"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 5 de dezembro de 2021

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

 Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.

Então:
Tema do 2º Domingo do Tempo do Advento - Ano C
Podemos situar o tema deste domingo à volta da missão profética. Ela é um apelo à conversão, à renovação, no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem a chegada do Senhor ao nosso mundo e ao coração dos homens. Esta missão é uma exigência que é feita a todos os baptizados, chamados – neste tempo em especial – a dar testemunho da salvação/libertação que Jesus Cristo veio trazer.
O Evangelho apresenta-nos o profeta João Baptista, que convida os homens a uma transformação total quanto à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às prioridades da vida. Para que Jesus possa caminhar ao encontro de cada homem e apresentar-lhe uma proposta de salvação, é necessário que os corações estejam livres e disponíveis para acolher a Boa Nova do Reino. É esta missão profética que Deus continua, hoje, a confiar-nos.
A primeira leitura sugere que este “caminho” de conversão é um verdadeiro êxodo da terra da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Durante o percurso, somos convidados a despir-nos de todas as cadeias que nos impedem de acolher a proposta libertadora que Deus nos faz. A leitura convida-nos, ainda, a viver este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e dificuldades.
A segunda leitura chama a atenção para o facto de a comunidade se dever preocupar com o anúncio profético e dever manifestar, em concreto, a sua solidariedade para com todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho. Sugere, também, que a comunidade deve dar um verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e os conflitos: só assim ela dará testemunho do Senhor que vem.
EVANGELHO Lc 3,1-6
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério,
quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia,
Herodes tetrarca da Galileia,
seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide
e Lisânias tetrarca de Abilene,
no pontificado de Anás e Caifás,
foi dirigida a palavra de Deus
a João, filho de Zacarias, no deserto.
E ele percorreu toda a zona do rio Jordão,
pregando um baptismo de penitência
para a remissão dos pecados,
como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías:
«Uma voz clama no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Sejam alteados todos os vales
e abatidos os montes e as colinas;
endireitem-se os caminhos tortuosos
e aplanem-se as veredas escarpadas;
e toda a criatura verá a salvação de Deus’».
AMBIENTE
O texto de hoje segue-se imediatamente ao “evangelho da infância”, na versão lucana. Aqui começa, oficialmente, o Evangelho – isto é, o anúncio da Boa Nova de Jesus. Antes de começar a descrever a acção libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens, Lucas vai apresentar João Baptista, o profeta que veio preparar a chegada do Messias de Deus.
MENSAGEM
Lucas, como compete a alguém que “tudo investigou cuidadosamente desde a origem” (Lc 1,3), começa por situar o quadro de João Baptista num determinado enquadramento histórico. Nomeia 7 personagens (desde o imperador Tibério César, até ao sumo sacerdote Caifás), num esforço de situar no tempo os acontecimentos da salvação (estaremos aí pelos anos 27/28). Ele sugere, assim, que esta aventura do Deus que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar um projecto de salvação e de felicidade não é uma lenda, perdida nas brumas do tempo e da memória dos homens… Mas é uma história concreta, com acontecimentos concretos, que podem ser ligados a um determinado momento histórico e a uma terra concreta.
Num segundo momento, Lucas apresenta a figura de João Baptista. Ele é “uma voz que grita no deserto” e que convida a preparar os caminhos do coração para que Jesus, o Messias de Deus, possa ir ao encontro de cada homem. Lucas começa por sugerir que a missão profética de João lhe é confiada por Deus: o chamamento de João é apresentado com as mesmas palavras do chamamento de Jeremias (cf. Jer 1,1, no texto grego), para marcar o carácter profético do seu anúncio. Depois, Lucas situa num espaço geográfico a actividade profética de João: ele prega em “toda a zona do rio Jordão” (Mateus e Marcos, situam-no no deserto)… Trata-se de uma região bastante povoada, sobretudo depois das construções de Herodes e de Arquelau: o anúncio profético de João destina-se aos homens, que são convidados a acolher o Messias que está para fazer a sua aparição no mundo. Finalmente, concretiza-se o âmbito da missão: João “proclama um baptismo de conversão (“baptisma metanoias”), para a remissão dos pecados”… A palavra “metanoias” sugere uma revolução total da mentalidade que leva a uma transformação total da forma de pensar e de agir… Para acolher o Messias que está para chegar, é necessário um processo de conversão que leve a um re-equacionar a vida, as prioridades, os valores; só nos corações verdadeiramente transformados, o Messias encontrará lugar.
O Evangelho de hoje conclui-se com uma citação tomada do Deutero-Isaías (cf. Is 40,3-5), onde serve para anunciar aos exilados na Babilónia a libertação e o regresso a casa, num novo e triunfal êxodo. Lucas sugere, desta forma, que está para chegar a libertação: é necessário, no entanto, que os destinatários do projecto libertador de Deus aceitem percorrer esse caminho, se deixem transformar e acolham “a salvação de Deus”.
ACTUALIZAÇÃO
Elementos para a reflexão e a actualização da Palavra:
• João é o profeta, cujo anúncio prepara o coração dos homens para acolher o Messias. A dimensão profética está sempre presente na comunidade dos baptizados. A todos nós, constituídos profetas pelo baptismo, Deus chama a dar testemunho de que o Senhor vem e a preparar os caminhos por meio dos quais Jesus há-de chegar ao coração do mundo e dos homens.
• Preparar o caminho do Senhor é convidar a uma conversão urgente, que elimine o egoísmo, que destrua os esquemas de injustiça e de opressão, que derrote as cadeias que mantêm os homens prisioneiros do pecado… Preparar o caminho do Senhor é um re-orientar a vida para Deus, de forma a que Deus e os seus valores passem a ocupar o primeiro lugar no nosso coração e nas nossas prioridades de vida.
• Esse processo de conversão é um verdadeiro êxodo, que nos transportará da terra da opressão para a terra nova da liberdade, da graça e da paz. Só quem aceita percorrer esse “caminho” experimentará a “salvação de Deus”.
• A preocupação de Lucas em situar concretamente, no espaço e no tempo, os acontecimentos da salvação chama a atenção aos profetas que anunciam a “vinda do Senhor”, no sentido de encarnar o seu anúncio no contexto cultural e político onde estão inseridos, a ir ao encontro do homem concreto, com a sua linguagem, os seus problemas concretos, as suas ânsias, os seus dramas, sonhos e esperanças. A linguagem com que o profeta anuncia a salvação não pode ser uma linguagem desencarnada, mas tem se ser uma linguagem viva, questionante, interpelativa.
BILHETE DE EVANGELHO.
No ano 15 do Reino de Tibério, o povo de Israel tinha sido bem posto à prova… Quantos caminhos de ocupação! Quantas ravinas de divisões! Quantas montanhas de incompreensões! João Baptista anuncia um futuro melhor, mas pede que se participe na sua realização: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas… e toda a criatura verá a salvação de Deus”. Assim, João Baptista revela o verdadeiro rosto de Deus que vem salvar a humanidade, mas quer ter necessidade desta humanidade para que ela coopere na sua salvação. E a conversão, que é apelo de Deus, é ao mesmo tempo apelo do homem. O profeta é o enviado de Deus, é o seu porta-voz. João Baptista, o último dos profetas da Antiga Aliança, é ao mesmo tempo o precursor do Salvador, prepara o caminho da sua vinda, convida os homens a preparar o seu coração para acolher Aquele que vem fazer novas todas as coisas, Aquele que vem mudar a paisagem do mundo e, sobretudo, o coração do homem.
À ESCUTA DA PALAVRA.
A enumeração é solene. Todos os grandes responsáveis estão em cena: o poder central, com o imperador Tibério e o seu prefeito Pôncio Pilatos; o poder local, com Herodes, Filipe e Lisânias; o poder religioso, com os sumo-sacerdotes Anás e Caifás. Em face deles, um homem semi-nu, sem qualquer poder humano. Um homem que será joguete do poder, João, filho de Zacarias. Três anos mais tarde, um outro homem, semi-nu, em face dos mesmos poderosos, as mãos trespassadas pelos pregos, Jesus, filho de Maria. Que resta dos poderosos de então? Nada, apenas ruínas, recordações dos seus nomes e, mesmo assim, não por causa deles, mas de João e de Jesus, que cruzaram os seus caminhos. Em face, João. Morto, ele também. Mas um dia, a Palavra de Deus foi-lhe dirigida no deserto: “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas”. Esta voz ressoa nos nossos ouvidos, não já nos desertos de areia, mas no deserto dos nossos corações, muitas vezes demasiado desertos de esperança, de alegria, de amor. Há sempre entre os homens passagens tortuosas que tornam tão difícil a comunhão, montanhas demasiado altas que impedem de nos vermos, ravinas demasiado profundas que impedem a reconciliação e a paz. A voz de João ressoa ainda nos nossos ouvidos, para que a Palavra possa penetrar sempre nos nossos corações. João desapareceu, mas a Palavra, eterna, feita carne, está sempre presente, porque Jesus ressuscitou, está vivo para sempre. Sobre ele a morte não tem mais nenhum poder, nem qualquer outro poder, político, militar, económico e mesmo religioso! Esta Palavra é dada a nós, hoje. Quando deixamos a Palavra iluminar o nosso caminho e comemos o Pão da Vida – as duas mesas da liturgia eucarística – é Jesus vivo que vem endireitar os nossos caminhos, preencher as nossas ravinas interiores. Então, tornamo-nos porta-vozes da Palavra. Vendo-nos, os homens podem pressentir, pelo menos, a salvação de Deus.
PALAVRAS PARA O CAMINHO…
Na primeira leitura, o profeta anuncia que Deus dará ao seu povo para sempre este nome: “Paz da justiça e glória da piedade”. Ao longo da próxima semana, procurar fazer a paz, construir a paz, fazer nascer a paz, no nosso coração e à nossa volta, procurar pronunciar muitas vezes palavras de paz e de esperança… Diz o salmista: “Da nossa boca brotavam expressões de alegria e de nossos lábios cânticos de júbilo”. Os nossos cânticos são pobres e vazios, se não transfigurarem a nossa vida no quotidiano…
Ajudemo-nos uns aos outros… “Discernir o mais importante” será mais fácil para alguns, em pequena equipa, que saberá partilhar na confiança. É uma maneira de nos ajudarmos uns aos outros a progredir espiritualmente, a prepararmo-nos para viver o Natal de outra maneira. Afinal, à maneira de Jesus!

e/ou nos vídeos AQUI e AQUI

«Preparai o caminho do Senhor»
«O deserto e a terra árida alegrar-se-ão, a terra desolada exultará e florescerá» (Is 35,1). Aquela a quem a Escritura chama desértica e estéril é a Igreja vinda dos pagãos. Ela já existia entre os povos, mas não tinha recebido do Céu o seu Esposo místico, Cristo. [...] Mas Cristo veio a ela: cativado pela sua fé, enriqueceu-a com o rio divino que dele jorra, e jorra porque Ele é «fonte de vida, torrente de delícias» (Sl 35,10.9). [...] Quando Ele Se tornou presente, a Igreja deixou de ser estéril e desértica: encontrou o seu Esposo, trouxe ao mundo inumeráveis filhos, cobriu-se de flores místicas. [...]
«O deserto será atravessado por um caminho puro, que se chamará caminho sagrado» (Is 35,8), prossegue Isaías. O caminho puro é a força do Evangelho, penetrando a vida, é a purificação do Espírito. Porque o Espírito retira a mancha impressa na alma humana, libertando-a do pecado e limpando toda a nódoa. Este caminho, que é chamado santo e puro, é inacessível a quem não está purificado. Com efeito, ninguém pode viver segundo o Evangelho sem ter sido purificado pelo santo batismo; ninguém pode viver assim sem fé. [...]
Só os que foram libertados da tirania do demónio poderão ter a vida gloriosa que o profeta ilustra com estas imagens: «Aí não haverá leões, nem animal feroz por aí passará» (Is 35,9). Anteriormente, com efeito, qual animal feroz, o diabo, o inventor do pecado, atacava os habitantes da Terra com os espíritos maus. Mas ele foi reduzido por Cristo a puro nada, afastado para longe do rebanho dos crentes, despojado do domínio que exercia sobre eles. Por isso, resgatados por Cristo e reunidos na fé, eles caminharão num só coração por este caminho puro. Abandonando os seus antigos caminhos, «chegarão a Sião», isto é, à Igreja, «com uma alegria que não terá fim» (v. 10), nem na Terra nem nos Céus, e darão glória a Deus, seu Salvador.
São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja, Sobre Isaías, III, 3 (a partir da trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 6, p. 99)

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