"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 14 de agosto de 2022

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.

Então:
Tema do 20º Domingo do Tempo Comum - Ano C
A Palavra de Deus que hoje nos é servida convida-nos a tomar consciência da radicalidade e da exigência da missão que Deus nos confia. Não há meios-termos: Deus convida-nos a um compromisso, corajoso e coerente, com a construção do “novo céu” e da “nova terra”. É essa a nossa missão profética.
A primeira leitura apresenta-nos a figura do profeta Jeremias. O profeta recebe de Deus uma missão que lhe vai trazer o ódio dos chefes e a desconfiança do Povo de Jerusalém: anunciar o fim do reino de Judá. Jeremias vai cumprir a missão que Deus lhe confiou, doa a quem doer. Ele sabe que a missão profética não é um concurso de popularidade, mas um testemunhar, com verdade e coerência, os projectos de Deus.
Evangelho reflecte sobre a missão de Jesus e as suas implicações. Define a missão de Jesus como um “lançar fogo à terra”, a fim de que desapareçam o egoísmo, a escravidão, o pecado e nasça o mundo novo – o “Reino”. A proposta de Jesus trará, no entanto, divisão, pois é uma proposta exigente e radical, que provocará a oposição de muitos; mas Jesus aceita mesmo enfrentar a morte, para que se realize o plano do Pai e o mundo novo se torne uma realidade palpável.
A segunda leitura convida o cristão a correr de forma decidida ao encontro da vida plena – como os atletas que não olham a esforços para chegar à meta e alcançar a vitória. Cristo – que nunca cedeu ao mais fácil ou ao mais agradável, mas enfrentou a morte para realizar o projecto do Pai – deve ser o modelo que o cristão tem à frente e que orienta a sua caminhada.
EVANGELHOLc 12,49-53
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda?
Tenho de receber um baptismo e estou ansioso até que ele se realize.
Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra?
Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão.
A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três.
Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai,
a mãe contra a filha e a filha contra a mãe,
a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».
AMBIENTE
Os “ditos” que o Evangelho de hoje nos apresenta são dos textos mais obscuros e difíceis de interpretar de todo o Novo Testamento. Particular dificuldade oferece o vers. 49, formado com palavras estranhas ao vocabulário de Lucas. Poderia ser um “dito” independente, recolhido por Lucas… Desconhecendo-se o contexto primitivo deste “dito” e as circunstâncias em que Jesus o pronunciou, é impossível determinar o seu significado e saber qual o “fogo” de que Jesus falava.
De qualquer forma, Lucas apresenta este material no contexto do “caminho para Jerusalém” – esse caminho que conduz Jesus ao dom total da vida. No horizonte próximo está, cada vez mais, o confronto final com a instituição judaica e a morte na cruz. Na perspectiva de Lucas, estes “ditos” fazem parte da catequese que prepara os discípulos para entender a missão de Jesus, a radicalidade do “Reino” e as exigências que daí brotam para quem adere às propostas de Jesus.
MENSAGEM
A caminho de Jerusalém e da cruz, Jesus dá aos discípulos algumas indicações para entender a missão que o Pai Lhe confiou (missão que os discípulos devem, aliás, continuar nos mesmos moldes). O texto divide-se em duas partes:
Na primeira parte (vers. 49-50), entrelaçam-se os temas do fogo e do baptismo. Jesus começa por dizer que veio trazer o fogo à terra. Que quer isto dizer?
O “fogo” possui um significado simbólico complexo… No Antigo Testamento começa por ser um elemento teofânico (cf. Ex 3,2; 19,18; Dt 4,12; 5,4.22.23; 2 Re 2,11), usado para representar a santidade divina. A manifestação do divino provoca no homem, simultaneamente, atracção e temor; ora, explorando a relação entre o fogo e o temor que Deus inspira, a catequese de Israel vai fazer do fogo um símbolo da intransigência de Deus em relação ao pecado… Por isso, os profetas usam a imagem do fogo para anunciar e descrever a ira de Deus (cf. Am 1,4; 2,5). O fogo aparece, assim, como imagem privilegiada para pintar o quadro do castigo das nações pecadoras (cf. Is 30,27.30.33) e do próprio Israel. No entanto, ao mesmo tempo que castiga, o fogo também faz desaparecer o pecado (cf. Is 9,17-18; Jer 15,14; 17,4.27): o fogo aparece, assim, como elemento de purificação e transformação (cf. Is 6,6; Ben Sira 2,5; Dan 3). Na literatura apocalíptica, o fogo é a imagem do juízo escatológico (Is 66,15-16): o “dia de Jahwéh” é como o fogo do fundidor (cf. Mal 3,2); será um dia, ardente como uma fornalha, em que os arrogantes e os maus arderão como palha (cf. Mal 3,19) e em que a terra inteira será devorada pelo fogo do zelo de Deus (cf. Sof 1,18; 3,8). Desse fogo devorador do pecado, purificador e transformador, nascerá o mundo novo, sem pecado, de justiça e de paz sem fim.
O símbolo do fogo, posto na boca de Jesus, deve ser entendido neste enquadramento. Jesus veio revelar aos homens a santidade de Deus; a sua proposta destina-se a destruir o egoísmo, a injustiça, a opressão que desfeiam o mundo, a fim de que surja, das cinzas desse mundo velho, o mundo novo de amor, de partilha, de fraternidade, de justiça. Como é que isso vai acontecer? Através da Palavra e da acção de Jesus, certamente; mas Lucas estará, especialmente a pensar no Espírito enviado por Jesus aos discípulos – e que Lucas vai, aliás, representar através da imagem das línguas de fogo.
Quanto à imagem do baptismo: ela refere-se, certamente, à morte de Jesus (cf. MC 10,38, onde Jesus pergunta a João e Tiago se estão dispostos a beber do cálice que Ele vai beber e a receber o baptismo que Ele vai receber). Para que o “fogo” transformador e purificador se manifeste, é necessário que Jesus faça da sua vida um dom de amor, até à cruz. Só então nascerá o mundo novo.
Na segunda parte (vers. 51-53), Jesus confessa que não veio trazer a paz, mas a divisão. Lucas deixou expresso, frequentemente, que “a paz” é um dom messiânico (cf. Lc 2,14.29; 7,50; 8,48; 10,5-6; 11,21; 19,38.42; 24,36) e que a função do Messias será guiar os passos dos homens “no caminho da paz” (Lc 1,79). Que sentido fará, agora, dizer que Jesus não veio trazer a paz, mas a divisão?
O “dito” faz, certamente, referência às reacções à pessoa de Jesus e à proposta que Ele oferece. A proposta de Jesus é questionante, interpeladora, e não deixa os homens indiferentes. Alguns acolhem-na positivamente; outros rejeitam-na. Alguns vêem nela uma proposta de libertação; outros não estão interessados nem em Jesus nem nos valores que Ele propõe… Como consequência, haverá divisão e desavença, às vezes mesmo dentro da própria família, a propósito das opções que cada um faz face a Jesus. Este quadro devia reflectir uma realidade que a comunidade de Lucas conhecia bem…
Jesus veio trazer a paz, mas a paz que é vida plena vivida com exigência e coerência; essa paz não se faz com “meias tintas”, com meias verdades, com jogos de equilíbrio que não chateiam ninguém, mas também não transformam nada. A proposta de Jesus é exigente e radical; assim, não pode deixar de criar divisão.
ACTUALIZAÇÃO
Reflectir a partir das seguintes questões:
¨ O Evangelho mostra que o objectivo de Jesus não passava por conservar intacto o que já existia, pactuando com essa paz podre que não questiona o mal, a injustiça, a escravidão; mas o objectivo de Jesus passava por “incendiar o mundo”, pondo em causa tudo aquilo que escraviza o homem e o priva de vida. Como é que eu me situo face a tudo aquilo que põe em causa o projecto de Deus para o mundo? Como é que eu me situo face a tudo aquilo que cria opressão, injustiça, medo e morte? Com o conformismo e a indiferença de quem, acima de tudo, não está para se chatear com coisas que não lhe dizem directamente respeito, ou com a coragem e o empenho de quem se sente profeta e enviado de Deus a construir o novo céu e a nova terra?
¨ O “fogo” que Jesus veio atear – fogo purificador e transformador – já atingiu o meu coração e já transformou a minha vida? Animado pelo Espírito de Jesus ressuscitado, eu já renunciei, de verdade, à vida de egoísmo, de fechamento em mim próprio, de comodismo, para fazer da minha vida um compromisso com o “Reino”, se necessário até ao dom da vida?
¨ A proposta de Jesus não passa pela manutenção de uma paz podre, que não questiona nem incomoda ninguém, mas por opções radicais, que interpelam e que obrigam a decisões arriscadas. No entanto, a Igreja de Jesus aceita muitas vezes abençoar as ideologias que escravizam e oprimem, para manter uma certa paz social (a paz dos cemitérios?), para “defender a civilização cristã” (como se pudessem ser cristãos aqueles que constroem máquinas de injustiça e de morte) ou para manter determinados privilégios. Quando isto acontece (e tão acontecido demasiadas vezes, ao longo da história), a Igreja estará a ser fiel a esse Jesus, que veio lançar o fogo à terra e que não veio trazer a paz, mas a divisão?
BILHETE DE EVANGELHO.
Jesus era um apaixonado de Deus, seu Pai, e dos homens, seus irmãos. Como qualquer apaixonado, vem abrasar os que estão à sua volta com o fogo da sua paixão: as suas palavras aquecem, os seus gestos queimam, o seu projecto de mundo novo destrói o mundo antigo. Então, Ele gostaria tudo se iluminasse, que tudo se abrasasse, que tudo aquecesse. Porém, Ele encontra o tédio; alguns gostariam de apagar este fogo mesmo antes de ser acendido. O baptismo de que fala é a sua Passagem, a sua Páscoa, este momento em que dará a maior prova do seu amor. Alguns gostariam de O impedir de falar ou de agir, mas Ele prosseguirá o seu caminho, este caminho que o levará ao calvário. Então, compreendemos quanto lhe custa esperar para dizer e manifestar até onde pode ir o Amor de Deus pela humanidade…
ESCUTA DA PALAVRA.
Como é estranho este Jesus, cuja missão consiste em fazer a paz e em reconciliar os homens com Deus e entre eles, este Jesus que dirá aos seus apóstolos “deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” e que, aparecendo aos seus discípulos na tarde de Páscoa, dir-lhes-á: “Paz para todos”. E eis que hoje Ele declara: “Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão”. Reconheçamos, primeiro, que Jesus não pensava necessariamente segundo a lógica cartesiana. A sua mentalidade semítica ignorava certas “nuances”, não tinha receio daquilo que nós chamamos contradições. Na realidade, tal maneira de falar obriga-nos a ultrapassar as aparentes contradições, a encontrar o “ponto nodal” do nosso pensamento. Segundo os homens, a paz pode ser um equilíbrio do medo, ou uma ordem que o mais forte impõe ao mais fraco (“pax romana”, imposta pelas armas romanas), ou ainda a paz dos cemitérios. Ela pode ser também a obra da justiça e esta paz já é bem mais difícil de realizar. Quando fala de paz, Jesus precisa que não é a paz como a compreendemos muitas vezes. A sua paz, não a dá como o mundo a dá. Ultrapassa os critérios humanos. A sua paz é, a realidade, o fruto do amor, mas de um amor desconcertante pelas suas exigências: “amai os vossos inimigos”. O amor que Jesus nos veio revelar e dar é o amor do Pai. Na medida em que aceitamos ir até aí, podemos entrever a paz segundo Jesus. Dito de outro modo, diante de Jesus, é preciso escolher: ou acolher o seu amor que faz saltar todas as nossas estreitezas, ou fecharmo-nos em nós mesmos pelo egoísmo ou pela indiferença. Na realidade, Jesus vem pôr a nu o nosso coração. Escolher por ou contra Jesus: inevitavelmente, surgirão conflitos. O fogo que Jesus traz à terra é o fogo do amor que desmascara as nossas recusas e, ao mesmo tempo, as purifica.
PALAVRA PARA O CAMINHO
Deus, meu libertador. Com a confiança do salmista, podemos pedir esta semana a Deus para nos ajudar a libertar de tudo aquilo que entrava a nossa liberdade, tudo aquilo que nos impede de ser simplesmente felizes ao longo dos dias… A oração do Salmo 39, retomada todos os dias, pode ser um meio…
FONTE: https://www.dehonianos.org/portal/20o-domingo-do-tempo-comum-ano-c0/

e/ou nos vídeos AQUI AQUI.

Acender no coração dos homens o fogo do amor de Deus
«Eu vim trazer o fogo à Terra»: desci do alto dos céus e, pelo mistério da minha encarnação, manifestei-Me aos homens para acender no coração humano o fogo do amor divino. «E que quero Eu senão que ele se acenda?», isto é, que pegue e se torne uma chama ativada pelo Espírito Santo, que faça brilhar atos de bondade!
A seguir, Cristo anuncia que terá de morrer na cruz para que o fogo deste amor incendeie a humanidade. Efetivamente, foi a santíssima Paixão de Cristo que valeu à humanidade dom tão grande, e é sobretudo a memória da sua Paixão que acende uma chama nos corações fiéis. «Tenho de receber um batismo»; ou seja: compete-Me e está-Me reservado, por especial disposição de Deus, receber um batismo de sangue, banhar-Me e como que mergulhar nas águas do meu sangue derramado na cruz, a fim de resgatar o mundo inteiro. «E estou ansioso até que ele se realize» – por outras palavras, até que a minha Paixão seja completada e Eu possa dizer: «Tudo está consumado!» (Jo 19,30).
Dionísio o Cartuxo (1402-1471), monge, Comentário ao Evangelho de Lucas, 12, 72-74

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