?”
A época de Jesus foi uma época de crise profunda para o Povo de Deus; foi, portanto, uma época em que o sofrimento gerou uma enorme expectativa messiânica. Asfixiado pela dor que a opressão trazia, o Povo de Deus sonhava com a chegada desse libertador anunciado pelos profetas – um grande chefe militar que, com a força das armas, iria restaurar o império de seu pai David e obrigar os romanos opressores a levantar o jugo de servidão que pesava sobre a nação. Na época apareceram, aliás, várias figuras que se assumiram como “enviados de Deus”, criaram à sua volta um clima de ebulição, arrastaram atrás de si grupos de discípulos exaltados e acabaram, invariavelmente, chacinados pelas tropas romanas. Jesus é também um destes demagogos, em quem o Povo vê cristalizada a sua ânsia de libertação?
Aparentemente, Jesus não é considerado pelas multidões “o messias”: o Povo identifica-o, preferentemente, com Elias, o profeta que as lendas judaicas consideravam estar junto de Deus, reservado para o anúncio do grande momento da libertação do Povo de Deus (vers. 19); talvez a sua postura e a sua mensagem não correspondessem àquilo que se esperava de um rei forte e vencedor.
Os discípulos, no entanto, companheiros de “caminho” de Jesus, deviam ter uma perspectiva mais elaborada e amadurecida. De facto, é isso que acontece; por isso, Pedro não tem dúvidas em afirmar: “Tu és o messias de Deus” (vers. 20). Pedro representa aqui a comunidade dos discípulos – essa comunidade que acompanhou Jesus, testemunhou os seus gestos e descobriu a sua ligação com Deus. Dizer que Jesus é o “messias” significa reconhecer nele esse “enviado” de Deus, da linha davídica, que havia de traduzir em realidade essas esperanças de libertação que enchiam o coração de todos.
Jesus não discorda da afirmação de Pedro. Ele sabe, no entanto, que os discípulos sonhavam com um “messias” político, poderoso e vitorioso e apressa-se a desfazer possíveis equívocos e a esclarecer as coisas: Ele é o enviado de Deus para libertar os homens; no entanto, não vai realizar essa libertação pelo poder das armas, mas pelo amor e pelo dom da vida (vers. 22). No seu horizonte próximo não está um trono, mas a cruz: é aí, na entrega da vida por amor, que Ele realizará as antigas promessas de salvação feitas por Deus ao seu Povo.
A última parte do texto (vers. 23-24) contém palavras destinadas aos discípulos: aos de ontem, de hoje e de amanhã. Todos são convidados a seguir Jesus, isto é, a tomar – como Ele – a cruz do amor e da entrega, a derrubar os muros do egoísmo e do orgulho, a renunciar a si mesmo e a fazer da vida um dom. Isto não deve acontecer em circunstâncias excepcionais, mas na vida quotidiana (“tome a sua cruz todos os dias”). Desta forma fica definida a existência cristã.
ACTUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar os seguintes elementos:
¨ O Evangelho de hoje define a existência cristã como um “tomar a cruz” do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros. É esse o “caminho” que eu procuro percorrer?
¨ Na sociedade em geral e na Igreja em particular, encontramos muitos cristãos para quem o prestígio, as honras, os postos elevados, os tronos, os títulos são uma espécie de droga de que não prescindem e a que não podem fugir. Frequentemente, servem-se dos carismas e usam as tarefas que lhe são confiadas para se auto-promover, gerando conflitos, rivalidades, ciúmes e mal-estar. À luz do “tomar a cruz e seguir Jesus”, que sentido é que isto fará? Como podemos, pessoal e comunitariamente, lidar com estas situações? Podemos tolerá-las – em nós ou nos outros? Como é possível usar bem os talentos que nos são confiados, sem nos deixarmos tentar pelo prestígio, pelo poder, pelas honras? Tem alguma importância, à luz do que Jesus aqui ensina, que a Igreja apareça em lugar proeminente nos acontecimentos sociais e mundanos e que exija tratamentos de privilégio?
¨ Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia, sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos livros? Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cujo “caminho” tem um real impacto no nosso dia a dia, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?
¨ É na oração que eu procuro perceber a vontade de Deus e encontrar o caminho do amor e do dom da vida? Nos momentos das decisões importantes da minha vida, sinto a necessidade de dialogar com Deus e de escutar o que Ele tem para me dizer?
 
FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=5

sábado, 22 de junho de 2013

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.
Moçambique está "nervoso" com o aumento da imigração portuguesa
A Ilha de Cristo - uma reportagem RTP
Estará a austeridade ferida de morte?
Maio Mais de 14 mil ofertas do centro de emprego ficaram por preencher
Recebe 1,4 milhões para transformar gemas de ovo em antibióticos
Vende-se peixe ilegal como se fosse bacalhau
Milhares de portugueses beberam água com fezes
Português coordena descoberta revolucionária para transfusões de sangue
Como será reposto o subsídio de férias à Função Pública e aos pensionistas?
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Saúde Governo cortou 160 milhões a mais do que o exigido pela troika
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O que a história nos pode ensinar

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CINEMA: Paulo VI, o papa na tempestade

Eleito precisamente há 50 anos, a 21 de junho de 1963, é a Paulo VI que cabe consolidar a principal demanda do seu antecessor, João XXIII, reabrindo o Concílio Vaticano II (1962-1965) e assumindo a árdua tarefa da interpretação e implementação dos seus pressupostos. Um processo que exige uma delicada gestão de sensibilidades e expetativas dentro e fora da Igreja, ante reformas que iriam afetar praticamente todas as áreas da vida religiosa, social, política e económica mundial. Esta minissérie não esgota a reflexão sobre as questões relacionadas com Paulo VI, e por se tratar de uma obra de ficção, e não de um documentário, não dispensa uma aferição de alguns dos episódios narrados que deixem clara a componente ficcional e real. Mas, mesmo com as suas deficiências de tradução e legendagem, pode fornecer um bom enquadramento e ponto de partida para o conhecimento do papa Montini. Veja aqui, integralmente:
 

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Igreja e jovens, que diálogo?

Na Igreja, é comum os mais sensíveis à pastoral juvenil perguntarem-se: “O que pedem os jovens à Igreja?” É uma pergunta sem grande sentido. A esmagadora maioria dos jovens nada pede à Igreja. Cresceram num mundo onde tudo é comprado e onde o mérito das propostas de felicidade se mede pela rapidez e pelo baixo custo. Alguns setores eclesiais respondem a este estado de coisas tentando “jogar” segundo as regras da cultura dominante, sem coragem de pôr em causa este modelo consumista e relativista. E fazem uma pastoral juvenil que é mais uma mercadoria de consumo: consumo de socialização (grupos de jovens sem rumo que se resumem a ser umas meras sociedades recreativas), consumo de eventos, consumo de emoções e estética (ainda que mascarada de oração). É uma forma de fazer pastoral juvenil que, em nome duma mal-entendida inculturação, reduz o Evangelho a um produto descafeinado, que não tem coragem de falar das exigências do Evangelho (a nível sexual, económico ou político). É uma caricatura de pastoral juvenil com “tiques de seita”.
Ler mais em:

quinta-feira, 20 de junho de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: A arte da lentidão

Talvez precisemos voltar a essa arte tão humana que é a lentidão. Os nossos estilos de vida parecem irremediavelmente contaminados por uma pressão que não dominamos; não há tempo a perder; queremos alcançar as metas o mais rapidamente que formos capazes; os processos desgastam-nos, as perguntas atrasam-nos, os sentimentos são um puro desperdício: dizem-nos que temos de valorizar resultados, apenas resultados. Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso, veemente e efémero. Na verdade, a velocidade com que vivemos impede-nos de viver. Uma alternativa será resgatar a nossa relação com o tempo. Por tentativas, por pequenos passos.
Ler mais em:

quarta-feira, 19 de junho de 2013

MÚSICA&POLÍTICA: O último concerto...

...da Orquestra Sinfónica Nacional e Coro da ERT (Grécia)!



http://willthatbeall.net/?p=319
http://expresso.sapo.pt/encerramento-da-ert-os-rostos-sinistros-dos-selvagens=f813565
Quanto sofrimento, o destes homens e mulheres, jovens e menos jovens, suas famílias...
Quanta monstruosa, tenebrosa e criminosa insensibilidade...
Lá como cá, são assim os especuladores & Cia., os eternos adoradores de um deus menor, o deus Mamon, aqui superlativamente retratado, explicado, denunciado...:
http://abriu-lhesasescrituras.blogspot.pt/2012/11/56-reino-de-deus-vs-reino-de-mamon.html
Finalmente um conselho/proposta: aproveite-se esta oportunidade, porque "não é todos os dias" que se ouve um padre a falar assim, sem papas na língua. Uma feliz raridade este Rui Santiago, sacerdote da CSSR que, se já antes falava e apalavrava assim, agora com este Papa Francisco, http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=95651 enquanto fôr vivo... ... ... ... ... ... ... ... ...
http://www.snpcultura.org/papa_francisco_index.html
 

terça-feira, 18 de junho de 2013

POLÍTICA, ECONOMIA&FINANÇAS: Dívida de Portugal

Mais um da "selecção" para mal da nossa colecção.



Após esta esclarecedora lição de..., dir-se-á:
Mais comentários e/ou esclarecimentos para quê?
Não não, infelizmente obrigatório&conveniente se torna ler os comentários que se lhe, vídeo, seguem. Aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=RFEf9_swh3s

O IGCP é a entidade pública a quem compete, nos termos da lei,
assegurar o financiamento e efectuar a gestão da dívida pública directa do Estado Português.
Está entregue a este burocrata, que nem vergonha tem de ser posto a ridículo por um jornalista.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

REFLEXÃO: Carta aberta sobre e co-adopção

Carta Aberta a um Deputado Abstencionista

Ao arrepio da Lei Natural

A lei natural, funcionamento ecológico da natureza, da estrutura funcional da origem do Homem, garantem-nos que para aparecer um novo ser humano, obrigatoriamente terão de entrar em acção, sem margem de manobra, e à margem de vontades ou tendências, um espermatozoide e um óvulo. Ou seja: uma Mulher terá de entrar em cena com o contributo de um gâmeta feminino, e um Homem terá de contribuir com um gâmeta masculino, um espermatozóide. Não há fuga a esta lei da Biologia. A espécie humana é gonocórica e isso não é um dado cultural ou um constructo de uma sociedade machista.

Ao“ fornecedor” de um espermatozóide chamamos PAI e ao outro “ fornecedor”, o do óvulo, chamamos MÃE.

Sem contrariar a Natureza, sem violentar o funcionamento da espécie humana, não podemos modificar o significado das palavras.

Um Pai é um indivíduo da espécie Homo sapiens masculino, com uma morfologia definida e uma fisiologia própria (tem testículos num escroto , próstata e um pénis e produz uma hormona chamada testosterona que lhe dá mais ou menos pêlos na cara, por exemplo).

Uma Mãe é um indivíduo da espécie Homo sapiens, com uma morfologia definida e uma fisiologia própria (tem vagina, útero, trompas de Falópio, ovários e produz hormonas como os estrogénios, por exemplo, tem mamas mais ou menos desenvolvidas com as respectivas glândulas mamárias que se activam, normalmente, para amamentar os filhos).

Pai e Mãe, acima esboçados, cumprem, pois funções biológicas que se não confundem nem sobrepõem!

Portanto, trocar funções não só é impossível como, se se tentar fazê-lo, é perfeito obscurantismo nunca visto.

Mas o ser humano não é só Biologia, Morfologia e Fisiologia. Seria muito redutor entender e compreender ou abordar o Homo sapiens somente nestas dimensões. O Homo sapiens é também afectos e amor. Tem direitos e terá, na maturidades deveres.

O primeiro direito de cada novo ser vivo, é o direito a viver e a viver sabendo a verdade da sua origem: que tem uma Mãe e como se chama aquela que contribuiu para a sua formação e que para esta formação tem um Pai que tem nome .Ambos são os únicos responsáveis pelo seu património genético que os ligam de forma definitiva ao novo humano e este ao passado vastíssimo da sua história pessoal. Depois, cada novo ser humano, tem o direito aos afectos e amor de quem está na sua origem: um Homem (Pai) e uma Mulher (Mãe).

Quando, por várias razões, um ou outro dos seus progenitores, o Pai e a Mãe, não podem ou não querem ou não sabem responder às expectativas do filho, este tem o direito a crescer no amor de adultos que ,com todas as dificuldades, fazem de Pai e de Mãe, que simulem com a máxima verdade, o que ele tinha direito naturalmente: ser educado por uma Mãe (Mulher) e por um Pai (Homem), que não o sendo, fazem todo o seu melhor para dar à criança ao que ela tem direito , desenvolver-se nesta diferença real entre ser Homem e ser Mulher , não como donos de um objecto a que se arrogam o direito de posse, mas como tutores de um ser humano cujo interesse superior está centrado nele, para o fazer desenvolver com Pessoa Humana.

A co-adopção não pode, pois , contrariar o funcionamento da natureza humana, sem lesar o direito fundamental de cada um a ser amado no respeito pela ecologia humana e sua estrutura biológica . Cada criança tem o direito a, na impossibilidade de ter por perto do seu coração o seu Pai e a sua Mãe, viver num esquema familiar reconstitutivo do que seria natural.

Posto este rápido esquisso, resta-me pedir-lhe, Senhor Deputado, que nesta questão não se pode abster, com um “nim” politicamente correcto mas profundamente iníquo e atentatório do “ superior interesse das crianças”. Além disso, a questão não é um “ fait-divers”. Não! Trata-se de uma questão civilizacional. De uma questão profundamente grave do ponto de vista antropológico e ao arrepio da estrutura funcional das civilizações.

Da sua posição, Senhor Deputado, como eleitor e estando atento ao seu comportamento, saberei tirar as devidas conclusões!

Permita-me que lhe sugira, como cidadão democrata, que ouse tomar medidas reais e efectivas de apoio às famílias e à natalidade que nos retirem da miséria em que ,todos os dias, vamos caindo e , também desta catástrofe demográfica a que os políticos não souberam e não quiseram dar resposta!

Permita-me que lhe faça um desabafo: represente o povo eleitor e represente-se menos!

Certo de que chegou ao fim desta minha Carta Aberta ou de que algum assessor lhe tenha feito um resumo fiel, aceite os meus melhores cumprimentos


Carlos Aguiar Gomes, cidadão atento, mas não venerador.

domingo, 16 de junho de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOLc 7,36 – 8,3
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
um fariseu convidou Jesus para comer com ele.
Jesus entrou em casa do fariseu e tomou lugar à mesa.
Então, uma mulher – uma pecadora que vivia na cidade –
ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu,
trouxe um vaso de alabastro com perfume;
pôs-se atrás de Jesus e, chorando muito,
banhava-Lhe os pés com as lágrimas
e enxugava-lhos com os cabelos,
beijava-os e ungia-os com o perfume.
Ao ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo:
«Se este homem fosse profeta,
saberia que a mulher que O toca é uma pecadora».
Jesus tomou a palavra e disse-lhe:
«Simão, tenho uma coisa a dizer-te».
Ele respondeu: «Fala, Mestre».
Jesus continuou:
«Certo credor tinha dois devedores:
um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta.
Como não tinham com que pagar, perdoou a ambos.
Qual deles ficará mais seu amigo?»
Respondeu Simão:
«Aquele – suponho eu – a quem mais perdoou».
Disse-lhe Jesus: «Julgaste bem».
E voltando-Se para a mulher, disse a Simão:
«Vês esta mulher?
Entrei em tua casa e não Me deste água para os pés;
mas ela banhou-Me os pés com as lágrimas
e enxugou-os com os cabelos.
Não Me deste o ósculo;
mas ela, desde que entrei, não cessou de beijar-Me os pés.
Não Me derramaste óleo na cabeça;
mas ela ungiu-Me os pés com perfume.
Por isso te digo:
São-lhe perdoados os seus muitos pecados,
porque muito amou;
mas aquele a quem pouco se perdoa,
pouco ama».
Depois disse à mulher:
«Os teus pecados estão perdoados».
Então os convivas começaram a dizer entre si:
«Quem é este homem, que até perdoa os pecados?»
Mas Jesus disse à mulher:
«A tua fé te salvou. Vai em paz».
Depois disso, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias,
a pregar e a anunciar a boa nova do reino de Deus.
Acompanhavam-n’O os Doze,
bem como algumas mulheres que tinham sido curadas
de espíritos malignos e de enfermidades.
Eram Maria, chamada Madalena,
de quem tinham saído sete demónios,
Joana, mulher de Cusa, administrador de Herodes,
Susana e muitas outras,
que serviam Jesus com os seus bens.
AMBIENTE
O texto situa-nos na primeira parte do Evangelho segundo Lucas. Convém recordar que esta primeira parte se desenrola na Galileia, sobretudo à volta do Lago de Tiberíades. Durante essa fase, Jesus aparece a concretizar o seu programa: trazer aos homens – sobretudo aos pobres e marginalizados – a liberdade e a salvação de Deus. Toda esta primeira parte é, aliás, dominada pelo anúncio programático da sinagoga de Nazaré, onde Jesus define a sua missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e mandar em liberdade os oprimidos” (cf. Lc 4,16-30). Este episódio põe em evidência um tema caro a Lucas: a misericórdia de Jesus frente àqueles que necessitam de libertação. O episódio anterior terminou com uma descrição de Jesus como amigo dos pecadores (cf. Lc 7,34); agora, este princípio vai ser ilustrado com um facto real.
O episódio situa-nos no ambiente de um banquete, em casa de um fariseu chamado Simão (o “banquete” é, neste contexto, o espaço da familiaridade, da irmandade, onde os laços entre as pessoas se estabelecem e se consolidam). Lucas é o único evangelista que mostra os fariseus tão próximos de Jesus que até aceitam sentar-se à mesa com Ele (cf. Lc 11,37;14,1) e preveni-l’O em relação à ameaça de Herodes (cf. Lc 13,31). Lucas está, no que diz respeito a esta questão, bem mais perto da realidade histórica do que Marcos e, sobretudo, do que Mateus (que, influenciado pelas polémicas da Igreja primitiva com os fariseus, apresenta sistematicamente os fariseus como adversários de Jesus).
MENSAGEM
A perspectiva fundamental deste episódio tem a ver com a definição da atitude de Jesus (e, portanto, de Deus) para com os pecadores.
A personagem central é a mulher a quem Lucas apresenta como “uma mulher da cidade que era pecadora”. Não há qualquer indicação acerca de anteriores contactos entre Jesus e esta mulher, embora possamos supor que a mulher já se tinha encontrado com Jesus e tinha percebido n’Ele uma atitude diferente dos mestres da época, sempre preocupados em evitar os pecadores notórios e em condená-los.
A acção da mulher (o choro, as lágrimas derramadas sobre os pés de Jesus, o enxugar os pés com os cabelos, o beijar os pés e ungi-los com perfume) é descrita como uma resposta de gratidão, como consequência do perdão recebido (vers. 47). A parábola que Jesus conta, a este propósito (vers. 41-42), parece significar, não que o perdão resulta do muito amor manifestado pela mulher, mas que o muito amor da mulher é o resultado da atitude de misericórdia de Jesus: o amor manifestado pela mulher nasce de um coração agradecido de alguém que não se sentiu excluído nem marginalizado, mas que, nos gestos de Jesus, tomou consciência da bondade e da misericórdia de Deus.
A outra figura central deste episódio é Simão, o fariseu. Ele representa aqueles zelosos defensores da Lei que evitavam qualquer contacto com os pecadores e que achavam que o próprio Deus não podia acolher nem deixar-Se tocar pelos transgressores notórios da Lei e da moral. Jesus procura fazê-lo entender que só a lógica de Deus – uma lógica de amor e de misericórdia – pode gerar o amor e, portanto, a conversão e a vida nova. Jesus empenha-se em mostrar a Simão que não é marginalizando e segregando que se pode obter uma nova atitude do pecador; mas que é amando e acolhendo que se pode transformar os corações e despertar neles o amor: essa é a perspectiva de Deus. O perdão não se dá a troco de amor, mas dá-se, simplesmente, sem esperar nada em troca. A reacção de Jesus não é um caso isolado, mas resulta da missão de que Ele se sente investido por Deus – atitude que Ele procurará manifestar em tantas situações semelhantes: dizer aos proscritos, aos moralmente fracassados, que Deus não os condena nem marginaliza, mas vem ao seu encontro para os libertar, para dar-lhes dignidade, para os convocar para o banquete escatológico do Reino. É esta atitude de Deus que gera o amor e a vontade de começar vida nova, inserida na lógica do Reino.
O texto que nos é proposto termina com uma referência ao grupo que acompanha Jesus: os Doze e algumas mulheres. O facto de o “mestre” Se fazer acompanhar por mulheres (Lucas é o único evangelista que refere a incorporação de mulheres no grupo itinerante dos discípulos) era algo insólito, numa sociedade em que a mulher desempenhava um papel social e religioso marginal. No entanto, manifesta a lógica de Deus que não exclui ninguém, mas integra todos – sem excepção – na comunidade do Reino. As mulheres – grupo com um estatuto de subalternidade, cujos direitos sociais e religiosos eram limitados pela organização social da época – também são integradas nessa comunidade de irmãos que é a comunidade do Reino: Deus não exclui nem marginaliza ninguém, mas a todos chama a fazer parte da sua família.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, na reflexão, as seguintes questões:
• A reflexão fundamental que este texto nos apresenta é à volta da “lógica” de Deus: Ele não pactua com o pecado, mas manifesta uma misericórdia infinita para com o pecador. É esta a nossa “lógica” quando alguém nos magoa ou ofende?
• O exercício do poder é, tantas vezes, uma forma de “levar a água ao seu moinho”. O nosso tempo é fértil em figuras que, para proteger os seus interesses pessoais ou os interesses dos seus partidos e ideologias, arrastam populações inteiras por caminhos de morte e de sofrimento. Que sentido é que isto faz? Nós cristãos, filhos de um Deus que não suporta o egoísmo e a injustiça, podemos pactuar com estas situações? Podemos, tranquilamente, votar naqueles que cometem injustiças gritantes?
• A atitude de David, ao reconhecer humildemente a sua falta, é uma atitude que nos questiona pela sua sinceridade, honestidade e coerência. Contrasta violentamente com a irresponsabilidade dos “assassinos do volante”, que nunca têm culpa de nada; contrasta violentamente com a irresponsabilidade dos cinzentos gestores das sociedades anónimas, que provocam catástrofes ambientais e não têm culpa; contrasta violentamente com a irresponsabilidade dos governantes que deixam ruir pontes e morrer pessoas, mas nunca têm qualquer culpa… O exemplo de David convida-nos a assumir, com coerência, as nossas responsabilidades e a ter vontade de remediar as nossas acções erradas; convida-nos, também, ao arrependimento e à conversão – condições essenciais para que o “pecado” desapareça das nossas vidas.
• Em primeiro lugar, o nosso texto põe em relevo a atitude de Deus, que ama sempre (mesmo antes da conversão e do arrependimento) e que não Se sente conspurcado por ser tocado pelos pecadores e pelos marginais. É o Deus da bondade e da misericórdia, que ama todos como filhos e que a todos convida a integrar a sua família. É esse Deus que temos de propor aos nossos irmãos e que, de forma especial, temos de apresentar àqueles que a sociedade trata como marginais.
• A figura de Simão, o fariseu, representa aqueles que, instalados nas suas certezas e numa prática religiosa feita de ritos e obrigações bem definidos e rigorosamente cumpridos, se acham em regra com Deus e com os outros. Consideram-se no direito de exigir de Deus a salvação e desprezam aqueles que não cumprem escrupulosamente as regras e que não têm comportamentos social e religiosamente correctos. É possível que nenhum de nós se identifique totalmente com esta figura; mas, não teremos, de quando em quando, “tiques” de orgulho e de auto-suficiência que nos levam a considerar-nos mais ou menos “perfeitos” e a desprezar aqueles que nos parecem pecadores, imperfeitos, marginais?
• A exclusão e a marginalização não geram vida nova; só o amor e a misericórdia interpelam o coração e provocam uma resposta de amor. Frequentemente fala-se, entre nós, no agravamento das penas previstas para quem infringe as regras sociais, como se estivesse aí a solução mágica para a mudança de comportamentos… A lógica de Deus garante-nos que só o amor e a misericórdia conduzem à vida nova.
• Na linha do que a Palavra de Deus nos propõe hoje, como tratar esses excluídos, que todos os dias batem à porta da “fortaleza Europa” à procura de condições mínimas para viver com dignidade? E os moralmente fracassados, que testemunho de amor e de misericórdia encontram nas nossas comunidades?
• Ultimamente, fala-se muito do papel e do estatuto das mulheres na comunidade cristã. Este texto diz-nos que, ao contrário do que era costume na época, as mulheres faziam parte do grupo de Jesus. Que significa isso: que elas devem ter acesso aos ministérios na comunidade cristã? Seja qual for a resposta, o que é importante é que não façamos disto uma luta pelo poder, ou uma reivindicação de direitos, mas uma questão de amor e de serviço.

FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=4