"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 25 de agosto de 2019

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
108 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  

Então:
Tema do 21º Domingo do Tempo Comum - Ano C
A liturgia deste domingo propõe-nos o tema da "salvação". Diz-nos que o acesso ao "Reino" - à vida plena, à felicidade total ("salvação") - é um dom que Deus oferece a todos os homens e mulheres, sem excepção; mas, para lá chegar, é preciso renunciar a uma vida baseada nesses valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes, auto-suficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega, de dom da vida.
Na primeira leitura, um profeta não identificado propõe-nos a visão da comunidade escatológica: será uma comunidade universal, à qual terão acesso todos os povos da terra, sem excepção. Os próprios pagãos serão chamados a testemunhar a Boa Nova de Deus e serão convidados para o serviço de Deus, sem qualquer discriminação baseada na raça, na etnia ou na origem.
No Evangelho, Jesus - confrontado com uma pergunta acerca do número dos que se salvam - sugere que o banquete do "Reino" é para todos; no entanto, não há entradas garantidas, nem bilhetes reservados: é preciso fazer uma opção pela "porta estreita" e aceitar seguir Jesus no dom da vida e no amor total aos irmãos.
A segunda leitura parece, à primeira vista, apresentar um tema um tanto deslocado e marginal, em relação ao que nos é proposto pelas outras duas leituras; no entanto, as ideias propostas são uma outra forma de abordar a questão da "porta estreita": o verdadeiro crente enfrenta com coragem os sofrimentos e provações, vê neles sinais do amor de Deus que, dessa forma, educa, corrige, mostra o sem sentido de certas opções e nos prepara para a vida nova do "Reino".
EVANGELHO - Lc 13,22-30
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
Jesus dirigia-Se para Jerusalém
e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava.
Alguém Lhe perguntou:
«Senhor, são poucos os que se salvam?»
Ele respondeu:
«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita,
porque Eu vos digo
que muitos tentarão entrar sem o conseguir.
Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta,
vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo:
'Abre-nos, senhor';
mas ele responder-vos-á: 'Não sei donde sois'.
Então começareis a dizer:
'Comemos e bebemos contigo
e tu ensinaste nas nossas praças'.
Mas ele responderá:
'Repito que não sei donde sois.
Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade'.
Aí haverá choro e ranger de dentes,
quando virdes no reino de Deus
Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas,
e vós a serdes postos fora.
Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul,
e sentar-se-ão à mesa do reino de Deus.
Há últimos que serão dos primeiros
e primeiros que serão dos últimos».

AMBIENTE
O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta recorda-nos que continuamos, com Jesus e com os discípulos, a percorrer o "caminho de Jerusalém". O interesse central desta "viagem" continua a ser descrever os traços do autêntico crente e apontar o caminho do "Reino" à comunidade cristã, herdeira do projecto de Jesus.
O texto de Lc 13,22-30 é constituído por materiais de distintas procedências, aqui agrupados por razões de interesse temático. Inicialmente, eram "ditos" de Jesus (pronunciados em contextos distintos) sobre a entrada no "Reino" (Mateus apresenta os mesmos "ditos" sob formas e em contextos diferentes - cf. Lc 13,23-24 e Mt 7,13-14; Lc 13,25 e Mt 25,10-12; Lc 13,26-27 e Mt 7,22-23; Lc 13,28-29 e Mt 8,12; Lc 13,30 e Mt 19,30). Lucas aproveita-os para mostrar as diferenças entre a teologia dos judeus e a de Jesus, a propósito da salvação.

MENSAGEM
Na perspectiva da catequese que, hoje, Lucas nos apresenta, as palavras de Jesus são uma reflexão sobre a questão da salvação. A catequese é despoletada por uma questão posta na boca de alguém não identificado: "Senhor, são poucos os que se salvam?"
A questão da salvação era, na realidade, uma questão muito debatida nos ambientes rabínicos. Para os fariseus da época de Jesus, a "salvação" era uma realidade reservada ao Povo eleito e só a ele; mas, nos círculos apocalípticos, dominava uma visão mais pessimista e sustentava-se que muito poucos estavam destinados à felicidade eterna. Jesus, no entanto, falava de Deus como um Pai cheio de misericórdia, cuja bondade acolhia a todos, especialmente os pobres e os débeis. Fazia, portanto, sentido saber o que pensava Jesus acerca da questão...
Jesus não responde directamente à pergunta. Para Ele, mais do que falar em números concretos a propósito da "salvação", é importante definir as condições para pertencer ao "Reino" e estimular nos discípulos a decisão pelo "Reino". Ora, na óptica de Jesus, entrar no "Reino" é, em primeiro lugar, esforçar-se por "entrar pela porta estreita" (vers. 24). A imagem da "porta estreita" é sugestiva para significar a renúncia a uma série de fardos que "engordam" o homem e que o impedem de viver na lógica do "Reino". Que fardos são esses? A título de exemplo, poderíamos citar o egoísmo, o orgulho, a riqueza, a ambição, o desejo de poder e de domínio... Tudo aquilo que impede o homem de embarcar numa lógica de serviço, de entrega, de amor, de partilha, de dom da vida, impede a adesão ao "Reino".
Para explicitar melhor o ensinamento acerca da entrada do "Reino", Lucas põe na boca de Jesus uma parábola. Nela, o "Reino" é descrito na linha da tradição judaica, como um banquete em que os eleitos estarão lado a lado com os patriarcas e os profetas (vers. 25-29). Quem se sentará à mesa do "Reino"? Todos aqueles que acolheram o convite de Jesus à salvação aderiram ao seu projecto e aceitaram viver, no seguimento de Jesus, uma vida de doação, de amor e de serviço... Não haverá qualquer critério baseado na raça, na geografia, nos laços étnicos, que barre a alguém a entrada no banquete do "Reino": a única coisa verdadeiramente decisiva é a adesão a Jesus. Quanto àqueles que não acolheram a proposta de Jesus: esses ficarão, logicamente, fora do banquete do "Reino", ainda que se considerem muito santos e tenham pertencido, institucionalmente, ao Povo eleito. É evidente que Jesus está a falar para os judeus e a sugerir que não é pelo facto de pertencerem a Israel que têm assegurada a entrada no "Reino"; mas a parábola aplica-se igualmente aos "discípulos" que, na vida real, não quiserem despir-se do orgulho, do egoísmo, da ambição, para percorrer, com Jesus, o caminho do amor e do dom da vida.

ACTUALIZAÇÃO
Para reflectir e partilhar, considerar os seguintes dados:
¨ Em primeiro lugar, é preciso ter a consciência de que o "Reino" não está condicionado a qualquer lógica de sangue, de etnia, de classe, de ideologia política, de estatuto económico: é uma realidade que Deus oferece gratuitamente a todos; basta que se acolha essa oferta de salvação, se adira a Jesus e se aceite entrar pela "porta estreita". Tenho consciência de que a comunidade de Jesus é a comunidade onde todos cabem e onde ninguém é excluído e marginalizado?
¨ "Entrar pela porta estreita" significa, na lógica de Jesus, fazer-se pequeno, simples, humilde, servidor, capaz de amar os outros até ao extremo e de fazer da vida um dom. Por outras palavras: significa seguir Jesus no seu exemplo de amor e de entrega. Quando Tiago e João pretenderam reivindicar lugares privilegiados no "Reino", Jesus apressou-Se a dizer-lhes que era necessário primeiro partilhar o destino de Jesus e fazer da vida um dom ("beber o cálice") e um serviço ("o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida"). Jesus é, portanto, o modelo de todos os que querem "entrar pela porta estreita". É o seu exemplo que é proposto a todos os discípulos.
¨ Já constatámos todos que esta "porta estreita" não é, hoje, muito popular. A este propósito, os homens de hoje têm perspectivas bem diferentes de Jesus... A felicidade, a vida plena encontra-se, para muitos dos nossos contemporâneos, no poder, no êxito, na exposição social, nos cinco minutos de fama que a televisão proporciona, no dinheiro (afinal, o novo deus que move o mundo, que manipula as consciências e que define quem tem ou não êxito, quem é ou não feliz). Como nos situamos face a isto? As nossas opções vão mais vezes na linha da "porta larga" do mundo, ou da "porta estreita" de Jesus?
¨ É preciso ter consciência de que o acesso ao "Reino" não é, nunca, uma conquista definitiva, mas algo que Deus nos oferece cada dia e que, cada dia, nós aceitamos ou rejeitamos. Ninguém tem automaticamente garantido, por decreto, o acesso ao "Reino", de forma que possa, a partir de uma certa altura, ter comportamentos pouco consentâneos com os valores do "Reino". O acesso à salvação é algo a que se responde - positiva ou negativamente - todos os dias e que nunca é um dado totalmente seguro e adquirido.
¨ Para nós, assumidamente cristãos, onde está a salvação? Jesus dizia que, no banquete do "Reino", muitos apareceriam a dizer: "comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças"; mas receberiam como resposta: "não sei de onde sois; afastai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade". Este aviso toca de forma especial aqueles que conheceram bem Jesus, que se sentaram com Ele à mesa (da Eucaristia), que escutaram as suas palavras, que fizeram parte do conselho pastoral da paróquia, que foram fiéis guardiães das chaves da igreja ou dos cheques da conta bancária paroquial, que até, se calhar, se sentaram em tronos episcopais ou papais... mas que nunca se preocuparam em entrar pela "porta estreita" do serviço, da simplicidade, do amor, do dom da vida. Esses - Jesus é perfeitamente claro e objectivo - não terão lugar no "Reino".

e/ou no vídeo AQUI 

Ter lugar no banquete do Reino de Deus  
Que grande felicidade é possuir o Reino de Deus! Que grande alegria terás, coração humano, pobre coração habituado ao sofrimento e esmagado pela dor, quando usufruíres de uma felicidade tal. [...] E contudo, se outra pessoa, alguém que amasses como a ti mesmo, participasse de felicidade idêntica, a tua alegria redobraria, porque te alegrarias tanto por ti como por ele. E se dois ou três, ou muitos mais, possuíssem essa mesma felicidade, sentirias por cada um deles a mesma alegria que sentes por ti próprio, porque amarias cada um deles como a ti mesmo. 
 Assim, pois, nesta plenitude de amor que unirá os numerosos bem-aventurados, em que ninguém amará os outros menos que a si mesmo, cada um usufruirá da felicidade dos outros como da própria. E o coração do homem, incapaz de conter a própria alegria, será imerso no oceano de tão grandes e numerosas beatitudes. Ora, como sabeis, cada um se alegra com a felicidade dos outros na medida em que os ama; assim, nesta beatitude perfeita em que cada um amará a Deus incomparavelmente mais do que a si mesmo e a todos os outros, a felicidade infinita de Deus será para todos uma fonte de incomparável alegria.
Santo Anselmo (1033-1109)
monge, bispo, doutor da Igreja
Proslogion, 25-26 

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