"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 11 de setembro de 2011

Porque hoje é DOMINGO (11-09-2011): Leituras & actualidade

A reflexão/actualização pode fazer-se considerando, para cada uma das três, os seguintes pontos-questões (sublinhado & negrito meus):
LEITURA I – Sir 27,33-28,9
- Todos os dias vemos, nas notícias que nos chegam de todos os cantos do mundo, onde nos leva a lógica do “responder na mesma moeda”. Para vingar ofensas reais ou imaginárias, desencadeiam-se mecanismos de vingança que são responsáveis pela morte de inocentes, por sofrimentos e dramas sem fim e por uma espiral de violência sem limites e sem prazos. É este o mundo que queremos? A única forma de fazermos respeitar os nossos direitos e a nossa dignidade passará por deixarmos à solta os nossos instintos de vingança, de rancor e de ódio?
- Ben Sira estabelece uma relação clara entre o perdão de Deus e o perdão humano. É claro que não podemos dizer que Deus não nos perdoa se nós não conseguirmos perdoar aos nossos irmãos (a bondade e a misericórdia de Deus são infinitamente maiores do que as nossas); mas, se o nosso coração estiver dominado por uma lógica de ódio e de vingança, o perdão que Deus nos oferece poderá encontrar aí lugar? Um coração duro, violento e agressivo, incapaz de compreender as falhas dos outros, estará suficientemente disponível para acolher a bondade e o amor de Deus?
- Ben Sira lembra também, a propósito do perdão, o horizonte final do homem (a morte)… Não se tratará, tanto, de avisar que se não nos portarmos bem, Deus condena-nos (por esta altura, o Povo de Deus ainda não parece ter uma noção clara de que há, para além desta terra, uma vida eterna reservada para aqueles que escolhem Deus e os seus valores); trata-se, sobretudo, de sugerir que a nossa vida nesta terra está marcada pela brevidade e pela finitude e não pode ser estragada com sentimentos que só nos magoam a nós e aos outros.
- Muitos homens do nosso tempo pensam que só nos afirmamos, só nos realizamos e só triunfamos quando somos fortes e respondemos com força e agressividade à força e agressividade dos outros. Jesus Ben Sira, contudo, ensina que a “sabedoria”, o êxito e a felicidade do homem não passam por cultivar sentimentos de ódio e de rancor, mas por cultivar sentimentos de perdão e de misericórdia. Quem tem razão? O que é que nos dá paz, nos faz sentir em harmonia connosco, com Deus e com ou outros e nos torna mais felizes: os gestos violentos que mostraram aos outros a nossa força e apaziguaram o nosso orgulho ferido, ou os nossos gestos de perdão, de bondade, de misericórdia?
LEITURA II – Rom 14,7-9
- Paulo está consciente de que há vários caminhos válidos para chegar a Cristo e à sua proposta de salvação. Esses caminhos não só não se excluem mas, na sua diversidade, constituem um factor de enriquecimento da nossa experiência comunitária. A comunidade tem de estar consciente de que a diversidade não exclui, necessariamente, a unidade. Por isso, a comunidade cristã não é o lugar da intolerância, da incompreensão, do desrespeito pela diversidade de opiniões, da uniformidade imposta em nome da fé; mas é o lugar do amor, do respeito pelo outro, da aceitação das diferenças, da partilha, do perdão. A este respeito, como classifico a minha comunidade cristã ou religiosa?
- Existem, às vezes, nas comunidades cristãs certas pessoas que se consideram mais esclarecidas e mais preparadas e que manifestam desprezo por aqueles que têm concepções menos racionais da fé, que vivem agarrados a determinadas devoções ou a determinados ritos considerados ultrapassados. Paulo recomenda-lhes: “não desprezeis ninguém; não esqueçais que a única coisa importante e decisiva é Cristo, a quem todos pertencemos”.
- Existem, às vezes, na comunidade cristã certas pessoas que se consideram muito santas e virtuosas porque cumprem determinadas regras, são fiéis a determinados ritos e têm sempre presente os mandamentos da santa madre Igreja… Observam e controlam os outros, julgam-nos sem direito a defesa, condenam-nos e acham-se no sagrado direito de os desacreditar diante dos outros membros da comunidade… Paulo recomenda-lhes: “não julgueis nem condeneis os vossos irmãos; não esqueçais que a única coisa importante e decisiva é Cristo, a quem todos pertencemos”.
- Às vezes perdemo-nos na discussão das coisas secundárias e esquecemos o essencial. Discutimos se se deve receber a comunhão na mão ou na boca, se se deve ou não ajoelhar à consagração, se determinado cântico é litúrgico ou não, se os padres devem ou não casar, se a procissão do santo padroeiro da paróquia deve fazer este ou aquele percurso… e, algures durante a discussão, esquecemos o amor, o respeito pelo outro, a fraternidade, e que todos vivemos à volta do mesmo Senhor. É preciso descobrir o essencial que nos une e não absolutizar o secundário que nos divide.
EVANGELHO – Mt 18,21-35
- O Evangelho deste domingo é sobre a necessidade de perdoar sempre, de forma radical e ilimitada. Trata-se – todos estamos conscientes do facto – de uma das exigências mais difíceis que Jesus nos faz. No entanto não há, neste campo, meias tintas, dúvidas, evasivas, desculpas: trata-se de um valor fundamental da proposta de Jesus. Ele deu testemunho, em gestos concretos, do amor, da bondade e da misericórdia do Pai. Na cruz, ele morreu pedindo perdão para os seus assassinos… Ora o cristão é, antes de mais, um seguidor de Jesus. Pessoalmente, como é que me situo face a isto?
- O perdão e a misericórdia tornam-se ainda mais complicados à luz dos valores que presidem à construção do nosso mundo. O “mundo” considera que perdoar é próprio dos fracos, dos vencidos, dos que desistem de impor a sua personalidade e a sua visão do mundo; Deus considera que perdoar é dos fortes, dos que sabem o que é verdadeiramente importante, dos que estão dispostos a renunciar ao seu orgulho e auto-suficiência para apostar num mundo novo, marcado por relações novas e verdadeiras entre os homens. Na verdade, a lógica do mundo só tem aumentado a espiral de violência, de injustiça, de morte; a lógica de Deus tem ajudado a mudar os corações e frutificado em gestos de amor, de partilha, de diálogo e de comunhão. Para mim, qual destas duas propostas faz mais sentido? Qual destes dois caminhos pode ajudar a instaurar uma realidade mais humana, mais harmoniosa, mais feliz?
- O que significa, realmente, perdoar? Significa ceder sempre diante daqueles que nos magoam e nos ofendem? Significa encolher os ombros e seguir adiante quando nos confrontamos com uma situação que causa morte e sofrimento a nós ou a outros nossos irmãos? Significa “deixar correr” enquanto forem coisas que não nos afectem directamente? Significa pactuar com a injustiça e a opressão? Significa tolerar tudo num silêncio feito de cobardia e de conformismo? Não. O perdão não pode ser confundido com passividade, com alienação, com conformismo, com cobardia, com indiferença… O cristão, diante da injustiça e da maldade, não esconde a cabeça na areia, fingindo que não viu nada… O cristão não aceita o pecado e não se cala diante do que está errado; mas não guarda rancor para com o irmão que falhou, nem permite que as falhas derrubem as possibilidades de encontro, de comunhão, de diálogo, de partilha… Perdoar não significa isolar-se num silêncio ofendido, ou demitir-se das responsabilidades na construção de um mundo novo e melhor; mas significa estar sempre disposto a ir ao encontro, a estender a mão, a recomeçar o diálogo, a dar outra oportunidade.- Este Evangelho recorda-nos – talvez ainda de forma mais clara e concludente – aquilo que a primeira leitura já sugeria: quem faz a experiência do perdão de Deus, envolve-se numa lógica de misericórdia que tem, necessariamente, implicações na forma de abordar os irmãos que falharam. Não podemos dizer que Deus não perdoa a quem é incapaz de perdoar aos irmãos; mas podemos dizer que experimentar o amor de Deus e deixar-se transformar por Ele significa assumir uma outra atitude para com os irmãos, uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão, pela misericórdia, pelo acolhimento, pelo amor.
FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/default.asp

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