"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























quinta-feira, 22 de março de 2012

«Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova»: Santo Agostinho em Lisboa para crentes e não crentes

O Patriarcado de Lisboa realiza este sábado, 24 de março, uma leitura de textos da obra “Confissões”, de Santo Agostinho, dirigida especialmente a quem não crê em Deus ou se interrogam sobre a sua existência.
A iniciativa que decorre às 16h00 na igreja do Sagrado Coração de Jesus vai ser protagonizada por atores e dois músicos, entre os quais Rão Kyao, revelou ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura o responsável pelo espetáculo, Júlio Martin.
«A leitura de Santo Agostinho tem-me permitido entrar na viagem belíssima de vida que as “Confissões” oferecem», afirmou.
O espetáculo de uma hora, que conta com a presença do cardeal-patriarca, D. José Policarpo, compreende 40 minutos de leitura «a várias vozes» por parte de atores do Teatro do Ourives, de que Júlio Martin é encenador.
Cada um dos quatro momentos de leitura vai ter cerca de 10 minutos, o que exige «uma seleção muito difícil de fazer, dada a riqueza da obra», salientou o responsável, embora a escolha não se faça a partir da totalidade do livro mas de uma triagem prévia.
«Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!», o fragmento que mais cativou Júlio Martin, fará parte dos excertos a serem lidos por se tratar de um texto «muito belo a nível vivencial, poético e teatral».

Imagem
Sandro Botticelli

Depois de acentuar que «a experiência de Santo Agostinho é a de alguém que parte da descrença para um processo de conversão, até incarnar na plenitude a mensagem cristã», o encenador sublinhou que o espetáculo dirige-se sobretudo «para as pessoas que não creem ou estão em fase de conversão».
«Estamos a optar por textos que colocam dúvidas e inquietações, fazendo o percurso interior até à conversão», explicou Júlio Martin, salvaguardando que a iniciativa também pretende cativar os católicos que desconheçam a obra, como era o caso do encenador.
Os textos do Doutor da Igreja de origem africana que viveu entre os séculos III e IV vão ser acompanhados por projeções de pinturas e fotografias nas amplas paredes da igreja.

Imagem
Santo Agostinho ensinando em Roma (Benozzo Gozzoli)

A encenação «muito simples» também pretende salientar «como a inteligência também é tocada» no itinerário de Santo Agostinho até à adesão ao cristianismo.
«A vivência cristã vai para além do aspeto sentimental, é algo que é pensado e interrogado», frisou Júlio Martin, que considera que as “Confissões” são também um estímulo à ação: «É muito importante a transformação da realidade a partir do que acreditamos».
A leitura integra-se no programa da “Missão Metrópoles”, iniciativa promovida pelo Conselho Pontifício para a Nova Evangelização que decorre em 12 cidades europeias.

Imagem
Santo Agostinho e Santo Ambrósio (Fra Filippo Lippi)

A terminar, o excerto que mais tocou Júlio Martin e que constitui o núcleo da obra:
«Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formusuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava convosco!
Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Porém chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Brilhastes, cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o suspirando por Vós. Saboreei-Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi no desejo da Vossa paz.»

Sem comentários:

Enviar um comentário