"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























quinta-feira, 14 de junho de 2012

Entre a dor e a alegria

É a doença que torna agradável e boa a saúde, a fome o apetite, a fadiga o repouso.
Como na eletricidade o pólo negativo e o positivo são necessários para acender a faísca e a luz, assim a nossa vida é uma ininterrupta oscilação entre extremos, e é ela que torna autêntica a existência.
Não é por acaso – para dar um exemplo talvez banal – que se deseja a reforma ao fim de uma vida inteira de trabalho e depois, quando chegam aqueles dias tão despidos e monótonos, se sente nostalgia pelo passado tecido de cansaço e repouso alternados. É isto que observa, com a contundência do fragmento 111, o filósofo grego Heraclito (século VI-V a.C.), que via a vida como um fluxo entre positivo e negativo que impulsionava a criatura humana.
Um conjunto monocórdico de dias só aparentemente seria tranquilo e sereno. No final resultaria incolor e maçador. Viver é, portanto, saber dar a justa importância à mutação das situações e, em alguns casos, fazer força para que a mudança aconteça. Afinal a própria conversão é uma passagem do mal ao bem; a pessoa caída no pecado não é só uma experiência nefasta, pode ser uma base para o ressurgimento, um erro que transforma, como ensina Santo Agostinho.
É por isso que devemos estar gratos a Deus, que não nos mergulha numa existência pincelada apenas a cinzento mas que nos faz provar também o gosto amargo da dor para depois nos fazer rejubilar intensamente na felicidade. Os dois pólos entre os quais correm ininterruptamente as etapas da nossa vida são ambos necessários e preciosos.

Card. Gianfranco Ravasi
Presidente do Conselho Pontifício da Cultura
In Avvenire
Trad.: rjm

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