"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Qual é o preço da dignidade humana? Onde vamos parar?

Eu teria preferido escrever sobre outro assunto nesta semana, mas o leilão da virgindade de uma jovem brasileira, amplamente divulgado pela imprensa, requer uma reflexão. É um facto chocante e, ao mesmo tempo, parece tão banal que, talvez, só chamou a atenção porque o leilão aconteceu de maneira aberta, pela internet, e porque o valor da licitação foi alto. Sem nos darmos conta, estamos a assimilar uma cultura do mercado, na qual o factor económico passou a ser o referencial maior: de uma cultura de valores éticos e morais, para uma cultura do valor económico; o bem maior parece ser a vantagem económica, que tudo permite e legitima, amolecendo qualquer resistência do senso moral. Tudo fica justificado se há vantagem económica. Onde vamos parar?
 


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

CINEMA: A Viagem (Cloud Atlas)...

...revela-nos as vidas de várias personagens que ao longo de séculos se cruzam, se encontram e se perdem, num ciclo de nascimento e morte. Empreendimento difícil e arriscado, a transposição de um livro que implica seis segmentos a serem geridos por três mãos, no entretecer de histórias que atravessam 500 anos de História, teria a sua aposta mais elevada na capacidade de transformar a riqueza e inovação literárias do original para uma linguagem cinematográfica equivalentemente fértil. Com pleno uso dos recursos cinematográficos hoje disponíveis, quer a nível visual e sonoro, quer ao nível de uma montagem bem eficaz, as três horas de filme são um desafio e estímulo permanentes ao espetador, desenvolvendo em géneros substancialmente diferentes os seis segmentos, com a capacidade de, simultaneamente, distinguir e correlacionar as diferentes histórias.
Ler mais em: http://www.snpcultura.org/cloud_atlas.html

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

LEITURA: Uma atracção irresistível

«Estimado leitor: Neste livro, que escrevi para ti, vais conhecer um pouco da minha vida e como Deus agiu em mim para eu ser o que sou hoje, uma monja de clausura. Isto é algo que parece estranho aos olhos de muitos. E é estranho e paradoxal também para mim, que fui ateia convicta e estive afastada da Igreja durante anos. Nunca teria imaginado vir a ser monja. E se alguém mo dissesse, rir-me-ia.» Na data em que a Igreja assinala o Dia das Monjas de Clausura, recordamos o testemunho da irmã Raquel Silva

terça-feira, 27 de novembro de 2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

POLÍTICA, ECONOMIA & FINANÇAS: a crise muito bem explicada...

... por quem sabe o que diz - professor de Economia Política Internacional no Watson Institute For International Studies da Brown University - mas porque não politicamente correcto, os sábios da nossa praça/sistema & seus "compagnons de route" da comunicação social, por exemplo e sobretudo, não o conhecem (?), logo não divulgam e, assim, ao assunto nada dizem. Pois claro, "a ignorância é uma benção"; caso contrário "outro galo cantaria"!!!

domingo, 25 de novembro de 2012

PALAVRA de DOMINGO: há que contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!!!

EVANGELHO Jo 18,33b-37

Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus:
«Tu és o Rei dos judeus?» Jesus respondeu-lhe:
«É por ti que o dizes,
ou foram outros que to disseram de Mim?» Disseram-Lhe Pilatos:
«Porventura eu sou judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?»
Jesus respondeu:
«O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam
para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
Disse-Lhe Pilatos:
«Então, Tu és Rei?» Jesus respondeu-lhe:
«É como dizes: sou Rei.
Para isso nasci e vim ao mundo,
a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
AMBIENTE
O Evangelho da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, apresenta-nos uma cena do processo de Jesus diante de Pontius Pilatus, o governador romano da Judeia. Para trás havia já ficado o frente a frente de Jesus com os líderes judaicos, nomeadamente com Anás (sogro de Caifás, o sumo-sacerdote; Anás, apesar de ter deixado o cargo de sumo-sacerdote, continuava a ser um personagem muito influente e foi ele, provavelmente, quem liderou o processo contra Jesus – cf. Jo 18,12-14.19-24).
Pontius Pilatus, o interlocutor romano de Jesus, governou a Judeia e a Samaria entre os anos 26 e 36. As informações de Flávio Josefo e de Fílon apresentam-no como um governante duro e violento, obstinado e áspero, culpado de ordenar execuções de opositores sem um processo legal. As queixas de excessiva crueldade apresentadas contra ele pelos samaritanos no ano 35 levaram Vitélio, o legado romano na Síria, a tomar posição e a enviá-lo a Roma para se explicar diante do imperador. Pontius Pilatus foi deposto do seu cargo de governador da Judeia logo a seguir.
Curiosamente, o autor do Quarto Evangelho descreve Pontius Pilatus como um homem fraco, indeciso e volúvel, uma espécie de marioneta habilmente manobrada pelos líderes judaicos. Esta apresentação – que contradiz os dados deixados pelos historiadores da época – não deve ter grandes bases históricas: deve ser, apenas, uma tentativa de livrar os romanos de qualquer culpa no processo de Jesus. Na época em que o autor do Quarto Evangelho escreve (por volta do ano 100), não era conveniente para os cristãos acusar Roma, afirmando a sua responsabilidade no processo que levou Jesus à morte. Assim, os escritores cristãos da época preferiram branquear o papel do poder imperial e, por outro lado, fazer recair sobre as autoridades judaicas toda a culpa pela condenação de Jesus.
MENSAGEM
O interrogatório de Jesus começa com uma pergunta directa, posta por Pontius Pilatus (vers. 33b): «Tu és o Rei dos judeus?» Este início de interrogatório revela qual era a acusação apresentada pelas autoridades judaicas contra Jesus: Ele tinha pretensões messiânicas; pretendia restaurar o reino ideal de David e libertar Israel dos opressores. Esta linha de acusação vê em Jesus um agitador político empenhado em mudar o mundo pela força, que fundamenta as suas pretensões e a sua acção no poder das armas e na autoridade dos exércitos. Esta acusação tem fundamento? Jesus aceita-a?
A resposta de Jesus situa as coisas na perspectiva correcta. Ele assume-se como o messias que Israel esperava e confirma, claramente, a sua qualidade de rei; no entanto, descarta qualquer parecença com esses reis que Pontius Pilatus conhece (vers. 36). Os reis deste mundo apoiam-se na força das armas e impõem aos outros homens o seu domínio e a sua autoridade; a sua realeza baseia-se na prepotência e na ambição e gera opressão, injustiça e sofrimento… Jesus, em contrapartida, é um prisioneiro indefeso, traído pelos amigos, ridicularizado pelos líderes judaicos, abandonado pelo povo; não se impõe pela força, mas veio ao encontro dos homens para os servir; não cultiva os próprios interesses, mas obedece em tudo à vontade de Deus, seu Pai; não está interessado em afirmar o seu poder, mas em amar os homens até ao dom da própria vida… A sua realeza é de uma outra ordem, da ordem de Deus. É uma realeza que toca os corações e que, em vez de produzir opressão e morte, produz vida e liberdade. Jesus é rei e messias, mas não vai impor a ninguém o seu reinado; vai apenas propor aos homens um mundo novo, assente numa lógica de amor, de doação, de entrega, de serviço.
A declaração de Jesus causa estranheza a Pontius Pilatus. Ele não consegue entender que um rei renuncie ao poder e à força e fundamente a sua realeza no amor e na doação da própria vida. A expressão posta na boca de Pontius Pilatus «então, Tu és Rei» (vers. 37a) parece uma “deixa” de alguém para quem as declarações do seu interlocutor não são claras e que conserva a porta aberta a ulteriores explicações… Na sequência, Jesus confirma a sua realeza e define o sentido e o conteúdo do seu reinado.
A realeza de que Jesus Se considera investido por Deus consiste em «dar testemunho da verdade» (vers. 37b). Para o autor do Quarto Evangelho, a “verdade” é a realidade de Deus. Essa “verdade” manifesta-se nos gestos de Jesus, nas suas palavras, nas suas atitudes e, de forma especial, no seu amor vivido até ao extremo do dom da vida. A “verdade” (isto é, a realidade de Deus) é o amor incondicional e sem medida que Deus derrama sobre o homem, a fim de o fazer chegar à vida verdadeira e definitiva. Essa “verdade” opõe-se à “mentira”, que é o egoísmo, o pecado, a opressão, a injustiça, tudo aquilo que desfeia a vida do homem e o impede de alcançar a vida plena. A “realeza” de Jesus concretiza-se, por um lado, na luta contra o egoísmo e o pecado que escravizam o homem e que o impedem de ser livre e feliz; por outro lado, a realeza de Jesus consuma-se na proposição de uma vida feita amor e entrega a Deus e aos irmãos. Esta meta não se alcança através de uma lógica de poder e de força (que só multiplicam as cadeia de mentira, de injustiça, de violência); mas alcança-se através do amor, da partilha, do serviço simples e humilde em favor dos irmãos. É esse “reino” que Jesus veio propor; é a esse “reino” que Ele preside.
A proposta de Jesus provoca uma resposta livre do homem. Quem escuta a voz de Jesus adere ao seu projecto e se compromete a segui-l’O, renuncia ao egoísmo e ao pecado e faz da sua vida um dom de amor a Deus e aos irmãos (vers. 37c). Passa, então, a integrar a comunidade do “Reino de Deus”.
ACTUALIZAÇÃO
♦ As declarações de Jesus diante de Pontius Pilatus não deixam lugar a dúvidas: Ele é “rei” e recebeu de Deus, como diz a primeira leitura, “o poder, a honra e a realeza” sobre todos os povos da terra. Ao celebrarmos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, somos convidados, antes de mais, a descobrir e interiorizar esta realidade: Jesus, o nosso rei, é princípio e fim da história humana, está presente em cada passo da caminhada dos homens e conduz a humanidade ao encontro da verdadeira vida. Os inícios do séc. XXI estão marcados por uma profunda crise de liderança a nível mundial. Os grandes líderes das nações são, frequentemente, homens com uma visão muito limitada do mundo, que não se preocupam com o bem da humanidade e que conduzem as suas políticas de acordo com lógicas de ambição pessoal ou de interesses particulares. Sentimo-nos, por vezes, perdidos e impotentes, arrastados para um beco sem saída por líderes medíocres, prepotentes e incapazes… Esta constatação não deve, no entanto, lançar-nos no desânimo: nós sabemos que Cristo é o nosso rei, que Ele preside à história e que, apesar das falhas dos homens, continua a caminhar connosco e a apontar-nos os caminhos da salvação e da vida.
♦ No entanto, a realeza de Jesus não tem nada a ver com a lógica de realeza a que o mundo está habituado. Jesus, o nosso rei, apresenta-Se aos homens sem qualquer ambição de poder ou de riqueza, sem o apoio dos grupos de pressão que fazem os valores e a moda, sem qualquer compromisso com as multinacionais da exploração e do lucro. Diante dos homens, Ele apresenta-se só, indefeso, prisioneiro, armado apenas com a força do amor e da verdade. Não impõe nada; só propõe aos homens que acolham no seu coração uma lógica de amor, de serviço, de obediência a Deus e aos seus projectos, de dom da vida, de solidariedade com os pobres e marginalizados, de perdão e tolerância. É com estas “armas” que Ele vai combater o egoísmo, a auto-suficiência, a injustiça, a exploração, tudo o que gera sofrimento e morte. É uma lógica desconcertante e incompreensível, à luz dos critérios que o mundo avaliza e enaltece. A lógica de Jesus fará sentido? O mundo novo, de vida e de felicidade plena para todos os homens nascerá de uma lógica de força e de imposição, ou de uma lógica de amor, de serviço e de dom da vida?
♦ Nós, os que aderimos a Jesus e optámos por integrar a comunidade do Reino de Deus, temos de dar testemunho da lógica de Jesus. Mesmo contra a corrente, a nossa vida, as nossas opções, a forma de nos relacionarmos com aqueles com quem todos os dias nos cruzamos, devem ser marcados por uma contínua atitude de serviço humilde, de dom gratuito, de respeito, de partilha, de amor. Como Jesus, também nós temos a missão de lutar – não com a força do ódio e das armas, mas com a força do amor – contra todas as formas de exploração, de injustiça, de alienação e de morte… O reconhecimento da realeza de Cristo convida-nos a colaborar na construção de um mundo novo, do Reino de Deus.
♦ A forma simples e despretensiosa como Jesus, o nosso Rei, Se apresenta, convida-nos a repensar certas atitudes, certas formas de organização e certas estruturas que criamos… A comunidade de Jesus (a Igreja) não pode estruturar-se e organizar-se com os mesmos critérios dos reinos da terra… Deve interessar-se mais por dar um testemunho de amor e de solidariedade para com os pobres e marginalizados do que em controlar as autoridades políticas e os chefes das nações; deve preocupar-se mais com o serviço simples e humilde aos homens do que com os títulos, as honras, os privilégios; deve apostar mais na partilha e no dom da vida do que na posse de bens materiais ou na eficiência das estruturas. Se a Igreja não testemunhar, no meio dos homens, essa lógica de realeza que Jesus apresentou diante de Pontius Pilatus, está a ser gravemente infiel à sua missão.

sábado, 24 de novembro de 2012

Ateus & Crentes: A flor do diálogo

Em última análise, o obstáculo que se levanta a este diálogo-encontro [entre crentes e não crentes] talvez seja apenas um só, o da superficialidade que atenua e desbota a fé numa vaga espiritualidade e reduz o ateísmo a uma negação banal ou sarcástica. Para muitos, nos dias de hoje, o Pai-nosso transforma-se na caricatura que dele fez Jacques Prévert: «Pai nosso que estais no céu, ficai por lá!» Ou ainda na retomada irónica que o poeta francês excogitou do Génesis: «Deus, ao surpreender Adão e Eva,/ disse: Continuai, peço-vos,/ não vos perturbeis comigo,/ procedei como se eu não existisse!» Fazer como se Deus não existisse, etsi Deus non daretur, é, em parte, o mote de sociedade da nossa época: enclausurado como está no céu dourado da sua transcendência, Deus (ou a sua ideia) não deve apoquentar as nossas consciências, não deve interferir nos nossos afazeres, não deve arruinar prazeres e êxitos.
Arcebispo de Braga convida artistas, cientistas, teólogos e filósofos para o Átrio dos GentiosO arcebispo bracarense convidou «crentes ou não crentes, artistas ou cientistas, teólogos ou filósofos, procuradores dum sentido e significado durante a longa ou curta existência» a participarem no Átrio dos Gentios que decorre a 16 e 17 de novembro em Guimarães e Braga. «Há sempre uma pluralidade interpretativa da vida e uma grande profundidade de saber acumulado em experiências vividas, mas de parâmetros que parecem contraditórios e que necessitam do diálogo para nos enriquecermos com as diferenças», escreve D. Jorge Ortiga. «Num átrio há lugar para todos» e manifesta a esperança de que os participantes consigam que «os decisores e os fazedores de opinião verifiquem que só a unidade, que nunca supõe a uniformidade, permite compreender os dinamismos duma sociedade melhor», acrescenta

(in)PRENSA semanal: a minha selecção

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.

Para o precipício! Em frente, marche!
http://expresso.sapo.pt//para-o-precipicio-em-frente-marche=f767439?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-18
CDS propôs corte nas despesas eleitorais mas votou contra
http://expresso.sapo.pt/cds-propos-corte-nas-despesas-eleitorais-mas-votou-contra=f768195#ixzz2ClaGl6qq
Que se lixem as eleições? Que se lixe o Passos!
http://expresso.sapo.pt/que-se-lixem-as-eleicoes-que-se-lixe-o-passos=f768001#ixzz2Clamt4NN
Ministro das Finanças admite baixar impostos pela primeira vez
http://expresso.sapo.pt/ministro-das-financas-admite-baixar-impostos-pela-primeira-vez=f768238#ixzz2CnKGkERm
Cumprido o sonho do Papa. Trilogia sobre Jesus de Nazaré já está completa
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=86042
Os deputados ganham muito ou pouco?
http://expresso.sapo.pt//os-deputados-ganham-muito-ou-pouco=f768128?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-21
Economia portuguesa pode 'desaparecer' durante uma década
http://expresso.sapo.pt/economia-portuguesa-pode-desaparecer-durante-uma-decada=f768520?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-22
O burocrata da troika e a sua bola de cristal
http://expresso.sapo.pt/o-burocrata-da-itroikai-e-a-sua-bola-de-cristal=f768665#ixzz2D5BCUTDp
Não temos de pagar as contas do FC Porto
http://expresso.sapo.pt/nao-temos-de-pagar-as-contas-do-fc-porto=f767894#ixzz2D5F0lXEm
“É loucura caminho para onde vamos”
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=86460


 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

LEITURA: “Deus, dinheiro e consciência”

«A consciência é a norma superior para as decisões do ser humano, posiciona-se, inclusivamente, acima das leis que lhe são impostas pela sociedade. Mas uma consciência precisa de se formar primeiro. A nossa tarefa consiste em purificar a consciência dos estados de espírito, das necessidades e das exigências do chamado “superego”». As Paulinas lançaram na última semana o livro “Deus, dinheiro e consciência”, prefaciado por Marcelo Rebelo de Sousa e assinado pelo monge Anselm Grün e por Jochen Zeitz, presidente do Conselho de Administração da “Puma”, empresa de vestuário, sapatos e artigos desportivos.

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO: Que lugares estamos a construir?

Quer demos conta ou não, cada um de nós ocupa-se todos os dias a construir espaços para as pessoas viverem. A pessoa que prepara a mesa para o pequeno-almoço prepara um lugar para a sua família. A família que se senta à mesa contribui também para compor aquele lugar. O que eles dizem ou não dizem e a maneira como olham uns para os outros tornam aquele espaço bom ou mau durante os breves momentos em que estão juntos.
E assim acontece todo o dia, no escritório, na escola, na igreja ou no ginásio. Aonde quer que vamos estamos constantemente a construir lugares, ainda que por instantes. Frequentemente não nos apercebemos que estamos permanentemente a mudar o espaço de quem nos rodeia. O que traz contrariedades porque demasiadas vezes não acrescentamos nada a esse espaço; pelo contrário, levamos algo que não nos pertence. Tiramos a alegria e o sossego, as esperanças e o contentamento de quem está ao nosso lado.
Ler mais em: http://www.snpcultura.org/paisagens_que_lugares_andamos_a_construir.html

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O menino que Gaspar não conhece

Supermercado do centro comercial das Amoreiras, fim da tarde de terça-feira. Uma jovem mãe, acompanhada do filho com seis anos, está a pagar algumas compras que fez: leite, manteiga, fiambre, detergentes e mais alguns produtos.
Quando chega ao fim, a empregada da caixa revela: são 84 euros. A mãe tem um sobressalto, olha para o dinheiro que traz na mão e diz: vou ter de deixar algumas coisas. Só tenho 70 euros.
Começa a pôr de lado vários produtos e vai perguntando à empregada da caixa se já chega. Não, ainda não. Ainda falta. Mais uma coisa. Outra. Ainda é preciso mais? É. Então este pacote de bolachas também fica.
Aí o menino agarra na manga do casaco da mãe e fala: Mamã, as bolachas não, as bolachas não. São as que eu levo para a escola. A mãe, meio envergonhada até porque a fila por trás dela começava a engrossar, responde: tem de ser, meu filho. E o menino de lágrima no canto do olho a insistir: mamã, as bolachas não. As bolachas não.
O momento embaraçoso é quebrado pela senhora atrás da jovem mãe. Quanto são as bolachas, pergunta à empregada da caixa. Ponha na minha conta. O menino sorriu. Mas foi um sorriso muito envergonhado. A mãe agradeceu ainda mais envergonhada. A pobreza de quem nunca pensou que um dia ia ser pobre enche de vergonha e pudor os que a sofrem.
Tenho a certeza que o ministro Vítor Gaspar não conhece este menino, o que seria obviamente muito improvável. Mas desconfio que o ministro Vítor Gaspar não conhece nenhuns meninos que estejam a passar pela mesma situação. Ou se conhece considera que esse é o preço a pagar pela famoso ajustamento. É isso que é muito preocupante.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-menino-que-gaspar-nao-conhece=f768572#ixzz2Ct8s6GZ3

Este menino, Gaspar vai conhecer: é um 2º caso real não ficcional e...como «não há dois sem três», 4, 5, 6,...
Se bem que, perante a sua tamanha insensibilidade, quais «cães ladram e a caravana passa», fique, lamentavelmente e uma vez mais, «tudo como dantes, quartel-general em Abrantes».
Aluno com fome desmaia nas aulas
Um aluno do 11.º ano desmaiou durante uma aula por ter fome, numa escola em Lisboa. O caso foi denunciado pela professora no Facebook horas depois do ocorrido, gerando uma onda de consternação.
Já se tinha queixado no estabelecimento de ensino de não ter dinheiro para pagar o passe, tendo em conta que ruma diariamente do Barreiro a Lisboa, e de outras carências. Porém, esta terça-feira, as dificuldades do jovem aluno atingiram um patamar gritante, que só tinha similar na Grécia: desfalecer em plena sala de aulas porque ainda não tinha comido nada.
O episódio foi relatado, ao início da tarde, no facebook, por Anabela Rocha, professora que leciona naquela escola, pulverizando-se pela rede social e por vários blogues. Ao JN, salvaguardando a identidade do jovem, a docente contou que a escola tem tentado ajudar o aluno, que já conta com mais de 18 anos, mas que esse apoio se cinge neste momento ao transporte.
Fonte: http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Lisboa&Concelho=Lisboa&Option=Interior&content_id=2899261

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

POLÍTICA, ECONOMIA & FINANÇAS: "Rendição" & "Conselhos de Stiglitz"

Sábado, 20 Outubro 2012 10:25
«Se aceitarmos a tese da RENDIÇÃO e do conformismo com a desgraça,
que defende o professor Vítor Bento, também nós estaremos entregues à
nossa sorte e à insanidade mística de quem nos governa. E se
aceitarmos que pelo facto de sermos um pequeno país num clube dominado
por grandes países, não nos resta nada senão ficar calados e obedecer,
então o que está em causa já não é saber como sairemos desta crise,
mas o que fazemos na União Europeia».
Na SIC-Notícias, vejo o economista Vítor Bento criticar os que dizem
que o Governo deveria mudar a sua postura de servidor obediente
perante a União Europeia e confrontá-la com o desastre para que
caminhamos sob orientação sua (como eu próprio aqui escrevi, há duas
semanas). Segundo ele, estas pessoas imaginariam que isso seria tão
fácil como chegar a Bruxelas e dizer que queremos mais tempo ou menos
juros, menos austeridade e mais apoio à economia. Não — explicou ele —
isso não é assim tão fácil: somos um pequeno país de dez milhões de
pessoas que, em termos económicos, nada conta na Europa. Eu peço
desculpa desde já ao professor Vítor Bento, cujo prestígio académico e
profissional não me atreveria minimamente a pôr em dúvida. E peço
desculpa porque também não sei se, a seguir, e para usar a linguagem
cara aos economistas do Governo, ele não tratou de "modelar",
"mitigar", "formatar", "reescalonar" a barbaridade do que disse. Não
sei se o fez, porque não aguentei ouvir mais: o que ele disse é de uma
gravidade extrema, vinda de quem é escutado com atenção.

Facto 1: Portugal jamais poderá levantar a cabeça, "regressar aos
mercados", como eles tanto apregoam, ou sequer regressar à economia,
pagando juros de 4% ou 4,5% pela ajuda, acrescentando dívida à dívida
e gastando no seu pagamento quase 5% do PIB -7200 milhões de euros no
ano que vem.
Facto 2: A Grécia, que já recebeu três vezes mais dinheiro da troika
do que nós (e ainda vai receber mais), que fez batota nas contas
públicas anos a fio (e ajudada pelo Goldman Sachs), que nunca cumpriu
os seus compromissos para com a troika, já conseguiu, mesmo assim, ver
o prazo de assistência prolongado, o prazo de cumprimento do défice
prolongado, os juros diminuídos e a dívida perdoada em metade (e já se
discute o perdão da outra metade). A Espanha, que, por orgulho, se
recusa ao pedido formal de resgate, já recebeu, mesmo assim, €100.000
milhões para acudir à banca e viu também prolongado o prazo para
cumprir as metas do défice a que se comprometeu com Bruxelas.
Nós, não: não queremos nem mais prazo, nem mais dinheiro, nem menos
juros: estamos confortáveis a ver os alemães financiarem-se a 0% de
juros para depois nos emprestarem a 5% — por isso é que a Alemanha não
quer ouvir falar nas eurobonds oú em qualquer forma de mutualização da
dívida. E estamos confortáveis a ver as nossas empresas, que, quando
conseguem, compram dinheiro a 10% e pagam mais cara a energia, as
comunicações e os impostos, terem de concorrer com empresas
estrangeiras que se financiam a 3%, pagam a energia a preços justos e,
havendo conveniência, vivem em dumping fiscal.
Facto 3: As opiniões públicas da Alemanha, da Holanda, da Áustria, da
Finlândia, dos países que nos maltratam, ignoram isto. E ignoram,
porque o nosso Governo não se atreve a explicar-lhes, não vá isso
indispor Angela Merkel.
Facto 4: Fora dó círculo dos cinco terroristas económicos que nos
governam, fora da nave de loucos supostamente conduzida pelo
primeiro-ministro Passos Coelho, não há uma alma penada que não tenha
percebido já que seguimos uma estratégia de suicídio colectivo. Se o
défice voltou a falhar as previsões este ano, se o desemprego foi "uma
desagradável surpresa", se a recessão foi e será sempre acima do
previsto, se a receita fiscal "estranhamente" caiu, mesmo aumentando
impostos além do sustentável (tal como se aprende, afinal, em qualquer
manual de economia para principiantes, excepto o do António Borges),
já não é por culpa do nunca explicado "buraco colossal" que herdaram,
nem por culpa do Tribunal Constitucional (cujo acórdão só teria efeito
para o ano): é apenas e só por culpa da chocante incompetência desta
gente. É porque eles falharam em toda a linha, que vamos agora ter de
pagar o seu falhanço de 2012 e o próximo. E assim sucessivamente, até
à implosão final. Facto 5: Perante a evidência do desastre, perante o
descalabro do "bom aluno" e do "bom exemplo", os seus mentores tratam
de tirar o cavalinho da chuva: o FMI fez um extraordinário exercício
de mea culpa, reconhecendo ter-se enganado na teoria e na sua
demonstração prática (o que, mesmo assim, não convenceu o último dos
moicanos, o nosso Vítor Gaspar, que acha que tudo não passou de um
problema de má tradução do inglês). E Bruxelas já tratou de
esclarecer, pela voz do nosso amigo Durão Barroso, que a
responsabilidade por tanta asneira junta, aqui ou na Grécia, "é dos
governos nacionais". É assim que acontece nas histórias de espionagem,
quando os agentes undercover são descobertos: abandonam-se à sua
sorte. O careca, o alemão e o etíope já estão em roda livre e por
conta própria: só Gaspar e Passos Coelho é que persistem em validar as
suas credenciais.
Se aceitarmos a tese da RENDIÇÃO e do conformismo com a desgraça, que
defende o professor Vítor Bento, também nós estaremos entregues à
nossa sorte e à insanidade mística de quem nos governa. E se
aceitarmos que pelo facto de sermos um pequeno país num clube dominado
por grandes países, não nos resta nada senão ficar calados e obedecer,
então o que está em causa já não é saber como sairemos desta crise,
mas o que fazemos na União Europeia. Quando se é convidado para jantar
em casa dos poderosos ou avançamos para a mesa como iguais ou acabamos
na cozinha, tratados como pedintes.
Eu não me conformo com isso. Entre todas as promessas que traiu, todas
as coisas que disse que ia fazer e não fez, e todas as outras que
jurou jamais fazer e fez, há uma coisa pela qual Passos Coelho não
merece perdão: dizer que estava preparado para governar.
A ignorância só é desculpável quando é humilde, não quando se mascara
de sapiência e suficiência, sabendo que, com isso, vai causar danos a
terceiros de boa-fé. Mas é o que temos, por ora.
E, se ele não tem coragem para estar à altura da situação e fazer o
que tem de fazer como primeiro-ministro de um país com quase 900 anos
de história, que agoniza, sem sentido nem dignidade, pois que acorde
então Sua Excelência que habita no Palácio de Belém e que tem o dom de
falar quando é fácil ou lhe convém e de ficar calado e quieto quando
acha prudente. Que Cavaco Silva obrigue o PM a defender Portugal, que
o substitua nisso, se necessário, ou que o demita, se não restar
alternativa. Mas que se deixe de silêncios palacianos e jogos
florentinos, à mistura com desabafos de alma no Facebook. Eu nem
sequer tenho conta no Facebook e não penso vir a tê-la para ler as
mensagens criptadas do alter ego do Presidente da República. Ó, sorte
a nossa!
2. Ainda com a interminável conta do BPN para pagar, o Governo
prepara-se para acorrer ao Banif com 600 milhões de euros — que são
garantidamente para perder. Mas que culpa temos nós que o Banif vá à
falência? Pois que vá e que fique de exemplo!
3. Foi brilhante o primeiro gesto de Alberto da Ponte na RTP:
contratar o incontornável amigo Cunha Vaz para tratar da imagem ou da
mensagem da televisão pública, que o ministro Relvas desespera por
privatizar. O homem tanto trata de eleições de presidentes, partidos,
primeiros-ministros, como de clubes de futebol, cervejas ou empresas
públicas. Porque não o contratam para governar?
4. E para vigiar a transparência do processo de privatização da TAP,
nada melhor do que alguém que, tal como António Borges, o 'consultor'
das privatizações, odeia tudo o que é público: Ferraz da Costa, outro
dos ilustres integrantes do bando dos cinco terroristas económicos que
nos governam. Para poupar o resto da história e das elaboradas
explicações 'técnicas' que nos serão dadas, digam-nos já o final:
quanto nos vai custar a 'venda' da TAP ao
brasileiro/colombiano/polaco?
Miguel Sousa Tavares

 
"(...)A Europa deve pôr fim à obsessão com o défice e mudar de paradigma. É claro que existem desperdícios na despesa pública, como nos EUA, mas, estruturalmente, o défice não é significativo. Em vez de lhe atribuir a responsabilidade pela fraqueza da economia, os dirigentes europeus deveriam compreender que é uma economia anémica - portanto com as suas receitas fiscais reduzidas - a causadora do aumento do défice.
Como se pode aceitar que, com um jovem em cada dois no desemprego, a Espanha possa conseguir reembolsar a sua dívida?
A austeridade só retarda a solução dos problemas. Em compensação as despesas públicas na educação e na tecnologia podem, a prazo, estimular a produção e criar emprego.
A Alemanha esqueceu as lições dos anos 30, quando a obsessão com o equilíbrio orçamental agravou a recessão e tornou a guerra inevitável.(...)
Stiglitz - recebeu o prémio Nobel da Economia em 2001)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Já cheira a … Revolução?

Há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!

Tal como ocorreu noutros períodos da história recente, no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.


Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º- A Crise Financeira Mundial : desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há semanas, a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...

3º- A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais que implicam transporte irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º- A Imigração : a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e por melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º- A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e, descontados alguns matizes e diferente gradação, as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, força social e capacidade de intervenção.

6º- A Europa Morreu : embora ainda estejam a projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, já não tem liderança e já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e "seus valores" deu-se há dias na Irlanda!

7º- A China ao assalto! A construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios.... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia... Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais.

8º- A Crise do Edifício Social : As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum...

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º- A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!
Eis a Revolução!
Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, e estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

domingo, 18 de novembro de 2012

ESPIRITUALIDADE: A Missa sobre o Mundo

Um a um, Senhor, eu os vejo e os amo, aqueles que me destes como sustento e como encanto natural de minha existência. Um a um, também, eu os conto, os membros dessa outra e tão cara família que pouco a pouco as afinidades do coração, da pesquisa científica e do pensamento juntaram à minha volta, a partir dos elementos mais diversos. Mais confusamente, mas todos sem exceção, eu os evoco, aqueles cujo exército anónimo forma a massa inumerável dos vivos: aqueles que me rodeiam e me sustentam sem que eu os conheça; aqueles que vêm e aqueles que vão; sobretudo aqueles que, na Verdade ou através do Erro, no seu escritório, laboratório ou fábrica, creem no progresso das Coisas e, hoje, perseguirão apaixonadamente a luz.

Bento XVI fala de três vias para que o coração do homem chegue a Deus


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=6ouIoELYLus

Publicado em 14/11/2012 por

Ainda hoje existem vias que podem abrir o coração do homem ao conhecimento de Deus, sinais que conduzem a Ele, afirmou o Papa na sua catequese desta quarta-feira, 14 de novembro realizada na Sala Paulo VI.

A primeira dessas vias, explicou o Papa, é o mundo, ou seja, a ordem e a beleza da criação que nos leva a interrogar sobre o Criador. A segunda é o homem. Com sua abertura à verdade, seu sentido de bem moral, sua liberdade e a voz da consciência assim como sua sede de infinito, o homem se interroga sobre a existência de Deus e descobre que somente Nele pode existir. A terceira é a vida de fé: ela é encontro com Deus que nos fala, intervém na história e nos transforma.

O homem, separado de Deus, está reduzido a uma única dimensão, a horizontal, e justamente este reducionismo é uma das causas fundamentais dos totalitarismos que tiveram consequências trágicas no século passado, como também da crise de valores que vemos na realidade atual. Ignorando a referência a Deus, ignora-se a o horizonte ético, para deixar espaço ao relativismo e a uma concepção ambígua da liberdade. Se Deus perde a centralidade, o homem perde o seu lugar correto, não encontra mais o seu espaço na criação e nas relações com os outros. Por último Bento XVI afirmou também que o Cristianismo, antes de ser uma moral ou uma ética, é a manifestação do amor que acolhe a todos na pessoa de Jesus.

PALAVRA de DOMINGO: há que contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!!!

EVANGELHOMc 13,24-32
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Naqueles dias, depois de uma grande aflição,
o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade;
as estrelas cairão do céu
e as forças que há nos céus serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens,
com grande poder e glória.
Ele mandará os Anjos,
para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais,
da extremidade da terra à extremidade do céu.
Aprendei a parábola da figueira:
quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas,
sabeis que o Verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecer estas coisas,
sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta.
Em verdade vos digo:
Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
Passará o céu e a terra,
mas as minhas palavras não passarão.
Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece:
nem os Anjos do Céu, nem o Filho;
só o Pai».
AMBIENTE
O texto que nos é hoje proposto como Evangelho situa-nos em Jerusalém, pouco antes da paixão e morte de Jesus. É o terceiro dia da estadia de Jesus em Jerusalém, o dia dos “ensinamentos” e das polémicas mais radicais com os líderes judaicos (cf. Mc 11,20-13,1-2). No final desse dia, já no “Jardim das Oliveiras”, Jesus oferece a um grupo de discípulos (Pedro, Tiago, João e André – cf. Mc 13,3) um amplo e enigmático ensinamento, que ficou conhecido como o “discurso escatológico” (cf. Mt 13,3-37).
A maior parte dos estudiosos do Evangelho segundo Marcos consideram que este discurso, apresentado com uma linguagem profético-apocalíptica, descreve a missão da comunidade cristã no período que vai desde a morte de Jesus até ao final da história humana. É um texto difícil, que emprega imagens e linguagens marcadas pelas alusões enigmáticas, bem ao jeito do género literário “apocalipse”. Não seria tanto uma reportagem jornalística de acontecimentos concretos, mas antes uma leitura profética da história humana. O seu objectivo seria dar aos discípulos indicações acerca da atitude a tomar frente às vicissitudes que marcarão a caminhada histórica da comunidade, até ao momento em que Jesus vier para instaurar, em definitivo, o novo céu e a nova terra.
Os quatro discípulos referenciados no início do “discurso escatológico” representam a comunidade cristã de todos os tempos… Os quatro são, precisamente, os primeiros discípulos chamados por Jesus (cf. Mc 1,16-20) e, como tal, convertem-se em representantes de todos os futuros discípulos. O discurso escatológico de Jesus não seria, assim, uma mensagem privada destinada a um grupo especial, mas uma mensagem destinada a toda a comunidade crente, chamada a caminhar na história com os olhos postos no encontro final com Jesus e com o Pai.
A missão que Jesus (que está consciente de ter chegado a sua hora de partir ao encontro do Pai) confia à sua comunidade não é uma missão fácil… Jesus está consciente de que os seus discípulos terão que enfrentar as dificuldades, as perseguições, as tentações que “o mundo” vai colocar no seu caminho. Essa comunidade em marcha pela história necessitará, portanto, de estímulo e de alento. É por isso que surge este apelo à fidelidade, à coragem, à vigilância… No horizonte último da caminhada da comunidade, Jesus coloca o final da história humana e o reencontro definitivo dos discípulos com Jesus.
O “discurso escatológico” divide-se em três partes, antecedidas de uma introdução (cf. Mc 13,1-4). Na primeira parte (cf. Mc 13,5-23), o discurso anuncia uma série de vicissitudes que vão marcar a história e que requerem dos discípulos a atitude adequada: vigilância e lucidez. Na segunda parte, o discurso anuncia a vinda definitiva do Filho do Homem e o nascimento de um mundo novo a partir das ruínas do mundo velho (cf. Mc 13,24-27). Na terceira parte, o discurso anuncia a incerteza quanto ao “tempo” histórico dos eventos anunciados e insiste com os discípulos para que estejam sempre vigilantes e preparados para acolher o Senhor que vem (cf. Mc 13,28-37). O nosso texto apresenta-nos, precisamente, a segunda parte e alguns versículos da terceira parte do “discurso escatológico”.
MENSAGEM
Os dois primeiros versículos do nosso texto referem-se – com imagens tiradas da tradição profética e apocalíptica – à queda desse mundo velho que se opõe a Deus e que persegue os crentes (vers. 24-25). Em Is 13,10, o obscurecimento do sol, da lua e das estrelas anuncia o dia da intervenção justiceira de Jahwéh para destruir o império babilónico e para libertar o Povo de Deus exilado numa terra estrangeira (cf. Is 34,4); em Jl 2,10, as mesmas imagens são usadas para descrever os acontecimentos do “dia do Senhor”, o dia em que Jahwéh vai intervir na história para castigar os opressores e para salvar os seus eleitos. Ora, é esta linguagem que Marcos vai utilizar para descrever a falência dos impérios que lutam contra Deus e contra os seus santos. Trata-se de uma linguagem tradicional que, no entanto, é perfeitamente perceptível para leitores de Marcos. No mundo grego, por exemplo, o sol e a lua (“Élios”, e “Selénê”) eram adorados como deuses; e, no mundo romano, o imperador identificava-se como “o sol” (o imperador Nero, o primeiro perseguidor dos cristãos de Roma, fez erigir no palácio imperial uma estátua de bronze com trinta metros de altura que o representava como o deus “sol”). A mensagem é evidente: está para acontecer uma viragem decisiva na história; a velha ordem religiosa e política, os poderes que se opõem a Deus e que perseguem os santos, irão ser derrubados, a fim de darem lugar a um mundo novo, construído de acordo com os critérios e os valores de Deus. Marcos não se refere, aqui, àquilo que nós costumamos chamar “o fim do mundo”; mas refere-se, genericamente, à vitória de Deus sobre o mal que oprime e escraviza aqueles que optaram por Deus e pelas suas propostas.
A queda desse mundo velho aparece associada à vinda do Filho do Homem (vers. 26). A imagem leva-nos a Dn 7,13-14, onde se anuncia a vinda de um “Filho do Homem” “sobre as nuvens do céu” para afirmar a sua soberania sobre “todos os povos, todas as nações e todas as línguas”. O “Filho do Homem, cheio de poder e de glória, que virá “reunir os seus eleitos” (vers. 27), não pode ser outro senão Jesus. Com esta imagem, Marcos assegura aos crentes o triunfo definitivo de Cristo sobre os poderes opressores e a libertação daqueles que, apesar das perseguições, continuaram a percorrer com fidelidade os caminhos de Deus.
A mensagem proposta por Marcos aos seus leitores é clara: espera-vos um caminho marcado pelo sofrimento e pela perseguição; no entanto, não vos deixeis afundar no desespero porque Jesus vem. Com a sua vinda gloriosa (de ontem, de hoje, de amanhã), cessará a escravidão insuportável que vos impede de conhecer a vida em plenitude e nascerá um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas. O quadro destina-se, portanto, não a amedrontar, mas a abrir os corações à esperança: quando Jesus vier com a sua autoridade soberana, o mundo velho do egoísmo e da escravidão cairá e surgirá o dia novo da salvação/libertação sem fim.
Na segunda parte do nosso texto (vers. 28-32), Jesus responde à questão posta pelos discípulos em Mc 13,4: “Diz-nos quando tudo isto acontecerá e qual o sinal de que tudo está para acabar”.
Para Jesus, mais importante do que definir o tempo exacto da queda do mundo velho é ter confiança na chegada do mundo novo e estar atento aos sinais que o anunciam. O aparecimento nas figueiras de novos ramos e de novas folhas acontece, sem falhas, cada ano e anuncia ao agricultor a chegada do Verão e do tempo das colheitas (vers. 28-29); da mesma forma, os crentes são convidados a esperar, com confiança, a chegada do mundo novo e a perceber, nos sinais de desagregação do mundo velho, o anúncio de que o tempo da sua libertação está a chegar. Certos da vinda do Senhor, atentos aos sinais que O anunciam, os crentes podem preparar o seu coração para O acolher, para aceitar os desafios que Ele traz, para agarrar as oportunidades que Ele oferece.
Não há uma data marcada para o advento dessa nova realidade (vers. 32). De uma coisa, no entanto, os crentes podem estar certos: as palavras de Jesus não são uma bela teoria ou um piedoso desejo; mas são a garantia de que esse mundo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, irá surgir (vers. 31).
ACTUALIZAÇÃO
Ver os telejornais ou escutar os noticiários é, com frequência, uma experiência que nos intranquiliza e que nos deprime. Os dramas dessa aldeia global que é o mundo entram em nossa casa, sentam-se à nossa mesa, apossam-se da nossa existência, perturbam a nossa tranquilidade, escurecem o nosso coração. A guerra, a opressão, a injustiça, a miséria, a escravidão, o egoísmo, a exploração, o desprezo pela dignidade do homem atingem-nos, mesmo quando acontecem a milhares de quilómetros do pequeno mundo onde nos movemos todos os dias. As sombras que marcam a história actual da humanidade tornam-se realidades próximas, tangíveis, que nos inquietam e nos desesperam. Feridos e humilhados, duvidamos de Deus, da sua bondade, do seu amor, da sua vontade de salvar o homem, das suas promessas de vida em plenitude. A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre, contudo, a porta à esperança. Reafirma, uma vez mais, que Deus não abandona a humanidade e está determinado a transformar o mundo velho do egoísmo e do pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos os homens. A humanidade não caminha para o holocausto, para a destruição, para o sem sentido, para o nada; mas caminha ao encontro da vida plena, ao encontro desse mundo novo em que o homem, com a ajuda de Deus, alcançará a plenitude das suas possibilidades.
• Os cristãos, convictos de que Deus tem um projecto de vida para o mundo, têm de ser testemunhas da esperança. Eles não lêem a história actual da humanidade como um conjunto de dramas que apontam para um futuro sem saída; mas vêem os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida dos homens e das sociedades como sinais de que o mundo velho irá ser transformado e renovado, até surgir um mundo novo e melhor. Para o cristão, não faz qualquer sentido deixar-se dominar pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por discursos negativos, por angústias a propósito do fim do mundo… Os nossos contemporâneos têm de ver em nós, não gente deprimida e assustada, mas gente a quem a fé dá uma visão optimista da vida e da história e que caminha, alegre e confiante, ao encontro desse mundo novo que Deus nos prometeu.
• É Deus, o Senhor da história, que irá fazer nascer um mundo novo; contudo, Ele conta com a nossa colaboração na concretização desse projecto. A religião não é ópio que adormece os homens e os impede de se comprometerem com a história… Os cristãos não podem ficar de braços cruzados à espera que o mundo novo caia do céu; mas são chamados a anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos, esse mundo que está nos projectos de Deus. Isso implica, antes de mais, um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que, em nós e nos outros, é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho); isso implica, também, testemunhar em gestos concretos, os valores do mundo novo – a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a paz.
• Esse Deus que não abandona os homens na sua caminhada histórica vem continuamente ao nosso encontro para nos apresentar os seus desafios, para nos fazer entender os seus projectos, para nos indicar os caminhos que Ele nos chama a percorrer. Da nossa parte, precisamos de estar atentos à sua proximidade e reconhecê-l’O nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. O cristão não pode fechar-se no seu canto e ignorar Deus, os seus apelos e os seus projectos; mas tem de estar atento e de notar os sinais através dos quais Deus Se dirige aos homens e lhes aponta o caminho do mundo novo.
• É preciso, ainda, ter presente que este mundo novo – que está permanentemente a fazer-se e depende do nosso testemunho – nunca será uma realidade plena nesta terra (a nossa caminhada neste mundo será sempre marcada pela nossa finitude, pelos nossos limites, pela nossa imperfeição). O mundo novo sonhado por Deus é uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, ter destruído definitivamente o mal que nos torna escravos.

• A mensagem de esperança que o nosso texto nos deixa destinava-se a animar os crentes que sofriam a perseguição numa época e num contexto particulares. No entanto, é uma mensagem válida para os crentes de todas as épocas e lugares. A “perseguição” por causa da fidelidade aos valores em que acreditamos é uma realidade que todos conhecemos e que faz parte da nossa existência comprometida. Hoje, essa “perseguição” nem sempre é sangrenta; manifesta-se, muitas vezes, em atitudes de marginalização ou de rejeição, em ditos humilhantes, em atitudes provocatórias, na colagem de “rótulos” (“conservadores”, “atrasados”, “fora de moda”), em julgamentos apressados e injustos, em preconceitos e oposições… Contudo, é sempre uma realidade que faz sofrer o Povo de Deus. Este texto garante-nos que Deus nunca abandona o seu Povo em marcha pela história e que a vitória final será daqueles que se mantiverem fiéis às propostas e aos caminhos de Deus. Esta certeza constitui um “capital de esperança” que deve animar a nossa caminhada diária pelo mundo.
• O Livro de Daniel põe, também, a questão da fidelidade aos valores verdadeiramente importantes, que estão para além das conveniências políticas e sociais, ou das imposições e perspectivas de quem dita a moda… Daniel, o personagem central do livro, é uma figura interpelante, que nos convida a não transigirmos com os valores efémeros, sobretudo quando eles põem em causa os valores essenciais. O cristão não é uma “cana agitada pelo vento” que, por interesse ou por cálculo, esquece os valores e as exigências fundamentais da sua fé; mas é “profeta” que, em permanente diálogo com o mundo e sem se alhear do mundo, procura dar testemunho dos valores perenes, dos valores de Deus.
• A certeza da presença de Deus a acompanhar a caminhada dos crentes e a convicção de que a vitória final será de Deus e dos seus fiéis, permite-nos olhar a história da humanidade com confiança e esperança. O cristão não pode ser, portanto, um “profeta da desgraça”, que tem permanentemente uma perspectiva negra da história e que olha o mundo com azedume e pessimismo; mas tem de ser uma pessoa alegre e confiante, que olha para o futuro com serenidade e esperança, pois sabe que, presidindo à história dos homens, está esse Deus que protege, que cuida e que ama cada um dos seus filhos.
• O nosso texto garante a vida eterna àqueles que procuraram viver na fidelidade aos valores de Deus. A certeza de que a vida não acaba na morte liberta-nos do medo e dá-nos a coragem do compromisso. Podemos, serenamente, enfrentar neste mundo as forças da opressão e da morte, porque sabemos que elas não conseguirão derrotar-nos: no final da nossa caminhada por este mundo, está sempre a vida eterna e verdadeira, que Deus reserva para os que estão “inscritos no livro da vida”.


A propósito:
Um padre polémico
(...) E as celebrações são efectivamente belas ou uma imensa maçada no tédio e na banalidade, de tal modo que se tornam infrequentáveis? (...)

sábado, 17 de novembro de 2012

SAÚDE: "Colesterol..."

... pela Pfizer
 

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO: João Lobo Antunes e cardeal Gianfranco Ravasi: um dueto cordial e abrangente sobre a vida humana

Foi em Guimarães o primeiro diálogo nesta edição portuguesa do Átrio dos Gentios. Em dueto o cardeal Gianfranco Ravasi e o neurocirurgião João Lobo Antunes. O prelado considerou que existem mais concordâncias do que discordâncias no que diz respeito ao tema escolhido para a edição portuguesa, “O Valor da Vida”, destacando, a este respeito, o papel da Bíblia como «léxico» comum da cultura. O que constitui a humanização definitiva é quando se «encontra o outro», porque «a vida precisa de relação», de amor, incluindo «o sexo, a corporeidade, a matéria». «Somos seres simbólicos, não somos só um monte de células», complementou. João Lobo Antunes, por sua vez, lamentou a existência de uma cultura do «ruído», que retira espaço ao silêncio. O Prémio Pessoa em 1996 falou sobre «qual a razão» para que as pessoas sejam colocadas no mundo e referiu uma conversa, com um neto de 13 anos, sobre o «sentido da vida»: «Disse que para mim, a vida só fazia sentido se fosse digna de ser vivida».
Ler mais em

(in)PRENSA semanal: a minha selecção

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.

O que pode o ouro fazer pela dívida portuguesa
http://visao.sapo.pt/o-que-pode-o-ouro-fazer-pela-divida-portuguesa=f694715
"Refundar", "reformar" ou simplesmente brincar com os portugueses?
http://expresso.sapo.pt/refundar-reformar-ou-simplesmente-brincar-com-os-portugueses=f764730?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-06
Tudo o que vai mudar na Função Pública em 2013
http://economico.sapo.pt/noticias/tudo-o-que-vai-mudar-na-funcao-publica-em-2013_153528.html
Razões para se gostar de Angela Merkel
http://expresso.sapo.pt/razoes-para-se-gostar-de-angela-merkel=f766157
Merkel ajudará a criar um banco de fomento
http://expresso.sapo.pt/merkel-ajudara-a-criar-um-banco-de-fomento=f766456
A visita da tia rica
http://expresso.sapo.pt//a-visita-da-tia-rica=f766321?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-13
Merkel não é responsável pela crise portuguesa
http://expresso.sapo.pt/merkel-nao-e-responsavel-pela-crise-portuguesa=f766314?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-13
O que me move contra a chanceler Merkel  
http://expresso.sapo.pt/o-que-me-move-contra-a-chanceler-merkel=f766318
Veja o vídeo de Marcelo recusado pela Alemanha
http://expresso.sapo.pt/veja-o-video-de-marcelo-recusado-pela-alemanha=f766185
O porquê de a Islândia não se juntar à União Europeia
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=6yZdJgiSasI#!
Sistema socializado de saúde
http://www.youtube.com/watch?v=dgQ_kGZeTcM
Estado Social só para pobres não serve
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2071235048105831865#editor/target=post;postID=8539095255488623754
O barco é lindo mas não flutua
http://expresso.sapo.pt//o-barco-e-lindo-mas-nao-flutua=f766584?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-14
Greve Geral: quem só espera nunca alcança
http://expresso.sapo.pt//greve-geral-quem-so-espera-nunca-alcanca=f766520?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-11-14
Fuga aos impostos vai agravar défice em 2013
http://expresso.sapo.pt/fuga-aos-impostos-vai-agravar-defice-em-2013=f766841
Pode uma greve geral mudar as políticas do Governo?
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=85222
O Grande Jogo do petróleo grego
http://expresso.sapo.pt/o-grande-jogo-do-petroleo-grego=f762174
O que a violência não pode esconder  
http://expresso.sapo.pt/o-que-a-violencia-nao-pode-esconder=f767031
Marcelo quer cristãos na primeira linha de defesa dos valores
http://rr.sapo.pt/default.aspx
Um padre polémico
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2891880&seccao=Anselmo Borges&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1
















 
 
 CES pede renegociação imediata do acordo da troika

 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CINEMA: "O Substituto - escola, educação e afectos"

Às tentativas iniciais de confronto dos alunos, verbal e fisicamente ameaçadoras, Barthes não se deixa intimidar. Afinal, a realidade afetiva e social dos jovens não lhe é estranha, o que, num contexto progressiva e contagiantemente deprimido, o impulsiona, pelo contrário, a fazer a diferença. Num misto de esperança e desapego que o torna imune à agressão psicológica e ao pessimismo, o professor gere os seus dias entre os cuidados ao avô, única família que lhe resta, e a tentativa de transformar aqueles com quem se cruza, seja na escola ou em qualquer outro lugar.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

CINEMA: "O cônsul de Bordéus"

Chegou aos cinemas portugueses a primeira longa-metragem inspirada na história de Aristides de Sousa Mendes. “O cônsul de Bordéus” regressa a 1940 para retratar a vida do diplomata que desobedeceu a Salazar e concedeu vistos em massa, salvando 30 mil refugiados, 10 mil deles judeus.
Vítor Norte empresta as feições ao cônsul português. Uma tarefa que encarou como uma responsabilidade de peso. «Heróis que matam há muitos, heróis que salvam há poucos», sublinha o ator.
Para construir a personagem, leu tudo o que podia, conversou com familiares de Sousa Mendes. Surpreendeu-se com a afeição dos portugueses pelo cônsul. Recorda a altura em que, juntamente com os realizadores Francisco Manso e João Correa, percorreu vários oculistas de Lisboa «a procurar uns óculos que dessem mais ou menos para aquela época» e «praticamente toda a gente conhecia o Aristides e tinha grande admiração por ele».

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ESPIRITUALIDADE: Os santos não nasceram santos

Mateus, Pedro, Paulo, Maria Madalena: nenhum deles começou santo. Foi mais ao contrário. Eles tornaram-se homens e mulheres santos lenta e dolorosamente, com muitos começos, paragens e retrocessos. E repetidas vezes, como muitos testemunharam nos seus diários, eram atormentados pelo desencorajamento profundo causado pela falta de progresso e erros frequentes.
Ler mais em: http://www.snpcultura.org/paisagens_santos_nao_nasceram_santos.html

domingo, 11 de novembro de 2012

HOJE 11 do 11 de 2012...


... DIA de SÃO MARTINHO
 
Ajude-nos São Martinho a compreender que só através de um compromisso comum de partilha, é possível responder ao grande desafio do nosso tempo: isto é, de construir um mundo de paz e de justiça, no qual cada homem possa viver com dignidade.

PALAVRA de DOMINGO: há que contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!!!

EVANGELHO – Mc 12,38-44
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo,
Jesus ensinava a multidão, dizendo:
«Acautelai-vos dos escribas,
que gostam de exibir longas vestes,
de receber cumprimentos nas praças,
de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas
e os primeiros lugares nos banquetes.
Devoram as casas das viúvas
com pretexto de fazerem longas rezas.
Estes receberão uma sentença mais severa».
Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro
a observar como a multidão deixava o dinheiro na caixa.
Muitos ricos deitavam quantias avultadas.
Veio uma pobre viúva
e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante.
Jesus chamou os discípulos e disse-lhes:
«Em verdade vos digo:
Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros.
Eles deitaram do que lhes sobrava,
mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha,
tudo o que possuía para viver».
AMBIENTE
O nosso texto situa-nos em Jerusalém, nos dias que antecedem a prisão, julgamento e morte de Jesus. Por esta altura, adensam-se as polémicas de Jesus com os representantes do Judaísmo oficial. A cada passo fica mais claro que o projecto do Reino (proposto por Jesus) é incompatível com a visão religiosa dos líderes judaicos. Num ambiente carregado de dramatismo, adivinha-se o inevitável choque decisivo entre Jesus e a instituição judaica e prepara-se o cenário da Cruz.
Jesus tem consciência de que os líderes da comunidade judaica tinham transformado a religião de Moisés – com os seus ritos, exigências legais, proibições e obrigações – numa proposta vazia e estéril. Mal-servida e manipulada pelos seus líderes religiosos, a comunidade judaica tinha-se transformado numa figueira seca (cf. Mc 11,12-14. 20-26), onde Deus não encontrava os frutos que esperava (o culto verdadeiro e sincero, o amor, a justiça, a misericórdia). O próprio Templo – o espaço onde se desenrolavam abundantes ritos cultuais e sumptuosas cerimónias litúrgicas – tinha deixado de ser o lugar do encontro de Deus com a comunidade israelita e tinha-se tornado um lugar de exploração e de injustiça, “um covil de ladrões” (cf. Mc 11,15-19)…
Jesus tem presente tudo isto quando ensina nos átrios do Templo, rodeado pelos discípulos. À sua volta desenrola-se esse folclore religioso, feito de ritos externos, de grandes gestos teatrais, frequentemente vazios de conteúdo. Os “doutores da Lei” (geralmente, do partido dos fariseus; estudavam e memorizavam as Escrituras e ensinavam aos seus discípulos as regras – ou “halakot” – que deviam dirigir cada passo da vida dos fiéis israelitas), com as suas vestes especiais e os traços característicos de quem se julgava com direito a todas as deferências, honras e privilégios, são mais um elemento no quadro desse culto de mentira que Jesus tem diante dos olhos.
Em contraponto, Jesus repara no “átrio das mulheres”, onde uma viúva deposita, no tesouro do Templo, a sua humilde oferta (dons voluntários eram feitos com frequência, tendo por finalidade, por exemplo, cumprir votos). As viúvas, no ambiente palestino de então (sobretudo quando não tinham filhos que as protegessem e alimentassem), eram o modelo clássico do pobre, do explorado, do débil.
MENSAGEM
O nosso texto compõe-se, portanto, de duas partes. Na primeira parte (vers. 38-40), Jesus faz incidir a atenção dos seus discípulos sobre o grupo dos doutores da Lei. Aparentemente, os doutores da Lei são figuras intocáveis da comunidade, com uma atitude religiosa irrepreensível. São estimados, admirados e adulados pelo povo, que os tem em alto conceito. Contudo, o olhar avaliador de Jesus não se detém nas aparências, mas penetra na realidade das coisas… Uma análise mais cuidada mostra que esses doutores da Lei são hipócritas e incoerentes: fazem as coisas, não por convicção, mas para serem considerados e admirados pelo povo; procuram os primeiros lugares, preocupam-se em afirmar a sua superioridade diante dos outros, exibem uma devoção de fachada, fazem do cumprimento dos ritos e regras da Lei um espectáculo para os outros aplaudirem… A sua vida é, portanto, um imenso repertório de mentira, de incoerência, de hipocrisia… Como se isso não bastasse, estes doutores da Lei aproveitam-se, frequentemente, da sua posição e da confiança que inspiram – como intérpretes autorizados da Lei de Deus – para explorar os mais pobres (aqueles que são os preferidos de Deus); servem-se da religião para satisfazer a sua avareza, não têm escrúpulos em aproveitar-se boa-fé das pessoas para aumentar os seus proveitos; exploram as viúvas, que lhes confiam a administração dos próprios bens, alinham em esquemas de corrupção e de exploração…
Os doutores da Lei, com os seus comportamentos hipócritas, mostram que os ritos externos, os gestos teatrais, o cumprimento das regras religiosamente correctas não chegam para aproximar os homens de Deus e da santidade de Deus. Ao olhar para a atitude dos doutores da Lei, os discípulos de Jesus têm de estar conscientes de que este não é o comportamento que Deus pede àqueles que querem fazer parte da sua família.
Na segunda parte (vers. 41-44), Jesus convida os discípulos a perceber a essência do verdadeiro culto, da verdadeira atitude religiosa. Em profundo contraste com o quadro dos doutores da Lei, Jesus aponta aos discípulos a figura de uma pobre viúva, que se aproxima de um dos treze recipientes situados no átrio do Templo, onde se depositavam as ofertas para o tesouro do Templo. A mulher deposita aí duas simples moedas (dois “leptá”, diz o texto grego. O “leptá” era uma moeda de cobre, a mais pequena e insignificante das moedas judaicas); contudo, aquela quantia insignificante era tudo o que a mulher possuía. Ninguém, excepto Jesus, repara nela ou manifesta admiração pelo seu gesto. Apenas Jesus – que lê os factos com os olhos de Deus e sabe ver para além das aparências – percebe naquelas duas insignificantes moedas oferecidas a marca de um dom total, de um completo despojamento, de uma entrega radical e sem medida. O encontro com Deus, o culto que Deus quer passa por gestos simples e humildes, que podem passar completamente despercebidos, mas que são sinceros, verdadeiros, e expressam a entrega generosa e o compromisso total. O verdadeiro crente não é o que cultiva gestos teatrais e espampanantes, que impressionam as multidões e que são aplaudidos pelos homens; mas é o que aceita despojar-se de tudo, prescindir dos seus interesses e projectos pessoais, para se entregar completa e gratuitamente nas mãos de Deus, com humildade, generosidade, total confiança, amor verdadeiro. É este o exemplo que os discípulos de Jesus devem imitar; é esse o culto verdadeiro que eles devem prestar a Deus.
ACTUALIZAÇÃO
• Qual é o verdadeiro culto que Deus espera de nós? Qual deve ser a nossa resposta à sua oferta de salvação? A forma como Jesus aprecia o gesto daquela pobre viúva não deixa lugar a qualquer dúvida: Deus não valoriza os gestos espectaculares, cuidadosamente encenados e preparados, mas que não saem do coração; Deus não se deixa impressionar por grandes manifestações cultuais, por grandes e impressionantes manifestações religiosas, cuidadosamente preparadas, mas hipócritas, vazias e estéreis… O que Deus pede é que sejamos capazes de Lhe oferecer tudo, que aceitemos despojar-nos das nossas certezas, das nossas manifestações de orgulho e de vaidade, dos nossos projectos pessoais e preconceitos, a fim de nos entregarmos confiadamente nas suas mãos, com total confiança, numa completa doação, numa pobreza humilde e fecunda, num amor sem limites e sem condições. Esse é o verdadeiro culto, que nos aproxima de Deus e que nos torna membros da família de Deus. O verdadeiro crente é aquele que não guarda nada para si, mas que, dia a dia, no silêncio e na simplicidade dos gestos mais banais, aceita sair do seu egoísmo e da sua auto-suficiência e colocar a totalidade da sua existência nas mãos de Deus.
• Como na primeira leitura, também no Evangelho temos um exemplo de uma mulher pobre (ainda mais, uma viúva, que pertence à classe dos abandonados, dos débeis, dos mais pobres de entre os pobres), que é capaz de partilhar o pouco que tem. Na reflexão bíblica, os pobres, pela sua situação de carência, debilidade e necessidade, são considerados os preferidos de Deus, aqueles que são objecto de uma especial protecção e ternura por parte de Deus. Por isso, eles são olhados com simpatia e até, numa visão simplista e idealizada, são retractados como pessoas pacíficas, humildes, simples, piedosas, cheias de “temor de Deus” (isto é, que se colocam diante de Deus com serena confiança, em total obediência e entrega). Este retrato, naturalmente um pouco estereotipado, não deixa de ter um sólido fundo de verdade: só quem não vive para as riquezas, só quem não tem o coração obcecado com a posse dos bens (falamos, naturalmente, do dinheiro, da conta bancária; mas falamos, igualmente, do orgulho, da auto-suficiência, da vontade de triunfar a todo o custo, do desejo de poder e de autoridade, do desejo de ser aplaudido e admirado) é capaz de estar disponível para acolher os desafios de Deus e para aceitar, com humildade e simplicidade, os valores do Reino. Esses são os preferidos de Deus. O exemplo desta mulher garante-nos que só quem é “pobre” – isto é, quem não tem o coração demasiado cheio de si próprio – é capaz de viver para Deus e de acolher os desafios e os valores do Reino.
• A figura dos doutores da Lei está em total contraste com a figura desta mulher pobre. Eles têm o coração completamente cheio de si; estão dominados por sentimentos de egoísmo, de ambição e de vaidade, apostam tudo nos bens materiais, mesmo que isso implique explorar e roubar as viúvas e os pobres… Na verdade, no seu coração não há lugar para Deus e para os outros irmãos; só há lá lugar para os seus interesses mesquinhos e egoístas. Eles são a antítese daquilo que os discípulos de Jesus devem ser; não apreciam os valores do Reino e, dessa forma, não podem integrar a comunidade do Reino. Podem ter atitudes que, na aparência, são religiosamente correctas, ou podem mesmo ser vistos como autênticos pilares da comunidade do Povo de Deus; mas, na verdade, eles não fazem parte da família de Deus. Nunca é demais reflectirmos sobre este ponto: quem vive para si e é incapaz de viver para Deus e para os irmãos, com verdade e generosidade, não pode integrar a família de Jesus, a comunidade do Reino.
• Jesus ensina-nos, neste episódio, a não julgarmos as pessoas pelas aparências. Muitas vezes é precisamente aquilo que consideramos insignificante, desprezível, pouco edificante, que é verdadeiramente importante e significativo. Muitas vezes Deus chega até nós na humildade, na simplicidade, na debilidade, nos gestos silenciosos e simples de alguém em quem nem reparamos. Temos de aprender a ir ao fundo das coisas e a olhar para o mundo, para as situações, para a história e, sobretudo, para os homens e mulheres que caminham ao nosso lado, com o olhar de Deus. É precisamente isso que Jesus faz.
• Uma das críticas que Jesus faz aos doutores da Lei é que eles se servem da religião, da sua posição de intérpretes oficiais e autorizados da Lei, para obter honras e privilégios. Trata-se de uma tentação sempre presente, ontem como hoje… Em nenhum caso a nossa fé, o nosso lugar na comunidade, a consideração que as pessoas possam ter por nós ou pelas funções que desempenhamos podem ser utilizadas, de forma abusiva, para “levar a água ao nosso moinho” e para conseguir privilégios particulares ou honras que não nos são devidas. Utilizar a religião para fins egoístas é um comércio ilícito e abominável, e constitui um enorme contra-testemunho para os irmãos que nos rodeiam.