"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























terça-feira, 31 de março de 2015

quem conhece ESSES DESCONHECIDOS (43): Santo Alberto Chmielowski

... que merecem ser conhecidos - vida&obra - e eu mais em conhecê-los e dar a conhecer. Aqui:

Nasceu a 20 de Agosto de 1845, como primogénito de Alberto Chmielowki e de Josefa Borzylawska e foi batizado a 26 desse mês, com o nome de Adão Hilário Bernardo.
A família era abastada, detentora de enormes quintas.
Aos sete anos, perdeu o pai. A mãe mudou-se para Varsóvia, onde Adão prosseguiu os estudos, primeiro, na escola de cadetes, depois no instituto de agronomia, para melhor se dedicar à sua lavoura.
Pelos 18 anos, participou na insurreição contra o domínio do Czar. Foi ferido, na batalha de Melchow e levado prisioneiro. No cárcere, foi-lhe amputada uma das pernas, operação que aguentou com heróica valentia. Volvido um ano, conseguiu fugir clandestinamente e matriculou-se em Paris, numa academia de pintura. Passou à Bélgica e caminhou para o Mónaco, regressando depois a Varsóvia onde completou a formatura em pintura e arquitectura.
As suas telas tornaram-no muito popular e conhecido. Entretanto, começou a preocupar-se e a afligir-se com os necessitados e pobres.
Em 1880, entrou na Companhia de Jesus cujo noviciado abandonou, atormentado por escrúpulos e achacado por séria enfermidade. Refeito da doença, hospedou-se em Cracóvia, fazendo-se pobre com os pobres, à semelhança de Cristo que de tudo se despojou para enriquecer os outros. Ia distribuindo os haveres ganhos com os trabalhos de pintor notável pelos mais carenciados que reunia nos albergues públicos, onde ele também dormia.
Tornado franciscano da Ordem Terceira, vestido com o hábito de burel, prosseguiu na sua caridade para com os indigentes.
Como não se sentisse capaz de sozinho socorrer tantos pobres, com a aprovação do bispo de Cracóvia, juntou alguns companheiros e lança, deste modo, os fundamentos de uma nova congregação, os Servos dos Pobres, mudando o seu nome para Alberto, ao fazer os seus votos de pobreza, castidade e obediência.
Não escreveu nenhuma Regra, mas o seu exemplo e proceder foram incentivo e modelo inédito de viver à maneira de Cristo.
Construiu oficinas várias, para os necessitados poderem ganhar alguma coisa e reconstituírem a vida. Jamais aceitou bens imóveis ou auxílios económicos estáveis. Vivendo em casas do Estado ou da Diocese, limita-se a receber o que lhe iam dando, dia a dia. Nos albergues acolhia todos os infelizes, sem cuidar de saber a sua origem, raça, etnia ou religião.
A 15 de Janeiro de 1891, ao reparar nas necessidades de tantas mulheres e raparigas, com a cooperação de Ana Francisca Lubanska e Maria Cunegundes Silokowka, seduzidas pelo seu exemplo, fundou um ramo feminino da sua associação, para que alimentassem as famintas e as acolhessem em abrigos decentes, sobretudo nos casos de epidemias.
Com palavras de ânimo e conselhos apropriados, com pregações sobre os desajustamentos sociais, vincando a obrigação de todos, sobretudo os mais favorecidos em riquezas, ajudarem os ignorantes e miseráveis, Santo Alberto não só formava os seus seguidores como suscitava nos ricos um desprendimento que os impulsionava a uma generosa caridade.
A 25 de Dezembro de 1916, já com várias comunidades ao serviço dos pobres e com mais de uma centena de discípulos, entregou a sua alma a Deus.

 
 

                                                

segunda-feira, 30 de março de 2015

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: (Con)trastes...

... destes são os de... sempre. Por isso mesmo, a cada tempo que passa mais inadmissíveis e profundamente desumanos se tornam.
"Quo vadis" homo sapiens do séc. XXI?
A assobiar para o lado, ou a fazer como a aveztruz, o tal animal que enterra a cabeça na areia?
É tempo de dizer BASTA, ou ainda não?
Caso contrário, continuaremos com "A normalidade do mal". Mal de que não padece este exemplo à escala mundial, nem sempre imaculado é certo - atire a primeira pedra quem nunca errou. Mais um, não buscado, mas encontrado, não em Belém de Boliqueime, sim, também, em terra do "fim do mundo" - infelizmente são a excepção e não a regra.
Intolerável é não divulgar, é não partilhar. é não denunciar, é não lutar por isto e contra isto.
Insuportável ainda, é manter e não agir em conformidade, isto é, em coerência e urgência. Afinal de contas é tão simples. Basta PARAR para Pensar/Meditar/Reflectir e Atentar nisto. PARABÉNS ONG Cordaid!

domingo, 29 de março de 2015

PALAVRAdeDOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética"
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial"
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Ler mais em:
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro", http://www.paulinas.pt/Product_Detail.aspx?code=1977
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias
Então:
Tema do Domingo de Ramos
A liturgia deste último Domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.
A primeira leitura apresenta-nos um profeta anónimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projectos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total.
EVANGELHO Mc 14, 1 - 15,47
N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
N Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimos
e os príncipes dos sacerdotes e os escribas
procuravam maneira de se apoderarem de Jesus à traição
para Lhe darem a morte.
Mas diziam:
R «Durante a festa, não,
para que não haja algum tumulto entre o povo».
N Jesus encontrava-Se em Betânia,
em casa de Simão o Leproso,
e, estando à mesa,
veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro
com perfume de nardo puro de alto preço.
Partiu o vaso de alabastro
e derramou-o sobre a cabeça de Jesus.
Alguns indignaram-se e diziam entre si:
R «Para que foi esse desperdício de perfume?
Podia vender-se por mais de duzentos denários
e dar o dinheiro aos pobres».
N E censuravam a mulher com aspereza.
Mas Jesus disse:
J «Deixai-a. Porque estais a importuná-la?
Ela fez uma boa acção para comigo.
Na verdade, sempre tereis os pobres convosco
e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem;
Mas a Mim, nem sempre Me tereis.
Ela fez o que estava ao seu alcance:
ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura.
Em verdade vos digo:
Onde quer que se proclamar o Evangelho, pelo mundo inteiro,
dir-se-á também em sua memória, o que ela fez».
N Então, Judas Iscariotes, um dos Doze,
foi ter com os príncipes dos sacerdotes
para lhes entregar Jesus.
Quando o ouviram, alegraram-se
e prometeram dar-lhe dinheiro.
E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

N No primeiro dia dos Ázimos,
em que se imolava o cordeiro pascal,
os discípulos perguntaram a Jesus:
R «Onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?»
N Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:
J «Ide à cidade.
Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água.
Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa:
‘O Mestre pergunta: Onde está a sala,
em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’
Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior,
alcatifada e pronta.
Preparai-nos lá o que é preciso».
N Os discípulos partiram e foram à cidade.
Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito
e prepararam a Páscoa.
Ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze.
Enquanto estavam à mesa e comiam,
Jesus disse:
J «Em verdade vos digo:
Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».
N Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:
R «Serei eu?»
N Jesus respondeu-lhes:
J «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato.
O Filho do homem vai partir,
como está escrito a seu respeito,
mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído!
Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».
N Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,
recitou a bênção e partiu-o,
deu-o aos discípulos e disse:
J «Tomai: isto é o meu Corpo».
N Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho.
E todos beberam dele.
Disse Jesus:
J «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança,
derramado pela multidão dos homens.
Em verdade vos digo:
Não voltarei a beber do fruto da videira,
até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».
N Cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras.

N Disse-lhes Jesus:
J «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’.
Mas depois de ressuscitar,
irei à vossa frente para a Galileia».
N Disse-Lhe Pedro:
R «Embora todos te abandonem, eu não».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo:
Hoje, esta mesma noite, antes do galo cantar duas vezes,
três vezes Me negarás».
N Mas Pedro continuava a insistir:
R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N E todos afirmaram o mesmo.
Entretanto, chegaram a uma propriedade chamada Getsémani
e Jesus disse aos seus discípulos:
J «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».
N Tomou consigo Pedro, Tiago e João
e começou a sentir pavor e angústia.
Disse-lhes então:
J «A minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai».
N Adiantando-Se um pouco, caiu por terra
e orou para que, se fosse possível,
se afastasse d’Ele aquela hora.
Jesus dizia:
J «Abba, Pai, tudo Te é possível:
afasta de Mim este cálice.
Contudo, não se faça o que Eu quero,
mas o que Tu queres».
N Depois, foi ter com os discípulos, encontrando-os dormindo
e disse a Pedro:
J «Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar uma hora?
Vigiai e orai, para não entrardes em tentação.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N Afastou-Se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
Voltou novamente e encontrou-os dormindo,
porque tinham os olhos pesados
e não sabiam que responder.
Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai...
Chegou a hora:
o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos. Vamos.
Já se aproxima aquele que Me vai entregar».
N Ainda Jesus estava a falar,
quando apareceu Judas, um dos Doze,
e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,
enviada pelos príncipes dos sacerdotes,
pelos escribas e os anciãos.
O traidor tinha-lhes dado este sinal:
«Aquele que eu beijar, é esse mesmo.
Prendei-O e levai-O bem seguro».
Logo que chegou, aproximou-se de Jesus e beijou-O, dizendo:
R «Mestre».
N Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O.
Um dos presentes puxou da espada
e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.
Jesus tomou a palavra e disse-lhes:
J «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender,
como se fosse um salteador.
Todos os dias Eu estava no meio de vós,
a ensinar no templo,
e não Me prendestes!
Mas é para se cumprirem as Escrituras».
N Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos.
Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol.
Agarraram-no, mas ele, largando o lençol, fugiu nu.

N Levaram então Jesus à presença do sumo sacerdote,
onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes,
os anciãos e os escribas.
Pedro, que O seguira de longe,
até ao interior do palácio do sumo sacerdote,
estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam um testemunho contra Jesus
para Lhe dar a morte,
mas não o encontravam.
Muitos testemunhavam falsamente contra Ele,
mas os seus depoimentos não eram concordes.
Levantaram-se então alguns,
para proferir contra Ele este falso testemunho:
R «Ouvimo-l’O dizer:
‘Destruirei este templo feito pelos homens
e em três dias construirei outro
que não será feito pelos homens’».
N Mas nem assim o depoimento deles era concorde.
Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos
e perguntou a Jesus:
R «Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?»
N Mas Jesus continuava calado e nada respondeu.
O sumo sacerdote voltou a interrogá-l’O:
R «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?»
N Jesus respondeu:
J «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem
sentado à direita do Todo-poderoso
vir sobre as nuvens do céu».
N O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:
R «Que necessidade temos ainda de testemunhas?
Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?»
N Todos sentenciaram que Jesus era réu de morte.
Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe,
a tapar-Lhe o rosto com um véu
e a dar-Lhe punhadas, dizendo:
R «Adivinha».
N E os guardas davam-Lhe bofetadas.

N Pedro estava em baixo, no pátio,
quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote.
Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe:
R «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno».
N Mas ele negou:
R «Não sei nem entendo o que dizes».
N Depois saiu para o vestíbulo e o galo cantou.
A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes:
R «Este é um deles».
N Mas ele negou segunda vez.
Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:
R «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».
N Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar:
R «Não conheço esse homem de quem falais».
N E logo o galo cantou pela segunda vez.
Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito:
«Antes do galo cantar duas vezes,
três vezes Me negarás».
E desatou a chorar.

N Logo de manhã,
os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho,
com os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio.
Depois de terem manietado Jesus,
foram entregá-l’O a Pilatos.
Pilatos perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?»
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N E os príncipes dos sacerdotes
faziam muitas acusações contra Ele.
Pilatos interrogou-O de novo:
R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam».
N Mas Jesus nada respondeu,
de modo que Pilatos estava admirado.

N Pela festa da Páscoa,
Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.
Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos,
que numa revolta tinham cometido um assassínio.
A multidão, subindo,
começou a pedir o que era costume conceder-lhes.
Pilatos respondeu:
R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?»
N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes
O tinham entregado por inveja.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão
a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.
Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:
R «Então, que hei-de fazer d’Aquele
que chamais o Rei dos judeus?»
N Eles gritaram de novo:
R «Crucifica-O!».
N Pilatos insistiu:
R «Que mal fez Ele?»
N Mas eles gritaram ainda mais:
R «Crucifica-O!».
N Então Pilatos, querendo contentar a multidão,
soltou-lhes Barrabás
e, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-O para ser crucificado.
Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio,
que era o pretório,
e convocaram toda a coorte.
Revestiram-n’O com um mando de púrpura
e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos
que haviam tecido.
Depois começaram a saudá-l’O:
R «Salvé, Rei dos judeus!»
N Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe
e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.
Depois de O terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto de púrpura
e vestiram-Lhe as suas roupas.
Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.

N Requisitaram, para Lhe levar a cruz,
um homem que passava, vindo do campo,
Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo.
E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,
quer dizer, lugar do Calvário.
Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra,
mas Ele não o quis beber.
Depois crucificaram-n’O.
E repartiram entre si as suas vestes,
tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.
Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.
O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito:
«Rei dos Judeus».
Crucificaram com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O
e abanavam a cabeça, dizendo:
R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes e os escribas
troçavam uns com os outros, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-se a Si mesmo!
Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz,
para nós vermos e acreditarmos».
N Até os que estavam crucificados com ele o injuriavam.
Quando chegou o meio-dia,
as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde.
E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eloí, Eloí, lamá sabachtháni?»
N que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?»
N Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R «Está a chamar por Elias».
N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre
e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse:
R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».
N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.

N O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.
O centurião que estava em frente de Jesus,
ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:
R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».
N Estavam também ali umas mulheres a observar de longe,
entre elas Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé,
que acompanhavam e serviam Jesus,
quando estava na Galileia,
e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.
Ao cair da tarde
– visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado –
José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio,
que também esperava o reino de Deus,
foi corajosamente à presença de Pilatos
e pediu-lhe o corpo de Jesus.
Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto
e, mandando chamar o centurião,
ordenou que o corpo fosse entregue e José.
José comprou um lençol,
desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol;
depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha
e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.
Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José,
observavam onde Jesus tinha sido depositado.

AMBIENTE
Marcos procura, no seu Evangelho, apresentar a figura de Jesus de acordo com duas grandes coordenadas. Uma, desenvolvida na primeira parte do Evangelho, apresenta Jesus como o Messias, enviado por Deus aos homens para lhes propor o Reino (cf. Mc 1,14-8,30); outra, tratada na segunda parte do Evangelho, apresenta Jesus como o Filho de Deus, que para cumprir a missão que o Pai lhe confiou tem de passar pela morte, mas a quem Deus ressuscitará (cf. Mc 8,31-16,8).
A leitura que hoje nos é proposta é o relato da paixão de Jesus. O relato, inegavelmente fundamentado em acontecimentos concretos, não é uma simples reportagem jornalística da condenação à morte de um inocente; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita cumprir o projecto do Pai, mesmo quando esse projecto passa por um destino de cruz. Marcos pretende que os crentes a quem a catequese se destina concluam, como o centurião romano que testemunha a paixão e morte de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Fica assim demonstrada a tese que Marcos, desde o início do Evangelho (cf. Mc 1,1), se propôs apresentar: Jesus, o Messias, é o Filho de Deus.
Betânia, o cenáculo, o Getsemani, o palácio do sumo-sacerdote, o pretório romano, o Gólgota e o
túmulo são os cenários onde se desenrola a acção e onde vai sendo demonstrada a filiação divina de Jesus.
MENSAGEM
A morte de Jesus tem de ser entendida no contexto daquilo que foi a sua vida. Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão: anunciar esse mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens. Para concretizar este projecto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade de um mundo novo, de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o “Reino”; e avisou os “ricos” (os poderosos, os instalados) de que o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
O projecto libertador de Jesus entrou em choque – como era inevitável – com a atmosfera de egoísmo, de má vontade, de opressão que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios; não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus. Por isso, prenderam Jesus, julgaram-n’O, condenaram-n’O e pregaram-n’O numa cruz.
A morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do “Reino”: resultou das tensões e resistências que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam o mundo.
Podemos, também, dizer que a morte de Jesus é o culminar da sua vida; é a afirmação última, porém mais radical e mais verdadeira (porque marcada com sangue), daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado – isto é, contra todas as causas objectivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte. Assim, a cruz mantém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do “Reino”.
No relato da Paixão na versão de Marcos, não difere substancialmente das versões de Mateus e de Lucas; no entanto, há algumas coordenadas que Marcos sublinha especialmente. De entre elas, destacamos:

1. Ao longo de todo o processo, Jesus manifesta uma grande serenidade, uma grande dignidade e uma total conformação com aquilo que se está a passar. Não se trata de passividade ou de inconsciência, mas de aceitação serena de um caminho que Ele sabe que passa pela cruz. Marcos sugere, desta forma, que Jesus está perfeitamente conformado com o projecto do Pai e que a sua vontade é cumprir fiel e integralmente o plano de Deus, sem objecções ou resistências de qualquer espécie. Esta “dignidade” de Jesus diante do processo que as autoridades religiosas e políticas lhe movem é atestada em várias cenas:
 Mateus e Lucas põem Jesus a interpelar directamente Judas, quando este o entrega no monte das Oliveiras (cf. Mt 26,50; Lc 22,48); mas na narração de Marcos, Jesus mantém-se silencioso e cheio de dignidade diante da traição do discípulo (cf. Mc 14,45-46), sem observações ou recriminações.
 Mateus põe Jesus a desautorizar Pedro quando este fere um servo do sumo-sacerdote cortando-lhe uma orelha (cf. Mt 26,52) e, na narração de Lucas, Jesus pede aos discípulos que deixem actuar os seus sequestradores (cf. Lc 22,51); mas Marcos não apresenta, no mesmo episódio, qualquer reacção de Jesus (cf. Mc 14,47). Marcos apenas acrescenta que a prisão de Jesus acontece para que se cumpram as Escrituras (cf. Mc 14,49).
 No tribunal judaico, quando interrogado pelo sumo-sacerdote acerca das acusações que lhe eram feitas, Jesus manteve um silêncio solene e digno (cf. Mc 14,61a), recusando defender-Se das acusações dos seus detractores.

2. Uma das teses fundamentais do Evangelho de Marcos é que Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1,1). Esta ideia também está bem presente, bem sublinhada, bem desenvolvida, no relato da Paixão:
 No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, Jesus dirige-Se a Deus (cf. Mc 14,36) e chama-Lhe “Abba” (“paizinho”, “papá”). Esta apalavra não era usada nas orações hebraicas como invocação de Deus; mas era usada na intimidade familiar e expressava a grande proximidade entre um filho e o seu pai. Para a psicologia judaica, teria sido um sinal de irreverência usar uma palavra tão familiar para se dirigir a Deus. O facto de Jesus usar esta palavra, revela a comunhão que havia entre Jesus e o Pai e revela uma relação marcada pela simplicidade, pela intimidade, pela total confiança.
 Apesar do silêncio digno de Jesus durante o interrogatório no palácio do sumo-sacerdote, há um momento em que Jesus não hesita em esclarecer as coisas e em deixar clara a sua divindade. Quando o sumo-sacerdote Lhe perguntou directamente se Ele era “o Messias, o Filho de Deus bendito” (Mc 14,61b), Jesus respondeu, sem subterfúgios: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso e vir sobre as nuvens do céu” (Mc 14,62). A expressão “eu sou” (“egô eimi”) leva-nos ao nome de Deus no Antigo Testamento (“eu sou aquele que sou” - Ex 3,14)… É, na perspectiva do nosso evangelista, a afirmação inequívoca da dignidade divina de Jesus. A referência ao “sentar-se à direita do Todo-poderoso” e ao “vir sobre as nuvens” sublinha, também, a dignidade divina de Jesus, que um dia aparecerá no lugar de Deus, como juiz soberano da humanidade inteira. O sumo-sacerdote percebe perfeitamente o alcance da afirmação de Jesus (Ele está a arrogar-Se a condição de Filho de Deus e a prerrogativa divina por excelência – a de juiz universal); por isso, manifesta a sua indignação rasgando as vestes e condenando Jesus como blasfemo.
 Marcos põe um centurião romano a dizer, junto da cruz de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Mais do que uma afirmação histórica, esta frase deve ser vista como uma “profissão de fé” que Marcos convida todos os crentes a fazer… Depois de tudo o que foi testemunhado ao longo do Evangelho, em geral, e no relato da paixão, em particular, a conclusão é óbvia: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.

3. Apesar de Filho de Deus, o Jesus de Marcos é também homem e partilha da debilidade e da fragilidade da natureza humana:
 No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, o Jesus de Marcos sentiu “pavor” e “angústia” (cf. Mc 14,33), como acontece com qualquer homem diante da morte violenta (Mateus é ligeiramente mais moderado e fala da “tristeza” e da “angústia” de Jesus – cf. Mt 26,37; e Lucas evita fazer qualquer referência a estes sentimentos que, sublinhando a dimensão humana de Jesus, podiam lançar dúvidas sobre a sua divindade).
 No momento da morte, Jesus reza: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” (Mc 15,34). A “oração” de Jesus é a “oração” de um homem que, como qualquer outro ser humano, experimenta a solidão, o abandono, o sentimento de impotência, a sensação de falhanço… e do fundo do seu drama, não compreende a ausência e a indiferença de Deus.
Não há dúvida: o Jesus apresentado por Marcos é, também, o homem/Jesus que Se solidariza com os homens, que os acompanha nos seus sofrimentos, que experimenta os seus dramas, fragilidades e debilidades.

4. Em todos os relatos da paixão, Jesus aparece a enfrentar sozinho (abandonado pelas multidões e pelos próprios discípulos) o seu destino de morte; mas Marcos sublinha especialmente a solidão de Jesus, nesses momentos dramáticos:
 Lucas põe um anjo a confortar Jesus, no jardim das Oliveiras (cf. Lc 22,43); Marcos não faz qualquer referência a esse momento de “consolação.
 Mateus conta que a mulher de Pilatos intercedeu por Jesus, pedindo ao marido que não se intrometesse “no caso desse justo” (cf. Mt 27,19); Marcos não refere nenhuma interferência deste tipo no processo de Jesus.
 João, além de Pedro, refere a presença de um “outro discípulo conhecido do sumo-sacerdote” no palácio de Anás (Jo 18,15); Marcos, para além de Pedro (que negou Jesus três vezes), nunca refere a presença de qualquer outro dos discípulos.
 Lucas fala na presença de mulheres, ao longo do caminho do calvário, que “batiam no peito e se lamentavam por Ele” (Lc 23,27-31); Marcos também não conhece ninguém que se lamentasse durante o caminho percorrido por Jesus em direcção ao lugar da execução (só após a morte de Jesus, Marcos observa que algumas mulheres que O seguiam e serviam quando estava na Galileia estavam ali a “contemplar de longe” – Mc 15,40-41).
Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão, no abandono, na indiferença de todos, o seu caminho de morte. O grito final de Jesus na cruz (“meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” – Mc 15,34) pode ser o início do Salmo 22 (cf. Sal 22,2); mas é, também, expressão dramática dessa solidão que Jesus sente à sua volta.

5. Só Marcos relata o episódio do jovem não identificado que seguia Jesus envolto apenas num lençol e que fugiu nu quando os guardas o tentaram agarrar (cf. Mc 14,51-52). Para alguns comentadores do Evangelho segundo Marcos, o jovem em causa poderia ser o próprio evangelista… Trata-se, no entanto, de uma simples conjectura.
É mais provável que o episódio tenha sido introduzido por Marcos para representar plasticamente a atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados diante do falhanço do projecto em que acreditaram, largaram tudo quando viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.

ACTUALIZAÇÃO
• Celebrar a paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir connosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.
Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-Se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
Um dos elementos mais destacados no relato marciano da paixão é a forma como Jesus Se comporta ao longo de todo o processo que conduz à sua morte… Ele nunca Se descontrola, nunca recua, nunca resiste, mas mantém-Se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino de cruz. Tal não significa que Jesus seja um herói inconsciente a quem o sofrimento e a morte não assustam, ou que Ele Se coloque na pele de um fraco que desistiu de lutar e que aceita passivamente aquilo que os outros Lhe impõem… A atitude de Jesus é a atitude de quem sabe que o Pai Lhe confiou uma missão e está decidido a cumprir essa missão, custe o que custar. Temos a mesma disponibilidade de Jesus para escutar os desafios de Deus e a mesma determinação de Jesus em concretizar esses desafios no mundo?
A “angústia” e o “pavor” de Jesus diante da morte, o seu lamento pela solidão e pelo abandono, tornam-n’O muito “humano”, muito próximo das nossas debilidades e fragilidades. Dessa forma, é mais fácil identificarmo-nos com Ele, confiar n’Ele, segui-l’O no seu caminho do amor e da entrega. A humanidade de Jesus mostra-nos, também, que o caminho da obediência ao Pai não é um caminho impossível, reservado a super-heróis ou a deuses, mas é um caminho de homens frágeis, chamados por Deus a percorrerem, com esforço, o caminho que conduz à vida definitiva.
A solidão de Jesus diante do sofrimento e da morte anuncia já a solidão do discípulo que percorre o caminho da cruz. Quando o discípulo procura cumprir o projecto de Deus, recusa os valores do mundo, enfrenta as forças da opressão e da morte, recebe a indiferença e o desprezo do mundo e tem de percorrer o seu caminho na mais dramática solidão. O discípulo tem de saber, no entanto, que o caminho da cruz, apesar de difícil, doloroso e solitário, não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de libertação e de vida plena.
• A figura do jovem que, no jardim das Oliveiras, deixou o lençol que o cobria nas mãos dos soldados e fugiu pode ser figura do discípulo que, amedrontado e desiludido, abandonou Jesus. Já alguma vez virámos as costas a Jesus e ao seu projecto, seduzidos por outras propostas? O que é que nos impede, por vezes, de nos mantermos fiéis ao projecto de Jesus?

sábado, 28 de março de 2015

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.
Periferias, eleições e Portugal
Lições gregas
Motorista servia para disfarçar ligação de Sócrates a Santos Silva
Isabel, os diamantes, o petróleo e os negócios em Portugal
Benefícios de acordar antes das seis da manhã
Estudo Como tornar o exercício físico mais divertido?
Memória Sesta de 45 minutos, a solução para os estudantes
O prodígio do sangue de São Januário, 167 anos depois, nas mãos do Papa Francisco
As manobras de Paulo Núncio
Débito direto O seu NIB pode ser usado para pagar contas de outros
Sabia que põe no lixo alimentos que pode e deve comer?
De que estamos famintos se estamos fartos?
Esta campanha dá que pensar. Descubra porquê
Ficou sem casa e tem a receber do Fisco 17 mil euros
Investigação atribui a Sócrates mais duas casas e um terreno
Primavera Dez dicas para manter as alergias à distância
A lei dos pobres
Contexto e causa de um assassínio
O irmão Lello
Fisco vai pagar o que lhe deve automaticamente
Útil Está alguém a usar o seu NIB. O que fazer?
As 10 startups mais valiosas do mundo
Juiz Cão de Carlos Alexandre foi envenenado
Dívida teima em não descer, mas BCE protege Portugal dos mercados
Livro de Sócrates não foi escrito... por Sócrates
Se Portugal sair do 'lixo' o que muda? Nada
Bloomberg descobre deputada que virou 'estrela'
Lubitz pode ter feito 'curto-circuito' e agido por impulso
Apple Tim Cook quer doar toda a sua fortuna
Investigação Capacidade de suportar a dor está prevista nos genes
Dados fiscais de Sócrates desde 2005 na mira
Pulsão de morte
 

sexta-feira, 27 de março de 2015

CINEMA&FILME: "Jesus de Montreal"

Daniel Colombe é um jovem ator. Um padre, responsável por um santuário em Montreal confia-lhe a montagem de uma representação da Paixão de Cristo. Mas não pretende a reprodução dos modelos devocionais paroquiais, nem a repetição de uma encenação por ele próprio criada e repetida durante os últimos anos. Quer algo que promova a atualização dessas práticas da memória cristã, de modo a que a via sacra possa interessar à urbanidade moderna dos crentes.
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quinta-feira, 26 de março de 2015

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Abraçar a pequenez, renunciar à exaltação

No centro da nossa fé cristã encontra-se o mistério que Deus escolheu para revelar o mistério divino mediante a submissão sem reservas ao impulso descendente. Deus não só escolheu um povo insignificante para transmitir a Palavra da salvação ao longo dos séculos, não só escolheu um pequeno resto desse povo para cumprir as promessas divinas, não só escolheu uma humilde jovem de uma cidade desconhecida da Galileia para a tornar o templo da Palavra, mas também decidiu manifestar a plenitude do amor divino num homem cuja vida desembocou numa morte humilhante fora das muralhas da cidade.
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quarta-feira, 25 de março de 2015

ESPIRITUALIDADE: Papá, o que é a eternidade?

Tenho uma filha que se chama Íris. E quando ela era mais pequenina, com 8 anos, naquela altura das perguntas, estávamos nós os dois a brincar e ela sem interromper a brincadeira e de uma forma natural mas profunda, perguntou-me: «Papá, o que é a eternidade?» E é assombroso, como é que as crianças tão cedo se interrogam sobre o porquê das coisas: Porque é que a avó está velhinha? E tu também vais ficar velhinho, e a mamã, e eu também? Porque é que as pessoas morrem? Porque é que há pobres? Porque que é que há guerras?
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segunda-feira, 23 de março de 2015

LIVRO&LEITURA: "O meu Deus é um Deus ferido"

Não estou em condições de proferir as palavras «meu Deus», se não vir as suas chagas! Mesmo em face da mais refulgente visão religiosa teria, provavelmente – pese a toda a franqueza – a minha dúvida, se não se trataria de uma ilusão, da projeção dos meus desejos, ou até do próprio Anti-cristo – se ela não apresentar «as cicatrizes dos cravos». O meu Deus é um Deus ferido.
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domingo, 22 de março de 2015

PALAVRAdeDOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética"
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial"
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Ler mais em:
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro", http://www.paulinas.pt/Product_Detail.aspx?code=1977
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias
Então:
Tema do 5º Domingo da Quaresma
Na liturgia do 5º Domingo Comum ecoa, com insistência, a preocupação de Deus no sentido de apontar ao homem o caminho da salvação e da vida definitiva. A Palavra de Deus garante-nos que a salvação passa por uma vida vivida na escuta atenta dos projectos de Deus e na doação total aos irmãos.
Na primeira leitura, Jahwéh apresenta a Israel a proposta de uma nova Aliança. Essa Aliança implica que Deus mude o coração do Povo, pois só com um coração transformado o homem será capaz de pensar, de decidir e de agir de acordo com as propostas de Deus.
A segunda leitura apresenta-nos Jesus Cristo, o sumo-sacerdote da nova Aliança, que Se solidariza com os homens e lhes aponta o caminho da salvação. Esse caminho (e que é o mesmo caminho que Jesus seguiu) passa por viver no diálogo com Deus, na descoberta dos seus desafios e propostas, na obediência radical aos seus projectos.
O Evangelho convida-nos a olhar para Jesus, a aprender com Ele, a segui-l’O no caminho do amor radical, do dom da vida, da entrega total a Deus e aos irmãos. O caminho da cruz parece, aos olhos do mundo, um caminho de fracasso e de morte; mas é desse caminho de amor e de doação que brota a vida verdadeira e eterna que Deus nos quer oferecer.
EVANGELHOJo 12, 20-33
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
alguns gregos que tinha vindo a Jerusalém
para adorar nos dias da festa,
foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia,
e fizeram-lhe este pedido:
«Senhor, nós queríamos ver Jesus».
Filipe foi dizê-lo a André;
e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus.
Jesus respondeu-lhes:
«Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado.
Em verdade, em verdade vos digo:
Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só;
mas se morrer, dará muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á,
e quem despreza a sua vida neste mundo
conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém Me quiser servir, que Me siga,
e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.
E se alguém Me servir, meu Pai o honrará.
Agora a minha alma está perturbada.
E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora?
Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora.
Pai, glorifica o teu nome».

AMBIENTE
O Evangelho que a liturgia do 5º Domingo da Quaresma nos propõe situa-nos em Jerusalém, aparentemente no próprio dia da entrada solene de Jesus na cidade santa (cf. Jo 12,12-19). As multidões “que tinham chegado para a Festa” haviam aclamado Jesus como o rei/messias, encenando um rito de entronização e aclamando Jesus como “o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel” (Jo 12,12-13). De acordo com João, as pessoas colheram ramos de palma e saíram ao encontro de Jesus um gesto que está ligado, no folclore religioso judaico, à Festa das Cabanas, a festa que celebrava o tempo em que os israelitas viveram em tendas, ao longo da caminhada pelo deserto, após a libertação do Egipto. O autor do Quarto Evangelho sugere, assim, que está a chegar ao fim o processo de libertação definitiva do Povo de Deus. Apresenta-se, assim, uma chave de leitura para entender a morte próxima de Jesus.
No quadro entram “alguns gregos” que “tinham subido a Jerusalém para adorar” e que queriam ver Jesus. Aqui, “grego” significa, provavelmente, “não judeu”. Podem ser prosélitos (estrangeiros convertidos ao judaísmo) ou simples simpatizantes do judaísmo.
Os “gregos” dirigem-se a Filipe, natural de Betsaida, uma cidade situada na tetrarquia de Herodes Filipe, já fora do território judeu propriamente dito. Curiosamente, “Betsaida” significa “lugar de pesca” (o que pode aludir à missão dos discípulos – ser “pescadores de homens” – Mc 1,17). Filipe vai falar com André a propósito do pedido e os dois apresentam o caso a Jesus.
A história dos “gregos” que querem “ver Jesus” vai servir de pretexto a João para uma belíssima catequese sobre o que significa “ver Jesus”.

MENSAGEM
Os “gregos” vieram a Jerusalém “adorar” a Deus no Templo; mas quiseram encontrar-se com Jesus, conhecer Jesus e o seu projecto, tomar contacto com a salvação que Ele veio oferecer (queriam “ver Jesus” – vers. 21). Com isto, o autor do Quarto Evangelho sugere que o Templo e o culto antigo já não são mais os lugares onde o homem encontra Deus e a salvação; agora, quem estiver interessado em encontrar a verdadeira libertação deve dirigir-se ao próprio Jesus. Por outro lado, a salvação/libertação que Jesus veio trazer tem um alcance universal e destina-se a todos os homens – mesmo àqueles que vivem fora das fronteiras físicas de Israel (“gregos”).
Estes “gregos” não se dirigem directamente a Jesus, mas aos discípulos. Haverá aqui, talvez, um aceno à responsabilidade missionária da comunidade de Jesus, encarregada da missão de levar Jesus a todos os povos da terra. O facto de Filipe falar primeiro com André e só depois os dois irem contar o que se passa a Jesus reflecte a dificuldade com que as primeiras comunidades cristãs deram o passo para a evangelização dos pagãos. João quer, provavelmente, sugerir que a decisão de integrar os pagãos na comunidade de Jesus não é uma decisão individual, mas uma decisão que a comunidade tomou depois de haver consultado o Senhor.
Quem vai ao encontro de Jesus, o que é que vai encontrar? Um messias aclamado pelas multidões, preocupado em gerir a carreira e em manter a todo o custo o seu clube de fãs, que faz prodígios de equilíbrio para não desagradar às autoridades constituídas e não arruinar as suas hipóteses de êxito?
No horizonte próximo de Jesus, está apenas a cruz (a “hora”). Ele está consciente de que vai sofrer uma morte violenta e maldita, e que todos o vão abandonar como um fracassado. Paradoxalmente, Ele está consciente, também, que nessa cruz se manifestará a “glória” do Filho do Homem.
A morte de Jesus não é um momento isolado, mas o culminar de um processo de doação total de Si mesmo, que se iniciou quando “o Verbo Se fez carne e montou a sua tenda no meio dos homens” (Jo 1,14); é o último acto de uma vida de entrega total aos projectos de Deus, feita amor até ao extremo. Durante toda a sua existência terrena, Jesus procurou, em cada palavra e em cada gesto, tornar o homem livre de todas as opressões, dotá-lo de dignidade, dar-lhe vida em plenitude. Dessa forma, despoletou o ódio do sistema opressor, interessado em manter o homem escravo. Sem se assustar com a perspectiva da morte, cumprindo até ao fim o projecto libertador de Deus em favor do homem, Jesus levou avante a sua luta pela libertação da humanidade. A sua morte é a consequência do seu confronto com as forças da morte que dominavam o mundo.Por outro lado, ao dar a vida por amor, Jesus deixa aos seus discípulos a última e a suprema lição, a lição final que eles devem aprender. Com a morte de Jesus na cruz, os discípulos aprendem o amor até ao extremo, o dom total da vida, a entrega radical aos projectos de Deus e à libertação dos irmãos.
O que é que nasce deste “dom” de Jesus? Nasce uma nova humanidade. É uma humanidade que Jesus libertou da opressão, da injustiça, dos mecanismos que geram sofrimento e medo… E é uma humanidade que venceu o egoísmo e que aprendeu que a vida é para ser dada, sem limites, por amor. Não há dúvida que o dom da vida dá abundantes frutos de vida. Na cruz de Jesus manifesta-se, portanto, o projecto libertador de Deus para os homens.
Quem quiser “conhecer” Jesus deve olhar para esse Homem que põe totalmente a sua vida ao serviço dos projectos de Deus e que morre na cruz para ensinar aos homens o amor sem limites. Deve aprender essa verdade que, para Jesus, é evidente: não se pode gerar vida (para si próprio e para os outros), sem entregar a própria vida. A vida nasce do amor, do amor total, do amor que se dá até às últimas consequências. Só o amor como dom total é fecundo e gerador de vida (“em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo caído na terra não morrer, permanece só; se morrer, produz muito fruto” – vers. 24). Quem se ama a si mesmo e se fecha num egoísmo estéril, quem se preocupa apenas com defender os seus interesses e perspectivas, perde a oportunidade de chegar à vida verdadeira, à salvação. O apego egoísta à própria vida levará ao medo de agir, à dificuldade em comprometer-se, ao silêncio perante a injustiça – em suma, a uma vida de medo e de opressão, que é infecunda e não vale a pena ser vivida. Ao contrário, quem é totalmente livre do medo, quem se esquece dos seus próprios interesses e seguranças e se compromete com a luta pela justiça, pelos direitos, pela dignidade e liberdade do homem, quem ama tanto os outros que entrega a sua vida por eles, esse dará frutos de vida e viverá uma vida plena, que nem a morte calará. É esta vida que tem sentido e que leva o homem à realização plena.
Jesus viveu esta dinâmica da vida dada por amor, sem medo de enfrentar o “mundo” – isto é, sem medo de enfrentar esse sistema de opressão e de injustiça que pensava poder manter os homens escravos através do medo da morte. Jesus está livre desse medo e, portanto, está livre para amar totalmente. Àqueles que querem “ver Jesus” e conhecer o seu projecto, Ele propõe o mesmo caminho – o caminho do amor e da entrega total. Ser discípulo é colaborar com Jesus na libertação dos homens que ainda são escravos, mesmo que isso signifique enfrentar as forças de opressão do “mundo” e enfrentar a própria morte (“se alguém Me quer servir, siga-Me” – vers. 26a).
Quem aceitar esta proposta permanece unido a Jesus, entra na comunidade de Deus (vers. 26b). Poderá ser desprezado pelo “mundo”; mas será honrado por Deus e acolhido como seu filho (vers. 26c).
O nosso texto termina com a “voz do céu” que glorifica Jesus (vers. 28-32). É uma forma de mostrar que o caminho de Jesus tem o selo de garantia de Deus. A “voz do céu” assegura que a forma de viver proposta por Jesus é verdadeira e que Deus garante a sua autenticidade. Confirma-se, desta forma, aos discípulos que oferecer a vida por amor não é um caminho de fracasso e de morte, mas um caminho de glorificação e de vida.

ACTUALIZAÇÃO
• A primeira leitura mostrava-nos a preocupação de Deus no sentido de propor aos homens uma nova Aliança, capaz de gerar um Homem Novo. Como é que chegamos a essa realidade do Homem Novo, de coração transformado (isto é, com um coração que pensa, que decide e que age segundo os esquemas e a lógica de Deus)? O Evangelho responde: é olhando para Jesus, aprendendo com Ele, seguindo-O no caminho do amor, acolhendo essa vida que Ele nos propõe. Jesus tem de ser o modelo, a referência, o exemplo de quem quer aceitar o desafio de Deus e viver na comunidade da nova Aliança. Na verdade, o que é que Jesus representa, para nós? Uma pequena nota no rodapé da história humana? Um idealista com boas intenções que fracassou no seu sonho de um mundo melhor? Um pensador original, mas cujas ideias e perspectivas parecem desfasadas face às novas realidades do mundo? Ou é o Deus que veio ao encontro dos homens com um projecto de vida nova, capaz de dar um novo sentido à nossa vida e de nos encaminhar para a vida plena, para a felicidade sem fim?
• O caminho que Jesus aponta aos homens é o caminho do amor radical, do dom da vida, da entrega total a Deus e aos irmãos. Este caminho pode parecer, por vezes, um caminho de fracasso, de cruz; pode ser um caminho que nos coloca à margem desses valores que o mundo admira e consagra; pode parecer um caminho de perdedores e de fracos, reservado a quem não tem a coragem de se impor, de vencer a todo o custo, de conquistar o mundo… No entanto, Jesus garante-nos: a vida plena e definitiva nasce do dom de si mesmo, do serviço simples e humilde prestado aos irmãos (sobretudo aos pequenos e aos pobres), da disponibilidade para nos esquecermos de nós próprios e para irmos ao encontro das necessidades dos outros, da capacidade para nos solidarizarmos com os irmãos que sofrem, da coragem com que enfrentamos tudo aquilo que gera sofrimento e morte. Estamos dispostos a seguir a proposta de Jesus?
• Jesus rejeita absolutamente o caminho da auto-suficiência, do fechamento em si próprio, do egoísmo estéril, dos valores efémeros. Na lógica de Deus, trata-se de um caminho de perdedores, que produz vidas vazias e sem sentido, sofrimento e frustração, medo e desilusão. Quem vive exclusivamente para si próprio, quem se preocupa apenas em defender os seus interesses e perspectivas, quem se apega excessivamente a uma realização pessoal cumprida em circuitos fechados, “compra” uma existência infecunda e que não vale a pena ser vivida. Perde a oportunidade de chegar ao Homem Novo, à realização plena, à vida verdadeira, à salvação. Talvez nesta Quaresma Jesus nos peça que dispamos o nosso egoísmo e que nos convertamos ao amor…
• É através da comunidade dos discípulos que os homens “vêem Jesus”, descobrem o seu projecto, encontram esse caminho de amor e de doação que conduz à vida nova do Homem Novo, à salvação. Isto recorda-nos a nossa responsabilidade de testemunhas de Jesus e da sua salvação no meio dos homens do nosso tempoAqueles irmãos que se cruzam connosco nos caminhos da vida descobrem no nosso testemunho o rosto de Jesus? Todos aqueles que vêm ao encontro de Jesus à procura da vida plena encontram na forma como nos doamos, como servimos e como amamos a proposta libertadora que, através de nós, Jesus quer passar a todos os homens?

Fonte: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=353

sábado, 21 de março de 2015

(in)PRENSA semanal: a minha selecção!

Quem, por qualquer razão, não leu, não deve deixar de ler. Assim, não só fica a saber, mas também pode, com mais&melhor fundamento, opinar e, "a curto, médio ou longo prazo", optar e decidir, não deixando que outros o façam por si - se bem me faço entender eis a razão desta e de outras "(in)PRENSA semanal: a minha selecção!" que aí virão.
Uma democracia a sério
Austrália precisa de 250 mil imigrantes por ano.
Thomas Piketty: "Ao criar a zona euro, criámos um monstro"
"Não reconheço competência técnica ao FMI"
Austeridade levou a aumento de casos de depressão e infeções
Vaticano aprova uso da força contra Estado Islâmico para parar "genocídio"
Predadores
Santa Casa denuncia lavagem de dinheiro com prémios
Afinal, a "culpa" da lista VIP é do técnico de informática
Cadela encontra idoso de 78 anos desaparecido há seis dias
Ulrich desmente Gaspar, contraria Salgado e critica troika e Banco de Portugal
Miguel Cadilhe "As eleições de 2015 nada vão resolver"
Miguel Cadilhe: Nem Passos nem Costa são os reformadores que o país precisa
Biografia Explicado poder de Isabel dos Santos
"Não faz sentido cair só o diretor-geral da Autoridade Tributária"
Procurador diz que José Sócrates gastou 9,2 milhões de euros das contas de Santos Silva
"Há focos de corrupção em vários ministérios. E estão a ser atacados"
Investigação Olhar para ecrãs antes de dormir é risco para a saúde
Regresso a um ponto de partida
Saúde Há certos alimentos que fazem mal quando misturados
10 erros cometidos por jovens em início de carreira
Casal alemão pagou a sua "parte da dívida" à Grécia por danos da II Guerra
Francisco não esquece famílias pobres após visita e oferece 500 quilos de alimentos
Padre, tenho fome!

quinta-feira, 19 de março de 2015

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: A fé, na sua mais profunda radicalidade, ...

A fé, na sua mais profunda radicalidade, mais não é do que a pascaliana aposta em que seja Agostinho que tenha razão e que, nesse abismo interior, esteja Deus e não o nada, que a aniquilação mais não seja do que uma mera noção teórica em nós posta para que possamos apreciar em sua verdadeira grandeza isso que é o dom de possibilidade de vida sem fim. Ou, então, é tudo vão, como Paulo, desassombradamente, diz. É a sublime esperança da ressurreição de Cristo que nos mantém vivos, não a matéria que comemos e bebemos.
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quarta-feira, 18 de março de 2015

CINEMA&FILME: “Descalço sobre a terra vermelha”,

A obra conta a vida do prelado emérito da diocese brasileira de S. Félix do Araguaia, chamado “bispo dos pobres” e “voz dos índios”, que ao longo do seu ministério teve de esclarecer as suas posições com o Vaticano, além de ter enfrentado a ditadura militar e os proprietários de terras. A coprodução combina a ação e a espiritualidade, apresentando imagens fortes quer da paisagem natural do estado do Mato Grosso, quer da paisagem humana e social onde a narrativa se situa, no contexto da Teologia da Libertação e da ditadura brasileira dos anos 70.
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terça-feira, 17 de março de 2015

LIVRO&LEITURA: "Roteiro dos navegantes - As respostas da fé"

A própria circunstância de, nos nossos dias, não ser raro um filósofo sem pertenças confessionais e um teólogo católico se sentarem num cruzamento a interrogar-se, a falar, a ouvir já é um indício, pequeno mas significativo. A convicção comum que os une é a de Pascal, quando reconhecia que «o Homem supera infinitamente o Homem». Por mais que se tente embelezá-lo com produtos de luxo, distraí-lo com o borboleteamento das curiosidades da rede e deixá-lo sem rédeas morais, todos os dias ele se apaixona, sofre, goza, se surpreende, se estupidifica, se exalta, se desespera, se sente intimamente agarrado, pensa e morre. Então, para continuarmos na metáfora, experimentemos propor-lhe uma navegação conduzida à maneira augustiniana e seguindo portulanos inabituais, isto é, cartas náuticas que indiquem diversos percursos e ancoradouros, mas sempre «significativos», quer dizer, dotados de significado, com sentido.
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segunda-feira, 16 de março de 2015

ESPIRITUALIDADE: Entra no quarto mais secreto, fecha a porta e reza em segredo

Como pessoas de oração, eis o nosso programa para a Quaresma: entrar neste lugar secreto, oculto aos homens, que só o Pai vê. Somos chamados a um esforço de recolhimento e aprofundamento. Um esforço escondido e solitário que ninguém pode fazer por nós. É preciso afastarmo-nos de todas as nossas pequenas preocupações e dependências do amor-próprio; encontrar tempo para entrar nas profundezas do coração, num esforço de abertura e lucidez, e aí rezar ao nosso Pai.
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domingo, 15 de março de 2015

PALAVRAdeDOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética"
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial"
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Ler mais em:
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro", http://www.paulinas.pt/Product_Detail.aspx?code=1977
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias
Então:
Tema do 4º Domingo da Quaresma
A liturgia do 4º Domingo da Quaresma garante-nos que Deus nos oferece, de forma totalmente gratuita e incondicional, a vida eterna.
A primeira leitura diz-nos que, quando o homem prescinde de Deus e escolhe caminhos de egoísmo e de auto-suficiência, está a construir um futuro marcado por horizontes de dor e de morte. No entanto, diz o autor do Livro das Crónicas, Deus dá sempre ao seu Povo outra possibilidade de recomeçar, de refazer o caminho da esperança e da vida nova.
A segunda leitura ensina que Deus ama o homem com um amor total, incondicional, desmedido; é esse amor que levanta o homem da sua condição de finitude e debilidade e que lhe oferece esse mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim que está no horizonte final da nossa existência.
No Evangelho, João recorda-nos que Deus nos amou de tal forma que enviou o seu Filho único ao nosso encontro para nos oferecer a vida eterna. Somos convidados a olhar para Jesus, a aprender com Ele a lição do amor total, a percorrer com Ele o caminho da entrega e do dom da vida. É esse o caminho da salvação, da vida plena e definitiva.
EVANGELHO: Jo 3, 14-21
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
disse Jesus a Nicodemos:
«Assim como Moisés elevou a serpente no deserto,
também o Filho do homem será elevado,
para que todo aquele que acredita n’Ele
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Quem acredita n’Ele não é condenado,
mas quem não acredita já está condenado,
porque não acreditou em nome do Filho Unigénito de Deus.
E a causa da condenação é esta:
a luz veio ao mundo
e os homens amaram mais as trevas do que a luz,
porque eram más as suas obras.
Todo aquele que pratica más acções
odeia a luz e não se aproxima dela,
para que as suas obras não sejam denunciadas.
Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz,
para que as suas obras sejam manifestas,
pois são feitas em Deus.

AMBIENTE
O nosso texto pertence à secção introdutória do Quarto Evangelho (cf. Jo 1,19-3,36). Nessa secção, o autor apresenta Jesus e procura – através dos contributos dos diversos personagens que vão sucessivamente ocupando o centro do palco e declamando o seu texto – dizer quem é Jesus.
Mais concretamente, o trecho que nos é proposto faz parte da conversa entre Jesus e um “chefe dos judeus” chamado Nicodemos (cf. Jo 3,1). Nicodemos foi visitar Jesus “de noite” (cf. Jo 3,2), o que parece indicar que não se queria comprometer e arriscar a posição destacada de que gozava na estrutura religiosa judaica. Membro do Sinédrio, Nicodemos aparecerá, mais tarde, a defender Jesus, perante os chefes dos fariseus (cf. Jo 7,48-52). Também estará presente na altura em que Jesus foi descido da cruz e colocado no túmulo (cf. Jo 19,39).
A conversa entre Jesus e Nicodemos apresenta três etapas ou fases. Na primeira (cf. Jo 3,1-3), Nicodemos reconhece a autoridade de Jesus, graças às suas obras; mas Jesus acrescenta que isso não é suficiente: o essencial é reconhecer Jesus como o enviado do Pai. Na segunda (cf. Jo 3,4-8), Jesus anuncia a Nicodemos que, para entender a sua proposta, é preciso “nascer de Deus” e explica-lhe que esse novo nascimento é o nascimento “da água e do Espírito”. Na terceira (cf. Jo 3,9-21), Jesus descreve a Nicodemos o projecto de salvação de Deus: é uma iniciativa do Pai, tornada presente no mundo e na vida dos homens através do Filho e que se concretizará pela cruz/exaltação de Jesus. O nosso texto pertence a esta terceira parte.

MENSAGEM
No texto que nos é proposto, Jesus começa por explicar a Nicodemos que o Messias tem de “ser levantado ao alto”, como “Moisés levantou a serpente” no deserto (a referência evoca o episódio da caminhada pelo deserto quando os hebreus, mordidos pelas serpentes, olhavam uma serpente de bronze levantada num estandarte por Moisés e se curavam – cf. Nm 21,8-9). A imagem do “levantamento” de Jesus refere-se, naturalmente, à cruz – passo necessário para chegar à exaltação, à vida definitiva. É aí que Jesus manifesta o seu amor e que indica aos homens o caminho que eles devem percorrer para alcançar a salvação, a vida plena (vers. 14).
Aos homens é sugerido que acreditem no “Filho do Homem” levantado na cruz, para que não pereçam mas tenham a vida eterna. “Acreditar” no “Filho do Homem” significa aderir a Ele e à sua proposta de vida; significa aprender a lição do amor e fazer, como Jesus, dom total da própria vida a Deus e aos irmãos (vers. 15). É dessa forma que se chega à “vida eterna”.
Depois destas afirmações gerais, o autor do Quarto Evangelho vai entrar em afirmações mais detalhadas. O que é que significa, exactamente, a cruz de Jesus? Como é que a cruz gera vida definitiva para o homem?
Jesus, o “Filho único” enviado pelo Pai ao encontro dos homens para lhes trazer a vida definitiva, é o grande dom do amor de Deus à humanidade. A expressão “Filho único” evoca, provavelmente, o “sacrifício de Isaac” (cf. Gn 22,16): Deus comporta-se como Abraão, que foi capaz de desprender-se do próprio filho por amor (no caso de Abraão, amor a Deus; no caso de Deus, amor aos homens)… Jesus, o “Filho único” de Deus, veio ao mundo para cumprir os planos do Pai em favor dos homens. Para isso, incarnou na nossa história humana, correu o risco de assumir a nossa fragilidade, partilhou a nossa humanidade; e, como consequência de uma vida gasta a lutar contra as forças das trevas e da morte que escravizam os homens, foi preso, torturado e morto numa cruz. A cruz é o último acto de uma vida vivida no amor, na doação, na entrega. A cruz é, portanto, a expressão suprema do amor de Deus pelos homens. Ela dá-nos a dimensão do incomensurável amor de Deus por essa humanidade a quem Ele quer oferecer a salvação (vers. 16).
Qual é o objectivo de Deus ao enviar o seu Filho único ao encontro dos homens? É libertá-los do egoísmo, da escravidão, da alienação, da morte, e dar-lhes a vida eterna. Com Jesus – o “Filho único” que morreu na cruz – os homens aprendem que a vida definitiva está na obediência aos planos do Pai e no dom da vida aos irmãos, por amor.
Ao enviar ao mundo o seu “Filho único”, Deus não tinha uma intenção negativa, mas uma intenção positiva. O Messias não veio com uma missão judicial, nem veio excluir ninguém da salvação. Pelo contrário, Ele veio oferecer aos homens – a todos os homens – a vida definitiva, ensinando-os a amar sem medida e dando-lhes o Espírito que os transforma em Homens Novos (vers. 17).
Reparemos neste facto notável: Deus não enviou o seu Filho único ao encontro de homens perfeitos e santos; mas enviou o seu Filho único ao encontro de homens pecadores, egoístas, auto-suficientes, a fim de lhes apresentar uma nova proposta de vida… E foi o amor de Jesus – bem como o Espírito que Jesus deixou – que transformou esses homens egoístas, orgulhosos, auto-suficientes e os inseriu numa dinâmica de vida nova e plena.
Diante da oferta de salvação que Deus faz, o homem tem de fazer a sua escolha. Quando o homem aceita a proposta de Jesus e adere a Ele, escolhe a vida definitiva; mas quando o homem prefere continuar escravo de esquemas de egoísmo e de auto-suficiência, rejeita a proposta de Deus e auto-exclui-se da salvação. A salvação ou a condenação não são, nesta perspectiva, um prémio ou um castigo que Deus dá ao homem pelo seu bom ou mau comportamento; mas são o resultado da escolha livre do homem, face à oferta incondicional de salvação que Deus lhe faz. A responsabilidade pela vida definitiva ou pela morte eterna não recai, assim, sobre Deus, mas sobre o homem (vers. 18).
De acordo com a perspectiva de João, também não existe um julgamento futuro, no final dos tempos, no qual Deus pesa na sua balança os pecados dos homens, para ver se os há-de salvar ou condenar: o juízo realiza-se aqui e agora e depende da atitude que o homem assume diante da proposta de Jesus.
Na parte final do nosso texto (vers. 19-21), João repete o tema da opção pela vida (Jesus) ou pela morte. Ele constata que, por vezes, os homens rejeitam a proposta de Deus e preferem a escravidão e as trevas (o egoísmo, a injustiça, o orgulho, a auto-suficiência, tudo o que torna o homem infeliz e lhe impede o acesso à vida definitiva). Ao contrário, quem pratica as obras do amor (as obras de Jesus), escolhe a luz, identifica-se com Deus e dá testemunho de Deus no meio do mundo.
Em resumo: porque amava a humanidade, Deus enviou o seu Filho único ao mundo com uma proposta de salvação. Essa oferta nunca foi retirada; continua aberta e à espera de resposta. Diante da oferta de Deus, o homem pode escolher a vida eterna, ou pode excluir-se da salvação.

ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar os seguintes pontos:
• João é o evangelista abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o mandato do Pai, fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos homens o “caminho” da vida eterna… O Evangelho deste domingo convida-nos a contemplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projectos e no coração de Deus.
• O amor de Deus traduz-se na oferta ao homem de vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre e que não discrimina ninguém. Aos homens – dotados de liberdade e de capacidade de opção – compete decidir se aceitam ou se rejeitam o dom de Deus. Às vezes, os homens acusam Deus pelas guerras, pelas injustiças, pelas arbitrariedades que trazem sofrimento e morte que pintam as paredes do mundo com a cor do desespero… O nosso texto, contudo, é claro: Deus ama o homem e oferece-lhe a vida. O sofrimento e a morte não vêm de Deus, mas são o resultado das escolhas erradas feitas pelo homem que se obstina na auto-suficiência e que prescinde dos dons de Deus.
• Neste texto, João define claramente o caminho que todo o homem deve seguir para chegar à vida eterna: trata-se de “acreditar” em Jesus. “Acreditar” em Jesus não é uma mera adesão intelectual ou teórica a certas verdades da fé; mas é escutar Jesus, acolher a sua mensagem e os seus valores, segui-l’O nesse caminho do amor e da entrega ao Pai e aos irmãos. Passa pelo ser capaz de ultrapassar a indiferença, o comodismo, os projectos pessoais e pelo empenho em concretizar, no dia a dia da vida, os apelos e os desafios de Deus; passa por despir o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, os preconceitos, para realizar gestos concretos de dom, de entrega, de serviço que tragam alegria, vida e esperança aos irmãos que caminham lado a lado connosco. Neste tempo de caminhada para a Páscoa, somos convidados a converter-nos a Jesus e a percorrer o mesmo caminho de amor total que Ele percorreu.
• Alguns cristãos vivem obcecados e assustados com esse momento final em que Deus vai julgar o homem, depois de pesar na balança as suas acções boas e as suas acções más… João garante-nos que Deus não é um contabilista, a somar os débitos e os créditos do homem para lhes pagar em conformidade… O cristão não vive no medo, pois ele sabe que Deus é esse Pai cheio de amor que oferece a todos os seus filhos a vida eterna. Não é Deus que nos condena; somos nós que escolhemos entre a vida eterna que Deus nos oferece ou a eterna infelicidade.
Fonte: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=352