"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 15 de julho de 2018

PALAVRA de DOMINGO: Contextual​izá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, profética" AQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesial" AQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontro" AQUI
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6. Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7. Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8. Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.

Então:
Tema do 15º Domingo do Tempo Comum - Ano B
A liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus actua no mundo através dos homens e mulheres que Ele chama e envia como testemunhas do seu projecto de salvação. Esses “enviados” devem ter como grande prioridade a fidelidade ao projecto de Deus e não a defesa dos seus próprios interesses ou privilégios.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo do profeta Amós. Escolhido, chamado e enviado por Deus, o profeta vive para propor aos homens – com verdade e coerência – os projectos e os sonhos de Deus para o mundo. Actuando com total liberdade, o profeta não se deixa manipular pelos poderosos nem amordaçar pelos seus próprios interesses pessoais.
A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher – um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão. Essa missão – que está no prolongamento da própria missão de Jesus – consiste em anunciar o Reino e em lutar objectivamente contra tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de ser feliz. Antes da partida dos discípulos, Jesus dá-lhes algumas instruções acerca da forma de realizar a missão… Convida-os especialmente à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.
EVANGELHOMc 6,7-13
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
Jesus chamou os doze Apóstolos
e começou a enviá-los dois a dois.
Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros
e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho,
a não ser o bastão:
nem pão, nem alforge, nem dinheiro;
que fossem calçados com sandálias,
e não levassem duas túnicas.
Disse-lhes também:
«Quando entrardes em alguma casa,
ficai nela até partirdes dali.
E se não fordes recebidos em alguma localidade,
se os habitantes não vos ouvirem,
ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés
como testemunho contra eles».
Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento,
expulsaram muitos demónios,
ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.

AMBIENTE
Toda a primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30) está montada à volta da ideia de que Jesus é o Messias que proclama o Reino de Deus. Como ponto de partida está um sumário-anúncio inicial (cf. Mc 1,14-15) onde se proclama a chegada do Reino; em seguida, Jesus apresenta a proposta do Reino a um grupo de discípulos, que escutam o apelo e aceitam embarcar na aventura do Reino de Deus (cf. Mc 1,16-20); depois, Marcos descreve como Jesus, com palavras e com gestos concretos, vai propondo essa nova realidade que é o Reino e vai intercalando as propostas de Jesus com as respostas positivas ou negativas dos fariseus, do povo e dos próprios discípulos (cf. Mc 1,21-8,30).
À medida que o “caminho do Reino” avança, os discípulos vão aparecendo cada vez mais ligados a Jesus e cada vez mais implicados no projecto do Reino. Chamados por Jesus, eles responderam positivamente a esse chamamento e seguiram-n’O; depois, durante a caminhada que fizeram com Jesus, eles escutaram os ensinamentos de Jesus e testemunharam os seus gestos e sinais. Formados por Jesus na “escola do Reino”, os discípulos podem agora ser enviados ao mundo, a fim de anunciar a todos os homens a chegada desse mundo novo que Jesus chamava o “Reino de Deus”.

MENSAGEM
O nosso texto é uma autêntica catequese sobre a missão dos discípulos de Jesus no meio do mundo. As instruções postas aqui na boca de Jesus conservam o seu sentido e valor para os discípulos de todo o tempo e lugar.
Marcos começa por deixar claro que a iniciativa do chamamento dos discípulos é de Jesus: Ele “chamou-os” (vers. 7). Não há qualquer explicação sobre os critérios que levaram a essa escolha: falar de vocação e de eleição é falar de um mistério insondável, que depende de Deus e que o homem nem sempre consegue compreender e explicar.
Depois, Marcos aponta o número dos discípulos que são enviados (“doze”). Porquê exactamente “doze”? Trata-se de um número simbólico, que lembra as doze tribos que formavam o antigo Povo de Deus. Estes “doze” discípulos representam simbolicamente a totalidade do Povo de Deus, do novo Povo de Deus. É a totalidade do Povo de Deus que é enviada em missão.
Os “doze” são enviados “dois a dois”. É provável que o envio “dois a dois” tenha a ver com o costume judaico de viajar acompanhado, para ter ajuda e apoio em caso de necessidade; pode também pensar-se que esta exigência de partir em missão “dois a dois” tenha a ver com as exigências da lei judaica, de acordo com a qual eram necessárias duas testemunhas para dar credibilidade a um qualquer anúncio (cf. Dt 19,15; Mt 18,16). Em qualquer caso, a exigência de partir em missão “dois a dois” sugere também que a evangelização tem sempre uma dimensão comunitária. Os discípulos nunca devem trabalhar sós, à margem do resto da comunidade; não devem anunciar as suas ideias, mas a fé da Igreja. Quem anuncia o Evangelho, anuncia-o em nome da comunidade; e o seu anúncio deve estar em sintonia com a fé da comunidade.
Em seguida, Marcos define a missão que Jesus lhes confiou (“deu-lhes poder sobre os espíritos impuros). Os espíritos impuros representam aqui tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de chegar à vida em plenitude. A missão dos discípulos é, pois, lutar contra tudo aquilo – seja de carácter físico, seja de carácter espiritual – que destrói a vida e a felicidade do homem (podemos dizer que a missão dos discípulos é lutar contra o “pecado”). É da acção libertadora dos discípulos (que actuam por mandato de Jesus) que nasce um mundo novo, de homens livres – o mundo do “Reino”.
Em seguida, vêm as instruções para a missão (vers. 8-9). Na perspectiva de Jesus, os discípulos devem partir para a missão, num despojamento total de todos os bens e seguranças humanas… Podem levar um cajado (na versão de Mateus e de Lucas, os discípulos não deviam levar cajado – cf. Mt 10,10; Lc 9,3); mas não devem levar nem pão, nem alforge, nem moedas (essas pequenas moedas de cobre que o viajante levava sempre consigo para as suas pequenas necessidades), nem duas túnicas. Os discípulos devem ser totalmente livres e não estar amarrados a bens materiais; caso contrário, a preocupação com os bens materiais pode roubar-lhes a liberdade e a disponibilidade para a missão. Por outro lado, essa atitude de pobreza e de despojamento ajudará também os discípulos a perceber que a eficácia da missão não depende da abundância dos bens materiais, mas sim da acção de Deus. Finalmente, a sobriedade e o desapego são sinais de que o discípulo confia em Deus e contribuem para dar credibilidade ao testemunho.
Um outro género de instruções refere-se ao comportamento dos discípulos diante da hospitalidade que lhes for oferecida (vers. 10-11). Quando forem acolhidos numa casa, devem aí permanecer algum tempo (seguramente para formar uma comunidade) e não devem saltar de um lugar para o outro, ao sabor das amizades, dos interesses próprios ou alheios ou das suas próprias conveniências pessoais. Quando não forem recebidos num lugar, devem “sacudir o pó dos pés” ao abandonar esse lugar: trata-se de um gesto que os judeus praticavam quando regressavam do território pagão e que simboliza a renúncia à impureza. Aqui, deve significar o repúdio pelo fechamento às propostas libertadoras de Deus.
Finalmente, Marcos descreve a realização da missão dos discípulos (vers. 12-13): pregavam a conversão (“metanoia” – isto é, uma mudança radical de mentalidade, de valores, de atitudes, um voltar-se para Jesus Cristo e um acolher o seu projecto), expulsavam demónios, curavam os doentes. Trata-se de continuar a missão de Jesus: libertar o homem de tudo aquilo que o oprime e lhe rouba a vida, para fazer aparecer um mundo de homens livres e salvos (“Reino de Deus”).
O anúncio que é confiado aos discípulos é o anúncio que Jesus fazia (o “Reino”); os gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o “Reino” são os mesmos que Jesus fez. Ao apresentar a missão dos discípulos em paralelo e em absoluta continuidade com a missão de Jesus, Jesus convida a Igreja (os discípulos) a continuar na história a obra libertadora que Ele começou em favor do homem.

ACTUALIZAÇÃO
Como é que Deus age, hoje, no mundo? A resposta que o Evangelho deste domingo dá é: através desses discípulos que aceitaram responder positivamente ao chamamento de Jesus e embarcaram na aventura do “Reino”. Eles continuam hoje no mundo a obra de Jesus e anunciam – com palavras e com gestos – esse mundo novo de felicidade sem fim que Deus quer oferecer aos homens.
• Atenção: Jesus não chama apenas um grupo de “especialistas” para o seguir e para dar testemunho do “Reino”. Os “doze” representam a totalidade do Povo de Deus. É a totalidade do Povo de Deus (os “doze”) que é enviada, a fim de continuar a obra de Jesus no meio dos homens e anunciar-lhes o “Reino”. Tenho consciência de que isto me diz respeito e que eu pertenço à comunidade que Jesus envia em missão?
• Qual é a missão dos discípulos de Jesus? É lutar objectivamente contra tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de ser feliz. Hoje há estruturas que geram guerra, violência, terror, morte: a missão dos discípulos de Jesus é contestá-las e desmontá-las; hoje há “valores” (apresentados como o “último grito” da moda, do avanço cultural ou científico) que geram escravidão, opressão, sofrimento: a missão dos discípulos de Jesus é recusá-los e denunciá-los; hoje há esquemas de exploração (disfarçados de sistemas económicos geradores de bem estar) que geram miséria, marginalização, debilidade, exclusão: a missão dos discípulos de Jesus é combatê-los. A proposta libertadora de Jesus tem de estar presente (através dos discípulos) em qualquer lado onde houver um irmão vítima da escravidão e da injustiça. É isso que eu procuro fazer?
• As advertências de Jesus para que os discípulos se apresentem sempre numa atitude de sobriedade e de despojamento significam, em primeiro lugar, que o discípulo nunca deve fazer dos bens materiais a sua prioridade fundamental. Se o discípulo estiver obcecado pelo “ter”, tornar-se-á escravo dos bens, acomodar-se-á e não terá espaço nem disponibilidade para se lançar na aventura do anúncio do Reino. Por outro lado, o discípulo que erige os bens materiais como a prioridade da sua vida sentirá sempre a tentação de se calar, de não incomodar os poderosos, a fim de preservar os seus interesses económicos e os seus benefícios particulares.
• As advertências de Jesus para que os discípulos se apresentem sempre numa atitude de sobriedade e de despojamento significam também o desapego das ideias e preconceitos, dos hábitos e costumes, das paixões e afectos que podem constituir um obstáculo para a missão de anunciar o Reino.
• As palavras de Jesus recomendam ainda aos discípulos que actuam por um tempo prolongado num determinado lugar, a moderação e o agradecimento para com aqueles que os acolhem. Quem é recebido numa casa ou num lugar como hóspede, deve converter-se numa bênção para essa casa e comportar-se com sobriedade, equilíbrio e maturidade.
• Com frequência os discípulos de Jesus têm de lidar com a oposição e a recusa da proposta que eles testemunham. É um facto que deve ser visto com normalidade e compreensão. No entanto, quando isto suceder, é missão dos discípulos alertar os implicados para a gravidade da recusa. Quem recusa as propostas de Deus, deve estar plenamente consciente de que está a perder oportunidades únicas e a afastar-se da sua realização plena, da vida verdadeira.




«Começou a enviá-los dois a dois».
Nosso Senhor Jesus Cristo constituiu-os guias e mestres do mundo e «dispensadores dos seus divinos mistérios» (1Cor 4,11) e mandou-lhes que brilhassem como lâmpadas acesas e iluminassem não só o país dos judeus [...], mas tudo o que está debaixo do sol, todos os os habitantes da Terra (Mt 5,14). [...]
Com efeito, querendo enviar os seus discípulos como o Pai O tinha enviado a Ele, era necessário que, para poderem imitá-l'O na perfeição, eles compreendessem bem o mandato do Pai ao Filho. Por isso, explicou-lhes de muitas maneiras os objetivos da sua missão. Certa vez, disse-lhes: «Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores» (Lc 5,32); e ainda: « Desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou» (Jo 6,38); e doutra vez: «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3,17).
Definida assim em poucas palavras a missão dos Apóstolos, explicou-lhes que os enviava como Ele fora enviado pelo Pai, para que soubessem que era seu dever chamar os pecadores à conversão; sarar os enfermos, tanto do corpo como do espírito; nunca procurar a própria vontade, mas a d'Aquele por quem tinham sido enviados; e salvar o mundo com a sua doutrina.
São Cirilo de Alexandria (380-444)bispo, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São João 12,1

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