"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

LIVRO&LEITURA: “Anatomia da Fé”

A obra desdobra-se entre o rigor teológico, a clareza lógica, o articulado cruzamento com a cultura e o tom provocador, em sentido positivo, ao longo do texto. E numa época em que nos deparamos com uma metamorfose cultural após o fim do apogeu da modernidade, a obra ousa assim repensar o lugar e a pertinência do próprio cristianismo para a sociedade contemporânea. Para saber mais, clicar AQUI.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

LIVRO&LEITURA: «As obras do amor»

O livro do autor José Luís Nunes Martins, habitual cronista na Agência Ecclesia. O seu mais recente título, «As obras do amor», foi o princípio da conversa com o autor que cruza a filosofia e o cristianismo nos seus escritos. Conheçamo-lo AQUI, AQUI e AQUI.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

(in)PRENSA semanal (17-02-2024 a 23-02-2024): a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.

Recuperar a Ucrânia vai custar quase 500 mil milhões de euros – e Kiev tem solução
Maçanetas envenenadas ou quedas de janelas. Os destinos fatais de 12 críticos de Putin
Esposa de Alexei Navalny emociona o mundo (e deixa um aviso a Putin)
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Aos 19 anos, Diogo Ribeiro torna-se bicampeão mundial em natação
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Zuckerberg quer alimentar o seu gado com cerveja e macadâmias. Porquê?
Enxames de drones com Inteligência Artificial podem ser o próximo pesadelo da Rússia
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Há uma nova plataforma para comparar preços dos supermercados
Como denunciar infrações ambientais
Na morte de Navalny
Netanyahu não quis cortar financiamento do Hamas. “O monstro não seria o mesmo"
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“Momento Pearl Harbor” está a chegar. Só há uma forma de travar a Rússia a tempo
Os polícias e a opinião pública
Viúva de Navalny é a nova líder da oposição a Putin
Morreu antigo selecionador nacional Artur Jorge
“Saiam já da Rússia”. Vem aí um saco cheio de sanções a Moscovo
Viúva de Navalny já tem outra pessoa? Iulia Navalnaya não escapa à desinformação online
As eleições (mesmo) importantes podem ser... as próximas
Netanyahu e paz no Médio Oriente
Rússia a controlar Kiev é uma questão de “tempo”. E se a Ucrânia cedesse territórios?
A Rússia reinventou o desaparecido Grupo Wagner
Afinal, devemos ou não pôr um telemóvel molhado em arroz? A Apple responde
Histórico: Primeiro transplante hepático com robótica na Europa feito no Hospital Curry Cabral
Debatómetro ⏱️. Custo de vida fora dos debates, Educação foi dos temas menos falados

https://rr.sapo.pt/noticia/367769/debatometro_custo_de_vida_fora_dos_debates_educacao_foi_dos_temas_menos_falados 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A minha HOMENAGEM!

"A morte saiu à rua num dia assim" há 37 anos, neste dia AQUI, 23 de Fevereiro. Evocá-lo é preciso&merecido! Assim como AQUI, por AQUI, com o seu último concerto cantado AQUI e contado AQUI. Vai daí que seja bem pertinente, oportuna e relevante esta pergunta AQUI do cantautor da companheira de "Grândola, vila morena" no arranque da Revolução dos Cravos que neste abril de 2024 faz 50 anos. Murchos, infelizmente! - com muita mágoa assim o afirmo. 

Parábolas e Contos Com Grandes Significados

Algumas das lições mais memoráveis na vida vêm de histórias - sejam elas rimas ou fábulas infantis lidas para nós por nossos pais, parábolas, contos ou livros motivacionais.  Nós, do TudoPorEmail adoramos compartilhar belas lições de vida e conselhos encorajadores. Por essa razão, colecionamos 7 de nossos contos e parábolas de maior sucesso AQUI para fazer você refletir e compartilhar com seus amigos. 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

LIVRO&LEITURA: «Sermões num minuto»

 «Estou atento ao importante?» «Para onde vai a minha vida?» «Qual é a minha missão?» Estas são as primeiras três de seis dezenas de reflexões que José Luís Nunes Martins e Pilar Sousa Lara apresentam no livro “Sermões num minuto – 60 pequenos textos para grandes reflexões” AQUI.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Que espiritualidade para o ser humano contemporâneo?

 I.  AQUI.

II. AQUI.

LIVRO&LEITURA: AS TRÊS MORTES DE LUCAS ANDRADE de Henrique Raposo


Um romance que questiona moralmente o mundo, sem moralismos
"O Henrique Raposo escritor tem o fascínio pela cabeça da pessoa que comete suicídio"
Humanos: a espécie que sabe que não sabe, que não sabe o que sabe, e que não quer saber
e

Cura para o cancro e assassinato de Putin. 7 previsões de Baba Vanga para 2024

E a computação quântica vai revolucionar a tecnologia. A “Avó” que previu o 11 de setembro não se esqueceu de 2024. Eis as sete previsões-chave de Baba Vanga, a “Nostradamus dos Balcãs” com um clique AQUI.

Tendências na ciência robótica para 2024

Ao despedirmo-nos de 2023, um ano marcado por mudanças significativas no domínio da robótica, é crucial olhar para o futuro. O próximo ano, 2024, acena com a promessa de novos avanços e adoção generalizada de tecnologias robóticas. Vamos nos aprofundar em cinco tendências essenciais que estão prestes a redefinir o cenário da robótica este ano AQUI.



terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

MUSICOTERAPIA: “Before and After”

AQUI. Gravado ao vivo, mas apresentado como uma ‘suite’ de 50 minutos, “Before and After” é um álbum descarnado e espectral em que Neil Young revisita temas menos celebrados da sua vasta discografia em modo solitário, com guitarra, harmónica, piano e órgão de fole por única companhia. A lição parece óbvia, por isso é tão rara: o tempo passa e deixa cicatrizes, mas o amor sobrevive. COMOVENTE!

sábado, 17 de fevereiro de 2024

(in)PRENSA semanal (10-02-2024 a 16-02-2024): a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.




COVID-19: uma simples escolha sua pode aumentar drasticamente o efeito da vacina
Chega “é o partido incontornável” (e a AD pode ficar num beco sem saída)
Pizarro deixa fugir financiamento europeu para rastreio do cancro do pulmão – SNS paga a fatura
Revelado o plano de Bolsonaro para dar início a um golpe de Estado
Albuquerque escondeu mais de três milhões de euros na venda de imóvel
Andaram esta semana pelo Minho 60 mulheres de todo o mundo a atear fogo às florestas
A Rússia vai lançar um “ataque poderoso” na Ucrânia – ainda neste mês
Trump incentiva ataque da Rússia a membros da NATO
Rui Tavares faz desafio à Esquerda – e propõe novo modelo
Milionária doa fortuna a desconhecidos para viver como trabalhadora “normal”
Fuga de 5,5 toneladas de água radioativa na central de Fukushima
Primeiro encontro de Papa Francisco com Milei marcado com um efusivo abraço
Cientistas identificam proteína responsável por metástase no cancro do pâncreas
Ventura interrompe 153 vezes os adversários. O perfil do “superior”
Contra tudo e todos: Israel vai invadir Rafah, onde estão 1,5 milhões de palestinianos
Putin apresentou proposta de cessar-fogo na Ucrânia
Corrente fundamental do Oceano Atlântico está em colapso iminente
Lições políticas do passado
Putin recusa participar nos debates eleitorais para as presidenciais
Papa Francisco para Javier Milei: “Cortaste o cabelo?"
Já é possível ter o cartão de cidadão e a carta de condução no telemóvel. Como é que funciona?
Microsoft afirma que os rivais dos EUA estão a começar a utilizar a IA generativa em operações cibernéticas ofensivas
Papa saúda “mártir vivo” do comunismo
Putin diz que prefere reeleição de Biden. "É mais experiente, mais previsível" do que Trump
Morreu Alexei Navalny, o principal opositor de Putin
Deflação na China

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

domingo, 11 de fevereiro de 2024

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.
13A atenção daqueles que estão ao serviço da Palavra que devem, também, preparar-se convenientemente, a fim de que a Palavra se torne atraente e chegue ao coração dos que a escutam. . . É assim que procedem aqueles a quem a Igreja confia o serviço da Palavra? (Dehonianos, 20 Outubro 2019)
14. Porquê a Missa? Por esta razão AQUI.

Então:
Tema do 6.º Domingo do Tempo Comum - Ano B
A liturgia do 6.º Domingo do Tempo Comum fala-nos de um Deus que ama e abraça, com ternura de pai e de mãe, todos os seus filhos e filhas, particularmente aqueles que os acidentes da vida magoaram e desfiguraram. Ele não exclui ninguém nem aceita que, em seu nome, se inventem sistemas de discriminação ou de marginalização dos irmãos.
A primeira leitura apresenta-nos a legislação veterotestamentária que definia a forma de tratar com os leprosos. Em nome da saúde pública, mas também em nome de Deus e da santidade do Povo de Deus, as leis de Israel determinavam a exclusão do doente de qualquer contacto com a comunidade. O projeto de Deus para o mundo e para os homens passará por uma sociedade que deixa para trás os “diferentes”?
O Evangelho mostra-nos como, em Jesus, Deus desce ao encontro dos seus filhos vítimas da rejeição e da exclusão, compadece-Se da sua miséria, estende-lhes a mão com amor, liberta-os dos seus sofrimentos, convida-os a integrar a comunidade do “Reino”. Deus não pactua com a discriminação e denuncia como contrários aos seus projetos todos os mecanismos de exclusão dos irmãos.
A segunda leitura convida os cristãos a terem como prioridade a glória de Deus e o serviço dos irmãos. O exemplo supremo deve ser o de Cristo, que viveu na obediência incondicional aos projetos do Pai e fez da sua vida um dom de amor, ao serviço da libertação dos homens.
EVANGELHO Marcos 1,40-45
Naquele tempo,
veio ter com Jesus um leproso.
Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe:
«Se quiseres, podes curar-me».
Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse:
«Quero: fica limpo».
No mesmo instante o deixou a lepra
e ele ficou limpo.
Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem:
«Não digas nada a ninguém,
mas vai mostrar-te ao sacerdote
e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou,
para lhes servir de testemunho».
Ele, porém, logo que partiu,
começou a apregoar e a divulgar o que acontecera,
e assim, Jesus já não podia entrar abertamente
em nenhuma cidade.
Ficava fora, em lugares desertos,
e vinham ter com Ele de toda a parte.
CONTEXTO
Jesus anda a percorrer as vilas e aldeias da Galileia, a propor o Reino de Deus (cf. Mc 1,39). No seu vaivém cruza-se com todo o tipo de pessoas e conhece todo o tipo de homens e mulheres com vidas fragilizadas. Muitos vivem marginalizados e esquecidos, pelas razões mais diversas. Para esses, o anúncio da proximidade do Reino de Deus é uma “Boa Notícia” que acende a esperança numa vida mais humana e mais feliz.
No episódio que o Evangelho deste domingo nos propõe, Jesus cruza-se com um leproso. Não se identifica o homem pelo nome, nem se diz o lugar onde se desenrola a cena. É como se aquele leproso sem nome e sem ligação geográfica fosse o protótipo de todos os marginalizados que Jesus encontrou ao percorrer os caminhos da Galileia.
Pela primeira leitura deste domingo, já conhecemos a situação social e religiosa dos leprosos. Para a ideologia oficial, o leproso era um pecador e um maldito, vítima de um particularmente doloroso castigo de Deus. A sua condição excluía-o da comunidade e impedia-o de frequentar a assembleia do Povo de Deus. Tinha que viver isolado, apresentar-se andrajoso e avisar, aos gritos, o seu estado de impureza, a fim de que ninguém se aproximasse dele. Não tinha acesso ao Templo, nem sequer à cidade santa de Jerusalém, a fim de não conspurcar, com a sua impureza, o lugar sagrado. O leproso era o protótipo do marginalizado, do excluído, do segregado. A sua condição afastava-o, não só da comunidade dos homens, mas também do próprio
MENSAGEM
Um leproso – um homem doente, marginalizado da comunidade do Povo santo de Deus, considerado pecador e maldito – toma a iniciativa de vir ter com Jesus. Tinham-lhe chegado aos ouvidos os ecos do anúncio do “Reino” e ele sentira abrir-se uma janela de esperança. Resolve arriscar: o desejo de sair da situação de miséria e de marginalidade em que estava mergulhado obriga-o a vencer o medo de infringir a Lei; e ele aproxima-se de Jesus sem respeitar as distâncias que um leproso devia manter das pessoas sãs. É um ato desesperado de um homem que não se conforma em viver à margem de Deus e da comunidade.
Uma vez diante de Jesus, o leproso é humilde, mas também insistente (“prostrou-se de joelhos e suplicou-lhe” – vers. 40), pois o encontro com Jesus é uma oportunidade de libertação que ele não pode desperdiçar. Não exige nada, mas coloca tudo nas mãos de Jesus: “se quiseres…”. A expressão parece revelar a sua absoluta confiança no poder de Jesus. Ele está convicto de que Jesus pode ajudá-lo a sair da sua triste situação.
Curiosamente, aquele homem não pede para ser curado, mas sim para ser “purificado” (“podes purificar-me”: o verbo grego “katharizô”, aqui utilizado, significa “purificar” ou “limpar”). Não é tanto a doença que lhe pesa; o que ele não suporta mais é sentir-se sujo, pecador, em rutura com Deus. Deseja que o obstáculo que o priva da comunhão com Deus seja removido por Jesus.
A reação de Jesus é absolutamente inacreditável, pelo menos de acordo com os padrões judaicos… Jesus não se indignou, não se afastou com repulsa, não acusou aquele homem de infringir a Lei e de pôr em causa a saúde pública; mas “compadeceu-se até às entranhas” (vers. 41). O verbo “splankhnízomai”, aqui utilizado, é aplicado, na literatura neotestamentária, só a Deus e a Jesus. Habitualmente, é usado em contextos onde se refere a ternura de Deus pelos homens, comparável à ternura que a mãe sente pelo seu filho querido. Jesus “comovido até às entranhas” diante do sofrimento intolerável daquele homem, revela que Deus tem coração de mãe, um coração que transborda de ternura face à miséria e sofrimento dos homens. Depois, o amor de Deus tornado presente em Jesus vai manifestar-se num gesto concreto para com o leproso: Jesus estende a mão e toca-o. É, evidentemente, um gesto “humano”, um gesto de afeto que manifesta a bondade e a solidariedade de Jesus para com aquele homem desfigurado pela doença e abandonado por todos; mas o gesto de estender a mão tem um profundo significado teológico, pois é o gesto que acompanha, na história do Êxodo, as ações libertadoras de Deus em favor do seu Povo (cf. Ex 3,20; 6,8; 8,1; 9,22; 10,12; 14,16.21.26-27; etc.). O amor de Deus manifesta-se como gesto libertador, que salva o homem leproso da escravidão em que a doença o havia lançado.
Por outro lado, ao tocar o leproso, Jesus está, consciente e deliberadamente, a infringir a Lei. Dessa forma, Ele denuncia uma Lei que criava marginalização e exclusão. Jesus, com a autoridade que Lhe vem de Deus, mostra que a marginalização imposta pela Lei não expressa a vontade de Deus. O gesto de tocar o leproso diz, com toda a frontalidade, que a distinção entre puro e impuro consagrada pela Lei não vem de Deus e não transmite a lógica de Deus. Na verdade, Deus não discrimina ninguém; o que Ele quer é reunir todos os seus filhos e filhas numa grande família, a comunidade do Reino.
A resposta verbal de Jesus (“quero: fica limpo” – vers. 41) não acrescenta mais nada. Apenas confirma, por palavras, que, do ponto de vista de Deus, o leproso não é um marginal, um pecador condenado, um homem indigno, mas um filho amado a quem Deus quer oferecer a salvação e a Vida em plenitude.
Consumada a purificação do leproso, Jesus recomenda-lhe veementemente que não diga nada a ninguém (vers. 44). Esta recomendação de Jesus aparece várias vezes no Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,34;5,43;7,36;7,36; etc.). Provavelmente, é um dado histórico, que resulta do facto de Jesus não querer alimentar equívocos ou ser aceite pelas razões erradas. De acordo com Mt 11,5, a cura dos leprosos era uma obra do Messias; assim, o gesto de Jesus define-O como o Messias que Israel esperava. No entanto, numa Palestina em plena febre messiânica, Jesus pretende evitar um título que tem algo de ambíguo, por estar ligado a perspetivas nacionalistas e a sonhos de luta política contra o ocupante romano. Jesus não quer deitar mais lenha para a fogueira da esperança messiânica, pois tem consciência de que o seu messianismo não passa por um trono político (como sonhavam as multidões), mas pela cruz.
Ao leproso purificado, Jesus diz ainda para ir mostrar-se aos sacerdotes (vers. 44). Segundo a Lei, o leproso só podia ser reintegrado na comunidade religiosa depois de a sua cura ter sido homologada pelo sacerdote em funções no Templo. No entanto, Jesus acrescenta: “para lhes servir de testemunho”. Dado que a cura de um leproso só podia ser operada por Deus e era, por isso, um sinal messiânico, o facto devia servir aos líderes do Povo para concluírem que o Messias tinha chegado e que o “Reino de Deus” estava já presente no mundo. O leproso purificado devia, portanto, ser um “testemunho” da presença de Deus no meio do seu Povo e um sinal de que os novos tempos tinham chegado. Mas, apesar das evidências, os líderes judaicos estavam demasiado entrincheirados nas suas certezas, preconceitos e privilégios e recusaram-se sempre a acolher a novidade de Deus, a novidade do Reino.
O texto termina com a indicação de que o leproso purificado “começou a apregoar e a divulgar o que acontecera”, apesar do silêncio que Jesus lhe impusera. Marcos quer, provavelmente, sugerir que quem experimenta o poder integrador e salvador de Jesus converte-se necessariamente em profeta e em testemunha entusiasta do amor e da bondade de Deus.
INTERPELAÇÕES
- Jesus, profundamente comovido diante daquele leproso abandonado pela sociedade e pela religião, revela-nos que Deus tem um coração de mãe, um coração que transborda de amor pelos seus filhos magoados e esmagados pelos acidentes da vida. O amor maternal de Deus não exclui, não condena, não sente repulsa; o amor de Deus purifica, cura as feridas, humaniza, salva. O Deus que Jesus revela nas suas palavras e nos seus gestos, não é o Deus intolerante, severo, distante, incapaz de compreender os limites e as fragilidades dos seres humanos; é o Deus do amor nunca desmentido, do amor que ultrapassa todos os limites, do amor excessivo que tudo cura e tudo purifica. Qual é o Deus em que acreditamos: o Deus de Jesus que é amor e misericórdia, ou o Deus intransigente e severo que alguns teimam em propor?
- A atitude de Jesus em relação ao leproso (bem como a outros excluídos da sociedade do seu tempo) é uma atitude de proximidade, de solidariedade, de aceitação, de acolhimento. Jesus não está preocupado com o que é política ou religiosamente correto, ou com a indignidade da pessoa, ou com o perigo que ela representa para uma certa ordem social… Ele apenas vê em cada pessoa um irmão que Deus ama e a quem é preciso estender a mão e amar, também. Como é que lidamos com os excluídos da sociedade ou da Igreja? Procuramos integrar e acolher os estrangeiros, os marginais, os pecadores, os “diferentes” ou, com a nossa intransigência, ajudamos a perpetuar os mecanismos de exclusão e de discriminação?
- O gesto de Jesus de estender a mão e tocar o leproso é um gesto provocador, verdadeiramente profético, que denuncia uma Lei iníqua, geradora de discriminação, de exclusão e de sofrimento. Com a autoridade de Deus, Ele retira qualquer valor a essa Lei e garante que Deus não discrimina ninguém. Apesar de todos os nossos progressos civilizacionais, continuamos a ter leis (umas escritas nos nossos códigos legais civis ou religiosos, outras que não estão escritas mas que são consagradas pela moda, pelo politicamente correto ou até por uma ideia deturpada da santidade de Deus) que são geradoras de marginalização, de exclusão e de sofrimento. Como discípulos de Jesus, temos feito tudo o que está ao nosso alcance para construir, a nível da legislação e dos comportamentos, a civilização do amor e não a civilização do egoísmo, da exclusão, da condenação dos “diferentes”?
- Mais uma vez, o Evangelho deste domingo propõe à nossa consideração a atitude dos líderes judaicos. Comodamente instalados no alto das suas certezas e preconceitos, eles perpetuam, em nome de Deus, um sistema religioso que gera sofrimento e miséria e não se deixam questionar nem desafiar pela novidade de Deus. Estão tão seguros e convictos das suas verdades particulares que fecham totalmente o coração a Jesus e não se reveem nas suas propostas. Estamos sempre em alerta para a necessidade de nos desinstalarmos e de abrirmos o coração aos desafios de Deus?
- O leproso, apesar da proibição de Jesus, “começou a apregoar e a divulgar o que acontecera”. Marcos sugere, desta forma, que o encontro com Jesus transforma de tal forma a vida da pessoa que ela não pode calar a alegria pela novidade que Cristo introduziu na sua vida e tem de dar testemunho. Somos capazes de testemunhar, no meio dos nossos irmãos, a libertação que Cristo nos trouxe?
PALAVRA DE VIDA.
“A Deus nada é impossível”, diz o anjo a Maria. É verdade, Deus pode criar, pode salvar, pode santificar… Jesus pode curar os doentes que encontra, mas espera uma palavra de confiança: “Se queres!” O homem submete-se, então, à sua vontade. Diante desta confiança do doente, Jesus tem piedade, porque vê que ele se abandona nas suas mãos para ser recriado, levantado, salvo, purificado. Deus deixa-Se tocar pelo ser humano, sua criatura, quando esta se deixa remodelar por Ele, do mesmo modo que se deixa modelar na manhã da criação. Jesus recomenda para não dizer nada a ninguém, porque não quer aparecer como um taumaturgo que manifesta o sensacional, mas como Aquele que é sinal da parte de Deus. Um único grito toca-O: “Se Tu queres, podes!” Oxalá que as nossas orações de pedido começassem todas com a expressão da nossa submissão à vontade de Deus!…
À ESCUTA DA PALAVRA.
Ele toma o nosso lugar… A maldição que atingia os leprosos era total: mortos vivos, excluídos dos lugares habitados, proibidos do Templo e da sinagoga, impuros aos olhos dos homens mas, sobretudo, de Deus. Um deles quebra os interditos e aproxima-se de Jesus que, perturbado até às entranhas, ousa um gesto impensável: estende a mão e toca o infeliz, tornando-se Ele mesmo, imediatamente, impuro. Passa-se, então, algo de extraordinário. Realiza-se a palavra do salmista: “Senhor, viste o mal e o sofrimento, toma-os na tua mão”. Jesus toma nas suas mãos o mal e o sofrimento deste homem. Tira-o da sua lepra, liberta-o da sua exclusão, de toda a impureza. O leproso pode reencontrar a companhia dos outros e de Deus. Mas então, é Jesus que “não podia entrar abertamente numa cidade. Era obrigado a evitar os lugares habitados”. Certamente que era para se proteger da multidão… Mas, de facto, é como se Jesus tivesse tomado o lugar do leproso. Jesus, o bem amado do Pai, toma sobre Ele as nossas faltas e os nossos sofrimentos, Ele toma o nosso lugar para absorver na sua pessoa e no amor do Pai todas as nossas misérias. E, ao mesmo tempo, encontramos toda a nossa dignidade de homens e de mulheres livres, de pé, capazes de entrar de novo em relação uns com os outros e, sobretudo, de nos aproximarmos de novo de Deus, sem qualquer medo. 
A SEMANA QUE SE SEGUE…
Para a glória de Deus… em família. Que tudo sirva para a glória de Deus! E se, em família, tirássemos tempo para dar glória a Deus? Por exemplo, sobretudo se há filhos jovens, pode-se fazer um “poster para a glória de Deus”: um poster bonito (desenhos, fotos…) que mostre tudo o que, juntos em família, vemos de belo e que é motivo para dar glória a Deus.
e/ou no vídeo AQUI.

Cristo e a sua esposa perdoam os pecados
A prerrogativa de receber a confissão dos pecados e o poder de perdoar os pecados pertencem exclusivamente a Deus. É a Ele que devemos confessar os nossos pecados e dele que podemos esperar o perdão. Uma vez que só Ele tem o poder de perdoar os pecados, é a Ele que devemos confessar-nos.
Quando o Todo-Poderoso, o Altíssimo, desposou uma noiva fraca e de baixa condição, fez dessa serva uma rainha [...]. E, assim como tudo o que pertence ao Pai pertence também ao Filho, porque por natureza são um só, assim também o noivo deu tudo o que tinha à noiva e partilhou tudo o que era dela. [...]
Deste modo, o noivo é um só com o Pai e um só com a noiva. Tudo o que encontrou na noiva que fosse alheio à sua própria natureza, tirou-lho e pregou-o na sua cruz, quando carregou os seus pecados e os destruiu no madeiro. Recebeu dela e revestiu-se do que era dela por natureza e deu-lhe o que lhe pertencia como Deus. [...]
Partilhando a fraqueza da noiva, o noivo fez seus os gritos de angústia da sua noiva, e deu-lhe tudo o que era divino: a honra de receber a confissão e o poder de perdoar os pecados. É essa a razão das palavras de Cristo: «Vai mostrar-te ao sacerdote».
Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge cisterciense, Sermão 11, 6-13; PL 194, 1728A-1729C

sábado, 10 de fevereiro de 2024

(in)PRENSA semanal (3-02-2024 a 9-02-2024): a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão



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Da PAC à ajuda à Ucrânia
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Catalunha e Espanha
Se houvesse uma guerra nuclear, as algas marinhas salvariam os sobreviventes
Executivos da Meta avisam: Zuckerberg pode morrer a qualquer instante
Legislativas 2024: todos os debates
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