"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 24 de abril de 2022

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

 Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.
12. Papa Francisco pede aos padres: façam homilias mais curtas AQUI.

Então:
Tema do 2º Domingo do Tempo Pascal - Ano C
A liturgia deste domingo põe em relevo o papel da comunidade cristã como espaço privilegiado de encontro com Jesus ressuscitado.
O Evangelho sublinha a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
A segunda leitura insiste no motivo da centralidade de Jesus como referência fundamental da comunidade cristã: apresenta-O a caminhar lado a lado com a sua Igreja nos caminhos da história e sugere que é n’Ele que a comunidade encontra a força para caminhar e para vencer as forças que se opõem à vida nova de Deus.
A primeira leitura sugere que a comunidade cristã continua no mundo a missão salvadora e libertadora de Jesus; e quando ela é capaz de o fazer, está a dar testemunho desse Cristo vivo que continua a apresentar uma proposta de redenção para os homens.
EVANGELHOJo 20,19-31
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse-lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram-lhe os outros discípulos:
«Vimos o Senhor».
Mas ele respondeu-lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão na seu lado,
não acreditarei».
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa
e Tomé com eles.
Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou-Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete-a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!»
Disse-lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».
Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos,
que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram escritos
para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus,
e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.
AMBIENTE
Continuamos na segunda parte do Quarto Evangelho, onde nos é apresentada a comunidade da Nova Aliança. A indicação de que estamos no “primeiro dia da semana” faz, outra vez, referência ao tempo novo, a esse tempo que se segue à morte/ressurreição de Jesus, ao tempo da nova criação.
A comunidade criada a partir da acção de Jesus está reunida no cenáculo, em Jerusalém. Está desamparada e insegura, cercada por um ambiente hostil. O medo vem do facto de não terem, ainda, feito a experiência de Cristo ressuscitado.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto divide-se em duas partes bem distintas.
Na primeira parte (cf. Jo 20,19-23), descreve-se uma “aparição” de Jesus aos discípulos. Depois de sugerir a situação de insegurança e fragilidade que dominava a comunidade (o “anoitecer”, “as portas fechadas”, o “medo”), o autor deste texto apresenta Jesus “no centro” da comunidade (vers. 19b). Ao aparecer “no meio deles”, Jesus assume-Se como ponto de referência, factor de unidade, a videira à volta da qual se enxertam os ramos. A comunidade está reunida à volta d’Ele, pois Ele é o centro onde todos vão beber a vida.
A esta comunidade fechada, com medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil, Jesus transmite duplamente a paz (vers. 19 e 21: é o “shalom” hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança). Assegura-se, assim, aos discípulos que Jesus venceu aquilo que os assustava: a morte, a opressão, a hostilidade do “mundo”.
Depois (vers. 20a), Jesus revela a sua “identidade”: nas mãos e no lado trespassado, estão os sinais do seu amor e da sua entrega. É nesses sinais de amor e doação que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio. A permanência desses “sinais” indica a permanência do amor de Jesus: Ele será sempre o Messias que ama, e do qual brotarão a água e o sangue que constituem e alimentam a comunidade.
Em seguida (vers. 22), Jesus “soprou sobre eles”. O verbo aqui utilizado é o mesmo do texto grego de Gn 2,7 (quando se diz que Deus soprou sobre o homem de argila, infundindo-lhe a vida de Deus). Com o “sopro” de Gn 2,7, o homem tornou-se um ser vivente; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus – dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a comunidade.
As palavras de Jesus à comunidade contêm ainda uma referência à missão (vers. 23). Os discípulos são enviados a prolongar o oferecimento de vida que o Pai apresenta à humanidade em Jesus. Quem aceitar essa proposta de vida, será integrado na comunidade; quem a rejeitar, ficará à margem da comunidade de Jesus.
Na segunda parte (cf. Jo 20,24-29), apresenta-se uma catequese sobre a fé. Como é que se chega à fé em Cristo ressuscitado? João responde: podemos fazer a experiência da fé em Jesus vivo e ressuscitado na comunidade dos crentes, que é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de Jesus. Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz caso do testemunho da comunidade nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Em lugar de se integrar e participar da mesma experiência, pretende obter uma demonstração particular de Deus.
Tomé acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da comunidade. Porquê? Porque, no “dia do Senhor”, volta a estar com a sua comunidade. É uma alusão clara ao domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado.
A experiência de Tomé não é exclusiva das primeiras testemunhas; mas todos os cristãos de todos os tempos podem fazer esta mesma experiência.
ACTUALIZAÇÃO
Ter em conta os seguintes desenvolvimentos:
• A comunidade cristã gira em torno de Jesus, constrói-se à volta de Jesus e é d’Ele que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis, incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito e não seremos uma comunidade de irmãos… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte?
• A comunidade tem de ser o lugar onde fazemos, verdadeiramente, a experiência de Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura Cristo encontra-O em nós?
• Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas, egoístas que encontramos Jesus ressuscitado; mas encontramo-l’O no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. O que é que significa, para mim, a Eucaristia?
O RESSUSCITADO ESTÁ CONNOSCO! ALELUIA!
Ele estava lá… O Ressuscitado está presente na sua Palavra, no seu Corpo e Sangue, na pessoa do presidente da assembleia… e na própria assembleia. «Jesus veio e colocou-se no meio deles…», diz o Evangelho deste domingo. Na assembleia do domingo, o Ressuscitado manifesta a sua presença. O presidente poderá recordar tudo isso antes da saudação inicial. Aleluia! Temos muitas músicas de Aleluias solenes. Uma sugestão para criar uma unidade durante os cinquenta dias do Tempo Pascal: cantar o mesmo Aleluia até à solenidade do Pentecostes.
BILHETE DE EVANGELHO.
Jesus deixa-Se ver aos seus discípulos, o que os enche de alegria. Envia sobre eles o seu Espírito para que respirem do mesmo sopro e espalhem, por sua vez, o sopro da misericórdia de Deus. Tomé não está lá nessa tarde de Páscoa, o testemunho dos apóstolos não consegue convencê-los; ele quer ver, quer tocar, recusa reconhecer o Ressuscitado num fantasma. Jesus respeita a sua caminhada, e é Ele próprio que lhe propõe para ver e tocar. Tomé, então, proclama o primeiro acto de fé da Igreja: “Meu Senhor e meu Deus!” Ele reconhece não somente Jesus ressuscitado, marcado pelas chagas da Paixão, mas adora-O como seu Deus. Então, Jesus anuncia que não Se apresentará mais à vista dos homens, mas será necessário reconhecê-l’O unicamente com os olhos da fé. E faz desta fé uma bem-aventurança: “felizes os que acreditam sem terem visto!” Também nós, hoje, somos convidados a viver esta bem-aventurança. Oxalá possam as nossas dúvidas e as nossas questões ser, como para Tomé, caminho de fé!
À ESCUTA DA PALAVRA.
Jesus vem e está no meio dos discípulos. Diz-lhes: “A paz esteja convosco!” Podemos compreender a saudação de Jesus como um desejo. Mas podemos também traduzir: “A paz para vós!” Isto é, segundo as próprias palavras de Jesus na tarde de Quinta-Feira Santa: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz!” Estas palavras são, doravante, realizadas, eficazes. Jesus não deseja somente que os seus discípulos estejam em paz. Dá-lhes verdadeiramente a sua paz. Não é a paz que o mundo dá. A paz do mundo é a ausência de guerra e de violência, muitas vezes a paz dos cemitérios! A paz que Jesus dá é a plena realização da vontade criadora do Pai. Deus cria os seres humanos, para que eles sejam “à sua imagem”, isto é, em dependência de amor com Ele. É construindo entre eles relações de amor que os seres humanos permitirão a Deus imprimir nessas mesmas relações a imagem do que é em si mesmo, no mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Enfim, a vontade criadora de Deus é também que os seres humanos “dominem a terra”, que façam do seu próprio corpo e do mundo material o lugar cósmico onde o amor pode espalhar-se e incarnar-se. A paz realiza-se apenas quando se cumpre esta tríplice harmonia: harmonia dos seres humanos na sua relação com Deus, harmonia nas suas relações mútuas, harmonia com o seu corpo e o cosmos. A paz é uma totalidade de luz. É isso que Jesus veio cumprir: reconciliar os homens com Deus, reconciliá-los entre si e, no seu corpo de Ressuscitado, fazer entrar o próprio cosmos nesta luz. A paz acontece, assim, plenamente dada na sua Presença, pela força do Espírito. Resta-nos, apenas, acolhê-la! Ora, o que é obstáculo à paz é a recusa da vontade criadora, a recusa do amor. Eis porque Jesus dá aos Apóstolos o poder de absolver os pecados, isto é, de afastar o obstáculo que impede a “livre circulação do amor”. Acolhendo a presença de Jesus, deixando-o depositar em nós a fonte de toda a reconciliação, para reaprender a amar, permitimos que Ele continue em nós a sua acção de paz.
PALAVRA PARA O CAMINHO.
 «Se não vir…» Difícil confiança! Acreditar na palavra dos nossos irmãos que testemunham o seu encontro com o Ressuscitado? Não! Não é para mim! Somos muitas vezes irmãos gémeos de Tomé, nas nossas recusas em acreditar… E se decidíssemos ir ao encontro de um irmão, de uma irmã, de um grupo… para partilhar as nossas questões, as nossas convicções, e avançar juntos numa fé alimentada pela Palavra do Ressuscitado? Então aprenderíamos o que quer dizer: «felizes os que acreditam sem terem visto…».
 Fazer crescer a paz… Sem cessar e sem nos cansarmos, devemos trabalhar sempre mais para a construção do Reino. Concretamente, como fazer crescer a paz onde estamos? Talvez seja necessário começar, esta semana, por um pequeno gesto ou uma palavra para com uma pessoa com quem a nossa relação é difícil… Importante é abrir o coração e recomeçar…
FONTEhttps://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=3825

e/ou nos vídeos AQUI e AQUI.

A tripla paz
«Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: "A paz esteja convosco"». Disse por três vezes «A paz esteja convosco!», porque foi uma tripla paz que o Senhor restabeleceu: entre Deus e o homem, reconciliando-o com o Pai pelo seu sangue; entre o anjo e o homem, tomando a natureza humana e elevando-Se acima dos coros dos anjos; entre o homem e o homem, unindo em Si mesmo, pedra angular, o povo judeu e o povo gentio. […]
Jesus veio, pois, e pôs-Se no meio (cf Jo 20,19): «Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22,27). Ele mantém-Se no centro de cada coração. No centro, porque é dele, como eixo, que todos os raios da graça recaem sobre nós, que nos mantemos na circunferência e andamos à sua volta. «Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: "A paz esteja convosco"». Há uma tripla paz: a do tempo, a do coração, a da eternidade. Deves, pois, ter a primeira para com o teu próximo, a segunda para contigo mesmo e assim terás a terceira para com Deus, no Céu. Mantém-te, também tu, no «meio» e terás paz com o teu próximo. Se não te mantiveres no meio, não poderás ter paz. Na circunferência, não há nem paz nem tranquilidade de espírito, mas movimento e instabilidade. Dizem que os elefantes, quando enfrentam um combate, têm um cuidado especial com os feridos: encerram-nos no centro do grupo, juntamente com os mais fracos. Acolhe tu também, no centro da caridade, o teu próximo fraco e ferido.
Assim, o Senhor, depois de lhes ter mostrado as mãos e o lado, disse novamente: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós»: tal como o Pai Me enviou para a Paixão, apesar do amor que Me tem, também Eu, com o mesmo amor, vos envio.
Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja, Sermão para o Domingo da Oitava da Páscoa

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