"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 12 de maio de 2019

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5. Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6. Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7. Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8. Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
Então:
Tema do 4º Domingo do Tempo Pascal
O 4º Domingo do Tempo Pascal é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como Bom Pastor. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus hoje nos propõe.
O Evangelho apresenta Cristo como o Bom Pastor, cuja missão é trazer a vida plena às ovelhas do seu rebanho; as ovelhas, por sua vez, são convidadas a escutar o Pastor, a acolher a sua proposta e a segui-l’O. É dessa forma que encontrarão a vida em plenitude.
A primeira leitura propõe-nos duas atitudes diferentes diante da proposta que o Pastor (Cristo) nos apresenta. De um lado, estão essas “ovelhas” cheias de auto-suficiência, satisfeitas e comodamente instaladas nas suas certezas; de outro, estão outras ovelhas, permanentemente atentas à voz do Pastor, que estão dispostas a arriscar segui-l’O até às pastagens da vida abundante. É esta última atitude que nos é proposta.
A segunda leitura apresenta a meta final do rebanho que seguiu Jesus, o Bom Pastor: a vida total, de felicidade sem fim.
EVANGELHOJo 10,27-30
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus:
«As minhas ovelhas escutam a minha voz.
Eu conheço 
as minhas ovelhas e elas seguem-Me.

Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer
e ninguém as arrebatará da minha mão.
Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos
e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai.
Eu e o Pai somos um só».
AMBIENTE
O capítulo 10 do 4º Evangelho é dedicado à catequese do Bom Pastor. O autor utiliza esta imagem para apresentar uma catequese sobre a missão de Jesus: a obra do “Messias” consiste em conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em plenitude.
A imagem do Bom Pastor não foi inventada pelo autor do 4º Evangelho. Literariamente falando, este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do Antigo Testamento. Em especial, este discurso tem presente Ez 34 onde se encontra a chave para compreender a metáfora do pastor e do rebanho. Falando aos exilados na Babilónia, Ezequiel constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, falsos pastores que conduziram o Povo por caminhos de morte e de desgraça; mas – diz Ezequiel – o próprio Deus vai, agora, assumir a condução do seu Povo; Ele porá à frente do seu Povo um Bom Pastor (Messias), que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida.
A catequese que o 4º Evangelho nos oferece do Bom Pastor sugere que a promessa de Deus afirmada por Ezequiel se cumpre em Jesus.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto acentua, sobretudo, a relação estabelecida entre o Pastor (Cristo) e as ovelhas (os seus discípulos).
A missão desse Pastor (Cristo) é dar vida às ovelhas. Ao longo do Evangelho, João descreve, precisamente, a acção de Jesus como uma recriação e revivificação do homem, no sentido de fazer nascer o Homem Novo (cfr. Jo 3,3.5-6), o homem da vida em plenitude, o homem total, o homem que, seguindo Jesus, se torna “filho de Deus” (cf. Jo 1,12) e que é capaz de oferecer a vida por amor. Os que aceitam a proposta de vida que Jesus lhes faz não se perderão nunca (“nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão” – Jo 10,28), pois a qualidade de vida que Jesus lhes comunica supera a própria morte (cf. Jo 3,16;8,51). O próprio Jesus está disposto a defender os seus até dar a própria vida por eles (cf. Jo 10,11), a fim de que nada nem ninguém (os dirigentes, os que estão interessados em perpetuar mecanismos de egoísmo, de injustiça, de escravidão) possa privar os discípulos dessa vida plena.
As ovelhas (os discípulos), por sua vez, têm de escutar a voz do Pastor e segui-l’O (cf. Jo 10,27). Isto significa que fazer parte do rebanho de Jesus é aderir a Ele, escutar as suas propostas, comprometer-se com Ele e, como Ele, entregar-se sem reservas numa vida de amor e de doação ao Pai e aos homens.
O texto termina com uma referência à identificação plena entre o projecto do Pai e o projecto de Jesus: para ambos, o objectivo é fazer nascer uma nova humanidade. Em Jesus está presente e manifesta-se o plano salvador do Pai de dar vida eterna (vida plena) ao homem; através da acção de Jesus, a obra criadora de Deus atinge o seu ponto culminante.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, na actualização da Palavra, os seguintes elementos:
• Na nossa cultura urbana, a imagem do pastor é uma parábola de outras eras, que pouco diz à nossa sensibilidade; em contrapartida, conhecemos bem a figura do líder, do presidente, do chefe: não raras vezes, é alguém que se impõe, que manipula, que arrasta, que exige… Mas o Evangelho que hoje nos é proposto convida-nos a descobrir a figura bíblica do Pastor: uma figura que evoca doação, simplicidade, serviço, dedicação total, amor gratuito. É alguém que é capaz de dar a própria vida para defender das garras das feras as ovelhas que lhe foram confiadas.
• Para os cristãos, o Pastor é Cristo: só Ele nos conduz para as “pastagens verdadeiras”, onde encontramos vida em plenitude. Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam. Podemos aceitar, sem problemas, que eles receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições; mas convém igualmente ter presente que o nosso único Pastor, aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Cristo.
As “ovelhas” do rebanho de Jesus têm de “escutar a voz” do Pastor e segui-l’O… Isso significa, concretamente, percorrer o mesmo caminho de Jesus, numa entrega total aos projectos de Deus e numa doação total, de amor e de serviço aos irmãos.
Como distinguimos a “voz” de Jesus, o nosso Pastor, de outros apelos, de propostas enganadoras, de “cantos de sereia” que não conduzem à vida plena? Através de um confronto permanente com a sua Palavra, através da participação nos sacramentos onde se nos comunica a vida que o Pastor nos oferece e num permanente diálogo íntimo com Ele.

e/ou no vídeo AQUI 
Eu sou vida indissolúvel das mãos de Deus, laço que não se rasga, nó que não se desata
«As minhas ovelhas escutam a minha voz (cf. João 10,27-30). Não as ordens, a voz. A voz que atravessa as distâncias, inconfundível; que narra uma relação, revela uma intimidade, faz emergir em ti uma presença. A voz chega ao ouvido do coração antes das coisas que diz. É a experiência com que o bebé, quando ouve a voz da mãe, a reconhece, emociona-se, estende os braços e o coração para ela, e já está feliz bem antes de chegar a compreender o significado das palavras. Escutarei a sua voz não por obséquio ou obediência, não por sedução ou medo, mas porque como uma mãe, Ele faz-me viver.» Para saber mais clicar AQUI.
A nossa mãe
A imagem sobreveio de novo quando reencontrei a expressão «Igreja como mãe» utilizada, mais uma vez, pelo papa Francisco, na última mensagem para o dia mundial das vocações. «Uma mãe», disse o sumo pontífice, «devemos amá-la, mesmo quando vislumbramos no seu rosto as rugas da fragilidade e do pecado». A metáfora eloquente, carregada de esperança, é confrontada, no entanto, com os dados da realidade. A avaliar pela prática da maioria dos fiéis, podemos dizer que a relação entre os filhos pelo batismo, e a mãe, aquela que os gerou na fé e os alimentou através dos sacramentos, é marcadamente esporádica e justificada por razões de ordem pragmática – «vou agora por que tem de ser…». Não é, portanto, uma relação motivada por amor filial. Para saber mais clicar AQUI
«Dou-lhes a vida eterna» 
O Senhor diz: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna». Delas tinha dito um pouco antes: «Se alguém entrar por Mim, será salvo; poderá entrar e sair e encontrará pastagem» (Jo 19,9). Entrará efetivamente, abrindo-se à fé; sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pasto abundante no banquete eterno. 
 As suas ovelhas, portanto, encontram pastagens, porque todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido com um alimento de eterna frescura. Que são afinal as pastagens destas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? O alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem interrupção, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida.
Procuremos pois, irmãos caríssimos, alcançar estas pastagens, onde poderemos alegrar-nos na companhia dos cidadãos do Céu. A alegria festiva dos bem-aventurados nos estimule. Reanimemos o nosso espírito, irmãos; afervore-se a nossa fé nas verdades em que acreditamos; inflame-se a nossa inspiração pelas coisas do Céu. Amar assim já é caminhar. Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, deseja atingir um lugar determinado, não há obstáculo no caminho que o demova do seu intento. Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquecesse de continuar a sua viagem até ao fim. 
São Gregório Magno (c. 540-604)
papa, doutor da Igreja

Homilias sobre o evangelho, n.º 14 (trad. Breviário)

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