"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























sábado, 30 de novembro de 2013

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.
Martin Schulz Problema da Europa é pedir "sacrifícios para salvar bancos e não as pessoas"
Bombeiros pirómanos
O toque de finados do F.C.Porto? O princípio do fim?
Pinto da Costa pode ser forçado a abandonar FCP
Novo fracasso vale lenços brancos no Dragão
Este Governo é legítimo? Claro que sim!
Cabeças perdidas
Segurança Polícia deixa escapar membros de rede de assaltos
Gondomar Gabinete de Valentim Loureiro tinha elevador secreto
Carvalho da Silva "Estado Social não é sustentável se impostos servirem (apenas) para acumular riqueza"
Douro Azul quer ficar com cacilheiro de Joana Vasconcelos
Crise Quase 80% da austeridade feita à conta de carteiras das famílias
Ex-quadro do Credit Suisse condenado a prisão
Discurso  e texto de Pacheco Pereira na Aula Magna
"Há uma estratégia de má-fé e de falsidade contra o Constitucional"
Está aprovado o Orçamento do Estado. Saiba o que muda na sua vida
General dá razão aos alertas de Mário Soares sobre violência
Lei das 40 horas passa por um voto no constitucional
Constitucional esteve a um passo de chumbar lei das 40 horas
Os erros nas PPP e nos investimentos públicos
Autarcas 'dinossauros' embolsam subsídio baseado em lei extinta
O apelo à violência do Papa Francisco
"As pessoas admiram-se com o Papa porque ele é autêntico"

EFEMÉRIDE: Etty Hillesum morreu há 70 anos

Etty Hillesum nasceu a 15 de janeiro de 1914, em Middelburg, Holanda, e morreu a 30 de novembro de 1943, aos 29 anos, no campo de concentração de Auschwitz, Polónia.
 
Depois desta noite, houve um momento em que senti seriamente que, de futuro, seria pecado voltar alguma vez a rir. Mas lembrei-me então de que, não obstante, alguns haviam partido a rir, embora não muitos, apenas alguns, desta vez. E talvez haja também quem ria de vez em quando na Polónia, embora não venham a ser muitos deste transporte, creio eu. (…) Disse-vos já por diversas vezes que não existem palavras ou imagens adequadas para descrever noites como esta. Ainda assim, tenho de tentar registar alguma coisa. Aqui, temos sempre a sensação de sermos os ouvidos e os olhos de um pedaço de História judaica, havendo também a necessidade de, por vezes, sermos uma pequena voz. Temos de manter-nos ao corrente de tudo o que acontece nos quatro cantos deste mundo, cada um deve dar o seu contributo para o grande mosaico estar totalmente preenchido no fim da guerra.
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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

LEITURA: Humanizar a sociedade

«A doutrina da Igreja é confirmada pela legislação civil e tudo é orientado para uma ação conjunta de libertação e integração na sociedade portuguesa. São exemplos que podem assegurar como houve preocupação de referir as situações periféricas e sair dos mundos habituais e suscitar maior diálogo para um caminho dum verdadeiro humanismo que afeta todas as categorias de pessoas. Gostei de verificar a referência ao voluntariado e ao papel dos avós. Duas áreas que apresentaria como espaços concretos da responsabilidade que cada um deve assumir». Enquadrar a Doutrina Social da Igreja com o pensamento moderno e como resposta a problemas concretos é um dos objetivos do livro “Humanizar a sociedade – Responsabilidade de todos, contributo dos mais vulneráveis”, de Georgino Rocha, recentemente lançado pela Editorial Cáritas. Apresentamos um excerto do prefácio, assinado por D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, organismo responsável pelas instituições de ação de social da Igreja católica, onde a Cáritas Portuguesa se inclui.
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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Escolher

Todos os dias, o ser humano é inserido num fluxo contínuo de escolhas. Mesmo quem julga que não escolhe, já está a escolher: escolhe não escolher. Muitas são as pessoas que, em vez de assumir a responsabilidade de escolher e de tomar nas suas mãos a sua própria vida, preferem delegar noutros as suas escolhas. Mas, ao fazerem assim, não vivem. Creem que, ao não escolher, encontram a tranquilidade; mas, na realidade, morrem. Creio que este é o mais grave pecado de um ser humano. Vir à terra e não viver.
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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CINEMA: "Histórias que contamos":

Todas as famílias têm a sua história, e é pelo mais genuíno desejo de preservação de si mesmas, do seu património imaterial, que os mais velhos partilham partes de si com os mais novos, confiando-lhes a missão de desafiar as leis do tempo, sedimentando uma identidade coletiva que os manterá solidamente unidos para sempre, e para sempre inscritos no relato da humanidade. “Histórias que contamos” é um documentário e um legado que inscreve na história do cinema e da humanidade a demanda duma mulher do nosso tempo em busca da sua mãe, feita de lugares, testemunhos e memórias plurais, passados mais ou menos remotos evocados de modo próprio que, entretecido em registos diversos, a conduz, e a nós, por caminhos imprevistos: as revelações sucedem-se e comportam verdades dolorosas sobre a identidade de Sarah Polley, a realizadora.
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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

ESPIRITUALIDADE: O "Ano da Fé"...

... acabou ontem, 24 de Novembro de 2013? Sim e não! Sim, por um lado, o oficial, não, por outro lado - não pode nem deve. Porquê? Como? Veja-se, leia-se e "mãos-à-obra":
1. A fé cristã em duas palavras: «contemplar», «agir»
2. A Fé é uma criança nos braços do pai
«Proclama a palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta,
com toda a paciência e doutrina....  Porque a Palavra de Deus aparece envolta em roupagens e géneros literários típicos de uma época e de uma cultura determinada, é preciso estudá-la, aprender a conhecer o mundo e a cultura bíblica, compreender o enquadramento e o ambiente em que o autor sagrado escreve… As nossas comunidades cristãs têm o cuidado de organizar iniciativas no campo da informação e do estudo bíblico, de forma a proporcionar aos nossos cristãos uma informação adequada para compreender melhor a Palavra de Deus? E quando há essa informação, os nossos cristãos têm o cuidado de a aproveitar? Porquê?». Então, vede, lede e não olvides por aqui http://abriu-lhesasescrituras.blogspot.pt/2013/06/59-o-tempo-do-jubileu.html

Sejam Crentes ou Ateus, a grande pobreza é não se deixar pôr em causa! É igual o problema dos Crentes convencidos e dos Ateus petrificados - 

domingo, 24 de novembro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHO – Lc 23,35-43
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo:
«Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo,
se é o Messias de Deus, o Eleito».
Também os soldados troçavam d’Ele;
aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam:
«Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo».
Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este é o Rei dos judeus».
Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados
insultava-O, dizendo:
«Não és Tu o Messias?
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também».
Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o:
«Não temes a Deus,
tu que sofres o mesmo suplício?
Quanto a nós, fez-se justiça,
pois recebemos o castigo das nossas más acções.
Mas Ele nada praticou de condenável».
E acrescentou:
«Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza».
Jesus respondeu-lhe:
«Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
AMBIENTE
O Evangelho situa-nos “lugar do Crânio” (alusão provável à forma da rocha que dominava o lugar e que lembrava um crânio), diante de uma cruz. É o final da “caminhada” terrena de Jesus: estamos perante o último quadro de uma vida gasta ao serviço da construção do “Reino”. As bases do “Reino” já estão lançadas e Jesus é apresentado como “o Rei” que preside a esse “Reino” que Ele veio propor aos homens. A cena apresenta-nos Jesus crucificado, dois “malfeitores” crucificados também, os chefes dos judeus que “zombavam de Jesus”, os soldados que troçavam dos condenados e o povo silencioso, perplexo e expectante. Por cima da cruz de Jesus, havia uma inscrição: “o basileus tôn Ioudaiôn outos” (“este é o rei dos judeus”).
MENSAGEM
O quadro que Lucas nos apresenta é, portanto, dominado pelo tema da realeza de Jesus… Como é que se define e apresenta essa realeza?
Presidindo à cena, dominando-a de alto a baixo, está a famosa inscrição que define Jesus como “rei dos judeus”. É uma indicação que, face à situação em que Jesus Se encontra, parece irónica: Ele não está sentado num trono, mas pregado numa cruz; não aparece rodeado de súbditos fiéis que O incensam e adulam, mas dos chefes dos judeus que O insultam e dos soldados que O escarnecem; Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante… Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena.
Contudo, a inscrição da cruz – irónica aos olhos dos homens – descreve com precisão a situação de Jesus, na perspectiva de Deus: Ele é o “rei” que preside, da cruz, a um “Reino” de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida. Neste quadro, explica-se a lógica desse “Reino de Deus” que Jesus veio propor aos homens.
O quadro é completado por uma cena bem significativa para entender o sentido da realeza de Jesus… Ao lado de Jesus estão dois “malfeitores”, crucificados como Ele. Enquanto um O insulta (este representa aqueles que recusam a proposta do “Reino”), o outro pede: “Jesus, lembra-Te de mim quando vieres com a tua realeza”. A resposta de Jesus a este pedido é: “hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Jesus é o Rei que apresenta aos homens uma proposta de salvação e que, da cruz, oferece a vida. O “estar hoje no paraíso” não expressa um dado cronológico, mas indica que a salvação definitiva (o “Reino”) começa a fazer-se realidade a partir da cruz. Na cruz manifesta-se plenamente a realeza de Jesus que é perdão, renovação do homem, vida plena; e essa realeza abarca todos os homens – mesmo os condenados – que acolhem a salvação.
Toda a vida de Jesus foi dominada pelo tema do “Reino”. Ele começou o seu ministério anunciando que “o Reino chegou” (cf. Mc 1,15; Mt 4,17). As suas palavras e os seus gestos sempre mostraram que Ele tinha consciência de ter sido enviado pelo Pai para anunciar o “Reino” e para trazer aos homens uma era nova de felicidade e de paz. Os discípulos depressa perceberam que Jesus era o “Messias” (cf. Mc 8,29; Mt 16,16; Lc 9,20) – um título que O ligava às promessas proféticas e a esse reino ideal de David com que o Povo sonhava. Contudo, Jesus nunca assumiu com clareza o título de “Messias”, a fim de evitar equívocos: numa Palestina em ebulição, o título de “Messias” tinha algo de ambíguo, por estar ligado a perspectivas nacionalistas e a sonhos de luta política contra o ocupante romano. Jesus não quis deitar mais lenha para a fogueira da esperança messiânica, pois o seu messianismo não passava por um trono, nem por esquemas de autoridade, de poder, de violência. Jesus é o Messias/rei, sim; mas é rei na lógica de Deus – isto é, veio para presidir a um “Reino” cuja lei é o serviço, o amor, o dom da vida. A afirmação da sua dignidade real passa pelo sofrimento, pela morte, pela entrega de Si próprio. O seu trono é a cruz, expressão máxima de uma vida feita amor e entrega. É neste sentido que o Evangelho de hoje nos convida a entender a realeza de Jesus.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir dos seguintes dados:
Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo não é celebrar um Deus forte, dominador que Se impõe aos homens do alto da sua omnipotência e que os assusta com gestos espectaculares; mas é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor. A cruz – ponto de chegada de uma vida gasta a construir o “Reino de Deus” – é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens através do amor e do dom da vida.
O reinado de David é apresentado com um tempo ideal de unidade, de paz e de felicidade; no entanto, conheceu, também, tudo aquilo que costuma caracterizar os reinados humanos: tronos, riquezas, exércitos, batalhas, injustiças, intrigas de corte, lutas pelo poder, assassínios, corrupção… Falar do “Reino” de Jesus terá algo a ver com isto? Estes esquemas caberão, de alguma forma, na lógica de Deus?
À Igreja de Jesus ainda falta alguma coisa para interiorizar a lógica da realeza de Jesus. Depois dos exércitos para impor a cruz, das conversões forçadas e das fogueiras para combater as heresias, continuamos a manter estruturas que nos equiparam aos reinos deste mundo… A Igreja, corpo de Cristo e seu sinal no mundo, necessita que o seu Estado com território (ainda que simbólico) seja equiparado a outros Estados políticos? A Igreja, esposa de Cristo, necessita de servidores que se comportam como se fossem funcionários superiores do império? A Igreja, serva de Cristo e dos homens, necessita de estruturas que funcionam, muitas vezes, apenas segundo a lógica do mercado e da política? Que sentido é que tudo isto faz?
Em termos pessoais, a Festa de Cristo Rei convida-nos, também, a repensar a nossa existência e os nossos valores. Diante deste “rei” despojado de tudo e pregado numa cruz, não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de glórias, de títulos, de aplausos, de reconhecimentos? Diante deste “rei” que dá a vida por amor, não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as invejas mesquinhas, as rivalidades que nos magoam e separam dos irmãos? Diante deste “rei” que se dá sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?
A Festa de Cristo Rei é, também, a festa da soberania de Cristo sobre a comunidade cristã. A Igreja é um corpo, do qual Cristo é a cabeça; é Cristo que reúne os vários membros numa comunidade de irmãos que vivem no amor; é Cristo que a todos alimenta e dá vida; é Cristo o termo dessa caminhada que os crentes fazem ao encontro da vida em plenitude. Esta centralidade de Cristo tem estado sempre presente na reflexão, na catequese e na vida da Igreja? É que muitas vezes falamos mais de autoridade e de obediência do que de Cristo; de castidade, de celibato e de leis canónicas, do que do Evangelho; de dinheiro, de poder e de direitos da Igreja, do que do “Reino”… Cristo é – não em teoria, mas de facto – o centro de referência da Igreja no seu todo e de cada uma das nossas comunidades cristãs em particular? Não damos, às vezes, mais importância às leis feitas pelos homens do que a Cristo? Não há, tantas vezes, “santos”, “santinhos” e “santões” que assumem um valor exagerado na vivência de certos cristãos, e que ocultam ou fazem esquecer o essencial?

sábado, 23 de novembro de 2013

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.
João Cravinho "Sem reestruturação da dívida ficamos esfolados"
Pacheco Pereira "Está o Constitucional disposto a permitir o 'vale tudo' exigido pelo Governo?"
Miguel Sousa Tavares "Portugueses sabem que de pouco serve mudar de Governo ou Presidente"
Papa Francisco critica «vida dupla» de quem dá dinheiro à Igreja mas «rouba» o Estado e os pobres
Uma entrada desastrada para o euro
Os Estados Unidos têm razão
O empobrecimento não trouxe crescimento nem consolidação
Reforma do Estado: gato escondido
Mais ou menos Europa
Barroso, o mordomo
Reacção Jorge Miranda "chocado" com "interferência" de Barroso
Por um estado de exceção constitucional
Fisco Quase 130 mil empresas 'alérgicas' a pagar IVA
Vergonha é o que não falta
"Papa abraçou-me sem saber se era contagioso"
Papa liga a jornalista despedido por o ter criticado
"A legitimidade de exercício do Governo tem sido bastante afectada"
Polícias todas na rua para manifestação contra OE
Estado assume dívida 17 milhões ligada a Vieira
Parlamento Deputados dão 'nega' a Governo e exigem manter estatuto especial
É preciso "atacar o cinismo dos poderosos"
Seis mil crianças soldado na República Centro Africana
Sobrinho Simões "Governo fez espécie de destruição criativa: rebentou com tudo"
Novo dono do Lens é fã do FC Porto e abre a porta a Ibrahimovic e Falcao
As perguntas do Papa Francisco. I

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO várias

Em cada dia deixa-te tocar por alguém ou por alguma coisa
Falamos pouco do Evangelho da Alegria e, entre tudo aquilo que assumimos como dever, como tarefa, raramente ele está. O dever da alegria, estarmos quotidianamente hipotecados à alegria, enviados em nome da alegria, não nos é tantas vezes recordado quanto devia. As nossas liturgias, pregações, catequeses e pastorais abordam a alegria quase com pudor. Definimo-nos culturalmente como homo faber, homem artesão, fabricante, aquele que se realiza na própria ação. E distanciamos da nossa própria vida o horizonte do homo festivus, isto é, o que é capaz de celebrar, aquele que conduz a criação à sua plenitude.
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/em_cada_dia_deixa_te_tocar_por_alguem_ou_alguma_coisa.html

Onde está o teu tesouro?
«Depois de anos e anos de dura miséria que, no entanto, não tinham beliscado a sua confiança em Deus, Eisik teve em sonhos a ordem de ir a Praga buscar um tesouro que estava enterrado debaixo da ponte do palácio real. Como o sonho se repetiu por três vezes, pôs-se a caminho e andou, andou, andou até que chegou a Praga. Mas a ponte era vigiada dia e noite pelas sentinelas que guardavam o palácio… E Eisik não teve coragem de escavar no local indicado. Todavia, voltava à ponte todas as manhãs e ficava ali às voltas até ao entardecer. Um dia, o capitão da guarda, que tinha notado as suas idas e voltas, aproximou-se e perguntou-lhe simpaticamente se tinha perdido alguma coisa ou se estava à espera de alguém. Eisik contou-lhe então o sonho que o tinha trazido da sua longínqua terra até ali. E o capitão desatou a rir: “E tu, pobre homem, por dar crédito a um sonho vieste a pé até aqui? Ah, ah, ah! Estás arrumado se te fias em sonhos!» A Cáritas Portuguesa lançou este mês o segundo número da segunda série da sua revista, onde lemos a história de um homem que deixa tudo à procura de um tesouro e que acaba por ser surpreendido…
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/onde_esta_o_teu_tesouro.html

O valor da pessoa humana na cultura atual
A comunicação social traz ao nosso alcance diariamente guerras civis como na Siria, com tonalidades de discriminação religiosa como no Egito, violações e homicídios de membros da mesma família, assaltos violentos permanentes e de vária ordem, recorrendo mesmo à eliminação daquele a quem se pretende espoliar, corrupção que deteriora o bem comum e muitas outras situações. Em cada verão somos acometidos com imagens desesperantes de quem pelo fogo sente a perda de todos os seus haveres e em muitas situações a morte daqueles que se dedicam a salvar vidas. Acresce ainda, no inicio de cada ano escolar, o desespero de tantos professores que vendo-se sem local para lecionar sentem a sua dignidade ferida por falta de ocupação e o futuro, seu e da sua família, em risco por falta de meios de sobrevivência. Na cultura atual que exaltou a autonomia do homem e que viu nas suas capacidades pessoais a única resposta para um futuro promissor, exige-se avaliar as causas profundas de todas estas situações.
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/o_valor_da_pessoa_humana_na_cultura_atual.html

A coragem
O problema é que pensamos que não temos coragem. Por isso, todos nós devemos fazer com que ela se manifeste. Às vezes, bastam uns gramas a mais de coragem para vencer. Nunca abandones o desafio nem te dês por vencido. Para, repousa, para voltares a partir com mais coragem. Não te deixes deprimir quando tudo parece não andar como deve ser: para e espera. Em silêncio. E a coragem voltará. Estás à procura do lugar certo onde encontrar a coragem? Não está em lugar algum! Está em ti! Está dentro de ti, sem exceção. Ainda ninguém conhece com precisão o enorme potencial do nosso cérebro. Nunca nos esqueçamos de que somos criaturas divinas, feitas «à sua imagem».
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/a_coragem.html


 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ESPIRITUALIDADE: A Esperança é o lugar de encontro de todas as crenças

«Uma das coisas que mais me impressiona, e não falo só de Portugal, é um clima geral de incapacidade de imaginar que as coisas podem ser diferentes e melhores», afirmou esta quarta-feira na Capela do Rato, em Lisboa, o colunista Daniel Oliveira. O antigo dirigente do Bloco de Esquerda foi um dos convidados da sessão sobre a virtude da Esperança. Henrique Joaquim, presidente da Comunidade Vida e Paz, referiu-se à protagonista do documentário, Alexandra, de 19 anos, que sofreu a «ostracização e a indiferença»: a «esperança pode ser vivida no sofrimento», bem como «na incerteza e no incompreensível», mas também «no sonho». «A esperança que a Alexandra transmite vem do ninho onde ela foi criada», salientou por seu lado a jornalista Cândida Pinto. O responsável pela Capela do Rato, padre Tolentino Mendonça, frisou que «não há ateus para a esperança», virtude «insustentável e paradoxal» que muitas vezes se cultiva no «sofrimento». Veja o documentário.
Mais em:
http://www.snpcultura.org/a_esperanca_e_o_lugar_encontro_todas_crencas.html

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

POLÍTICA/ECONOMIA/FINANÇAS: Pessoas antes dos números, sempre!

Comunicado da Comissão Nacional Justiça e Paz

1.Em Abril passado, passaram cinquenta anos sobre a data de publicação da célebre encíclica do Papa João XXIII sobre a PAZ (Pacem in Terris). Para comemorar tão significativa data, a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) organiza, em parceria com a Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, uma conferência sobre alguns fatores de paz[1].
Comemorar não é apenas recordar. É, também, e sobretudo, atualizar o empenhamento dos cristãos e dos homens e mulheres de boa vontade, no sentido de marcar a vida do país, da Europa e do mundo com as sábias orientações daquele documento memorável, na linha da construção da paz na justiça, e da intransigente defesa da dignidade humana, na sua dimensão individual e na sua relação com os outros. É, ainda, perceber a atualidade e o sentido daquela intervenção; celebrar é colher o mesmo dinamismo de atenção à realidade - lendo os sinais dos tempos, escutando os anseios e as esperanças dos nossos contemporâneos (à maneira do que, pouco depois, o Concílio Vaticano II havia de escrever na Constituição Pastoral Gaudium et spes (cf. n.1) - e procurando, com serenidade, propor uma palavra de esperança que possa contribuir para a transformação da realidade que conhecemos, para a tornar lugar da presença do Reino de paz e de Justiça, de um mundo fraterno.
2. Em Setembro de 2012, a CNJP publicou um comunicado, intitulado “Os números e as Pessoas”, em que dava conta das preocupações relativas à economia e às condições de vida dos portugueses, e alertava para alguns pontos importantes: a) o falhanço no cumprimento dos objetivos fixados no Memorando de Entendimento, sem que se tirassem consequências no respeitante à correção das políticas adotadas; b) a degradação da situação social, com o consequente enfraquecimento do Estado de Direito; c) a falta de equidade na distribuição dos sacrifícios impostos; d) a excessiva passividade das autoridades face às exigências dos credores e da Europa.
Infelizmente, as considerações então feitas continuam válidas e devem mesmo ser reforçadas. Com efeito, o progresso conseguido nalgumas variáveis continua a ser claramente insuficiente, face aos objetivos, os quais vão sendo progressivamente adiados. Neste entendimento, a CNJP expressa, uma vez mais, a sua profunda preocupação com a situação de muitos dos nosso concidadãos, arrastados para condições de vida impróprias, mesmo em tempo de crise e emergência. Reconhecemos que o país está sujeito ao cumprimento de metas financeiras e orçamentais fixadas no Memorando de Entendimento. São condicionantes relevantes da política nacional, mas não é aceitável que se transformem em objetivos finais da governação. Os governos existem, não para cumprir metas orçamentais, mas para promover o bem-estar das pessoas e das famílias, de forma sustentável. Com os recursos existentes no país, na União Europeia e nas instituições internacionais envolvidas, não é aceitável que sobre o povo português se faça desabar um tipo de austeridade objetivamente desumano, em resultado de objetivos financeiros transformados em finalidade última e única das políticas públicas.
3. É conhecida a altíssima taxa de desemprego entre nós, com a agravante de metade dos desempregados não terem direito ao subsídio de desemprego e mais de metade estarem em situação de desemprego de longa duração (mais de um ano). A taxa de desemprego entre os jovens é de 36%, sabendo-se que cerca de 450 000 jovens não estão empregados nem em educação ou formação. São indicadores preocupantes, com a agravante de que as limitações com que são definidos e interpretados não permitem refletem toda a realidade.
Também são conhecidos os pronunciados cortes nos salários e pensões. O efeito comum deste conjunto de fatores é uma queda acentuada do poder de compra e, consequentemente, da procura interna, cujo crescimento a indispensável promoção dos bens transacionáveis não dispensa. São visíveis os efeitos recessivos daquelas realidades, com a geração de um autêntico ciclo vicioso, mau grado o anúncio de um «novo ciclo» virado para o crescimento económico.
4. A situação seria grave em qualquer caso, dada a natureza e a extensão dos sacrifícios, mas torna-se ainda mais injustificável quando se verifica que os principais objetivos do Memorando de Entendimento não têm sido atingidos: o défice público deveria ser de 3% do PIB em 2013, prevendo que se situe entre 4 e 4.5%; e a trajetória descendente do rácio da dívida pública/PIB a partir do corrente ano está por verificar-se. Assim, os sacrifícios impostos ao povo português nem sequer conseguiram assegurar os objetivos que visavam. E chegados ao fim do período de vigência do acordo, não é expectável que o país esteja em condições de recorrer, por si só, aos mercados. Tem de reconhecer-se que a desproporção é inaceitável.
5. Alguns governantes têm sublinhado a preocupação com a equidade na distribuição dos sacrifícios. Os elementos disponíveis revelam que se trata de uma preocupação inconsequente. Na verdade, embora os dados disponíveis sejam escassos, sabe-se que os multimilionários portugueses são mais e estão mais ricos. De 785 em 2012, passaram para 870 em 2013, tendo a respetiva fortuna crescido, em média, 11.1% no mesmo período. São valores que contrastam com a situação geral da sociedade portuguesa e que revelam uma forma profunda de injustiça social, precisamente no momento em que são maiores as exigências da justiça e da equidade.[2]
7. Não há sociedade que resista à supressão dos pilares em que assenta a coesão social: confiança na relação entre os cidadãos e o Estado, designadamente num Estado de direito; respeito pelos direitos decorrentes da dignidade humana; limites à incerteza quanto ao futuro. É geralmente reconhecido que estas realidades devem ter em conta as condições de contexto em que se aplicam. Não é isto o que se tem verificado entre nós, mas a pura e simples eliminação das regras básicas de convivência e confiança entre as pessoas e as instituições, como se o país fosse uma folha em branco, onde caberia ao poder político começar a escrever a história nacional.
8. Numa conferência pronunciada nos EUA, afirmou o cardeal Maradiaga (Honduras), coordenador do grupo de cardeais para aconselhar o Papa no governo da Igreja:
“Os efeitos e consequências das ditaduras neoliberais que governam as democracias não são difíceis de descobrir: eles invadem-nos com a indústria do entretenimento, fazem-nos esquecer dos direitos humanos, convencem-nos de que nada se pode fazer, de que não existe alternativa possível. Para mudar o sistema, seria necessário destruir o poder dos novos senhores feudais.”
E, mais adiante, acrescenta:
“Se Jesus chamou “abençoados” aos pobres é porque está a assegurar-lhes de que a sua situação vai mudar, e, consequentemente, é necessário criar um movimento que possa suscitar isso, restituindo-lhes a dignidade e a esperança.”[3]
Em vésperas do Advento, propomos aos nossos irmãos e irmãs na fé que estas linhas do pensamento do Cardeal Maradiaga façam parte da reflexão com que irão preparar a celebração do próximo Natal.
Lisboa, 14 de Novembro de 2013.
A Comissão Nacional Justiça e Paz

Fonte: http://www.ecclesia.pt/cnjp/

terça-feira, 19 de novembro de 2013

quem conhece ESSES DESCONHECIDOS (30): S. José Moscati

que merecem ser mais conhecidos - vida&obra - e eu mais em conhecê-los e dar a conhecer?

Nasceu na Itália em 1880 de família que tanto aspirava Deus, que com apenas 17 anos obrigou-se particularmente ao voto de castidade perpétua.

Tendido aos estudos, cursou a faculdade de medicina na Universidade de Nápoles e chegou, com 23 anos, ao doutorado e nesta área pôde ocupar altos cargos, além de representar a Itália nos Congressos Médicos Internacionais. Com competência profissional, Moscati curou com particular eficiência e caridade milhares e milhares de doentes.

Em Nápoles, embora procurado por toda classe de doentes, dava, contudo, preferência aos mais pobres e indigentes. Sem dúvida foi na prática da caridade para com os pobres que se manifestou toda sua grandeza, ao ponto de receber o título de médico e pai dos pobres, isto num tempo em que a cultura se afastava da fé.

José Moscati corajosamente viveu até 1927 e testemunhou a Verdade, tanto assim que encontramos em seus escritos: " Ama a verdade, mostra-te como és, sem fingimentos, sem receios, sem respeito humano. Se a verdade te custa a perseguição, aceita-a; se te custa o tormento, suporta-o. E se, pela verdade, tivesses que sacrificar-te a ti mesmo e a tua vida, sê forte no sacrifício".

http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Moscati

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

CINEMA: Ciclo "Cinema e o sentido da Vida"

«O cinema, como as restantes artes, têm o seu modo próprio de expressar esse enorme desafio que é a Vida. Ao longo da história do cinema, inúmeros filmes criam narrativas, mais ou menos realistas, mais ou menos poéticas, mais ou menos fictícias que nos aproximam do real e do imaginado, do que conhecemos e do que nos transcende, impulsionando-nos à descoberta do que somos, fomos e podemos ser», sublinha a nota de apresentação da iniciativa. Os programadores escolheram narrativas que «fazem refletir sobre diferentes modos de olhar a Vida e, particularmente, aquelas que expressam formas plurais de superação». “Cinema e o sentido da Vida” é o tema do ciclo composto por sete filmes e cinco curtas-metragens que decorre de 28 de novembro a 1 de dezembro.
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domingo, 17 de novembro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOLc 21,5-19
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
comentavam alguns que o templo estava ornado
com belas pedras e piedosas ofertas.
Jesus disse-lhes:
«Dias virão em que, de tudo o que estais a ver,
não ficará pedra sobre pedra:
tudo será destruído».
Eles perguntaram-lhe:
«Mestre, quando sucederá isso?
Que sinal haverá de que está para acontecer?»
Jesus respondeu:
«Tende cuidado; não vos deixeis enganar,
pois muitos virão em meu nome
e dirão: “sou eu”; e ainda: “O tempo está próximo”.
Não os sigais.
Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas,
não vos alarmeis:
é preciso que estas coisas aconteçam primeiro,
mas não será logo o fim».
Disse-lhes ainda:
«Há-de erguer-se povo e reino contra reino.
Haverá grandes terramotos
e, em diversos lugares, fomes e epidemias.
Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu.
Mas antes de tudo isto,
deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos,
entregando-vos às sinagogas e às prisões,
conduzindo-vos à presença de reis e governadores,
por causa do meu nome.
Assim tereis ocasião de dar testemunho.
Tende presente em vossos corações
que não deveis preparar a vossa defesa.
Eu vos darei língua e sabedoria
a que nenhum dos vossos adversários
poderá resistir ou contradizer.
Sereis entregues até pelos vossos pais,
irmãos, parentes e amigos.
Causarão a morte a alguns de vós
e todos vos odiarão por causa do meu nome;
mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá.
Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas.
AMBIENTE
Estamos em Jerusalém, nos últimos dias antes da paixão. Como acontece com os outros sinópticos (cf. Mt 24-25; Mc 13), também Lucas conclui a pregação de Jesus com um discurso escatológico onde se misturam referências à queda de Jerusalém e ao “fim dos tempos”. Na versão lucana, Jesus está nos átrios do Templo com os discípulos (na versão de Mateus e de Marcos, Jesus está no monte das Oliveiras); é a contemplação das belas pedras do Templo, que leva Jesus a esta catequese escatológica.
MENSAGEM
O discurso escatológico que Lucas nos traz é uma apresentação teológica onde aparecem, em pano de fundo, três momentos da história da salvação: a destruição de Jerusalém, o tempo da missão da Igreja e a vinda do Filho do Homem (que porá fim ao “tempo da Igreja” e trará a plenitude do “Reino de Deus”).
O texto começa com o anúncio da destruição de Jerusalém (vers. 5-6). Na perspectiva profética, Jerusalém é o lugar onde deve irromper a salvação de Deus (cf. Is 4,5-6; 54,12-17; 62; 65,18-25) e para onde convergirão todos os povos empenhados em ter acesso a essa salvação (cf. Is 2,2-3; 56,6-8; 60,3; 66,20-23). No entanto, Jerusalém recusou a oferta de salvação que Jesus veio trazer. A destruição da cidade e do Templo significa que Jerusalém deixou de ser o lugar exclusivo e definitivo da salvação. A Boa Nova de Jesus vai, portanto, deixar Jerusalém e partir ao encontro de todos os povos. Começa, assim, uma outra fase da história da salvação: começa o “tempo da Igreja” – o tempo em que a comunidade dos discípulos, caminhando na história, testemunhará a salvação a todos os povos da terra.
Vem, depois, uma reflexão sobre o “tempo da Igreja”, que culminará com a segunda vinda de Jesus (vers. 7-19). Como será esse tempo? Como vivê-lo?
Em primeiro lugar, Lucas sugere que, após a destruição de Jerusalém, surgirão falsos messias e visionários que anunciarão o fim (o que é, aliás, vulgar em épocas de crise e de catástrofe). Lucas avisa: “não sigais atrás deles” (vers. 8); e esclarece: “não será logo o fim” (vers. 9). A destruição de Jerusalém no ano 70 pelas tropas de Tito deve ter parecido aos cristãos o prenúncio da segunda vinda de Jesus e alguns pregadores populares deviam alimentar essas ilusões… Mas Lucas (que escreve durante os anos 80) está apostado em eliminar essa febre escatológica que crescia em certos sectores cristãos: em lugar de viverem obcecados com o fim, os cristãos devem preocupar-se em viver uma vida cristã cada vez mais comprometida com a transformação “deste” mundo.
Em segundo lugar, Lucas diz aos cristãos o que acontecerá nesse “tempo de espera”: paulatinamente, irá surgindo um mundo novo. Para dizer isto, Lucas recorre a imagens apocalípticas (“há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino” – vers. 10, cf. Is 19,2; 2 Cr 15,6; “haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fome e epidemias; haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu” – vers. 11), muito usadas pelos pregadores populares da época para falar da queda do mundo velho – o mundo do pecado, do egoísmo, da exploração – e do surgimento de um mundo novo… A questão é, portanto, esta: no tempo que medeia entre a queda de Jerusalém e a segunda vinda de Jesus, o “Reino de Deus” ir-se-á manifestando; o mundo velho desaparecerá e nascerá um mundo novo (recordemos que os discípulos não devem esperá-lo de braços cruzados, à espera que Deus faça tudo, mas devem empenhar-se na sua construção). É claro que a libertação plena e definitiva só acontecerá com a segunda vinda de Jesus.
Em terceiro lugar, Lucas põe os cristãos de sobreaviso para as dificuldades e perseguições que marcarão a caminhada histórica da Igreja pelo tempo fora, até à segunda vinda de Jesus. Lucas lembra-lhes, contudo, que não estarão sós, pois Deus estará sempre presente; será com a força de Deus que eles enfrentarão os adversários e que resistirão à tortura, à prisão e à morte; será com a ajuda de Deus que eles poderão, até, resistir à dor de ser atraiçoados pelos próprios familiares e amigos… Quando Lucas escreve este texto, tem bem presente a experiência de uma Igreja que caminha e luta na história para tornar realidade o “Reino” e que, nessa luta, conhece os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição e o martírio; as palavras de alento que ele aqui deixa – sobretudo a certeza de que Deus está presente e não abandona os seus filhos – devem ter constituído uma ajuda inestimável para esses cristãos a quem o Evangelho se destinava.
O discurso escatológico define, portanto, a missão da Igreja na história (até à segunda vinda de Jesus): dar testemunho da Boa Nova e construir o Reino. Os discípulos nada deverão temer: haverá dificuldades, mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar os seguintes desenvolvimentos:
• O que parece, aqui, fundamental, não é o discurso sobre o “fim do mundo”, mas sim o discurso sobre o percurso que devemos percorrer, até chegarmos à plenitude da história humana… Trata-se de uma caminhada que não nos leva ao aniquilamento, à destruição absoluta, ao fracasso total, mas à vida nova, à vida plena; por isso, deve ser uma caminhada que devemos percorrer de cabeça levantada, cheios de alegria e de esperança.
• É, sem dúvida, uma caminhada eivada de dificuldades, de lutas, onde o bem e o mal se confrontarão sem cessar; mas é um percurso onde o mundo novo irá surgindo – embora com avanços e recuos – e onde a semente do “Reino” irá germinando. Aos crentes pede-se que reconheçam os “sinais” do “Reino”, que se alegrem porque o “Reino” está presente e que se esforcem, todos os dias, por tornar possível essa nova realidade. A nossa vida não pode ser um ficar de braços cruzados a olhar para o céu, mas um compromisso sério e empenhado, de forma a que floresça o mundo novo da justiça, do amor e da paz. Quais são os sinais de esperança que eu contemplo e que me fazem acreditar na chegada iminente do “Reino”? O que posso fazer, no dia a dia, para apressar a chegada do “Reino”?
• Nessa caminhada, os crentes sabem que não estão sós, mas que Deus vai com eles… É essa presença constante e amorosa de Deus que lhes permitirá enfrentar as forças da morte, apostadas em evitar que o mundo novo apareça; é essa força de Deus que permitirá aos discípulos de Jesus vencer o desânimo, a adversidade, o medo.
• Alguns sinais de desagregação do mundo velho, que todos os dias contemplamos, não devem assustar-nos: eles são, apenas, sinais de que estamos a nascer para algo novo e melhor. O perder certas referências pode assustar-nos e baralhar os nossos esquemas e certezas; mas todos sabemos que é impossível construir algo mais bonito, sem a destruição do que é velho e caduco.
• Ao contrário do que dizem alguns “iluminados”, o cristianismo não fomenta a evasão deste mundo, nem pretende fazer alienados que vivam de olhos postos no céu e passem ao lado das lutas dos outros homens… Pelo contrário, o cristianismo vivido com verdade, seriedade e coerência potencia um empenhamento sincero na construção de um mundo mais justo e mais fraterno, todos os dias, vinte e quatro horas por dia. O “Reino de Deus” é uma realidade que atingirá o ponto culminante na vida futura; mas começa a construir-se aqui e agora e exige o esforço e o empenho de todos. A minha atitude é a de quem se comprometeu com o “Reino” e procura construí-lo em cada instante da sua existência?
• Nas comunidades cristãs encontramos, com frequência, pessoas que falam muito e mandam muito, mas fazem muito pouco e, muitas vezes, ainda se aproveitam dos trabalhos dos outros para se enfeitar de louros… Também encontramos aqueles que são apenas “consumidores passivos” daquilo que a comunidade constrói, mas não se esforçam minimamente por colaborar. Qual é a minha atitude face a isto? Dou o meu contributo na construção da comunidade? Ponho a render os meus dons?
• A Palavra interpela também as comunidades religiosas… A vida religiosa pode ser apenas uma vida cómoda (com cama, mesa e roupa lavada garantidas) para pessoas que gostam de viver instaladas, arrumadas, sem ambições… É preciso cuidado para não nos tornarmos parasitas da sociedade (e, muitas vezes, de pessoas que vivem muito pior do que nós e que ainda partilham connosco o pouco que têm): a nossa missão é tornarmo-nos “sinais” que anunciam o mundo novo e trabalhar para que esse mundo novo seja uma realidade.
• Muitas vezes temos a sensação de que o nosso mundo caminha para o abismo e que nada o pode deter. Olhamos para o mapa dos conflitos bélicos e vemos pintados de sangue o presente e o futuro de tantos povos; olhamos para a natureza e vemo-la devorada pelos interesses das multinacionais da indústria; olhamos para as pessoas e vemo-las fechadas no seu cantinho, desinteressadas das grandes questões (fala-se, até, de uma “geração rasca” e de “crise de valores” para descrever o quadro de desinteresse, de descomprometimento, de ausência de grandes ideais)… A questão é: a esperança ainda faz sentido? Este mundo tem saída? Um profeta anónimo de há 2450 anos dá voz à esperança e garante-nos: Deus não nos abandonou; Ele vai intervir – Ele está sempre a intervir – no mundo…
• É preciso ter consciência de que a intervenção libertadora de Deus não deve ser projectada apenas para o “último dia” do mundo… Ela acontece a cada instante; e nós devemos estar numa espera vigilante e activa, a fim de sabermos reconhecer e acolher de braços abertos a intervenção salvadora e libertadora de Deus na nossa história e na nossa vida.
• Muitas vezes esta profecia e outras semelhantes são usadas pelas seitas (e, às vezes, até por certos grupos que se dizem cristãos, mas que seguem o mesmo percurso das seitas) para incutir medo: “está a chegar o fim do mundo e quem, até lá, não ganhar juízo, irá sofrer castigos pavorosos e ser atirado para o inferno”… Interpretar estes textos desta forma é distorcer gravemente a Palavra de Deus: eles não pretendem amedrontar-nos, mas fortalecer a nossa esperança no Deus libertador e dar-nos a coragem necessária para enfrentar os dramas da vida e da história.

FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=467

http://www.snpcultura.org/nenhum_cabelo_da_vossa_cabeca_se_perdera.html

sábado, 16 de novembro de 2013

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.
"Propostas do Governo fogem da realidade das pessoas"
"Estado não se pode demitir da correcção das injustiças"
Portugal errou ao querer ganhar o concurso de beleza da austeridade -- Paul de Grauwe
http://expresso.sapo.pt/portugal-errou-ao-querer-ganhar-o-concurso-de-beleza-da-austeridade-paul-de-grauwe=f840282#ixzz2kEI6OjqV
Economista defende lóbi do Sul da Europa
Uns maduros
O Estado faliu
Elisa Ferreira "As troikas são uma aberração para a lógica do projecto europeu"
Papa envia mais de cem mil euros para ajudar filipinos
Livro reúne testemunhos de argentinos salvos pelo Papa
Procurador adverte que máfia pode tentar matar o Papa
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3530608&seccao=Europa
Mais de 200 mil bilhetes para o Mundial esgotaram em sete horas
Bagão Félix "Dose necessária de austeridade" ou "opção ideológica"?
O preço da desilusão
Fundo europeu ajudou mais de 15 mil desempregados em 2012. Portugal não se candidatou

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

CINEMA: E agora, onde vamos?

Há sem dúvida neste filme uma economia pascal, de corpos trans-figurados, “de quem ama o infinito” (F. Pessoa). De mulheres que vivem apaixonadas pela beleza dos gestos, que geram vida amando, não obstante a “absoluta opacidade da morte” (Vergílio Ferreira). Mulheres que rezam, trabalham, protegem, acarinham e dignificam a vida comunitária, tantas vezes obscurecido pelo exercício ministerial patriarcal absoluto. É nelas que reside a condição de possibilidade da convivência pacífica ou a luta fratricida entre humanos por causa das diferenças religiosas. A figuração simbólica exerce aqui uma presença de primeira linha. Essa figuração permite estabelecer a reconciliação comunitária ou a vingança expiatória mas sem redenção. Figuras simbólicas cuja função será de pacificar os corações exaltados dos homens.
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Aprender a morrer

É tão estranho que entre a avalancha de saberes úteis e inúteis que acumula­mos uma vida inteira não esteja este: aprender a morrer. A contemporaneidade fez da morte o seu tabu, o mais temido e ocultado, e deixa-nos completamente impreparados para enfrentar a naturalidade com que a vida a abraça. A morte surge como uma interrupção, um interdito de linguagem mais inconveniente do que uma asneira, uma dor para viver às escondidas, uma intromissão com a qual em nenhum momento contámos. Sobre a morte não sabemos o que dizer, nem o que pensar. E isso constitui, de facto, uma falta enorme. Montaigne dizia que não morremos por estar doentes, morremos por estar vivos. Talvez seja por aí que devamos recomeçar, religando o que hoje parece tão inconciliável.
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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ESPIRITUALIDADE: Enfrentar a verdade e abrir as portas à cura

Ao contrário de muitos de nós, Zaqueu sabia que tinha de mudar. Por isso, quando ouviu que Jesus ia passar pela cidade, abandonou toda a dignidade de homem conceituado e subiu a um sicómoro para se assegurar que veria este homem santo, que talvez lhe pudesse dizer como encontrar a alegria que faltava à sua vida. O resto é história. Jesus levantou a cabeça, olhou-o nos olhos e disse: “Deixa-me ficar hoje em tua casa”. Jesus ficou e a vida de Zaqueu mudou para sempre quando finalmente encontrou a alegria que há muito procurava.
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terça-feira, 12 de novembro de 2013

LEITURA: "A lista de Bergoglio"

A lista de Bergoglio” é um livro que relata, ao longo de quase 200 páginas, o testemunho de dezenas de perseguidos políticos pela ditadura argentina salvos pelo papa Francisco quando era padre. «É difícil fazer uma estimativa precisa, sobretudo porque o padre Bergoglio nunca quis falar sobre isto. Recolhemos uma vintena de testemunhos, todos em períodos diferentes entre si, de pessoas que não se conhecem e que conheceram Bergoglio em épocas diferentes», explicou o autor. «Cada uma destas pessoas, por sua vez, diz-se testemunha de, pelo menos, vinte salvamentos. Prudentemente, podemos afirmar que são mais de cem as pessoas que o padre Jorge Mário Bergoglio salvou naquele tempo», acrescentou.
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/a_lista_de_bergoglio.html
e
http://www.snpcultura.org/a_lista_de_bergoglio_2.html

«O homem a quem devemos a vida tornou-se Papa»
Logo que o padre Jorge foi informado, fez desencadear uma operação de salvamento em duas direções: arrancar Sergio aos militares e pôr Ana em segurança. Como de costume, o jesuíta começou a investigar por conta própria. Perguntando no lugar e olhando à sua volta. Foi falar com alguns oficiais para defender a causa dos seus amigos. Depois das peripécias habituais, conseguiu tirar Sergio. «Os dezoito dias do meu sequestro – conta Gobulin – foram realmente duros, não somente por causa das torturas físicas, mas sobretudo das psicológicas. Depois da minha libertação soube, através dos meus familiares, dos esforços que o padre Jorge fez à minha procura e para me libertar, e dos do então vice-cônsul da Itália na Argentina, Enrico Calamai. Sergio repete aquilo de que não quer esquecer-se: «Tive a felicidade de sair vivo de lá. Mas foi mérito da teimosia de pessoas importantes, que me procuraram nas diversas casernas do horror. É neste contexto que emerge a figura de Bergoglio.»
http://www.snpcultura.org/o_homem_a_quem_devemos_a_vida_tornou_se_papa.html

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

quem conhece ESSES DESCONHECIDOS (29): Chiara Luce Badano

que merecem ser mais conhecidos - vida&obra - e eu mais em conhecê-los e dar a conhecer?

Chiara Luce Badano nasceu a 29 de Outubro de 1971, em Sassello, uma pequena cidade nos Apeninos. Era a primeira e única filha de Rogero Badano, camionista e de Mª Teresa Caviglia, operária, casados há 11 anos sem conseguirem ter filhos. O pai pediu a Nossa Senhora da Rocha a graça da paternidade e viu o seu pedido atendido. A mãe testemunhava que “mesmo com essa alegria imensa compreenderam logo que ela não era somente sua filha, mas que era antes de tudo, filha de Deus". A mãe deixou de trabalhar para cuidar da filha.
Chiara revelou-se desde cedo uma criança inteligente, viva, desportiva e muito comunicativa. Era conciliadora, mas não abdicava de defender as suas ideias. Recebeu desde cedo uma sólida educação cristã, graças aos pais, mas também à sua integração na comunidade paroquial, cujo pároco lhe dá fascinantes aulas de catequese, e ainda pela influência das amizades que Chiara constrói.
Aos 9 anos participa num encontro das “Gen 3” do movimento Foccolare. Aí conhece o ideal da unidade. O Evangelho passa a ser algo dinâmico na sua vida. E decide dizer sempre Sim a Jesus. Torna-se a amiga dos últimos. Deseja partir um dia para África para “curar os meninos”.
No dia da sua primeira Comunhão recebe um livro com os Evangelhos. Ela própria comenta: "- Como para mim foi fácil aprender o alfabeto, também deve ser fácil viver o Evangelho”.
Continua os seus estudos de forma normal, sendo uma boa aluna. Frequenta o liceu clássico. Participa nas actividades do Movimento Foccolare. Mas um dia, ao jogar ténis, tinha então 17 anos, sente uma dor aguda no ombro. Inicialmente nem ela nem os médicos dão grande importância ao facto. Mas as dores continuam e são necessários exames mais profundos. O diagnóstico é devastador: sarcoma osteogénico com metástese, um dos tipos mais graves e dolorosos de tumor.
Chiara acolhe a notícia com coragem: - Eu vou vencer! Sou jovem.
Os tratamentos começam e durante eles o altruísmo de Chiara chama a atenção. Sai da cama par ajudar uns e outros. Certo dia foi uma toxicodependente deprimida que a fez saltar do leito, apesar das intensas dores. Enfrenta depois duas operações. A quimioterapia provoca a queda do cabelo o que a faz sofrer bastante. Perante cada etapa do sofrimento vai repetindo : - Por ti, Jesus!”
A um amigo, que partia para África, ela dá todo o dinheiro que havia economizado, dizendo :
- Para mim não serve. Eu tenho tudo!
Ao longo da doença nunca se revolta. Passa a aceitar todos os padecimentos, dizendo a Jesus: - Se tu o queres, eu também o quero, Jesus!
No dia 19 de Julho de 1989, enfrenta uma forte hemorragia e quase morre. Nessa ocasião diz:
- Não derramem lágrimas por mim. Eu vou para Jesus. No meu funeral, não quero pessoas que chorem, mas que cantem forte.
E com a mãe prepara esse acontecimento chamando-lhe “A festa das núpcias” . Explica à mãe como quer ser vestida, escolhe as músicas os cantos e as leituras para a ocasião. E recorda-Lhe : - Quando me estiveres a preparar, mamã, deves repetir: "Agora Chiara Luce a está a ver Jesus”.
Não pede mais a saúde, mas a capacidade de fazer a vontade de Deus até ao fim.
No Domingo 7 de Outubro de 1990, na companhia dos pais, aconteceu o momento do encontro com o seu “Esposo”. Duas mil pessoas estiveram presentes no funeral. Fala-se de paraíso, de alegria, de escolha radical. Na homilia, o bispo que presidia diz: - Eis o fruto de uma família cristã e de uma comunidade de cristãos.
Os que a conheceram sentem-se impulsionados a viver com radicalidade o Evangelho. É uma santidade contagiosa.
No dia 25 de Setembro de 2010, foi beatificada em Roma pelo Papa Bento XVI.

domingo, 10 de novembro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOLc 20,27-38
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
aproximaram-se de Jesus alguns saduceus
– que negam a ressurreição –
e fizeram-Lhe a seguinte pergunta:
«Mestre, Moisés deixou-nos escrito:
‘Se morrer a alguém um irmão,
que deixe mulher, mas sem filhos,
esse homem deve casar com a viúva,
para dar descendência a seu irmão’.
Ora havia sete irmãos.
O primeiro casou-se e morreu sem filhos.
O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva;
e o mesmo sucedeu aos sete,
que morreram e não deixaram filhos.
Por fim, morreu também a mulher.
De qual destes será ela esposa na ressurreição,
uma vez que os sete a tiveram por mulher?»
Disse-lhes Jesus:
«Os filhos deste mundo
casam-se e dão-se em casamento.
Mas aqueles que forem dignos
de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos,
nem se casam nem se dão em casamento.
Na verdade, já nem podem morrer,
pois são como os Anjos,
e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus.
E que os mortos ressuscitam,
até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente,
quando chama ao Senhor
‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’.
Não é um Deus de mortos, mas de vivos,
porque para Ele todos estão vivos».
AMBIENTE
Este texto situa-nos já em Jerusalém, nos últimos dias antes da morte de Jesus. É a altura das grandes controvérsias com os líderes judaicos (essas controvérsias representam, para Lucas, a última oportunidade que Deus dá ao seu Povo, no sentido de acolher a salvação). Discussão após discussão, torna-se claro que os líderes judaicos rejeitam a proposta de Jesus: prepara-se, assim, o quadro da paixão e da morte na cruz.
Os adversários de Jesus são, no contexto em que o Evangelho deste domingo nos coloca, os saduceus. No tempo de Jesus, os saduceus formavam um grupo aristocrático, recrutado sobretudo entre os sacerdotes da classe superior. Exerciam a sua autoridade à volta do Templo e dominavam o Sinédrio (no entanto, a sua autoridade nessa instituição não era absoluta desde que os fariseus aí haviam chegado). A sua importância política era real, ainda que muito limitada pela presença do procurador romano. Politicamente, eram conservadores e entendiam-se bem com o opressor romano… Pretendiam manter a situação, para não ver comprometidos os benefícios políticos, sociais e económicos de que desfrutavam.
Para os saduceus, apenas interessava a Lei escrita – a “Torah”. Negavam que a Lei oral (que era essencial para os fariseus) tivesse qualquer valor. Este apego conservador à Lei escrita explica que negassem algumas crenças e doutrinas admitidas nos ambientes populares frequentados pelos fariseus. Por isso, não aceitavam a ressurreição dos mortos: nenhum versículo da “Torah” apoiava essa crença.
No seu conflito com os fariseus, estava em jogo uma certa visão da sociedade e do poder. Os fariseus não viam com agrado a “democratização” da Lei promovida pelos fariseus e pelos seus escribas. Esta “democratização” apresentava o inconveniente de fazer os sacerdotes perder a sua autoridade como intérpretes da Lei. Diante do povo, os saduceus mostravam-se distantes, severos, intocáveis.
MENSAGEM
A questão central do nosso texto gira à volta da ressurreição, um tema que não significava nada para os saduceus. Percebendo que, quanto a essa questão, a perspectiva de Jesus estava próxima da dos fariseus, os saduceus apresentaram uma hipótese académica, com o objectivo de ridicularizar a crença na ressurreição: uma mulher casou, sucessivamente, com sete irmãos, cumprindo a lei do levirato (segundo a qual, o irmão de um defunto que morreu sem filhos devia casar com a viúva, a fim de dar descendência ao falecido e impedir que os bens da família fossem parar a mãos estranhas, cf. Dt 25,5-10). Quando ressuscitarem, ela será mulher de qual dos irmãos?
A primeira parte da resposta de Jesus (vers. 27-36) afirma que a ressurreição não é (como pensavam os fariseus do tempo) uma simples continuação da vida que vivemos neste mundo (na linha de uma revivificação – ideia apresentada na primeira leitura), mas uma vida nova e distinta, uma vida de plenitude que dificilmente podemos entender a partir das nossas realidades quotidianas. A questão do casamento não se porá, então (a expressão “são semelhantes aos anjos” do vers. 30 não é uma expressão de depreciação do matrimónio, mas a afirmação de que, nessa vida nova, a única preocupação será servir e louvar a Deus). O poder de Deus, que chama os homens da morte à vida, transforma e assume a totalidade do ser humano, de forma que nascemos para uma vida totalmente nova e em que as nossas potencialidades serão elevadas à plenitude. A nossa capacidade de compreensão deste mistério é limitada, pois estamos a contemplar as coisas e a classificá-las à luz das nossas realidades terrenas; no entanto, a ressurreição que nos espera ultrapassa totalmente a nossa realidade terrena.
A segunda parte da resposta de Jesus (vers. 37-38) é uma afirmação da certeza da ressurreição. Como não podia apoiar-se nos textos recentes da Escritura (como Dn 12,2-3), que sugeriam a fé na ressurreição (pois esses textos não tinham qualquer valor para os saduceus), Jesus cita-lhes a “Torah” (cf. Ex 3,6): no episódio da sarça-ardente, Jahwéh revelou-Se a Moisés como “o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”… Ora, se Deus Se apresenta dessa forma – muitos anos depois de Abraão, Isaac e Jacob terem desaparecido deste mundo – isso quer dizer que os patriarcas não estão mortos (um homem “morto” – ou seja, um homem reduzido ao estado de uma sombra inconsciente e privada de vida no “sheol”, segundo a ideia semita corrente – tinha perdido a protecção de Deus, pois já não existia como homem vivo e consciente). Na perspectiva de Jesus, portanto, os patriarcas não estão reduzidos ao estado de sombras na obscuridade absoluta do “sheol”, mas vivem actualmente em Deus. Conclusão: se Abraão, Isaac e Jacob estão vivos, podemos falar em ressurreição.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir dos seguintes elementos:
A questão da ressurreição não é uma questão pacífica e clara para a maioria dos homens do nosso tempo. Há quem veja na esperança da ressurreição apenas um “ópio do povo”, destinado a adormecer a justa vontade de lutar pela construção de um mundo mais justo; há quem veja na ressurreição uma forma de evasão, face aos problemas que a vida apresenta; há quem veja na ressurreição uma ilusão onde o homem projecta os seus desejos insatisfeitos… Convencidos de que a vida se resume aos 70/80 anos que vivemos neste mundo, muitos dos nossos contemporâneos constroem a sua existência tendo apenas em conta os valores deste mundo, sem quaisquer horizontes futuros. Que sentido é que isto faz, na perspectiva da nossa fé?
 • A ressurreição é, no entanto, a esperança que dá sentido a toda a caminhada do cristão. A fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta, pois Cristo ressuscitou e quem se identifica com Cristo nascerá com Ele para a vida nova e definitiva. A nossa vida presente deve ser, pois, uma caminhada tranquila, confiante, alegre – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direcção a essa nova realidade.
 • A ressurreição não é a revivificação dos nossos corpos e a continuação da vida que vivemos neste mundo; mas é a passagem para uma vida nova onde, sem deixarmos de ser nós próprios, seremos totalmente outros… É a plenitudização de todas as nossas capacidades, a meta final do nosso crescimento, a realização da utopia da vida plena. Sendo assim, há alguma razão para temermos a morte ou para vermos nela algo que nos priva de alguma coisa importante (nomeadamente a relação com aqueles que amamos)?
 • A certeza da ressurreição não deve ser, apenas, uma realidade que esperamos; mas deve ser uma realidade que influencia, desde já, a nossa existência terrena. É o horizonte da ressurreição que deve influenciar as nossas opções, os nossos valores, as nossas atitudes; é a certeza da ressurreição que nos dá a coragem de enfrentar as forças da morte que dominam o mundo, de forma a que o novo céu e a nova terra que nos esperam comecem a desenhar-se desde já.
 • Temos de ter muito cuidado com a forma como falamos da ressurreição aos homens do nosso tempo, pois podemos pensá-la, explicá-la e projectá-la à luz da nossa vida actual e corremos sérios riscos de nos tornarmos ridículos. O que podemos fazer é afirmar a nossa certeza na ressurreição; depois, temos de confessar a nossa incapacidade de conceber e de explicar esse mundo novo que nos espera (como a criança no seio da mãe não compreende nem sabe explicar a vida que a espera no mundo exterior).