"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 17 de janeiro de 2021

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

 Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
108 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  

Então:
Tema do 2º Domingo do Tempo Comum - Ano B
A liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a disponibilidade para acolher os desafios de Deus e para seguir Jesus.
A primeira leitura apresenta-nos a história do chamamento de Samuel. O autor desta reflexão deixa claro que o chamamento é sempre uma iniciativa de Deus, o qual vem ao encontro do homem e chama-o pelo nome. Ao homem é pedido que se coloque numa atitude de total disponibilidade para escutar a voz e os desafios de Deus.
O Evangelho descreve o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos. Quem é "discípulo" de Jesus? Quem pode integrar a comunidade de Jesus? Na perspectiva de João, o discípulo é aquele que é capaz de reconhecer no Cristo que passa o Messias libertador, que está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e da entrega, que aceita o convite de Jesus para entrar na sua casa e para viver em comunhão com Ele, que é capaz de testemunhar Jesus e de anunciá-l'O aos outros irmãos.
Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a viverem de forma coerente com o chamamento que Deus lhes fez. No crente que vive em comunhão com Cristo deve manifestar-se sempre a vida nova de Deus. Aplicado ao domínio da vivência da sexualidade - um dos campos onde as falhas dos cristãos de Corinto eram mais notórias - isto significa que certas atitudes e hábitos desordenados devem ser totalmente banidos da vida do cristão.
EVANGELHO - Jo 1,35-42
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
estava João Baptista com dois dos seus discípulos
e, vendo Jesus que passava, disse:
«Eis o Cordeiro de Deus».
Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras
e seguiram Jesus.
Entretanto, Jesus voltou-Se;
e, ao ver que O seguiam, disse-lhes:
«Que procurais?»
Eles responderam:
«Rabi - que quer dizer 'Mestre' - onde moras?»
Disse-lhes Jesus: «Vinde ver».
Eles foram ver onde morava
e ficaram com Ele nesse dia.
Era por volta das quatro horas da tarde.
André, irmão de Simão Pedro,
foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus.
Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe:
«Encontrámos o Messias» - que quer dizer 'Cristo' –;
e levou-o a Jesus.
Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe:
«Tu és Simão, filho de João.
Chamar-te-ás Cefas» - que quer dizer 'Pedro'.
AMBIENTE
A perícopa que nos é proposta integra a secção introdutória do Quarto Evangelho (cf. Jo 1,19-3,36). Aí o autor, com consumada mestria, procura responder à questão: "quem é Jesus?"
João dispõe as peças num enquadramento cénico. As diversas personagens que vão entrando no palco procuram apresentar Jesus. Um a um, os actores chamados ao palco por João vão fazendo afirmações carregadas de significado teológico sobre Jesus. O quadro final que resulta destas diversas intervenções apresenta Jesus como o Messias, Filho de Deus, que possui o Espírito e que veio ao encontro dos homens para fazer aparecer o Homem Novo, nascido da água e do Espírito.
João Baptista, o profeta/precursor do Messias, desempenha aqui um papel especial na apresentação de Jesus (o seu testemunho aparece no início e no fim da secção - cf. Jo 1,19-37; 3,22-36). Ele vai definir aquele que chega e apresentá-lo aos homens.
O nosso texto apresenta-nos os primeiros três discípulos de Jesus: André, um outro discípulo não identificado e Simão Pedro. Os dois primeiros são apresentados como discípulos de João e é por indicação de João que seguem Jesus. Trata-se de um quadro de vocação que difere substancialmente dos relatos de chamamento dos primeiros discípulos apresentados pelos sinópticos (cf. Mt 4,18-22; Mc 1,16-20; Lc 5,1-11). Mais do que uma reportagem realista de acontecimentos concretos, o autor do Quarto Evangelho apresenta aqui um modelo de chamamento e de seguimento de Jesus.
MENSAGEM
Num primeiro momento, o quadro situa-nos junto do rio Jordão (vers. 35-37). Os três primeiros personagens em cena são João e dois dos seus discípulos - isto é, dois homens que tinham escutado o anúncio de João e recebido o seu baptismo, símbolo da ruptura com a "vida velha" e de adesão ao Messias esperado. Estes dois discípulos de João são, portanto, homens que, devido ao testemunho de João, já aderiram a esse Messias que está para chegar e que esperam ansiosamente a sua entrada em cena.
Entretanto, apareceu Jesus. João viu Jesus "que passava" e indicou-O aos seus dois discípulos, dizendo: "eis o cordeiro de Deus" (vers. 36). João é uma figura estática, cuja missão é meramente circunstancial e consiste apenas em preparar os homens para acolher o Messias libertador; quando esse Messias "passa", a missão de João termina e começa uma nova realidade. João está plenamente consciente disso... Não procura prolongar o seu protagonismo ou conservar no seu círculo restrito esses discípulos que durante algum tempo o escutaram e que beberam a sua mensagem. Ele sabe que a sua missão não é congregar à sua volta um grupo de adeptos, mas preparar o coração dos homens para acolher Jesus e a sua proposta libertadora. Por isso, na ocasião certa, indica Jesus aos seus discípulos e convida-os a segui-l'O.
A expressão "eis o cordeiro de Deus", usada por João para apresentar Jesus, fará, provavelmente, referência ao "cordeiro pascal", símbolo da libertação oferecida por Deus ao seu Povo, prisioneiro no Egipto (cf. Ex 12,3-14. 21-28). Esta expressão define Jesus como o enviado de Deus, que vem inaugurar a nova Páscoa e realizar a libertação definitiva dos homens. A missão de Jesus consiste, portanto, em eliminar as cadeias do egoísmo e do pecado que prendem os homens à escravidão e que os impedem de chegar à vida plena.
Depois da declaração de João, os discípulos reconhecem em Jesus esse Messias com uma proposta de vida verdadeira e seguem-n'O. "Seguir Jesus" é uma expressão técnica que o autor do Quarto Evangelho aplica, com frequência, aos discípulos (cf. Jo 1,43; 8,12; 10,4; 12,26; 13,36; 21,19). Significa caminhar atrás de Jesus, percorrer o mesmo caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, adoptar os mesmos objectivos de Jesus e colaborar com Ele na missão. A reacção dos discípulos é imediata. Não há aqui lugar para dúvidas, para desculpas, para considerações que protelem a decisão, para pedidos de explicação, para procura de garantias... Eles, simplesmente, "seguem" Jesus.
Num segundo momento, o quadro apresenta-nos um diálogo entre Jesus e os dois discípulos (vers. 38-39). A pergunta inicial de Jesus ("que procurais?") sugere que é importante, para os discípulos, terem consciência do objectivo que perseguem, do que esperam de Jesus, daquilo que Jesus lhes pode oferecer. O autor do Quarto Evangelho insinua aqui, talvez, que há quem segue Jesus por motivos errados, procurando n'Ele a realização de objectivos pessoais que estão muito longe da oferta que Jesus veio fazer.
Os discípulos respondem com uma pergunta ("rabbi, onde moras?"). Nela, está implícita a sua vontade de aderir totalmente a Jesus, de aprender com Ele, de habitar com Ele, de estabelecer comunhão de vida com Ele. Ao chamar-Lhe "rabbi", indicam que estão dispostos a seguir as suas instruções, a aprender com Ele um modo de vida; a referência à "morada" de Jesus indica que eles estão dispostos a ficar perto de Jesus, a partilhar a sua vida, a viver sob a sua influência. É uma afirmação respeitosa de adesão incondicional a Jesus e ao seu seguimento.
Jesus convida-os: "vinde ver". O convite de Jesus significa que Ele aceita a pretensão dos discípulos e os convida a segui-l'O, a aprender com Ele, a partilhar a sua vida. Os discípulos devem "ir" e "ver", pois a identificação com Jesus não é algo a que se chega por simples informação, mas algo que se alcança apenas por experiência pessoal de comunhão e de encontro com Ele.
Os discípulos aceitam o convite e fazem a experiência da partilha da vida com Jesus. Essa experiência directa convence-os a ficar com Jesus ("ficaram com Ele nesse dia"). Nasce, assim, a comunidade do Messias, a comunidade da nova aliança. É a comunidade daqueles que encontram Jesus que passa, procuram n'Ele a verdadeira vida e a verdadeira liberdade, identificam-se com Ele, aceitam segui-l'O no seu caminho de amor e de entrega, estão dispostos a uma vida de total comunhão com Ele.
Num terceiro momento (vers. 40-41), os discípulos tornam-se testemunhas. É o último passo deste "caminho vocacional": quem encontra Jesus e experimenta a comunhão com Ele, não pode deixar de se tornar testemunha da sua mensagem e da sua proposta libertadora. Trata-se de uma experiência tão marcante que transborda os limites estreitos do próprio eu e se torna anúncio libertador para os irmãos. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, conduz sempre a uma dinâmica missionária.
ACTUALIZAÇÃO
• O Evangelho deste domingo diz-nos, antes de mais, o que é ser cristão... A identidade cristã não está na simples pertença jurídica a uma instituição chamada "Igreja", nem na recepção de determinados sacramentos, nem na militância em certos movimentos eclesiais, nem na observância de certas regras de comportamento dito "cristão"... O cristão é, simplesmente, aquele que acolheu o chamamento de Deus para seguir Jesus Cristo.
• O que é, em concreto, seguir Jesus? É ver n'Ele o Messias libertador com uma proposta de vida verdadeira e eterna, aceitar tornar-se seu discípulo, segui-l'O no caminho do amor, da entrega, da doação da vida, aceitar o desafio de entrar na sua casa e de viver em comunhão com Ele.
• O nosso texto sugere também que essa adesão só pode ser radical e absoluta, sem meias tintas nem hesitações. Os dois primeiros discípulos não discutiram o "ordenado" que iam ganhar, se a aventura tinha futuro ou se estava condenada ao fracasso, se o abandono de um mestre para seguir outro representava uma promoção ou uma despromoção, se o que deixavam para trás era importante ou não era importante; simplesmente "seguiram Jesus", sem garantias, sem condições, sem explicações supérfluas, sem "seguros de vida", sem se preocuparem em salvaguardar o futuro se a aventura não desse certo. A aventura da vocação é sempre um salto, decidido e sereno, para os braços de Deus.
• A história da vocação de André e do outro discípulo (despertos por João Baptista para a presença do Messias) mostra, ainda, a importância do papel dos irmãos da nossa comunidade na nossa própria descoberta de Jesus. A comunidade ajuda-nos a tomar consciência desse Jesus que passa e aponta-nos o caminho do seguimento. Os desafios de Deus ecoam, tantas vezes, na nossa vida através dos irmãos que nos rodeiam, das suas indicações, da partilha que eles fazem connosco e que dispõe o nosso coração para reconhecer Jesus e para O seguir. É na escuta dos nossos irmãos que encontramos, tantas vezes, as propostas que o próprio Deus nos apresenta.
• O encontro com Jesus nunca é um caminho fechado, pessoal e sem consequências comunitárias... Mas é um caminho que tem de me levar ao encontro dos irmãos e que deve tornar-se, em qualquer tempo e em qualquer circunstância, anúncio e testemunho. Quem experimenta a vida e a liberdade que Cristo oferece, não pode calar essa descoberta; mas deve sentir a necessidade de a partilhar com os outros, a fim de que também eles possam encontrar o verdadeiro sentido para a sua existência. "Encontrámos o Messias" deve ser o anúncio jubiloso de quem fez uma verdadeira experiência de vida nova e verdadeira e anseia por levar os irmãos a uma descoberta semelhante.
• João Baptista nunca procurou apontar os holofotes para a sua própria pessoa e criar um grupo de adeptos ou seguidores que satisfizessem a sua vaidade ou a sua ânsia de protagonismo... A sua preocupação foi apenas preparar o coração dos seus concidadãos para acolher Jesus. Depois, retirou-se discretamente para a sombra, deixando que os projectos de Deus seguissem o seu curso. Ele ensina-nos a nunca nos tornarmos protagonistas ou a atrair sobre nós as atenções; ele ensina-nos a sermos testemunhas de Jesus, não de nós próprios.
PALAVRA DE VIDA.
Reunião de família... A voz do Pai profere uma palavra de ternura: "Tu és o meu Filho bem amado, em ti pus todo o meu amor". Como se o Filho tivesse necessidade de ouvir dizer que era amado pelo seu Pai... A efusão é do Espírito para que o sopro de vida e de libertação que o Filho veio espalhar sobre a terra seja o sopro do Espírito, um sopro que não guardará para si, pois no Pentecostes derramará sobre os apóstolos. A solidariedade é a do Filho para manifestar a sua humanidade. Ele é verdadeiramente homem, homem no meio dos homens, partilhando toda a condição humana, excepto o pecado.
PARA A SEMANA QUE SE SEGUE...
«Aqui estou!» A minha resposta à maneira de Samuel... Como, sob que forma, não necessariamente explícita, foi dada esta resposta? Que escolhas mais ou menos importantes ela provocou? Que consequências teve a seguir? Que balanço fazer hoje? Faço regularmente um balanço espiritual? Esta semana, voltar a dizer "aqui estou", com generosidade, liberdade e felicidade...
FONTE: https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=3257
e /ou no vídeo AQUI.  

«Eis o Cordeiro de Deus» 
 «[João], ao ver Jesus, que Se dirigia para ele, exclamou: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!"» (Jo 1,29). Já não é tempo de dizer: «Preparai o caminho do Senhor» (Mt 3,3), pois Aquele para quem o caminho estava a ser preparado já Se deixou ver, ofereceu-Se ao nosso olhar. A natureza do acontecimento pede outra expressão; é preciso dar a conhecer Aquele que já aqui está, explicar porque foi que Ele desceu dos Céus e veio até nós. É por isso que João declara: «Eis o Cordeiro de Deus».
O profeta Isaías já no-lo tinha anunciado, ao dizer que Ele era «como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador» (Is 53,7). A lei de Moisés tinha-O prefigurado, mas [...] previa uma salvação incompleta e a sua misericórdia não se estendia a todos os homens. Ora, hoje, o verdadeiro Cordeiro, representado outrora pelos símbolos, a vítima sem culpa, é levada ao matadouro.  
Fá-lo para banir o pecado do mundo, expulsar o exterminador da Terra, destruir a morte, morrendo por todos, quebrar a maldição que nos afligia e pôr fim a estas palavras: «Tu és pó e ao pó voltarás» (Gn 3,19). Tornando-Se o segundo Adão, de origem celeste e não terrena (cf 1Cor 15,47), Ele é a fonte de todo o bem para a humanidade [...], o caminho que leva ao Reino dos Céus. Pois um só Cordeiro morreu por todos, recuperando para Deus Pai o rebanho de todos os que habitam neste mundo. «Um só morreu por todos», para a todos submeter a Deus; «um só morreu por todos», para ganhar a todos, para que, desde então, «os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou» (2Cor 5,14-15).  
São Cirilo de Alexandria (380-444)
bispo, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de João  


Sem comentários:

Enviar um comentário