"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























quarta-feira, 31 de outubro de 2018

LIVRO&LEITURA: “Comentário à liturgia dominical e festiva – Ano C”

«A inteligência espiritual de Manicardi, a sua impressionante cultura bíblica, as suas competências no campo da hermenêutica apresentam-se inteiramente dedicadas ao serviço do anúncio do Verbo incarnado. Não admira, por isso, que esta obra do atual prior da Comunidade Monástica de Bose constitua um instrumento oportuno para a construção do percurso cristão.» Leia o prefácio de D. José Tolentino Mendonça e a primeira das reflexões de Luciano Manicardi. Para saber mais, clicar AQUI.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

MÚSICA: A evolução da música

O pianista brasileiro Fabrício de Paolo se destacou na Internet ao tocar a música tema de abertura do Jornal Nacional em diversos ritmos. Dessa vez, com seu talento, criou uma compilação com diversas canções desde 1680 até 2017. O jovem é capaz de tocar sem olhar para as teclas! Assista com um clique AQUI.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

ESPIRITUALIDADE: Cristo chamou os descartados do seu tempo. E a Igreja de hoje?

A história da salvação não é uma marcha triunfal de uma armada invencível; é, ao contrário, o lento e árduo avançar no deserto, por vezes com os pés ensanguentados, com a presença de cegos, coxos e deformados, todos no entanto desejosos e capazes de conduzir por diante o povo de Deus até à meta final. Para saber mais, clicar AQUI.

domingo, 28 de outubro de 2018

PALAVRA de DOMINGO: Contextual​izá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética" AQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial" AQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro" AQUI
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6. Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7. Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8. Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.

Então:
TEMA do 30° Domingo do Tempo Comum – Ano B
A liturgia do 30° Domingo do Tempo Comum fala-nos da preocupação de Deus em que o homem alcance a vida verdadeira e aponta o caminho que é preciso seguir para atingir essa meta. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, o homem chega à vida plena, aderindo a Jesus e acolhendo a proposta de salvação que Ele nos veio apresentar.
A primeira leitura afirma que, mesmo nos momentos mais dramáticos da caminhada histórica de Israel, quando o Povo parecia privado definitivamente de luz e de liberdade, Deus estava lá, preocupando-se em libertar o seu Povo e em conduzi-lo pela mão, com amor de pai, ao encontro da liberdade e da vida plena.
A segunda leitura apresenta Jesus como o sumo-sacerdote que o Pai chamou e enviou ao mundo a fim de conduzir os homens à comunhão com Deus. Com esta apresentação, o autor deste texto sugere, antes de mais, o amor de Deus pelo seu Povo; e, em segundo lugar, pede aos crentes que “acreditem” em Jesus – isto é, que escutem atentamente as propostas que Ele veio fazer, que as acolham no coração e que as transformem em gestos concretos de vida.
No Evangelho, o catequista Marcos propõe-nos o caminho de Deus para libertar o homem das trevas e para o fazer nascer para a luz. Como Bartimeu, o cego, os crentes são convidados a acolher a proposta que Jesus lhes veio trazer, a deixar decididamente a vida velha e a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Dessa forma, garante-nos Marcos, poderemos passar da escravidão à liberdade, da morte à vida.
EVANGELHOMc 10,46-52
Naquele tempo,
quando Jesus ia a sair de Jericó
com os discípulos e uma grande multidão,
estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho.
Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar:
«Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais:
«Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus parou e disse: «Chamai-O».
Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».
O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe:
«Que queres que Eu te faça?» O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja».
Jesus disse-lhe:
«Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista
e seguiu Jesus pelo caminho.

AMBIENTE
O Evangelho deste domingo propõe-nos a última etapa desse caminho (geográfico, mas também espiritual) que Jesus iniciou com os discípulos na Galileia e que irá levá- 1’0 a Jerusalém, ao encontro da paixão, morte e ressurreição. É a última cena de um percurso que não tem sido fácil e no qual os discípulos, como cegos, se aferram às suas ideias e projectos próprios, recusando-se a entender e a aceitar que o caminho do Reino deva passar pela cruz e pelo dom da vida.
O episódio que hoje nos é proposto situa-nos à saída da cidade de Jericó. Jericó, a “cidade das Palmeiras”, é um oásis situado na margem do rio Jordão, a norte do Mar Morto, e que dista cerca de 30 quilómetros de Jerusalém. Na época de Jesus, era uma cidade relativamente importante, onde Herodes, o Grande, tinha edificado um luxuoso palácio de Inverno.
Além de Jesus, Marcos coloca no centro da cena um mendigo cego com o nome de Bartimeu (“filho de Timeu”). Este nome, meio aramaico (“bar”) e meio grego (“timaios”), é um nome perfeitamente inusual no ambiente hebraico-palestinense onde a história é situada (nunca aparece entre os cerca de 2.000 nomes próprios que ocorrem no Antigo Testamento); aos leitores romanos de Marcos, contudo, o nome devia evocar o “Timeo”, um dos mais conhecidos “diálogos” de Platão. Alguns autores pensam que, mais do que um personagem histórico, o cego Bartimeu seria uma figura simbólica.

Os “cegos” faziam parte do grupo dos excluídos da sociedade palestina de então. As deficiências físicas eram consideradas – pela teologia oficial – como resultado do pecado. Segundo a concepção da época, Deus castigava de acordo com a gravidade da culpa. A cegueira era considerada o resultado de um pecado especialmente grave: uma doença que impedisse o homem de estudar a Lei era considerada uma maldição de Deus por excelência. Pela sua condição de impureza notória, os cegos eram impedidos de servir de testemunhas no tribunal e de participar nas cerimónias religiosas no Templo.
MENSAGEM
É natural que Jesus tenha encontrado, quando saía de Jericó, um cego que mendigava junto da estrada… No entanto, parece claro que, à volta desse acontecimento fundamental, Marcos construiu uma catequese para os seus leitores. Quem é, na catequese de Marcos, este “cego” que Jesus encontra ao longo do caminho, quando se dirige para Jerusalém? Ele representa todos esses a quem a teologia oficial considerava pecadores, malditos, impuros, marginais, longe de Deus e da sua proposta de salvação.
O cego da nossa história está sentado à beira do caminho, provavelmente a pedir esmola. O estar sentado significa acomodação, instalação, conformismo. Ele está privado da luz e da liberdade e está conformado com a sua triste situação, sabendo que, por si só, é incapaz de sair dela. O pedir esmola (o texto refere explicitamente a sua condição de mendigo – verso 46) indica a situação de escravidão e de dependência em que o homem se encontra.
Contudo, a passagem de Jesus de Nazaré dá ao cego a consciência da sua situação de miséria, de dependência, de escravidão. Então, Bartimeu percebe o sem sentido da sua situação e sente a vontade de apostar numa outra experiência. A passagem de Jesus na vida de alguém é sempre um momento de tomada de consciência, de questionamento, de desafio, que leva a pôr em causa a vida velha e a sentir o imperativo de ir mais além … No entanto, Bartimeu está consciente da sua debilidade e sente que, sem a ajuda de Jesus, continuará envolvido pelas trevas da dependência, da escravidão, da instalação … Por isso, pede: “Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim” (vers. 47). O título “filho de David” é um título messiânico. Portanto, Bartimeu vê em Jesus esse Messias libertador que, segundo a mentalidade judaica, havia de vir não só para salvar Israel dos opressores, mas também para dar vida em plenitude a cada membro do Povo de Deus.
Antes de referir a intervenção de Jesus, Marcos dá conta da reacção dos que estão à volta de Jesus: repreendiam o cego e queriam fazê-lo calar (vers. 48). Quando alguém encontra Jesus e resolve deixar a vida antiga para aderir ao Reino que Jesus veio propor, encontra sempre resistências (que vêm, por vezes, dos familiares, dos amigos, dos colegas). Estes que repreendem e mandam calar o cego representam, portanto, todos aqueles que colocam obstáculos a quem quer deixar a sua situação de miséria e de escravidão para aderir à proposta libertadora que Cristo faz. No entanto, a oposição não só não desarma o cego, como o leva a gritar ainda mais forte: “filho de David, tem misericórdia de mim” … A incompreensão ou a oposição dos homens nunca fazem desistir aquele que viu Jesus passar e que viu n’Ele uma proposta de vida e de liberdade. Jesus parou e mandou chamar o cego. A cena recorda-nos os relatos do chamamento dos discípulos (cf. Mc 1,16-20; 2,14; 3,13). Os mediadores que transmitem ao cego as palavras de Jesus dizem-lhe: “coragem, levanta-te que Ele chama-te” (vers. 49). Ou seja: deixa a tua situação de miséria, de escravidão e de dependência, porque Jesus chama-te. O chamamento é sempre, nestes casos, a tornar-se discípulo, a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida.

Em resposta, o cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus (vers. 50). A capa podia estar colocada debaixo do cego, como almofada, ou nos seus joelhos, para recolher as moedas que lhe atiravam; em qualquer caso, a capa é tudo o que um mendigo possui, a única coisa de que ele pode separar-se (outros deixaram o barco, as redes ou a banca onde recolhiam impostos). O deitar fora a capa significa, portanto, o deixar tudo o que se possui para ir ao encontro de Jesus. É um corte radical com o passado, com a vida velha, com a anterior situação, com tudo aquilo em que se apostou anteriormente, a fim de começar uma vida nova ao lado de Jesus.
Jesus perguntou ao cego: “que queres que te faça?”. É a mesma pergunta que, pouco antes, Jesus fizera a João e Tiago (cf. Mc 10,36). A identidade da pergunta acentua, contudo, a diferença da resposta … Os dois irmãos queriam sentar-se ao lado de Jesus e ver concretizados os seus sonhos de grandeza e de poder; o cego Bartimeu, ao contrário, cansado de estar sentado numa vida de escravidão e de cegueira, quer encontrar a luz para seguir Jesus (vers. 51).
Jesus responde a Bartimeu: “vai, a tua fé te salvou” (vers. 52). A fé não é a simples adesão a determinadas verdades abstractas, que o crente aceita acriticamente; mas, no contexto neo-testamentário, a fé é a adesão a Jesus e à sua proposta de salvação. Por isso, Marcos termina a sua história dizendo que o cego recuperou a vista e seguiu Jesus – isto é, fez-se discípulo de Jesus. Ao aderir a Jesus e à sua proposta de salvação, ao aceitar seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida (Jesus prepara-Se para entrar em Jerusalém, onde vai fazer dom da sua vida em favor dos homens), Bartimeu encontrou a salvação: deixou a vida da escuridão, da escravidão, da dependência em que estava e nasceu para essa vida verdadeira e eterna que, através de Jesus, Deus oferece aos homens.
O cego Bartimeu que encontráramos a mendigar, sentado à beira do caminho, à saída de Jericó representava, inicialmente, os pecadores que viviam longe de Deus e à margem da salvação. Depois de encontrar Jesus, Bartimeu transforma-se e torna-se o protótipo do verdadeiro discípulo … Destinatário privilegiado da proposta de salvação que Jesus traz, ele proclama sem hesitações a sua fé, invoca a ajuda e a misericórdia de Jesus, acolhe sem hesitações o chamamento que lhe é feito, liberta-se da vida velha e, com alegria, decisão e entusiasmo, aceita, sem condições, seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. É com Bartimeu que os discípulos de Jesus são convidados a identificar-se.

ACTUALIZAÇÃO
• A situação inicial do cego Bartimeu (que jaz na escuridão, dependente, acomodado, conformado) evoca uma realidade que conhecemos bem … Evoca a condição do homem escravo, prisioneiro do egoísmo, do orgulho, dos bens materiais, da preguiça, da vaidade, do êxito; evoca a condição daquele que está acomodado na sua situação de miséria, instalado nos seus preconceitos e projectos pessoais, conformado com uma vida de horizontes limitados; evoca a condição daquele que se sente refém dos seus vícios, hábitos e paixões e que sente a sua incapacidade em romper, por si só, as cadeias que o impedem de ser livreEsta situação será uma situação insuperável, a que o homem está condenado de forma permanente?
• A Palavra de Deus que nos é proposta garante-nos que a situação do homem cego, prisioneiro da escuridão, não é uma situação incontornável, obrigatória, sem remédio … Jesus veio ao mundo, enviado pelo Pai, com uma proposta de libertação destinada a todos aqueles que procuram a luz e a vida verdadeira. Esse Jesus de Nazaré que Se cruzou com o cego à saída de Jericó continua a cruzar-Se hoje, de forma continuada, com cada homem e com cada mulher nos caminhos da vida e oferece-lhes, sem cessar, a proposta libertadora de Deus … É preciso, no entanto, que não nos fechemos no nosso egoísmo e na nossa auto-suficiência, surdos e cegos aos apelos de Deus; é preciso que as nossas preocupações com os valores efémeros não nos distraiam do essencial; é preciso que aprendamos a reconhecer os desafios de Deus nesses acontecimentos banais com que, tantas vezes, Deus nos interpela e questiona
• O que é que implica aceitar a proposta que Jesus faz? Fundamentalmente implica – como aconteceu com Bartimeu – tornar-se discípulo … Ser discípulo de Jesus é aderir à sua pessoa, acolher os seus valores, viver na obediência aos projectos do Pai, fazer da vida um dom de amor aos irmãos; é solidarizar-se com os pequenos, com os pobres, com os perseguidos, com os marginalizados e lutar por um mundo onde todos sejam acolhidos como filhos de Deus, iguais em direitos e em dignidade; é lutar contra as estruturas que geram injustiça, opressão e morte; é ser testemunha, com palavras e com gestos, da verdade, da justiça, da paz, da reconciliação. Quem aceita seguir o caminho do discípulo escolhe viver na luz e está a contribuir para a construção de um mundo novo.
• Quando reconhecemos o “chamamento” de Deus, qual deve ser a nossa resposta? Bartimeu, logo que ouviu dizer que Jesus o chamava, atirou fora a sua capa e correu ao encontro de Jesus. O gesto de Bartimeu representa, aqui, a renúncia imediata à vida antiga, ao egoísmo, ao comodismo, à escravidão, aos comportamentos incompatíveis com a adesão a Cristo e a esse caminho novo que Jesus o convida a percorrer. É isso, também, que é pedido a todos aqueles a quem Jesus chama à vida nova
• Na história do encontro de Bartimeu com Cristo, aparecem outros personagens, com papéis vários. Uns constituem obstáculos à adesão de Bartimeu a Cristo; outros apresentam-se como intermediários entre Cristo e Bartimeu e transmitem ao cego as palavras de Jesus… Este facto serve para nos tornar conscientes do papel daqueles que nos rodeiam no nosso caminho da fé … Ao longo da nossa caminhada, encontraremos sempre pessoas que nos ajudam a ir ao encontro de Cristo e pessoas que (muitas vezes com óptimas intenções) tentam impedir-nos de encontrar Cristo. Precisamos de aprender a discernir entre as várias opiniões que nos são propostas e a dar a devida importância a quem nos ajuda a descobrir o caminho para a verdadeira vida.
Quem encontra Cristo e aceita o desafio para viver como discípulo tem, a partir daí, um caminho fácil? De forma nenhuma. Tem de abandonar a vida cómoda e instalada em que vivia e enfrentar uma nova realidade, num desafio permanente, num questionamento constante; tem de aprender a enfrentar as críticas, as incompreensões, os confrontos com aqueles que não compreendem a sua opção; tem de percorrer, dia a dia, o difícil caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida … É preciso, no entanto, que o discípulo esteja consciente de que o caminho de Jesus não é um caminho que leva à morte, mas é um caminho que leva à ressurreição, à vida verdadeira e eterna.




Também nós somos cegos e mendigos
«A multidão faz de muro ao seu grito: cala-te! Estás a perturbar! É terrível pensar que diante de Deus o sofrimento não tem lugar, que a dor possa perturbar. Mas continua a ser assim, ritualizámos a religião e um grito fora do programa desassossega.» Para saber mais clicar AQUI.
O salto do vidente cego
Às vezes, é quando menos se espera. Nem mais nem menos. É naquele momento, completamente fora do programa, que acontece o extraordinário, como na história do Evangelho. Para saber mais clicar AQUI.
«Mestre, que eu veja»
Em Ti, ó Deus vivente, o meu coração e a minha carne estremeceram, e a minha alma se alegrou em Ti, minha salvação verdadeira (Sl 83,3). Quando Te verão os meus olhos, Deus dos deuses, Deus meu? Deus do meu coração, quando me alegrarás com a visão da doçura da tua face? Quando preencherás o desejo da minha alma com a manifestação da tua glória?
Meu Deus, Tu és a minha herança, escolhida entre todos, a minha força e a minha glória! Quando entrarei no teu poder para ver a tua força e a tua glória? Quando então, em vez do espírito de tristeza, me revestirás do manto de louvor (Is 61,10), para que, unida aos anjos, todos os meus membros Te ofereçam um sacrifício de aclamação (Sl 26,6)? Deus da minha vida, quando entrarei no tabernáculo da tua glória, a fim de cantar em presença de todos os santos e proclamar de alma e coração que as tuas misericórdias por mim foram magníficas (Sl 70,16)? Quando se quebrará o fio desta morte, para que a minha alma possa ver-Te sem intermediários (Gn 19,19)? [...]
Quem se saciará à vista da tua claridade? Como poderá o olho bastar para ver e o ouvido para ouvir na admiração da glória da tua face?
Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301)monja beneditina
Exercícios, n.° 6, SC 127


sábado, 27 de outubro de 2018

inPRENSA semanal: a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.

No Zimbabué, a cura para a depressão são os avós
Assange processa Equador por “violação de direitos fundamentais”
Portugueses vão pagar mais 15% em taxas e taxinhas em 2019
Director da PJ apanhado a avisar PJM da investigação no caso Tancos
Beijar ou não beijar, eis a questão!
Cavaco Silva: "Surgiu perante mim uma mulher com ar simples e tímido"
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A “inexperiência” de Passos, a “inaceitável” demissão de Portas, a geringonça e o “taticista” António Costa
Originalidades portuguesas
Subverter a democracia com as suas próprias armas
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O Fisco não tem alma
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A “Partícula de Deus” pode ter salvado o Universo do colapso cósmico
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e
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Mentiródio
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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

LIVRO&LEITURA: “Ave Maria”

O novo livro do papa Francisco, “Ave Maria” (160 páginas, 16 €, edição Rizzoli – Libreria Editrice Vaticana”, cuja edição italiana estará disponível a partir desta terça-feira, 9 de outubro, percorre «as palavras da oração mais amada», num diálogo com o capelão da prisão de Pádua, P. Marco Pozza. Alguns excertos revelados antecipadamente na imprensa apresentados AQUI.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

ATENÇÃO/REFLEXÃO/MEDITAÇÃO: Das virtudes

A humanidade em ato tem consistido numa sucessão de atos com os quais essa mesma humanidade se constrói de forma tanto mais humana quanto mais crítica: é neste sentido que a humanidade tem sido sempre um ato crítico, tem sido sempre algo «em crise». Pondo a questão de forma não diplomática: será que a crise humana, de agora e de sempre, não consiste na tendência bestial sempre demonstrada pela humanidade? Para saber mais clicar AQUI.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

MÚSICA: “Luz e ouro” [Vídeo]

A obra que hoje proponho é de uma beleza especial, repleta de riqueza e de uma harmonia que o vão cativar deste o princípio. A composição tem alcançado grande êxito no YouTube, graças também à grande fama do seu autor. Mas à parte disto, podemos desfrutar de uma maravilha para os sentidos. Para saber mais e ouvir, clicar AQUI.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

LIVRO&LEITURA:“'Fioretti' de São Francisco e dos seus frades”

Para Pedro Tamen, é no «sentimento poético do mundo, tornado explosivo por um temperamento meridional e sobrenaturalmente enriquecido e iluminado pela Graça», que se «enraíza toda a maravilhosa lição de São Francisco: a pobreza, a caridade, a simplicidade, o espírito de infância, o amor ao real concreto e próximo, concebido como dádiva do Criador e prolongamento da Cruz». Leia três excertos AQUI.

domingo, 21 de outubro de 2018

PALAVRA de DOMINGO: Contextual​izá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética" AQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial" AQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro" AQUI
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6. Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7. Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8. Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.



Então:
Tema do 29º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum lembra-nos, mais uma vez, que a lógica de Deus é diferente da lógica do mundo. Convida-nos a prescindir dos nossos projectos pessoais de poder e de grandeza e a fazer da nossa vida um serviço aos irmãos. É no amor e na entrega de quem serve humildemente os irmãos que Deus oferece aos homens a vida eterna e verdadeira.
A primeira leitura apresenta-nos a figura de um “Servo de Deus”, insignificante e desprezado pelos homens, mas através do qual se revela a vida e a salvação de Deus. Lembra-nos que uma vida vivida na simplicidade, na humildade, no sacrifício, na entrega e no dom de si mesmo não é, aos olhos de Deus, uma vida maldita, perdida, fracassada; mas é uma vida fecunda e plenamente realizada, que trará libertação e esperança ao mundo e aos homens.
No Evangelho, Jesus convida os discípulos a não se deixarem manipular por sonhos pessoais de ambição, de grandeza, de poder e de domínio, mas a fazerem da sua vida um dom de amor e de serviço. Chamados a seguir o Filho do Homem “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”, os discípulos devem dar testemunho de uma nova ordem e propor, com o seu exemplo, um mundo livre do poder que escraviza.
Na segunda leitura, o autor da Carta aos Hebreus fala-nos de um Deus que ama o homem com um amor sem limites e que, por isso, está disposto a assumir a fragilidade dos homens, a descer ao seu nível, a partilhar a sua condição. Ele não Se esconde atrás do seu poder e da sua omnipotência, mas aceita descer ao encontro homens para lhes oferecer o seu amor.
EVANGELHOMc 10,35-45
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
Tiago e João, filhos de Zebedeu,
aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe:
«Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir».
Jesus respondeu-lhes:
«Que quereis que vos faça?»
Eles responderam:
«Concede-nos que, na tua glória,
nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
Disse-lhes Jesus:
«Não sabeis o que pedis.
Podeis beber o cálice que Eu vou beber
e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?»
Eles responderam-Lhe: «Podemos».
Então Jesus disse-lhes:
«Bebereis o cálice que Eu vou beber
e sereis baptizados com o baptismo
com que Eu vou ser baptizado.
Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda
não Me pertence a Mim concedê-lo;
é para aqueles a quem está reservado».
Os outros dez, ouvindo isto,
começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Jesus chamou-os e disse-lhes:
«Sabeis que os que são considerados como chefes das nações
exercem domínio sobre elas
e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós:
Quem entre vós quiser tornar-se grande,
será vosso servo,
e quem quiser entre vós ser o primeiro,
será escravo de todos;
porque o Filho do homem não veio para ser servido,
mas para servir
e dar a vida pela redenção de todos».

AMBIENTE
Continuamos a percorrer, com Jesus e com os discípulos, o caminho para Jerusalém. Marcos observa que, nesta fase, Jesus vai à frente e os discípulos seguem-n’O “cheios de temor” (cf. Mc 10,32). Haverá aqui alguma má vontade dos discípulos, por causa das últimas polémicas e das exigências radicais de Jesus? Este “temor” resultará do facto de Jesus se aproximar do seu destino final, em Jerusalém, destino que o grupo não aprova? Seja como for, Jesus continua a sua catequese e, mais uma vez (é a terceira, no curto espaço de poucos dias), lembra aos discípulos que, em Jerusalém, vai ser entregue nas mãos dos líderes judaicos e vai cumprir o seu destino de cruz (cf. Mc 10,33-34). Desta vez, não há qualquer reacção dos discípulos.
Já observámos, no passado domingo, que o caminho percorrido por Jesus e pelos discípulos é, além de um caminho geográfico, também um caminho espiritual. Durante esse caminho, Jesus vai completando a sua catequese aos discípulos sobre as exigências do Reino e as condições para integrar a comunidade messiânica. A resposta dos discípulos às propostas que Jesus lhes vai fazendo nunca é demasiado entusiasta.
O texto que nos é proposto desta vez demonstra que os discípulos continuam sem perceber – ou sem querer perceber – a lógica do Reino. Eles ainda continuam a raciocinar em termos de poder, de autoridade, de grandeza e vêem na proposta do Reino apenas uma oportunidade de realizar os seus sonhos humanos.

MENSAGEM
Na primeira parte do nosso texto (vers. 35-40), apresenta-se a pretensão de Tiago e de João, os filhos de Zebedeu, no sentido de se sentarem, no Reino que vai ser instaurado, “um à direita e outro à esquerda” de Jesus. A questão nem sequer é apresentada como um pedido respeitoso; mas parece mais uma reivindicação de quem se sente com direito inquestionável a um privilégio. Certamente Tiago e João imaginam o Reino que Jesus veio propor de acordo com Dn 7,13-14 e querem assegurar nesse Reino poderoso e glorioso, desde logo, lugares de honra ao lado de Jesus. O facto mostra como Tiago e João, mesmo depois de toda a catequese que receberam durante o caminho para Jerusalém, ainda não entenderam nada da lógica do Reino e ainda continuam a reflectir e a sentir de acordo com a lógica do mundo. Para eles, o que é importante é a realização dos seus sonhos pessoais de autoridade, de poder e de grandeza.
Uma vez mais Jesus vê-se obrigado a esclarecer as coisas. Em primeiro lugar, Jesus avisa os discípulos de que, para se sentarem à mesa do Reino, devem estar dispostos a “beber o cálice” que Ele vai beber e a “receber o baptismo” que Ele vai receber. O “cálice” indica, no contexto bíblico, o destino de uma pessoa; ora, “beber o mesmo cálice” de Jesus significa partilhar esse destino de entrega e de dom da vida que Jesus vai cumprir. O “receber o mesmo baptismo” evoca a participação e imersão na paixão e morte de Jesus (cf. Rom 6,3-4; Col 2,12). Para fazer parte da comunidade do Reino é preciso, portanto, que os discípulos estejam dispostos a percorrer, com Jesus, o caminho do sofrimento, da entrega, do dom da vida até à morte. Apesar de Tiago e João manifestarem, com toda a sinceridade, a sua disponibilidade para percorrer o caminho do dom da vida, Jesus não lhes garante uma resposta positiva à sua pretensão… Jesus evita associar o cumprimento da missão e a recompensa, pois o discípulo não pode seguir determinado caminho ou embarcar em determinado projecto por cálculo ou por interesse; de acordo com a lógica do Reino, o discípulo é chamado a seguir Jesus com total gratuidade, sem esperar nada em troca, acolhendo sempre como graças não merecidas os dons de Deus.
Na segunda parte do nosso texto (vers. 41-45), temos a reacção dos discípulos à pretensão dos dois irmãos e uma catequese de Jesus sobre o serviço.
A reacção indignada dos outros discípulos ao pedido de Tiago e de João indica que todos eles tinham as mesmas pretensões. O pedido de Tiago e de João a Jesus aparece-lhes, portanto, como uma “jogada de antecipação” que ameaça as secretas ambições que todos eles guardavam no coração.
Jesus aproveita a circunstância para reiterar o seu ensinamento e para reafirmar a lógica do Reino. Começa por recordar-lhes o modelo dos “governantes das nações” e dos grandes do mundo (vers. 42): eles afirmam a sua autoridade absoluta, dominam os povos pela força e submetem-nos, exigem honras, privilégios e títulos, promovem-se à custa da comunidade, exercem o poder de uma forma arbitrária… Ora, este esquema não pode servir de modelo para a comunidade do Reino. A comunidade do Reino assenta sobre a lei do amor e do serviço. Os seus membros devem sentir-se “servos” dos irmãos, apostados em servir com humildade e simplicidade, sem qualquer pretensão de mandar ou de dominar. Mesmo aqueles que são designados para presidir à comunidade devem exercer a sua autoridade num verdadeiro espírito de serviço, sentindo-se servos de todos. Excluindo do seu universo qualquer ambição de poder e de domínio, os membros da comunidade do Reino darão testemunho de um mundo novo, regido por novos valores; e ensinarão os homens que com eles se cruzarem nos caminhos da vida a serem verdadeiramente livres e felizes.
Como modelo desta nova atitude, Jesus propõe-Se a Si próprio: Ele apresenta-Se como “o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos” (vers. 45). De facto, toda a vida de Jesus pode ser entendida em chave de amor e serviço. Desde o primeiro instante da incarnação, até ao último momento da sua caminhada nesta terra, Ele pôs-se ao serviço do projecto do Pai e fez da sua vida um dom de amor aos homens. Ele nunca Se deixou seduzir por projectos pessoais de ambição, de poder, de domínio; mas apenas quis entregar toda a sua vida ao serviço dos homens, a fim de que os homens pudessem encontrar a vida plena e verdadeira.
O fruto da entrega de Jesus é o “resgate” (“lytron”) da humanidade. A palavra aqui usada indica o “preço” pago para resgatar um escravo ou um prisioneiro. Atendendo ao contexto, devemos pensar que o resgate diz respeito à situação de escravidão e de opressão a que a humanidade está submetida. Ao dar a sua vida (até à última gota de sangue) para propor um mundo livre da ambição, do egoísmo, do poder que escraviza, Jesus pagou o “preço” da nossa libertação. Com Ele e por Ele nasce, portanto, uma comunidade de “servos”, que são testemunhas no mundo de uma ordem nova – a ordem do Reino.

ACTUALIZAÇÃO
• No centro deste episódio está Jesus e o modelo que Ele propõe, com o exemplo da sua vida. A frase “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos” (Mc 10,45) resume admiravelmente a existência humana de Jesus… Desde o primeiro instante, Ele recusou as tentações da ambição, do poder, da grandeza, dos aplausos das multidões; desde o primeiro instante, Ele fez da sua vida um serviço aos pobres, aos desclassificados, aos pecadores, aos marginalizados, aos últimos. O ponto culminante dessa vida de doação e de serviço foi a morte na cruz – expressão máxima e total do seu amor aos homens. É preciso que tenhamos a consciência de que este valor do serviço não é um elemento acidental ou acessório, mas um elemento essencial na vida e na proposta de Jesus… Ele veio ao mundo para servir e colocou o serviço simples e humilde no centro da sua vida e do seu projecto. Trata-se de algo que não pode ser ignorado e que tem de estar no centro da experiência cristã. Nós, seguidores de Jesus, devemos estar plenamente conscientes desta realidade.
• O episódio que nos é hoje proposto como Evangelho mostra, contudo, a dificuldade que os discípulos têm em entender e acolher a proposta de Jesus. Para Tiago, para João e para os outros discípulos, o que parece contar é a satisfação dos próprios sonhos pessoais de grandeza, de ambição, de poder, de domínio. Não os preocupa fazer da vida um serviço simples e humilde a Deus e aos irmãos; preocupa-os ocupar os primeiros lugares, os lugares de honra… Jesus, de forma simples e directa, avisa-os de que a comunidade do Reino não pode funcionar segundo os modelos do mundo. Aqui não há meio-termo: quem não for capaz de renunciar aos esquemas de egoísmo, de ambição, de domínio, para fazer da própria vida um serviço e um dom de amor, não pode ser discípulo desse Jesus que veio para servir e para dar a vida.
• Ao apresentar as coisas desta forma, o nosso texto convida-nos a repensar a nossa forma de nos situarmos, quer na família, quer na escola, quer no trabalho, quer na sociedade. A instrução de Jesus aos discípulos que o Evangelho deste domingo nos apresenta é uma denúncia dos jogos de poder, das tentativas de domínio sobre aqueles que vivem e caminham a nosso lado, dos sonhos de grandeza, das manobras patéticas para conquistar honras e privilégios, da ânsia de protagonismo, da busca desenfreada de títulos, da caça às posições de prestígio… O cristão tem, absolutamente, de dar testemunho de uma ordem nova no seu espaço familiar, colocando-se numa atitude de serviço e não numa atitude de imposição e de exigência; o cristão tem de dar testemunho de uma nova ordem no seu espaço laboral, evitando qualquer atitude de injustiça ou de prepotência sobre aqueles que dirige e coordena; o cristão tem sempre de encarar a autoridade que lhe é confiada como um serviço, cumprido na busca atenta e coerente do bem comum…
• Na comunidade cristã encontramos também, com muita frequência, a tentação de nos organizarmos de acordo com princípios de poder, de autoridade, de predomínio, à boa maneira do mundo. Sabemos, pela história, que sempre que a Igreja tentou esses caminhos, afastou-se da sua missão, deu um testemunho pouco credível e tornou-se escândalo para tantos homens e mulheres bem intencionados… Por outro lado, testemunhamos todos os dias, nas nossas comunidades cristãs, como os comportamentos prepotentes criam divisões, rancores, invejas, afastamentos… Que não restem dúvidas: a autoridade que não é amor e serviço é incompatível com a dinâmica do Reino. Nós, os seguidores de Jesus, não podemos, de forma alguma, pactuar com a lógica do mundo; e uma Igreja que se organiza e estrutura tendo em conta os esquemas do mundo não é a Igreja de Jesus.
• Na nossa sociedade, os primeiros são os que têm dinheiro, os que têm poder, os que frequentam as festas badaladas nas revistas da sociedade, os que vestem segundo as exigências da moda, os que têm sucesso profissional, os que sabem colar-se aos valores politicamente correctos… E na comunidade cristã? Quem são os primeiros? As palavras de Jesus não deixam qualquer dúvida: “quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos”. Na comunidade cristã, a única grandeza é a grandeza de quem, com humildade e simplicidade, faz da própria vida um serviço aos irmãos. Na comunidade cristã não há donos, nem grupos privilegiados, nem pessoas mais importantes do que as outras, nem distinções baseadas no dinheiro, na beleza, na cultura, na posição social… Na comunidade cristã há irmãos iguais, a quem a comunidade confia serviços diversos em vista do bem de todos. Aquilo que nos deve mover é a vontade de servir, de partilhar com os irmãos os dons que Deus nos concedeu.
• A atitude de serviço que Jesus pede aos seus discípulos deve manifestar-se, de forma especial, no acolhimento dos pobres, dos débeis, dos humildes, dos marginalizados, dos sem direitos, daqueles que não nos trazem o reconhecimento público, daqueles que não podem retribuir-nos… Seremos capazes de acolher e de amar os que levam uma vida pouco exemplar, os marginalizados, os estrangeiros, os doentes incuráveis, os idosos, os difíceis, os que ninguém quer e ninguém ama?




Estranha esta lógica
Desde o berço, fomos formatados através da linguagem do prémio e do castigo, da gratificação e da frustração, para «dar tudo» até ocupar «o cargo», «para mandar e ganhar muito» para ser famoso. É fácil entrar nesta engrenagem. Difícil é resistir propondo, mesmo que seja em pequena escala como nos espaços eclesiais, modelos alternativos de relação e de governo. Para saber mais clicar AQUI.

«O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida.»
Ao cobiçar os primeiros lugares, os mais altos cargos e as honras mais elevadas, os dois irmãos, Tiago e João, queriam, na minha opinião, ter autoridade sobre os outros. É por isso que Jesus Se opõe à sua pretensão, e põe a nu os seus pensamentos secretos dizendo-lhes: «Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.» Por outras palavras: «Se ambicionais o primeiro lugar e as maiores honras, procurai o último lugar, aplicai-vos a tornar-vos os mais simples, os mais humildes e os mais pequenos de todos. Colocai-vos atrás dos outros. Tal é a virtude que vos trará a honra a que aspirais. Tendes junto a vós um exemplo notável: "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida empela redenção de todos." Eis como obtereis glória e celebridade. Olhai para Mim: Eu não procuro honras nem glória e, no entanto, o bem que faço é infinito.»
Bem sabemos que, antes da Incarnação de Cristo e da sua vinda a este mundo, tudo estava perdido e corrompido; mas, depois de Ele Se ter humilhado, tudo restabeleceu. Aboliu a maldição, destruiu a morte, abriu o paraíso, acabou com o pecado, escancarou as portas do Céu para levar para lá as primícias da nossa humanidade. Propagou a fé em todo o mundo. Expulsou o erro e restabeleceu a verdade. Fez subir a um trono real as primícias da nossa natureza. Cristo é o autor de bens infinitamente numerosos, que nem a minha palavra nem nenhuma palavra humana poderiam descrever. Antes da sua vinda a este mundo, só os anjos O conheciam; mas, depois de Ele Se ter humilhado, toda a raça humana O reconheceu.
São João Crisóstomo (c. 345-407)presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilia contra o anomeanismo


 

sábado, 20 de outubro de 2018

inPRENSA: a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.


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