"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 16 de janeiro de 2022

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

 Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.

Então:
Tema do 2º Domingo do Tempo Comum - Ano C
A liturgia de hoje apresenta a imagem do casamento como imagem que exprime de forma privilegiada a relação de amor que Deus (o marido) estabeleceu com o seu Povo (a esposa). A questão fundamental é, portanto, a revelação do amor de Deus.
A primeira leitura define o amor de Deus como um amor inquebrável e eterno, que continuamente renova a relação e transforma a esposa, sejam quais forem as suas falhas passadas. Nesse amor nunca desmentido, reside a alegria de Deus.
O Evangelho apresenta, no contexto de um casamento (cenário da “aliança”), um “sinal” que aponta para o essencial do “programa” de Jesus: apresentar aos homens o Pai que os ama, e que com o seu amor os convoca para a alegria e a felicidade plenas.
A segunda leitura fala dos “carismas” – dons, através dos quais continua a manifestar-se o amor de Deus. Como sinais do amor de Deus, eles destinam-se ao bem de todos; não podem servir para uso exclusivo de alguns, mas têm de ser postos ao serviço de todos com simplicidade. É essencial que na comunidade cristã se manifeste, apesar da diversidade de membros e de carismas, o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
EVANGELHOJo 2,1-11
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
realizou-se um casamento em Caná da Galileia
e estava lá a Mãe de Jesus.
Jesus e os seus discípulos
foram também convidados para o casamento.
A certa altura faltou o vinho.
Então a Mãe de Jesus disse-Lhe:
«Não têm vinho».
Jesus respondeu-Lhe:
«Mulher, que temos nós com isso?
Ainda não chegou a minha hora».
Sua Mãe disse aos serventes:
«Fazei tudo o que Ele vos disser».
Havia ali seis talhas de pedra,
destinadas à purificação dos judeus,
levando cada uma de duas a três medidas.
Disse-lhes Jesus:
«Enchei essas talhas de água».
Eles encheram-nas até acima.
Depois disse-lhes:
«Tirai agora e levai ao chefe de mesa».
E eles levaram.
Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho,
– ele não sabia de onde viera,
pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam –
chamou o noivo e disse-lhe:
«Toda a gente serve primeiro o vinho bom
e, depois de os convidados terem bebido bem,
serve o inferior.
Mas tu guardaste o vinho bom até agora».
Foi assim que, em Caná da Galileia,
Jesus deu início aos seus milagres.
Manifestou a sua glória
e os discípulos acreditaram n’Ele.
AMBIENTE
Este texto pertence à “secção introdutória” do Quarto Evangelho (que vai de 1,19 a 3,36). Nessa secção, o autor apresenta um conjunto de cenas (com contínuas entradas e saídas de personagens, como se estivéssemos no palco de um teatro), destinadas a apresentar Jesus e o seu programa.
O autor declara explicitamente (cf. Jo 2,11) que o episódio pertence à categoria dos “signos” (“semeiôn”): trata-se de acções simbólicas, de sinais indicadores, que nos convidam a procurar, para além do episódio concreto, uma realidade mais profunda para a qual aponta o facto narrado. O importante, aqui, não é que Jesus tenha transformado a água em vinho; mas é apresentar o programa de Jesus: trazer à relação entre Deus e o homem o vinho da alegria, do amor e da festa.
MENSAGEM
O episódio narrado é, pois, uma acção simbólica que aponta para algo mais importante do que o próprio fenómeno concreto descrito. Que realidade é essa?
O cenário de fundo é o de um casamento. Ora, o cenário das bodas ou do noivado é (como vimos na primeira leitura) um quadro onde se reflecte a relação de amor entre Jahwéh e o seu Povo. Dito de outra forma, estamos no contexto da “aliança” entre Israel e o seu Deus.
A essa “aliança” vem, em certa altura, a faltar o vinho. O “vinho”, elemento indispensável na “boda”, é símbolo do amor entre o esposo e a esposa (cf. Cant 1,2;4,10;7,10;8,2. Recordar, a propósito, como Isaías compara a “aliança” com uma vinha plantada pelo Senhor, que não produziu frutos – cf. Is 5,1-7), bem como da alegria e da festa (cf. Sir 40,20; Qoh 10,19). Constata-se, portanto, a realidade da antiga “aliança”: tornou-se uma relação seca, sem alegria, sem amor e sem festa, que já não potencia o encontro amoroso entre Israel e o seu Deus. Esta realidade de uma “aliança” estéril e falida é representada pelas “seis talhas de pedra destinadas à purificação dos judeus”. O número seis evoca a imperfeição, o incompleto; a “pedra” evoca as tábuas de pedra da Lei do Sinai e os corações de pedra de que falava o profeta Ezequiel (cf. Ez 36,26); a referência à “purificação” evoca os ritos e exigências da antiga Lei que revelavam um Deus susceptível, zeloso, impositivo, que guarda distâncias: ora, um Deus assim pode-se temer, mas não amar… As talhas estão “vazias”, porque todo este aparato era inútil e ineficaz: não servia para aproximar o homem de Deus, mas sim para o afastar desse Deus difícil e distante.
Detenhamo-nos, agora, nas personagens apresentadas. Temos, em primeiro lugar, a “mãe”: ela “estava lá”, como se pertencesse à boda; por outro lado, é ela que se apercebe do intolerável da situação (“não têm vinho”): representa o Israel fiel, que já se tinha apercebido da realidade e que esperava que o Messias pusesse cobro à situação.
Temos, depois, o “chefe de mesa”: representa os dirigentes judeus, instalados comodamente, que não se apercebem – ou não estão interessados em entender – que a antiga “aliança” caducou.
Os “serventes” são os que colaboram com o Messias, que estão dispostos a fazer tudo “o que Ele disser” (cf. Ex 19,8) para que a “aliança” seja revitalizada.
Temos, finalmente, Jesus: é a Ele que o Israel fiel (a “mulher”/mãe) se dirige no sentido de dar nova vida a essa “aliança” caduca; mas o Messias anuncia que é preciso deixar cair essa “aliança” onde falta o vinho do amor (“que temos nós com isso?”). A obra de Jesus não será preservar as instituições antigas, mas apresentar uma radical novidade… Isso acontecerá quando chegar a “Hora” (a “Hora” é, em João, o momento da morte na cruz, quando Jesus derramar sobre a humanidade essa lição do amor total de Deus).
O episódio das “bodas de Caná” anuncia, portanto, o programa de Jesus: trazer à relação entre Deus e os homens o vinho da alegria, do amor e da festa. Este programa – que Jesus vai cumprir paulatinamente ao longo de toda a sua vida – realizar-se-á em plenitude no momento da “Hora” – da doação total por amor.
ACTUALIZAÇÃO
Na reflexão e actualização, considerar as seguintes questões:
Quando a relação com Deus assenta num jogo intrincado de ritos externos, de regras e de obrigações que é preciso cumprir, a religião torna-se um pesadelo insuportável que tiraniza e oprime. Ora, Jesus veio revelar-nos Deus como um Pai bondoso e terno, que fica feliz quando pode amar os seus filhos. É esse o “vinho” que Jesus veio trazer para alegrar a “aliança”: o “vinho” do amor de Deus, que produz alegria e que nos leva à festa do encontro com o Pai e com os irmãos. A nossa “religião” é isto mesmo – o encontro com o Jesus que nos dá o vinho do amor?
• O que é que os nossos olhos e os nossos lábios revelam aos outros: a alegria que brota de um coração cheio de amor, ou o medo e a tristeza que brotam de uma religião de pesadelo, de leis e de medo?
• Com qual das personagens que participam da “boda” nos identificamos: com o chefe de mesa, comodamente instalado numa religião estéril, vazia e hipócrita, com a “mulher”/mãe que pede a Jesus que resolva a situação, ou com os “serventes” que vão fazer “tudo o que Ele disser” e colaborar com Jesus no estabelecimento da nova realidade?
BILHETE DE EVANGELHO.
Passam-se coisas nesta sala da boda. Maria, com a sua intuição feminina, percebe o embaraço do mestre do banquete: vai faltar vinho. Di-lo a Jesus. Procurava ela informá-l’O apenas? Pensava ela que Ele podia fazer qualquer coisa? Jesus pede a sua mãe para renovar o seu acto de fé. Como há trinta anos, ela pede aos serventes o que o anjo lhe havia pedido: “fazei o que Ele vos disser! Tende confiança n’Ele!” E eis que as talhas destinadas às abluções rituais da religião judaica vão servir para manifestar a plenitude do dom de Deus e a nova relação dos homens com Deus. É proposto um novo rito, vai ser selada uma nova Aliança. Uma Aliança que selará para sempre a relação de Deus com a humanidade.
À ESCUTA DA PALAVRA.
Para São João, os “milagres” são sempre “sinais” que nos reenviam para além da materialidade dos factos. Será bom olhar com mais atenção esta água mudada em vinho. A água é um elemento vital. Mas é, antes de mais, um elemento ordinário e bruto. A água encontra-se na natureza, não precisa de ser fabricada. O vinho é fruto da vinha, mas também do trabalho do homem, como dizemos na Eucaristia. Jesus manda encher as talhas de água, a água que é símbolo da nossa vida ordinária, de todos os dias. Jesus toma esta água ordinária para a transformar. Não com uma varinha mágica, mas com a força do Espírito Santo, com a força do amor. É porque este vinho é melhor que o vinho dos homens… Por este “sinal”, Jesus quer vir ter connosco na nossa vida ordinária, para aí colocar a sua presença de amor, o amor do Pai, o Espírito Santo. Toma a nossa vida, com as nossas alegrias, os nossos amores, as nossas conquistas humanas, importantes mas tantas vezes efémeras, com os nossos tédios, os nossos dias sem gosto e sem cor, os nossos fracassos e mesmo os nossos pecados, também eles ordinários. E aí, Ele “trabalha-nos” pelo seu amor, no segredo, para fazer brotar em nós a vida que tem o sabor do vinho do Reino. Isto, Ele cumpre-o em particular cada vez que participamos na Eucaristia. Façamos do “tempo ordinário” o tempo do acolhimento do trabalho em nós do Vinhateiro divino!
PALAVRA PARA O CAMINHO…
Na segunda leitura, São Paulo fala do mesmo Espírito, do mesmo Senhor, do mesmo Deus que realiza tudo em todos: os nossos dons são-nos oferecidos. O mesmo e único Espírito distribui os seus dons a cada um, segundo a sua livre vontade. No uso que fazemos dos nossos dons, procuremos a humildade: sobretudo não desprezemos aqueles que receberam, pelo menos aparentemente, dons menos vistosos ou menos impressionantes! Deus age à sua maneira, que não é a nossa. Geralmente, estamos habituados a olhar o outro à nossa maneira e não à maneira de Deus, a ver quase só os seus defeitos e não os seus dons. Ao longo da semana, procuremos valorizar o dom que o irmão é para nós, em particular, aqueles com quem nos encontramos em casa, na comunidade, no trabalho, no estudo…
e/ou nos vídeos AQUI e AQUI.

«Mas tu guardaste o vinho bom até agora»
Participando Cristo nesta boda e estando os convivas a festejar, faltou-lhes o vinho e a alegria transformou-se em desilusão. [...] Vendo isso, a puríssima Maria foi dizer a seu Filho: «Não têm vinho. Peço-Te, meu Filho, mostra que tudo podes, Tu que tudo criaste com sabedoria».
Diz-nos, Virgem venerável, na sequência de que milagres soubeste que teu Filho, sem ter vindimado as uvas, podia conceder o vinho? Explica-nos [...] porque disseste a teu Filho: «Dá-lhes vinho, Tu que tudo criaste com sabedoria».
«Eu mesma ouvi Isabel chamar-me Mãe de Deus antes do parto; depois do parto, Simeão cantou-me e Ana celebrou-me; os magos acorreram ao presépio vindos da Pérsia porque uma estrela anunciara o nascimento; os pastores, com os anjos, fizeram-se arautos da alegria e a criação rejubilou com eles. Teria de procurar milagres maiores do que estes para crer que o meu Filho é Aquele que tudo criou com sabedoria?» [...]
Quando Cristo, pelo seu poder, mudou a água em vinho, toda a multidão rejubilou, achando admirável o seu sabor. Hoje, participamos no banquete da Igreja, onde o vinho é transformado no sangue de Cristo, que todos bebemos com santa alegria, glorificando o Esposo. Porque o Esposo verdadeiro é o Filho de Maria, o Verbo que é desde toda a eternidade, que tomou a forma de escravo e tudo criou com sabedoria.
Ó Altíssimo, Santo e Salvador da humanidade, Tu, que a tudo presides, guarda sem alteração o vinho que está em nós. Expulsa de nós toda a perversidade e os maus pensamentos, que tornam aguado o teu vinho santíssimo. [...] Pelas orações da Santíssima Virgem, Mãe de Deus, liberta-nos da angústia do pecado que nos oprime, Deus misericordioso, Tu que tudo criaste com sabedoria.
São Romano, o Melodista (?-c. 560), compositor de hinos, Hino n.°18, sobre as bodas de Caná



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