"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























terça-feira, 29 de outubro de 2013

REFLEXÕES do Papa Francisco

porque como «...Líder planetário, de influência global, importa conhecer o seu pensamento.» em
http://www.snpcultura.org/papa_francisco_index.html


Sou cristão cultural e do bem-estar, ou sou cristão que vai até à cruz?, questiona papa Francisco
http://www.snpcultura.org/sou_cristao_cultural_e_do_bem_estar_ou_vou_ate_cruz.html
Não se pode conhecer Jesus apenas na biblioteca: é preciso ação e oração, diz papa Francisco
http://www.snpcultura.org/para_conhecer_Jesus_nao_basta_biblioteca.html
Sou um católico aberto a toda a Igreja ou "privatizo" a fé?, pergunta papa Francisco
http://www.snpcultura.org/sou_catolico_aberto_igreja_ou_privatizo_fe.html
«Deus espera sempre», lembra papa Francisco
http://www.snpcultura.org/Deus_espera_sempre.html
Papa Francisco aos jovens: «Não vendais a vossa juventude aos mercadores da morte»
http://www.snpcultura.org/papa_francisco_nao_vendais_juventude.html
Papa Francisco aos desempregados: clamar por trabalho é uma «oração necessária»
http://www.snpcultura.org/papa_francisco_desempregados.html
Bispos precisam de bom humor, diz papa Francisco
http://www.snpcultura.org/bispos_precisam_bom_humor.html
Papa diz que “a corte é a lepra do papado”
Francisco em Assis contra a mundanidade que todos mata
"A paz de São Francisco é a de Cristo"
"Não nos podemos tornar cristãos de pastelaria"
http://vmais.rr.sapo.pt/default.aspx?fil=568523
É mais importante ir à igreja para adorar Deus do que para celebrar um rito, sublinha papa Francisco
http://www.snpcultura.org/e_mais_importante_ir_a_igreja_adorar_Deus_do_que_para_celebrar_rito.html

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

LEITURA: Paraíso e Inferno

Poema brevis este romance intenso e cheio de imaginação de Jón Kalman Stefánsson, recentemente traduzido para português pela editora Cavalo de Ferro. A parábola exerce ainda um poder notável sobre a imaginação humana. O discurso parabólico pode ajudar à trans-figuração do que vemos, sentimos e pensamos. Nesse sentido enganam-se aqueles que esperam aqui encontrar definições ou estereótipos sobre o inferno ou o paraíso. O tecido das relações humanas e o espaço metafórico do mundo é demasiadamente rico e complexo para ser cristalizado ou estatizado em conceitos rígidos. A intuição desarma o nosso arsenal linguístico pré-concebido, inovando-o: “o inferno é ter braços mas ninguém a quem abraçar”; “café e pão são o próprio paraíso […] A felicidade é ter algo para comer, ter escapado à tempestade” (pp. 34.66). Inesperada esta intuição? Talvez. Mas tudo menos definição. Paraíso e Inferno não se alarga em reflexões filosóficas complexas que, verdade seja dita, quando mal pensadas, quebram o ritmo dos romances e exalam pretensiosismos inúteis. Stefánsson, invés, colhe muito da sabedoria prática judeo-cristã presente nos livros sapienciais e nos evangelhos.
...

A “vida humana é uma corrida constante contra a escuridão do mundo, a traição, a crueldade, a cobardia, uma corrida que tantas vezes parece desesperada, mas, ainda assim, corremos e, ao fazê-lo, a esperança sobrevive” (p. 13). Extraordinária sentença para tempos de escombros, e não só! A metáfora do mar é extensível a metáfora da vida, ao processo dialético que une os contrários sem os separar radicalmente.

Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/paraiso_e_inferno.html

domingo, 27 de outubro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOLc 18,9-14
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
Jesus disse a seguinte parábola
para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros:
«Dois homens subiram ao templo para orar;
um era fariseu e o outro publicano.
O fariseu, de pé, orava assim:
‘Meu Deus, dou-Vos graças
por não ser como os outros homens,
que são ladrões, injustos e adúlteros,
nem como este publicano.
Jejuo duas vezes por semana
e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’.
O publicano ficou a distância
e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu;
Mas batia no peito e dizia:
‘Meu Deus, tende compaixão de mim,
que sou pecador’.
Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa
e o outro não.
Porque todo aquele que se exalta será humilhado
e quem se humilha será exaltado».

AMBIENTE
Mais uma vez, Lucas coloca-nos no “caminho de Jerusalém”, para nos deixar uma lição sobre o “Reino”. Desta vez, Jesus propõe uma parábola “para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros”. Os protagonistas da história são um fariseu e um publicano.
Os “fariseus” formavam um dos grupos mais interessantes e com mais impacto na sociedade palestina do tempo de Jesus. Descendentes desses “piedosos” (“hassidim”) que apoiaram o heróico Matatias na luta contra Antíoco IV Epifanes e a helenização forçada, eram os defensores intransigentes da “Torah” (quer da “Torah” escrita, quer da “Torah” oral – isto é, dos preceitos não escritos, mas que os fariseus tinham deduzido da “Torah” escrita); no dia a dia, procuravam cumprir escrupulosamente a Lei e esforçavam-se por ensinar a Lei ao Povo: só assim – pensavam eles – o Povo chegaria a ser santo e o Messias poderia vir trazer a salvação a Israel. Tratava-se de um grupo sério, verdadeiramente empenhado na santificação do Povo de Deus. No entanto, o seu fundamentalismo em relação à “Torah” será, várias vezes, criticado por Jesus: ao afirmarem a superioridade da Lei, desprezavam muitas vezes o homem e criavam no Povo um sentimento latente de pecado e de indignidade que oprimia as consciências.
Os “publicanos” estavam ligados à cobrança dos impostos, ao serviço das forças romanas de ocupação. Tinham fama de utilizar o seu cargo para enriquecer de modo imoral; e é preciso dizer que, na generalidade, essa fama era bem merecida. De acordo com a Mishna, estavam afectados permanentemente de impureza e não podiam sequer fazer penitência, pois eram incapazes de conhecer todos aqueles a quem tinham defraudado e a quem deviam uma reparação. Se um publicano, antes de aceitar o cargo, fazia parte de uma comunidade farisaica, era imediatamente expulso dela e não podia ser reabilitado, a não ser depois de abandonar esse cargo. Quem exercia tal ofício, estava privado de certos direitos cívicos, políticos e religiosos; por exemplo, não podia ser juiz nem prestar testemunho em tribunal, sendo equiparado ao escravo.
MENSAGEM
No fariseu e no publicano da parábola, Lucas põe em confronto dois tipos de atitude face a Deus.
O fariseu é o modelo de um homem irrepreensível face à Lei, que cumpre todas as regras e leva uma vida íntegra. Ele está consciente de que ninguém o pode acusar de cometer acções injustas, nem contra Deus, nem contra os irmãos (e, aparentemente, é verdade, pois a parábola não nos diz que ele estivesse a mentir). Evidentemente, está contente (e tinha razões para isso) por não ser como esse publicano que também está no Templo: os fariseus tinham consciência da sua superioridade moral e religiosa, sobretudo em relação aos pecadores notórios (como é o caso deste publicano).
O publicano é o modelo do pecador. Explora os pobres, pratica injustiças, trafica com a miséria e não cumpre as obras da Lei. Ele tem, aliás, consciência da sua indignidade, pois a sua oração consiste apenas em pedir: “meu Deus, tende compaixão de mim que sou pecador”.
O comentário final de Jesus sugere que o publicano se reconciliou com Deus (a expressão utilizada é “desceu justificado para sua casa” – o que nos leva à doutrina paulina da justificação: apesar de o homem viver mergulhado no pecado, Deus, na sua misericórdia infinita e sem que o homem tenha méritos, salva-o). Porquê?
O problema do fariseu é que pensa ganhar a salvação com o seu próprio esforço. Para ele, a salvação não é um dom de Deus, mas uma conquista do homem; se o homem levar uma vida irrepreensível, Deus não terá outro remédio senão salvá-lo. Ele está convencido de que Deus lhe deve a salvação pelo seu bom comportamento, como se Deus fosse apenas um contabilista que toma nota das acções do homem e, no fim, lhe paga em consequência. Ele está cheio de auto-suficiência: não espera nada de Deus, pois – pensa ele – os seus créditos são suficientes para se salvar. Por outro lado, essa auto-suficiência leva-o, também, ao desprezo por aqueles que não são como ele; considera-se “à parte”, “separado”, como se entre ele e o pecador existisse uma barreira… É meio caminho andado para, em nome de Deus, criar segregação e exclusão: é aí que leva a religião dos “méritos”.
O publicano, ao contrário, apoia-se apenas em Deus e não nos seus méritos (que, aliás, não existem). Ele apresenta-se diante de Deus de mãos vazias e sem quaisquer pretensões; entrega-se apenas nas mãos de Deus e pede-Lhe compaixão… E Deus “justifica-o” – isto é, derrama sobre ele a sua graça e salva-o – precisamente porque ele não tem o coração cheio de auto-suficiência e está disposto a aceitar a salvação que Deus quer oferecer a todos os homens.
Esta parábola, destinada a “alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros”, sugere que esses que se presumem de justos estão, às vezes, muito longe de Deus e da salvação.
ACTUALIZAÇÃO
Para reflectir e actualizar este texto, considerar os seguintes dados:
• Este texto coloca, fundamentalmente, o problema da atitude do homem face a Deus. Desautoriza completamente aqueles que se apresentam diante de Deus carregados de auto-suficiência, convencidos da sua “bondade”, muito certos dos seus méritos, como se pudessem ser eles a exigir algo de Deus e a ditar-Lhe as suas condições; propõe, em contrapartida, uma atitude de reconhecimento humilde dos próprios limites, uma confiança absoluta na misericórdia de Deus e uma entrega confiada nas mãos de Deus. É esta segunda atitude que somos convidados a assumir.
• Este texto coloca, também, a questão da imagem de Deus… Diz-nos que Deus não é um contabilista, uma simples máquina de recompensas e de castigos, mas que é o Deus da bondade, do amor, da misericórdia, sempre disposto a derramar sobre o homem a salvação (mesmo que o homem não mereça) como puro dom. A única condição para “ser justificado” é aceitar humildemente a oferta de salvação que Ele faz.
• A atitude de orgulho e de auto-suficiência, a certeza de possuir qualidades e méritos em abundância, acaba por gerar o desprezo pelos irmãos. Então, criam-se barreiras de separação (de um lado os “bons”, de outro os “maus”), que provocam segregação e exclusão… Isto acontece com alguma frequência nas nossas comunidades cristãs (e até em muitas comunidades religiosas). Como entender isto, à luz da parábola que Jesus hoje nos propõe?
• Nos últimos séculos os homens desenvolveram, a par de uma consciência muito profunda da sua dignidade, uma consciência muito viva das suas capacidades. Isto levou-os, com frequência, à presunção da sua auto-suficiência… O desenvolvimento da tecnologia, da medicina, da química, dos sistemas políticos convenceram o homem de que podia prescindir de Deus pois, por si só, podia ser feliz. Onde nos tem conduzido esta presunção? Podemos chegar à salvação, à felicidade plena, apenas pelos nossos próprios meios?

FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=463

sábado, 26 de outubro de 2013

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.
Miss Mundo 2013: Sou pró-vida e as relações sexuais são para o matrimônio
SLN e as dissimulações de Cavaco
"Se a austeridade parar, Portugal deixa de encolher. Mas como crescer?"
O constitucionalista Tiago Duarte no Jornal das 9
Diogo Infante casou-se com o seu empresário
Bagão Félix O "erro político de Portas"
UTAO Brutal aumento de impostos foi insuficiente para baixar défice
Silva Lopes Quebra de receita do IRC com alteração de taxa muito superior a 70 milhões
Fotogaleria Invenções de ficar de 'olhos em bico'
O Governo é burro
Sobre o Tribunal Constitucional
Vítor Obélix Bento
OE2014
Açúcar em excesso ligado a problemas de memória
Rendeiro ganhou 2,8 milhões no ano em que o BPP caiu

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

LEITURA: Francisco, Pastor para uma nova época

Quais são os dez dossiês urgentes que esperam o papa Francisco? Constam, simultaneamente, da herança do seu predecessor e de uma atualidade que muitas vezes se descontrola. Apesar daquilo que por vezes se possa ter dado a entender, Bento XVI não terá sido um Papa de transição. Durante um pontificado várias vezes apupado por polémicas (Ratisbona, D. Williamson) ou por processos (Vatileaks), não hesitou em estabelecer a verdade em questões dolorosas para a Igreja, como a dos Legionários de Cristo ou a dos sacerdotes pedófilos. Cabe agora ao novo Papa ir mais longe e imprimir um impulso evangélico inédito nos anos que estão para vir.
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terça-feira, 22 de outubro de 2013

POLÍTICA/ECONOMIA/FINANÇAS: Linhas de acção do novo Ministro dos Assuntos Sociais da Austrália

As suas propostas baseiam-se em dois princípios:
  • Primeiro, as políticas públicas devem proteger e promover o casamento e a família,
  • e, em segundo lugar, sempre que possível, as políticas públicas devem actuar através das organizações familiares e da comunidade, em vez de as substituir"
Para desenvolver essa política, Andrews apresenta 4 objectivos políticos:

1. "Os estados devem ter uma política explícita para o casamento e a família."

2. "Devem procurar, no mínimo, garantir uma taxa de natalidade que permita a renovação de gerações."

3. "A política nacional deve afirmar o ideal da solidez conjugal e afirmar o casamento como o clima ideal para a educação dos filhos."

4. "A política deve valorizar a estabilidade da família e reforçar a responsabilidade pessoal e inter-geracional"

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/REFLEXÃO: do comodismo à ação

Muitos de nós caímos no comodismo, por acharmos que nada podemos fazer para mudar o mundo. Não depende de nós acabar com as guerras (até porque, se calhar, pelos tempos mais próximos, enquanto houver homens, haverá guerra). Se não somos governantes, não depende de nós fazer as reformas que julgamos convenientes. Se não somos juízes, não nos compete ditar a justiça (e mesmo que o sejamos, somos só de algumas causas). Somos impotentes perante quase tudo e desanimamos, com frequência, por vermos que nada acontece como gostaríamos – as famílias separam-se, os idosos são abandonados, os deficientes vivem à margem, a solidariedade não se pratica por falta de tempo, as leis não se cumprem e quem mais as infringe não é punido por isso… Só nos resta o desespero? Claro que não.
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domingo, 20 de outubro de 2013

EFEMÉRIDE: Hoje "DIA MUNDIAL DAS MISSÕES"

"Existem pessoas que poucos têm a coragem de visitar". "Existem caminhos que poucos têm a coragem de trilhar!" - AIS, Ajuda a Igreja que sofre


PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOLc 18,1-8
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
Jesus disse aos seus discípulos uma parábola
sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar:
«Em certa cidade vivia um juiz
que não temia a Deus nem respeitava os homens.
Havia naquela cidade uma viúva
que vinha ter com ele e lhe dizia:
‘Faz-me justiça contra o meu adversário’.
Durante muito tempo ele não quis atendê-la.
Mas depois disse consigo:
‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens;
mas, porque esta viúva me importuna,
vou fazer-lhe justiça,
para que não venha incomodar-me indefinidamente’».
E o Senhor acrescentou:
«Escutai o que diz o juiz iníquo!...
E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos,
que por Ele clamam dia e noite,
e iria fazê-los esperar muito tempo?
Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa.
Mas quando voltar o Filho do homem,
encontrará fé sobre esta terra?»

AMBIENTE
O Evangelho apresenta-nos mais uma etapa do “caminho de Jerusalém”. O texto que hoje nos é proposto vem na sequência do discurso escatológico sobre a vinda gloriosa do Filho do Homem (cf. Lc 17,20-37). A parábola do juiz e da viúva deve, pois, ser entendida neste ambiente.
Trata-se de um texto que não tem paralelo noutro evangelista; no entanto, é similar à parábola do amigo importuno que vem pedir pão a meio da noite e que é atendido por causa da sua insistência (cf. Lc 11,5-8).
Não esqueçamos que Lucas escreveu o terceiro Evangelho durante a década de 80… É uma época em que as comunidades cristãs sofrem por causa da hostilidade dos judeus e dos pagãos e em que já se anunciam as grandes perseguições que dizimaram as comunidades cristãs no final do séc. I. Os cristãos estão inquietos, desanimados e anseiam pela segunda vinda de Cristo – isto é, pela intervenção definitiva de Deus na história para derrotar os maus e salvar o seu Povo.
MENSAGEM
O nosso texto consta de uma parábola e da sua aplicação teológica.
Os personagens centrais da parábola (vers 2-5) são uma viúva e um juiz. A viúva, pobre e injustiçada (na Bíblia, é o protótipo do pobre sem defesa, vítima da prepotência dos ricos e dos poderosos), passava a vida a queixar-se do seu adversário e a exigir justiça; mas o juiz, “que não temia Deus nem os homens”, não lhe prestava qualquer atenção… No entanto, o juiz – apesar da sua dureza e insensibilidade – acabou por fazer justiça à viúva, a fim de se livrar definitivamente da sua insistência importuna.
Apresentada a parábola, vem a sua aplicação teológica (vers. 6-8). Se um juiz prepotente e insensível é capaz de resolver o problema da viúva por causa da sua insistência, Deus (que não é, nem de perto nem de longe, um juiz prepotente e sem coração) não iria escutar os “seus eleitos que por Ele clamam dia e noite e iria fazê-los esperar muito tempo?”
Naturalmente, estamos diante de uma pergunta retórica. É evidente que, se até um juiz insensível acaba por fazer justiça a quem lhe pede com insistência, com muito mais motivo Deus – que é rico em misericórdia e que defende sempre os débeis – estará atento às súplicas dos seus filhos.
Dado o contexto em que a parábola aparece, é certo que Lucas pretende dirigir-se a uma comunidade cristã cercada pela hostilidade do mundo, que começava a ver no horizonte próximo o espectro das perseguições e que estava desanimada porque, aparentemente, Deus não escutava as súplicas dos crentes e não intervinha no mundo para salvar a sua Igreja. A resposta que Lucas deixa aos seus cristãos é a seguinte: ao contrário do que parece, Deus não abandonou o seu Povo, nem é insensível aos seus apelos; Ele tem o seu projecto, o seu plano e o seu tempo próprio para intervir… Aos crentes resta moderar a sua impaciência e confiar em que Ele não deixará de intervir para os libertar.
Que é que tudo isto tem a ver com a oração? Porque é que esta é uma parábola sobre a necessidade de rezar (“Jesus disse-lhes uma parábola sobre a necessidade de orar sempre, sem desanimar” – vers. 1)? Lucas pede aos cristãos a quem a mensagem se destina que, apesar do aparente silêncio de Deus, não deixem nunca de dialogar com Ele. É nesse diálogo que entendemos os projectos e os ritmos de Deus; é nesse diálogo que Deus transforma os nossos corações; é nesse diálogo que aprendemos a entregar-nos nas mãos de Deus e a confiar n’Ele. Sobretudo, que nada (nem o desânimo, nem a desconfiança perante o silêncio de Deus) nos leve a desistir de uma verdadeira comunhão e de um profundo diálogo com Deus.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão, podem ser considerados os seguintes aspectos:
Porque é que Deus permite que tantos milhões de homens sobrevivam em condições tão degradantes? Porque é que os maus e injustos praticam arbitrariedades sem conta sobre os mais débeis e nenhum mal lhes acontece? Como é que Deus aceita que 2.800 milhões de pessoas (cerca de metade da humanidade) vivam com menos de três euros por dia? Como é que Deus não intervém quando certas doenças incuráveis ameaçam dizimar os pobres dos países do quarto mundo, perante a indiferença da comunidade internacional? Onde está Deus quando as ditaduras ou os imperialismos maltratam povos inteiros? Deus não intervém porque não quer saber dos homens e é insensível em relação àquilo que lhes acontece? É a isto que o Evangelho de hoje procura responder… Lucas está convicto de que Deus não é indiferente aos gritos de sofrimento dos pobres e que não desistiu de intervir no mundo, a fim de construir o novo céu e a nova terra de justiça, de paz e de felicidade para todos… Simplesmente, Deus tem projectos e planos que nós, na nossa ânsia e impaciência, não conseguimos perceber. Deus tem o seu ritmo – um ritmo que passa por não forçar as coisas, por respeitar a liberdade do homem… A nós resta-nos respeitar a lógica de Deus, confiar n’Ele, entregarmo-nos nas suas mãos.
• Para que Deus e os seus projectos façam sentido ou, pelo menos, para que a aparente falta de lógica dos planos de Deus não nos lancem no desespero e na revolta, é preciso manter com Ele uma relação de comunhão, de intimidade, de diálogo. Através da oração, percebemos quem Deus é, percebemos o seu amor e a sua misericórdia, descobrimos a sua bondade e a sua justiça… E, dessa forma, constatamos que Ele não é indiferente à sorte dos pobres e que tem um projecto de salvação para todos os homens. A oração é o caminho para encontrarmos o amor de Deus.
• O diálogo que mantemos com Deus não pode ser um diálogo que interrompemos quando deixamos de perceber as coisas ou quando Deus parece ausente; mas é um diálogo que devemos manter, com perseverança e insistência. Quem ama de verdade, não corta a relação à primeira incompreensão ou à primeira ausência. Pelo contrário, a espera e a ausência provam o amor e intensificam a relação.
• A oração não é uma fórmula mágica e automática para levar Deus a fazer-nos as “vontadinhas”… Muitas vezes, Deus terá as suas razões para não dar muita importância àquilo que Lhe pedimos: às vezes pedimos a Deus coisas que nos compete a nós conseguir (por exemplo, passar nos exames); outras vezes, pedimos coisas que nos parecem boas, mas que a médio prazo podem roubar-nos a felicidade; outras vezes, ainda, pedimos coisas que são boas para nós, mas que implicam sofrimento e injustiça para os outros… É preciso termos consciência disto; e quando parece que Deus não nos ouve, perguntemos a nós próprios se os nossos pedidos farão sentido, à luz da lógica de Deus.

FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=462

sábado, 19 de outubro de 2013

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.

Para onde vão 21 mil milhões?
Agradecemos por mais uma tranche de desrespeito
Rui Machete com pensão de 132 mil euros
Desculpas a Angola
O Canal da Sicília é um "cemitério a céu aberto"
O Estado deixou de ser "uma pessoa de bem"
Podridão, tem V. Ex.ª razão
Reacção Sampaio repudia críticas de Barroso e pede "assomo patriótico"
Contrapoder: compacto da semana
Tribunal de Contas Estado gastou 30 milhões que poderia ter poupado
Soares subiu a parada
Ultimato orçamental
Da China e de Angola com amor
A rota de Lampedusa
Políticas económicas em Portugal são "calamidade moral"
Matança dos cordeiros
Algumas reflexões em torno do OE
Derrubemos o Tribunal Constitucional e todas as forças da reação
Bagão Félix "Este Orçamento está cheio de falácias"
Fernando Dacosta "Só resta exilar Soares"
Patrões temem "alguma explosão social" devido à austeridade
Para que serve tanta austeridade?
Gabinetes governamentais vão gastar mais 1,3 milhões de euros em 2014
Orçamentira
Mark Blyth Autor de 'Austeridade' diz que cortes em Portugal são inúteis







sexta-feira, 18 de outubro de 2013

LEITURA: O tesouro escondido

«Quando Deus concedeu fé a José Tolentino Mendonça, sacerdote, teólogo e poeta português, concedeu-lhe também a capacidade de cantá-la. Não se estranhe, portanto, que estas páginas sejam um límpido testemunho da fé e da poesia fortemente entrelaçadas. De facto, elas confiam-se às iridescências das imagens, ao frémito das palavras escolhi das e exatas, à frescura do estilo, à força da poesia. Porém, haurem e inspiram-se na nascente da Bíblia, na raiz da fé, como que remontando ao Além e ao divino que é sempre Outro. O próprio título refere-se a uma das 35 parábolas de Jesus, a do tesouro escondido no campo (Mateus 13,44). Contudo, é no subtítulo que descobrimos o fio condutor mais robusto deste livro: “Para uma arte da procura interior”.» O biblista e presidente do Pontifício Conselho da Cultura, o cardeal Gianfranco Ravasi, assina o prefácio da sétima edição, revista e aumentada, do livro “O tesouro escondido”.
Ler mais em:

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

POLÍTICA/ECONOMIA/FINANÇAS: Eutanásia para os sexagenários, septuagenários, octogenários

Com excessivo à-vontade e demasiada frequência estamos a ouvir publicamente e a ler na nossa imprensa escrita, por parte de quem está entre os 30 e os 50 anos, que há uma conspiração grisalha e que tem que ser rapidamente aniquilada.
Conspiração grisalha, trata-se, ao que parece de todos os que pela cor do cabelo indicam ter mais que 60 anos e estão reformados ou para lá caminham. E é uma injustiça. Mesmo tendo trabalhado e descontado uma vida!
E como os que apelidam de conspiradores, aos grisalhos, pelo andar dos tempos apercebem-se que quando ultrapassarem os sessentas dificilmente terão reforma ou será bastante baixa, sugerem que se comece já a aniquilar os atuais sexagenários, septuagenários, octogenários, e ficam descansados e aliviados.
Numa primeira fase e de tremenda oportunidade, pensava-se que face ao estado do País e sem Economia consiste, não havendo possibilidade de manter o Estado Social como hoje está – Saúde, Segurança Social e Educação – as reformas/pensões de valor superior a 2.000,00 euros teriam que de facto ser muito, mas mesmo muito reduzidas, para ser possível manter em valores aceitáveis estas e todas as outras de valores inferiores. Porem, não se pensava que a raiva intergeracional pudesse estar tao agudizada, que alguém que ultrapasse os sessentas, e esteja para, ou já possa estar reformado, seja um conspirador grisalho, logo deva ser condenado a desaparecer. Já!
Assim, talvez seja de reacender-se o espirito nazi de Hitler. Desta vez com uma limpeza geracional, tudo o que tenha mais que sessenta é para abater.
Por certo hoje o procedimento seja mais limpo e mais rápido. Bastará serem distribuídas umas pastilhas letais, colocando tudo em fila junto ao oceano Atlântico ou a um qualquer rio, para dispensar despesas de enterro, ou cremação, vai logo via agua e mar afora.
Convém que sejam estes apologistas desta raiva anti grisalhos que comecem a avisar os próprios pais e avós do que vão fazer-lhes ou ajudar a fazer. O tal tratamento de desinfestação limpa e rápida. Depois não se esqueçam que terão a geração que lhes sucede a desejar-lhes o mesmo. Mas como já não haverá reformas, até poderá ser antes!
Mas não há problema como já se perdeu toda a dignidade e vale tudo, já não se resolve o de facto grave problema do Estado Social, baixando e muito as reformas e pensões superiores a 2.000,00 euros., mata-se tudo e fica tudo bem resolvido, força!
Augusto Küttner de Magalhães

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ESPIRITUALIDADE: Cair em si: possibilidade de um encontro

Uma comunidade de homens e mulheres que fazem esta experiência de Deus – a de serem acolhidos na sua imensa fragilidade – é uma comunidade que acolhe, que não julga, que aprende a olhar os outros com a ternura de Deus. A Igreja nasce e renova-se aqui. A missão da Igreja – que somos todos nós – é fundamentalmente a disponibilidade para abrir a mesa – símbolo da Eucaristia – a todos, a começar por aqueles que mais sofrem, que se sentem excluídos, tantas vezes por razões morais. Quando nos temos na conta de perfeitos ou dos melhores enfermamos de um farisaísmo que mais não testemunha do que um deus tirano, o deus dos só pretensamente bons e bem comportados. Esse não é o Deus de Jesus Cristo!
Ler mais em:
 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

POLÍTICA/ECONOMIA/FINANÇAS: Angola&Noruega

A lição do Jornal de Angola.
por Luís Menezes Leitão
 


Eu até acho que o Jornal de Angola dá uma lição aos portugueses, demonstrando quão apreciado foi o servilismo do Ministro Machete por aquelas bandas.
E acrescenta mais:
"Portugal está no centro de uma grave crise social e económica sem fim à vista.
O Estado Social que nasceu com a Revolução de Abril tem sido friamente destruído pelas elites reinantes.
Os fundos de coesão da CEE foram desbaratados por cleptocratas insaciáveis que à sombra de partidos democráticos se comportaram como vulgares ladrões sem sequer se disfarçarem com colarinhos brancos. (…)
Face ao esvaziamento dos cofres públicos, até as pensões e reformas dos idosos são confiscadas.
Milhares de jovens quadros são obrigados a procurar em países estrangeiros o pão nosso de cada dia (…).
As elites portuguesas famintas de dinheiro entraram em desvario.
À medida que a crise aperta, eles disparam em todas as direcções, atingindo por vezes membros do bando.
À medida que a “troika” drena milhares de milhões de euros para os bolsos dos credores, as elites reinantes ficam sem cheta e tornam-se mais agressivas".
Para mal dos nossos pecados, esta é presentemente a imagem de Portugal no mundo: um país onde até os dias marcantes da sua história deixaram de ser comemorados, já que o único objectivo nacional é deixar contentes os nossos credores.
Depois de o Ministro dos Negócios Estrangeiros ter "pedido diplomaticamente desculpa" a um Estado estrangeiro pela actuação do Ministério Público português, num país em que a separação de poderes é princípio constitucional, o Governo bem podia fechar para obras. Ponham cá uma comissão liquidatária da troika que faz perfeitamente o trabalho de destruir o nosso Estado. E pelo menos poupava-nos a vergonha.



 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CINEMA: Hannah Arendt

Nascida "Neste Dia" de 1906 faria hoje, se fosse viva, 107 anos.

Para a realizadora, Margarethe Von Trotta, não é tanto o cinema que está no coração do filme, mas uma personalidade que realmente existiu, a quem é preciso dar corpo para que os espetadores tenham o desejo de a conhecer melhor. O filme começa com uma discussão entre duas amigas que falam da sua vida conjugal e sentimental. Desde o primeiro momento é visível a grande liberdade desta mulher, mas também o seu amor pela vida, o seu igual prazer em receber flores das suas amigas e os elogios dos seus muitos pretendentes. No burburinho da vida, as perguntas dos seus alunos e as discussões animadas em torno de uma refeição compartilhada levantam as questões intelectuais. É a alemã Barbara Sukowa que dá à personagem de Arendt toda a sua força. Apaixonada, amorosa, cínica e ferozmente independente, a atriz encarna-a com convicção e talento. A qualidade do filme passa também pela fotografia de Caroline Champetier, cujo trabalho é novamente notável, dando à narrativa a atmosfera dos anos de 1960.
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domingo, 13 de outubro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHO Lc 17,11-19
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
indo Jesus a caminho de Jerusalém,
passava entre a Samaria e a Galileia.
Ao entrar numa povoação,
vieram ao seu encontro dez leprosos.
Conservando-se a distância, disseram em alta voz:
«Jesus, Mestre, tem compaixão de nós».
Ao vê-los, Jesus disse-lhes:
«Ide mostrar-vos aos sacerdotes».
E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra.
Um deles, ao ver-se curado,
voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz,
e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus
para Lhe agradecer.
Era um samaritano.
Jesus, tomando a palavra, disse:
«Não foram dez que ficaram curados?
Onde estão os outros nove?
Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus
senão este estrangeiro?»
E disse ao homem:
«Levanta-te e segue o teu caminho;
a tua fé te salvou».
AMBIENTE
Mais uma vez Lucas apresenta um episódio situado no “caminho de Jerusalém” (esse “caminho espiritual”, ao longo do qual os discípulos vão aprendendo e interiorizando os valores e a realidade do “Reino”).
No “caminho” de Jesus e dos discípulos aparecem, portanto, dez leprosos. O leproso é, no tempo de Jesus, o protótipo do marginalizado… Além de causar naturalmente repugnância pela sua aparência e de infundir medo de contágio, o leproso é um impuro ritual (cf. Lev 13-14), a quem a teologia oficial atribuía pecados especialmente gravosos (a lepra era o castigo de Deus para esses pecados); por isso, o leproso não podia sequer entrar na cidade de Jerusalém, a fim de não despurificar a cidade santa. Devia afastar-se de qualquer convívio humano para que não contaminasse os outros com a sua impureza física e religiosa. Em caso de cura, devia apresentar-se diante de um sacerdote, a fim de que ele comprovasse a cura e lhe permitisse a reintegração na vida normal (cf. Lev 14). Podia, então, voltar a participar nas celebrações do culto.
Um dos leprosos (precisamente aquele que vai desempenhar o papel principal, neste episódio) é samaritano. Os samaritanos eram desprezados pelos judeus de Jerusalém, por causa do seu sincretismo religioso. A desconfiança religiosa dos judeus em relação aos samaritanos começou quando, em 721 a.C. (após a queda do reino do Norte), os colonos assírios invadiram a Samaria e começaram a misturar-se com a população local. Para os judeus, os habitantes da Samaria começaram, então, a paganizar-se… Após o regresso do exílio da Babilónia, os habitantes de Jerusalém recusaram qualquer ajuda dos samaritanos na reconstrução do Templo e evitaram os contactos com esses hereges, “raça misturada com pagãos”. A construção de um santuário samaritano no monte Garizim consumou a separação e, na perspectiva judaica, lançou definitivamente os samaritanos nos caminhos da infidelidade a Jahwéh. Algumas picardias mútuas nos séculos seguintes consolidaram a inimizade entre judeus e samaritanos. Na época de Jesus, a relação entre as duas comunidades era marcada por uma grande hostilidade.
MENSAGEM
O episódio dos dez leprosos (que é exclusivo de Lucas) insere-se perfeitamente na óptica teológica de um evangelho cujo objectivo fundamental é apresentar Jesus como o Deus que Se fez pessoa para trazer, com gestos concretos, a salvação/libertação a todos os homens, particularmente aos oprimidos e marginalizados.
É esse o ponto de partida da história que Lucas nos conta: ele mostra que Deus tem uma proposta de vida nova e de libertação para oferecer a todos os homens. O número dez tem, certamente, um significado simbólico: significa “totalidade” (o judaísmo considerava necessário que pelo menos dez homens estivessem presentes, a fim de que a oração comunitária pudesse ter lugar, porque o “dez” representa a totalidade da comunidade). A presença de um samaritano no grupo indica, contudo, que essa salvação oferecida por Deus, em Jesus, não se destina apenas à comunidade do “Povo eleito”, mas se destina a todos os homens, sem excepção, mesmo àqueles que o judaísmo oficial considerava definitivamente afastados da salvação.
Contudo, o acento do episódio de hoje é posto – mais do que no episódio da cura em si – no facto de que, dos dez leprosos curados, só um tenha voltado para trás para agradecer a Jesus e no facto de este ser um samaritano. Lucas está interessado em mostrar que quem recebe a salvação deve reconhecer o dom de Deus e deve estar agradecido… E avisa que, com frequência, são os hereges, os marginais, os desprezados, aqueles que a teologia oficial considera à margem da salvação, que estão mais atentos aos dons de Deus. Haverá aqui, certamente, uma alusão à auto-suficiência dos judeus que, por se sentirem “Povo eleito”, achavam natural que Deus os cumulasse dos seus dons; no entanto, não reconheceram a proposta de salvação que, através de Jesus, Deus lhes ofereceu… Certamente haverá aqui, também, um apelo aos discípulos de Jesus, para que não ignorem o dom de Deus e saibam responder-Lhe com a gratidão e a fé (entendida como adesão a Jesus e à sua proposta de salvação).
 ACTUALIZAÇÃO
 A reflexão e partilha podem tocar as seguintes questões:
A “lepra” que rouba a vida a esses “dez” homens que a leitura de hoje nos apresenta representa o infortúnio que atinge a totalidade da humanidade e que gera exclusão, marginalidade, opressão, injustiça. É a condição de uma humanidade marcada pelo sofrimento, pela miséria, pelo afastamento de Deus e dos irmãos, que aqui nos é pintada… Lucas garante, no entanto, que Deus tem um projecto de salvação para todos os homens, sem excepção; e que é em Jesus e através de Jesus que esse projecto atinge todos os que se sentem “leprosos” e os faz encontrar a vida plena, a reintegração total na família de Deus e na comunidade humana.
É preciso ter uma resposta de gratidão e de adesão à proposta de salvação que Deus faz. Atenção: muitas vezes são aqueles que parecem mais fora da órbita de Deus que primeiro reconhecem o seu dom, que o acolhem e que aderem à proposta de vida nova que lhes é feita. Às vezes, aqueles que lidam diariamente com o mundo do sagrado estão demasiado cheios de auto-suficiência e de orgulho para acolherem com humildade e simplicidade os dons de Deus, para manifestarem gratidão e para aceitarem ser transformados pela graça… Convém pensar na atitude que, dia a dia, eu assumo diante de Deus: se é uma atitude de auto-suficiência, ou se é uma atitude de adesão humilde e de gratidão.
Como lidamos com aqueles que a sociedade de hoje considera “leprosos” e que, muitas vezes, se encontram numa situação de exclusão e de marginalidade (os sem abrigo, os drogados, os deficientes, os doentes terminais, os idosos abandonados em lares, os analfabetos, os que vivem abaixo do limiar da pobreza, os que não têm telemóvel nem internet, os que não vestem de acordo com a moda, os que não pactuam com certos valores politicamente correctos, os que não consomem produtos “light” e não têm uma silhueta moderna, os que não frequentam as festas sociais nem aparecem nos programas televisivos de sucesso…): com desprezo, com indiferença, com medo de ficar contaminados ou como testemunhas da bondade e do amor de Deus?
Curiosamente, os dez “leprosos” não são curados imediatamente por Jesus, mas a “lepra” desaparece “no caminho”, quando iam mostrar-se aos sacerdotes. Isto sugere que a acção libertadora de Jesus não é uma acção mágica, caída repentinamente do céu, mas um processo progressivo (o “caminho” define, neste contexto, a caminhada cristã), no qual o crente vai descobrindo e interiorizando os valores de Jesus, até à adesão plena às suas propostas e à efectiva transformação do coração. Assim, a nossa “cura” não é um momento mágico que acontece quando somos baptizados, ou fazemos a primeira comunhão ou nos crismamos; mas é uma caminhada progressiva, durante a qual descobrimos Cristo e nascemos para a vida nova.
 

sábado, 12 de outubro de 2013

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Para quem, que por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA: a minha selecção" que aí virão.

Alimentos transgénicos que (provavelmente) consome sem saber
Pacheco Pereira Autárquicas foram "as mais interessantes desde 25 de Abril"
Escritório de advogados onde trabalhava Machete representa angolanos investigados
Machete, Angola e os outros
Americanos criticaram duramente Machete
Autárquicas 2013
Miguel Sousa Tavares Rui Machete causou ainda "mais problemas" com Angola
ANTÓNIO BARRETO AS INSTÂNCIAS PÚBLICAS TÊM DE REPEITAR A CONSTITUIÇÃO. PONTO FINAL
Constitucionalistas divididos sobre possível chumbo do corte nas pensões de sobrevivência
Rafael Marques sugere que há ministros portugueses "gestores dos interesses angolanos"
Contrapoder: compacto da semana
É pensionista do Estado? Consulte a tabela dos cortes
Paulo Portas devia reformar-se
Pais de sobredotados estão a emigar por causa dos filhos
"Windows XP" morre a 8 de abril
Duas notas sobre as pensões viuvez
Parque Esfolar
"Imagem de centenas de caixões não sairá da minha cabeça"
Vaticano reforça combate à lavagem de dinheiro
Bispo da Guarda defende que a crise deve ser paga pelos ricos e bancos
Mentiras e necessidades

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CINEMA: "Blue Jasmine"...

... para hoje, "Dia Mundial da Saúde Mental"

Com o seu sentido de humor bem próprio, aliando sarcasmo e inteligência, Woody Allen há muito que nos habituou também a olhar de forma crítica, por vezes pouco caridosa, para os alicerces da relação entre o real e o imaginado na sociedade: os conceitos de felicidade que a sustentam ou destroem, o peso da aparência, a legitimidade do sonho ou da ambição. Dois significativos retratos psicológicos de uma sociedade contemporânea real, não limitada ao contexto americano em que formalmente se inscreve, dolorosamente real no caso de Jasmine, magnificamente interpretada por Cate Blanchett, põem a cru diferentes modos e perspetivas de vida. Mas sobretudo a condição humana no limite da sua força e debilidade. Um filme bem realizado, sólido e nada leve, com uma história do nosso tempo que mesmo «mascarada» por um aparente simples caso de debilidade psicológica versus saúde mental, encarnado na oposição entre as duas irmãs, nos dá algo de substancial a pensar sobre o livre arbítrio…
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http://www.snpcultura.org/blue_jasmine.html

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Neutralizações salomónicas do humano

Sob o olhar vago e eticamente indiferente, há uma cortina de fogo aparentemente intransponível que consome em geral o humano contemporâneo. Na atual ordem internacional verificam-se, no dizer de Brueggemann, três tipos de neutralizações salomónicas: neutralização da igualdade com a economia da abundância; neutralização da política de justiça com o crescimento da política de opressão e escravização; neutralização da religião da liberdade de Deus com a religião da acessibilidade de Deus (modalidade escolhida pelo império globalizado do consumo tecnológico e multimedial). Embora as duas primeiras neutralizações sejam bastante atuais, a terceira é bem mais subtil e legitima de alguma forma as duas primeiras. Ilustra esta posição a passagem bíblica do livro dos Reis: “Disse então Salomão: “O Senhor decidiu habitar em nuvem escura// Por isso é que eu te edifiquei um palácio, um lugar onde habitarás para sempre” (1 Re 8, 12-13). Nesta construção imperial Deus torna-se acessível, demasiadamente acessível, ao ponto do humano fundar uma teocracia ilegítima de opressão.
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A única autoridade existente no mundo é “autoridade universal dos que sofrem” (J.B. Metz). É este o paradigma e o critério da teologia cristã. É impossível continuar a anunciar uma esperança camuflada e douradamente revestida. Se ainda existe uma consciência crente, ela é uma consciência ética que reflete a consciência de Cristo na sua relação justa com Abbá-Deus capaz de libertar o humano de todas as escravidões. Não podemos continuar somente preocupados com a recuperação do sacro litúrgico, de celebrar devotamente os santos mistérios, a multidão eufórica das JMJ 2013 gritando por um Jesus multifunções e multifacetado, quando o corpo de Cristo, que é a humanidade inteira presente no corpo eucarístico eclesial, e neste caso os humanos da Síria, continuam todos os dias a ser espezinhados por inércia, por silêncios cautelosos e prudentes (!) das chamadas consciências democráticas e religiosas do mundo civilizado.
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terça-feira, 8 de outubro de 2013

ESPIRITUALIDADE: Papa Francisco...

... escreve carta a quem não crê em Deus
Ir ao encontro dos outros e dialogar com os que não partilham a mesma fé e as mesmas crenças tem sido uma proposta do papa Francisco, desde o início do seu pontificado. Esta atitude foi uma vez mais manifestada numa carta que endereçou ao jornalista fundador do diário “La Reppublica”, um dos mais importantes jornais de Itália. «Pergunta-me se o Deus dos cristãos perdoa àqueles que não creem e não procuraram a fé», escreve o papa, que coloca como premissa o facto de que «a misericórdia de Deus não tem limites, se uma pessoa se Lhe dirige com coração sincero e contrito». «Entre a Igreja e a cultura de inspiração cristã, de um lado, e a cultura moderna de inspiração iluminista, de outro, instaurou-se a incomunicabilidade. Chegou o tempo, e o Vaticano II inaugurou esta nova estação, de um diálogo aberto e sem preconceitos capaz de reabrir as portas para um verdadeiro e fecundo encontro», frisa Francisco.
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... lembra que «todos somos Igreja» e pede compromisso no testemunho cristão
«A fé é um ato pessoal: “eu creio”, eu respondo pessoalmente a Deus que se faz conhecer e quer estabelecer amizade comigo. Mas eu recebo a fé dos outros, numa família, numa comunidade que me ensina a dizer “eu creio”, “nós cremos”. Um cristão não é uma ilha! Nós não nos tornamos cristãos em laboratório, nós não nos tornamos cristãos sozinhos e com as nossas forças, mas a fé é um presente, é um dom de deus que nos é dado na Igreja e através da Igreja.» «Amamos a Igreja como se ama a própria mãe, sabendo também compreender os seus defeitos? Todas as mães têm defeitos, todos nós os temos. Mas quando se fala dos defeitos da mãe, nós protegemo-la, amamo-la… E a Igreja também tem os seus defeitos. Amo-a, como à minha mãe? Ajudamo-la a ser mais bela, mais autêntica, mais de acordo com o Senhor?» Excertos da intervenção do papa Francisco na audiência geral.
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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

LEITURA: Livros novos para o outono

Apresentação de algumas das edições publicadas desde o verão até estes primeiros dias de outono. Os resumos são extraídos das sinopses fornecidas pelas editoras.
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http://www.snpcultura.org/livros_novos_para_outono.html

domingo, 6 de outubro de 2013

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGEHOLUCAS 17,5-10
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
os Apóstolos disseram ao Senhor:
«Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu:
«Se tivésseis fé como um grão de mostarda,
diríeis a esta amoreira:
‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’,
e ela obedecer-vos-ia.
Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado,
lhe dirá quando ele volta do campo:
‘Vem depressa sentar-te à mesa’?
Não lhe dirá antes:
‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires,
até que eu tenha comido e bebido.
Depois comerás e beberás tu.
Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?
Assim também vós,
quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei:
‘Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer’».
AMBIENTE
Continuamos a percorrer o “caminho de Jerusalém” e a deparar com as “lições” que preparam os discípulos para o desafio de compreender e de dar testemunho do “Reino”. Desta vez, o nosso texto junta um “dito” de Jesus sobre a fé e uma parábola que convida à humildade.
Nas “etapas” anteriores, Jesus tinha avisado os discípulos da dificuldade de percorrer o “caminho do Reino” (disse-lhes que entrar no “Reino” é “entrar pela porta estreita” – Lc 13,24; convidou-os à humildade e à gratuidade – cf. Lc 14,7-14; avisou-os de que é preciso amar mais o “Reino” do que a própria família, os próprios interesses ou os próprios bens – cf. Lc 14,26-33; exigiu-lhes o perdão como atitude permanente – cf. Lc 17,5-6); agora, são os discípulos que, preocupados com a exigência do “Reino”, pedem mais “fé”.
O “dito” sobre a fé que ocupa a primeira parte do Evangelho que hoje nos é proposto aparece numa forma um pouco diferente em Mt 17,20 (um “dito” análogo lê-se também em Mc 11,23 e Mt 21,21, a propósito da figueira seca). No estado actual do texto, é muito difícil definir o contexto original do “dito” de Jesus, o seu enquadramento e o seu significado… Aqui, no entanto, ele serve a Lucas para manifestar a preocupação dos discípulos com a dificuldade em percorrer esse difícil “caminho do Reino”.
MENSAGEM
A primeira parte do nosso texto é, portanto, constituída por um “dito” sobre a fé (vers. 5-6). Depois das exigências que Jesus apresentou, quanto ao caminho que os discípulos devem percorrer para alcançar o “Reino”, a resposta lógica destes só pode ser: “aumenta-nos a fé”. O que é que a fé tem a ver com a exigência do “Reino”?
No Novo Testamento em geral e nos sinópticos em particular, a fé não é, primordialmente, a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstractas sobre Deus; mas é a adesão a Jesus, à sua proposta, ao seu projecto – ou seja, ao projecto do “Reino”. No entanto, os discípulos têm consciência de que essa adesão não é um caminho cómodo e fácil, pois supõe um compromisso radical, a vitória sobre a própria fragilidade, a coragem de abandonar o comodismo e o egoísmo para seguir um caminho de exigência… Pedir a Jesus que lhes aumente a fé significa, portanto, pedir-Lhe que lhes aumente a coragem de optar pelo “Reino” e pela exigência que o “Reino” comporta; significa pedir que lhes dê a decisão para aderirem incondicionalmente à proposta de vida que Jesus lhes veio apresentar.
Jesus aproveita, na sequência, para recordar aos discípulos o resultado da “fé”. A imagem utilizada por Jesus (a ordem dada à “amoreira” para se arrancar da terra e ir plantar-se a ela própria no mar) mostra que, com a “fé” tudo é possível: quando se adere a Jesus e ao “Reino” com coragem e determinação, isso implica uma transformação completa da pessoa do discípulo e, em consequência, uma transformação do mundo que o rodeia. Aderir ao “Reino” com radicalidade é ter na mão a chave para mudar a história, mesmo que essa transformação pareça impossível… O discípulo que adere ao “Reino” com coragem e determinação é capaz de autênticos “milagres”… E isto não é conversa fiada: quantas vezes a tenacidade e a coragem dos discípulos de Jesus transformam a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em liberdade!
Na segunda parte do nosso texto (vers. 7-10), Lucas descreve a atitude que o homem deve assumir diante de Deus. Os fariseus estavam convencidos de que bastava cumprir os mandamentos da Torah para alcançar a salvação: se o homem cumprisse as regras, Deus não teria outro remédio senão salvá-lo… A salvação dependia, de acordo com esta perspectiva, dos méritos do homem. Deus seria, assim, apenas um contabilista, empenhado em fazer contas para ver se o homem tinha ou não direito à salvação…
Jesus coloca as coisas numa dimensão diferente. A atitude do discípulo – desse discípulo que adere a Jesus e ao “Reino”, que faz as “obras do Reino” e que constrói o “Reino” – frente a Deus não deve ser a atitude de quem sente que fez tudo muito bem feito e que, por isso, Deus lhe deve algo; mas deve ser a atitude de quem cumpre o seu papel com humildade, sentindo-se um servo que apenas fez o que lhe competia.
O que Jesus nos pede no Evangelho de hoje é que percorramos, com coragem e empenho, o “caminho do Reino”. Quando o discípulo aceita percorrer esse caminho, é capaz de operar coisas espantosas, milagres que transformam o mundo… E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-Lhe pelos seus dons, entregar-se confiada e humildemente nas suas mãos.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir das seguintes coordenadas:
¨ A “fé” é, antes de mais, a adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu projecto. Posso dizer, de facto, que é a “fé” que conduz e que anima a minha vida? Jesus é o eixo central à volta do qual se constrói a minha existência? É Jesus que marca o ritmo e a cor das minhas opções e dos meus projectos?
¨ O “Reino” é uma realidade sempre “a fazer-se”; mas apresentam-se, com frequência, situações de injustiça, de violência, de egoísmo, de sofrimento, de morte, que impedem a concretização do “Reino”. Como é que eu – homem ou mulher de fé – ajo, nessas circunstâncias? A minha “fé” em Jesus conduz-me a um empenho concreto pelo “Reino” e entusiasma-me a lutar contra tudo o que impede a concretização do “Reino”? A minha “fé” nota-se nos meus gestos? Há algo de novo à minha volta pelo facto de eu ter aderido a Jesus e pelo facto de eu estar a percorrer o “caminho do Reino”? Quais são os “milagres” que a minha “fé” pode fazer?
¨ Nós, homens, somos, com frequência, muito ciosos dos nossos direitos, dos nossos créditos, daquilo que nos devem pelas nossas boas acções. Quando transportamos isto para a relação com Deus, construímos um deus que não é mais do que um contabilista, que escreve nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de nos pagar religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos… Na realidade – diz-nos o Evangelho de hoje – não podemos exigir nada de Deus: existimos para cumprir, humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e para O louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve estar sempre.
¨ De certas pessoas diz-se que “não dão ponto sem nó”, para descrever o seu egoísmo e as suas atitudes interesseiras. Porque é que fazemos as coisas? O que é que motiva as nossas acções e gestos: o amor desinteressado, ou o interesse pela retribuição?
¨ Com frequência encontramos pessoas que nos questionam acerca da relação entre Deus, a sua justiça e a situação do mundo: se Deus existe, como é que Ele pode pactuar com a injustiça e a opressão? Se Deus existe, porque é que há crianças a morrer de cancro ou de fome? Se Deus existe, porque é que os bons sofrem e os maus são compensados com glória, honras e triunfos? Se Deus existe, porquê o sofrimento inocente? Estas são as questões que, hoje, mais obstaculizam a crença em Deus… A nossa resposta tem de ser o reconhecimento humilde de que os projectos de Deus ultrapassam infinitamente a nossa pequenez e finitude e que nós nunca conseguiremos explicar e abarcar os esquemas de Deus…
¨ Sobretudo, importa perceber que os caminhos de Deus não são iguais aos nossos. Deus tem o seu próprio ritmo; e o ritmo de Deus não é o ritmo da nossa impaciência, da nossa correria, do nosso egoísmo, dos nossos interesses… Do ponto de vista de Deus, as coisas integram-se num “todo” que nós, na nossa pequenez, não podemos abarcar. Resta-nos respeitar – mesmo sem entender – o ritmo de Deus.
¨ Além disso, precisamos de aprender a confiar em Deus, a entregarmo-nos nas suas mãos, a sentir que Ele é um Pai que nos ama e que, aconteça o que acontecer, está a escrever a história por caminhos direitos (embora os caminhos pelos quais Deus conduz o mundo nos pareçam, tantas vezes, estranhos, misteriosos, enigmáticos, incompreensíveis). Há que confiar na bondade e na magnanimidade desse Deus que nos ama como filhos e que tudo fará, sempre, para nos oferecer vida e felicidade.
¨ Mesmo sem entender, a nossa missão é continuar a dar testemunho… Deus chama-nos a denunciar tudo o que impede a realização plena do projecto de felicidade que Ele tem para o homem (a injustiça, a violência, a repressão, o egoísmo, o medo…); mas quanto ao tempo exacto e aos moldes da intervenção salvadora e libertadora de Deus no mundo e na história pessoal de cada homem ou mulher, isso só a Deus diz respeito.

FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=459