"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 6 de outubro de 2019

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
108 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  

Então:
Tema do 27º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Na Palavra de Deus que hoje nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do "caminho do Reino", etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correcta que o homem deve assumir face a Deus. As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o "Reino" sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.
Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado... Deus, em resposta, confirma a sua intenção de actuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projecto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o "tempo de Deus".
O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projecto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem... A essa adesão chama-se "fé"; e dela depende a instauração do "Reino" no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do "Reino" devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como "servos que apenas fizeram o que deviam fazer".
A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o "Reino". De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.
EVANGELHO - LUCAS 17,5-10
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
os Apóstolos disseram ao Senhor:
«Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu:
«Se tivésseis fé como um grão de mostarda,
diríeis a esta amoreira:
'Arranca-te daí e vai plantar-te no mar',
e ela obedecer-vos-ia.
Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado,
lhe dirá quando ele volta do campo:
'Vem depressa sentar-te à mesa'?
Não lhe dirá antes:
'Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires,
até que eu tenha comido e bebido.
Depois comerás e beberás tu.
Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?
Assim também vós,
quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei:
'Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer».

AMBIENTE
Continuamos a percorrer o "caminho de Jerusalém" e a deparar com as "lições" que preparam os discípulos para o desafio de compreender e de dar testemunho do "Reino". Desta vez, o nosso texto junta um "dito" de Jesus sobre a fé e uma parábola que convida à humildade.
Nas "etapas" anteriores, Jesus tinha avisado os discípulos da dificuldade de percorrer o "caminho do Reino" (disse-lhes que entrar no "Reino" é "entrar pela porta estreita" - Lc 13,24; convidou-os à humildade e à gratuidade - cf. Lc 14,7-14; avisou-os de que é preciso amar mais o "Reino" do que a própria família, os próprios interesses ou os próprios bens - cf. Lc 14,26-33; exigiu-lhes o perdão como atitude permanente - cf. Lc 17,5-6); agora, são os discípulos que, preocupados com a exigência do "Reino", pedem mais "fé".
O "dito" sobre a fé que ocupa a primeira parte do Evangelho que hoje nos é proposto aparece numa forma um pouco diferente em Mt 17,20 (um "dito" análogo lê-se também em Mc 11,23 e Mt 21,21, a propósito da figueira seca). No estado actual do texto, é muito difícil definir o contexto original do "dito" de Jesus, o seu enquadramento e o seu significado... Aqui, no entanto, ele serve a Lucas para manifestar a preocupação dos discípulos com a dificuldade em percorrer esse difícil "caminho do Reino".

MENSAGEM
A primeira parte do nosso texto é, portanto, constituída por um "dito" sobre a fé (vers. 5-6). Depois das exigências que Jesus apresentou, quanto ao caminho que os discípulos devem percorrer para alcançar o "Reino", a resposta lógica destes só pode ser: "aumenta-nos a fé". O que é que a fé tem a ver com a exigência do "Reino"?
No Novo Testamento em geral e nos sinópticos em particular, a fé não é, primordialmente, a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstractas sobre Deus; mas é a adesão a Jesus, à sua proposta, ao seu projecto - ou seja, ao projecto do "Reino". No entanto, os discípulos têm consciência de que essa adesão não é um caminho cómodo e fácil, pois supõe um compromisso radical, a vitória sobre a própria fragilidade, a coragem de abandonar o comodismo e o egoísmo para seguir um caminho de exigência... Pedir a Jesus que lhes aumente a fé significa, portanto, pedir-Lhe que lhes aumente a coragem de optar pelo "Reino" e pela exigência que o "Reino" comporta; significa pedir que lhes dê a decisão para aderirem incondicionalmente à proposta de vida que Jesus lhes veio apresentar.
Jesus aproveita, na sequência, para recordar aos discípulos o resultado da "fé". A imagem utilizada por Jesus (a ordem dada à "amoreira" para se arrancar da terra e ir plantar-se a ela própria no mar) mostra que, com a "fé" tudo é possível: quando se adere a Jesus e ao "Reino" com coragem e determinação, isso implica uma transformação completa da pessoa do discípulo e, em consequência, uma transformação do mundo que o rodeia. Aderir ao "Reino" com radicalidade é ter na mão a chave para mudar a história, mesmo que essa transformação pareça impossível... O discípulo que adere ao "Reino" com coragem e determinação é capaz de autênticos "milagres"... E isto não é conversa fiada: quantas vezes a tenacidade e a coragem dos discípulos de Jesus transformam a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em liberdade!
Na segunda parte do nosso texto (vers. 7-10), Lucas descreve a atitude que o homem deve assumir diante de Deus. Os fariseus estavam convencidos de que bastava cumprir os mandamentos da Torah para alcançar a salvação: se o homem cumprisse as regras, Deus não teria outro remédio senão salvá-lo... A salvação dependia, de acordo com esta perspectiva, dos méritos do homem. Deus seria, assim, apenas um contabilista, empenhado em fazer contas para ver se o homem tinha ou não direito à salvação...
Jesus coloca as coisas numa dimensão diferente. A atitude do discípulo - desse discípulo que adere a Jesus e ao "Reino", que faz as "obras do Reino" e que constrói o "Reino" - frente a Deus não deve ser a atitude de quem sente que fez tudo muito bem feito e que, por isso, Deus lhe deve algo; mas deve ser a atitude de quem cumpre o seu papel com humildade, sentindo-se um servo que apenas fez o que lhe competia.
O que Jesus nos pede no Evangelho de hoje é que percorramos, com coragem e empenho, o "caminho do Reino". Quando o discípulo aceita percorrer esse caminho, é capaz de operar coisas espantosas, milagres que transformam o mundo... E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-Lhe pelos seus dons, entregar-se confiada e humildemente nas suas mãos.

ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir das seguintes coordenadas:
¨ A "fé" é, antes de mais, a adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu projecto. Posso dizer, de facto, que é a "fé" que conduz e que anima a minha vida? Jesus é o eixo central à volta do qual se constrói a minha existência? É Jesus que marca o ritmo e a cor das minhas opções e dos meus projectos?
¨ O "Reino" é uma realidade sempre "a fazer-se"; mas apresentam-se, com frequência, situações de injustiça, de violência, de egoísmo, de sofrimento, de morte, que impedem a concretização do "Reino". Como é que eu - homem ou mulher de fé - ajo, nessas circunstâncias? A minha "fé" em Jesus conduz-me a um empenho concreto pelo "Reino" e entusiasma-me a lutar contra tudo o que impede a concretização do "Reino"? A minha "fé" nota-se nos meus gestos? Há algo de novo à minha volta pelo facto de eu ter aderido a Jesus e pelo facto de eu estar a percorrer o "caminho do Reino"? Quais são os "milagres" que a minha "fé" pode fazer?
¨ Nós, homens, somos, com frequência, muito ciosos dos nossos direitos, dos nossos créditos, daquilo que nos devem pelas nossas boas acções. Quando transportamos isto para a relação com Deus, construímos um deus que não é mais do que um contabilista, que escreve nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de nos pagar religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos... Na realidade - diz-nos o Evangelho de hoje - não podemos exigir nada de Deus: existimos para cumprir, humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e para O louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve estar sempre.
¨ De certas pessoas diz-se que "não dão ponto sem nó", para descrever o seu egoísmo e as suas atitudes interesseiras. Porque é que fazemos as coisas? O que é que motiva as nossas acções e gestos: o amor desinteressado, ou o interesse pela retribuição?

e/ou no vídeo AQUI.
«Somos inúteis servos» 
 Eu, que era um tosco fugitivo e sem instrução, eu, que não sei prever o futuro, sei, no entanto com certeza uma coisa: que, antes de ser humilhado, era como uma pedra num lodaçal profundo. Mas Ele veio, o Todo-poderoso e, na sua misericórdia, pegou em mim, ergueu-me e colocou-me em cima de um muro. Por isso, elevarei bem alto a minha voz, para devolver ao Senhor uma parte dos seus benefícios, aqui na Terra e na eternidade, benefícios tão grandes que o espirito do homem não pode contá-los. 
Ficai pois admirados, «grandes e pequenos que temeis a Deus» (Ap 19,5); e vós, senhores bem-falantes, escutai e examinai atentamente. Quem me suscitou, a mim, o insensato, do meio daqueles que passam por sábios, doutores da lei de palavras poderosas e de tantas outras coisas? Quem me inspirou, mais que a outros, a mim, o refugo deste mundo, para «no temor e no respeito» (Heb 12,28) […], fazer lealmente bem ao povo ao qual me levou o amor de Cristo e a quem Ele me deu, para que, se eu for digno disso, O sirva toda a minha vida com humildade e verdade? 
 Por isso, «segundo a medida da minha fé» (Rom 12,6) na Trindade, fui chamado a reconhecer e […] proclamar o dom de Deus e a sua consolação eterna; a propagar, sem medo mas com confiança, o nome de Deus em toda parte (Sl 118,67), para deixar uma herança aos meus irmãos e aos meus filhos, a tantos milhares de homens que batizei no Senhor. 
São Patrício (c. 385-c. 461)
monge missionário, bispo
Confissão, 12-14; SC 249

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