"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 8 de dezembro de 2019

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
108 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  

Então:
Tema da Solenidade da Imaculada Conceição - Ano A

Na Solenidade da Imaculada Conceição somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.

A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projeto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher, um projeto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projeto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
A primeira leitura mostra, recorrendo à história mítica de Adão e Eva, o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência... Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.
O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu "sim" total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.

EVANGELHO - Lc 1, 26-38
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José.
O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo:
«Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras
e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo:
«Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho,
a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo.
O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob
e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo:
«Como será isto, se eu não conheço homem?».
O Anjo respondeu-lhe:
«O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice
e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril;
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então:
«Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra».

AMBIENTE
O texto que nos é hoje proposto pertence ao "Evangelho da Infância" na versão de Lucas. De acordo com os biblistas atuais, os textos do "Evangelho da Infância" pertencem a um género literário especial, chamado homologese. Este género não pretende ser um relato jornalístico e histórico de acontecimentos; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a proclamar certas realidades salvíficas: que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é o "Deus connosco". Desenvolve-se em forma de narração e recorre às técnicas do midrash haggádico, uma técnica de leitura e de interpretação do texto sagrado usada pelos rabbis judeus da época de Jesus. A homologese utiliza e mistura tipologias (factos e pessoas do Antigo Testamento, encontram a sua correspondência em factos e pessoas do Novo Testamento) e aparições apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) para fazer avançar a narração e para explicitar determinada catequese sobre Jesus. O Evangelho que nos é hoje proposto deve ser entendido a esta luz: não interessa, pois, estar aqui à procura de factos históricos; interessa, sobretudo, perceber o que é que a catequese cristã primitiva nos ensina, através destas narrações, sobre Jesus.
A cena situa-nos numa aldeia da Galileia, chamada Nazaré. A Galileia, região a norte da Palestina, à volta do Lago de Tiberíades, era considerada pelos judeus uma terra longínqua e estranha, em permanente contacto com as populações pagãs e onde se praticava uma religião heterodoxa, influenciada pelos costumes e pelas tradições pagãs. Daí a convicção dos mestres judeus de Jerusalém de que "da Galileia não pode vir nada de bom". Quanto a Nazaré, era uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto, de acordo com a mentalidade judaica, completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação.
Maria, a jovem de Nazaré que está no centro deste episódio, era "uma virgem desposada com um homem chamado José". O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os "esponsais"); só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimónias do matrimónio propriamente dito)... Entre os "esponsais" e o rito do matrimónio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante os "esponsais", os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um carácter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da "prometida" como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt 22,23-27)... E a união entre os dois "prometidos" só podia dissolver-se com a fórmula jurídica do divórcio. José e Maria estavam, portanto, na situação de "prometidos": ainda não tinham celebrado o matrimónio, mas já tinham celebrado os "esponsais".

MENSAGEM
Depois da apresentação do "ambiente" do quadro, Lucas apresenta o diálogo entre Maria e o anjo.
A conversa começa com a saudação do anjo. Na boca deste, são colocados termos e expressões com ressonância vétero-testamentária, ligados a contextos de eleição, de vocação e de missão. Assim, o termo "ave" (em grego, "kaire") com que o anjo se dirige a Maria é mais do que uma saudação: é o eco dos anúncios de salvação à "filha de Sião", uma figura fraca e delicada que personifica o Povo de Israel, em cuja fraqueza se apresenta e representa essa salvação oferecida por Deus e que Israel deve testemunhar diante dos outros povos (cf. 2 Re 19,21-28; Is 1,8;12,6; Jer 4,31; Sof 3,14-17). A expressão "cheia de graça" significa que Maria é objeto da predileção e do amor de Deus. A outra expressão "o Senhor está contigo" é uma expressão que aparece com frequência ligada aos relatos de vocação no Antigo Testamento (cf. Ex 3,12 - vocação de Moisés; Jz 6,12 - vocação de Gedeão; Jer 1,8.19 - vocação de Jeremias) e que serve para assegurar ao "chamado" a assistência de Deus na missão que lhe é pedida. Estamos, portanto, diante do "relato de vocação" de Maria: a visita do anjo destina-se a apresentar à jovem de Nazaré uma proposta de Deus. Essa proposta vai exigir uma resposta clara de Maria.Qual é, então, o papel proposto a Maria no projeto de Deus?
A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de um "filho" especial... Desse "filho" diz-se, em primeiro lugar, que ele se chamará "Jesus". O nome significa "Deus salva". Além disso, esse "filho" é apresentado pelo anjo como o "Filho do Altíssimo", que herdará "o trono de seu pai David" e cujo reinado "não terá fim". As palavras do anjo levam-nos a 2 Sm 7 e à promessa feita por Deus ao rei David através das palavras do profeta Nathan. Esse "filho" é descrito nos mesmos termos em que a teologia de Israel descrevia o "messias" libertador. O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe desse "messias" que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas.Como é que Maria responde ao projeto de Deus?
A resposta de Maria começa com uma objeção... A objeção faz sempre parte dos relatos de vocação do Antigo Testamento (cf. Ex 3,11; 6,30; Is 6,5; Jer 1,6). É uma reação natural de um "chamado", assustado com a perspetiva do compromisso com algo que o ultrapassa; mas é, sobretudo, uma forma de mostrar a grandeza e o poder de Deus que, apesar da fragilidade e das limitações dos "chamados", faz deles instrumentos da sua salvação no meio dos homens e do mundo.
Diante da "objeção", o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Este Espírito é o mesmo que foi derramado sobre os juízes (Oteniel - cf. Jz 3,10; Gedeão - cf. Jz 6,34; Jefté - cf. Jz 11,29; Sansão - cf. Jz 14,6), sobre os reis (Saul - cf. 1 Sm 11,6; David - cf. 1 Sm 16,13), sobre os profetas (cf. Maria, a profetisa irmã de Aarão - cf. Ex 15,20; os anciãos de Israel - cf. Nm 11,25-26; Ezequiel - cf. Ez 2,1; 3,12; o Trito-Isaías - cf. Is 61,1), a fim de que eles pudessem ser uma presença eficaz da salvação de Deus no meio do mundo. A "sombra" ou "nuvem" leva-nos, também, à "coluna de nuvem" (cf. Ex 13,21) que acompanhava a caminhada do Povo de Deus em marcha pelo deserto, indicando o caminho para a Terra Prometida da liberdade e da vida nova. A questão é a seguinte: apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, fazer-se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens.
O relato termina com a resposta final de Maria: "eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra". Afirmar-se como "serva" significa, mais do que humildade, reconhecer que se é um eleito de Deus e aceitar essa eleição, com tudo o que ela implica, pois, no Antigo Testamento, ser "servo do Senhor" é um título de glória, reservado àqueles que Deus escolheu, que Ele reservou para o seu serviço e que Ele enviou ao mundo com uma missão (essa designação aparece, por exemplo, no Deutero-Isaías - cf. Is 42,1; 49,3; 50,10; 52,13; 53,2.11 - em referência à figura enigmática do "servo de Jahwéh"). Desta forma, Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.

ATUALIZAÇÃO
• A liturgia deste dia afirma, de forma clara e insofismável, que Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer. Como é que esse Deus cheio de amor pelos seus filhos intervém na história humana e concretiza, dia a dia, essa oferta de salvação? A história de Maria de Nazaré, bem como a de tantos outros "chamados", responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e mulheres atentos aos projetos de Deus e de coração disponível para o serviço dos irmãos que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena. Já pensámos que é através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus se torna presente no mundo e transforma o mundo?
• Outra questão é a dos instrumentos de que Deus se serve para realizar os seus planos... Maria era uma jovem mulher de uma aldeia obscura dessa "Galileia dos pagãos" de onde não podia "vir nada de bom". Não consta que tivesse uma significativa preparação intelectual, extraordinários conhecimentos teológicos, ou amigos poderosos nos círculos de poder e de influência da Palestina de então... Apesar disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um papel primordial na etapa mais significativa na história da salvação. A história vocacional de Maria deixa claro que, na perspetiva de Deus, não são o poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres, independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus.
• Diante dos apelos de Deus ao compromisso, qual deve ser a resposta do homem? É aí que somos colocados diante do exemplo de Maria... Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um "sim" total e incondicional. Naturalmente, ela tinha o seu programa de vida e os seus projetos pessoais; mas, diante do apelo de Deus, esses projetos pessoais passaram naturalmente e sem dramas a um plano secundário. Na atitude de Maria não há qualquer sinal de egoísmo, de comodismo, de orgulho, mas há uma entrega total nas mãos de Deus e um acolhimento radical dos caminhos de Deus. O testemunho de Maria é um testemunho questionante, que nos interpela fortemente... Que atitude assumimos diante dos projetos de Deus: acolhemo-los sem reservas, com amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus, ou assumimos uma atitude egoísta de defesa intransigente dos nossos projetos pessoais e dos nossos interesses egoístas?
• É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem reservas, sem medir os prós e os contras? Como é que se chega a esta confiança incondicional em Deus e nos seus projetos? Naturalmente, não se chega a esta confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi, certamente, uma mulher para quem Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré foi, certamente, uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n'Ele. No meio da agitação de todos os dias, encontro tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em comunhão com Ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que Ele me dá dia a dia?

Ler e refletir a Nota Pastoral dos Bispos Portugueses:
"Na celebração do 150º aniversário da definição dogmática da Imaculada Conceição"
(Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima, 11 de novembro de 2004)

1. Desde os primórdios da sua história, Portugal soube sempre acolher-se ao regaço da Mãe de Jesus. Como povo em crescimento e em busca da consolidação de fronteiras, dedicou, desde os primeiros tempos da sua história, uma terna e filial afeição à Virgem Maria que escolhera como sua Senhora.

De entre as inúmeras invocações, com que a Ela se dirige, sobressai, desde muito cedo, no horizonte de um culto sempre crescente, a da Imaculada Conceição. No Calendário de Salisbury, adotado pelo primeiro bispo de Lisboa reconquistada, Gilberto Hastings (1147-1166), já figurava a referência ao mistério de Maria Imaculada.
À medida que Portugal se consolidava e se expandia pelo mundo, a veneração e devoção à sua Senhora ia aumentando. No século XVII, o culto de Maria, no Mistério da sua Imaculada Conceição, fazia parte da cultura nacional. Sinais disso, entre muitos outros, são: a consagração de Portugal a Maria Imaculada, a entrega da coroa real à imagem da Senhora da Conceição de Vila Viçosa, pelo Rei D. João IV, e o juramento a que se obrigou o corpo docente da Universidade de Coimbra - de defender e ensinar que Maria fora concebida sem pecado
No dia 8 de Dezembro de 1854, Pio IX, depois de ter consultado o episcopado do mundo inteiro, declarou solenemente, fazendo apelo à autoridade suprema do seu magistério: "A doutrina segundo a qual a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua conceição, foi por especial privilégio de Deus Omnipotente, com vista aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, preservada imune de toda a mácula do pecado original, é revelada por Deus e deve por isso ser acreditada por todos os fieis, firmemente e com constância" (Bula Ineffabilis Deus - 08-12-1854).
Esta definição dogmática, nada acrescentou à fé e devoção do povo português, mas contribuiu, e muito, para as confirmar e robustecer. Prova disso, foi o dinamismo suscitado entre os fiéis de Portugal, no sentido de erguer um monumento nacional que assinalasse a definição de Pio IX. Em 1869 concluía-se esse primeiro monumento, no Sameiro, seguindo-se-lhe a construção dum santuário dedicado à Imaculada Conceição de Maria, cuja imagem foi coroada solenemente há cem anos.
A Conferência Episcopal Portuguesa, tendo tudo isto presente, quer associar-se às celebrações da Igreja Universal, que assinalam os 150 anos da definição do dogma com o objetivo de estimular os cristãos a um maior aprofundamento desta verdade de fé; e espera, com esta nota, poder contribuir para uma maior veneração d'Aquela que foi redimida de um modo original, pelos méritos do nosso único Salvador, Jesus Cristo.


2. A iconografia da Imaculada pode ser motivo fecundo de meditação. As alusões bíblicas e teológicas são uma fonte de catequese de longo alcance.

O dragão pisado pela Virgem lembra antes de mais o mítico Leviatã (Is 27,1; Sl 74,14), monstro marinho que na Bíblia evoca a resistência das águas primordiais ao poder criador e redentor de Deus. Na mesma tradição, esse triunfo de Deus sobre a antiga serpente tem concretização histórica na anunciada vitória da descendência de Eva: "ela esmagar-te-á a cabeça, ao tentares mordê-la no calcanhar" (Gn 3,9-15). Ecos desse combate cósmico percorrem as visões do Apocalipse e estão presentes no sinal aparecido no céu de "uma mulher vestida de Sol, tendo a Lua debaixo dos seus pés e coroada de doze estrelas" (Ap 12,1-6.15-17).
A descendência de Eva e a mulher do Apocalipse personificam o povo de Deus de que nascerá a seu tempo o Messias, o Emanuel, Deus connosco.
Para a Tradição cristã, esses símbolos enraízam na história. Assim, os Padres da Igreja não cessam de apelidar a Mãe de Jesus de Nova Eva, Filha de Sião, Aquela que, na sua plenitude de graça, realiza o que em Eva estava prefigurado. Não por mérito próprio, mas como a mais perfeitamente redimida ou como diz o Vaticano II: "remida de modo mais sublime" (LG 53), Maria agiganta-se, aos nossos olhos como verdadeiramente "cheia de graça".


3. Segundo o testemunho de Lucas, a maternidade de Maria implicou um ato livre de fé, mais decisivo para a história pública da salvação do que a fé de Abraão ou a Aliança do Sinai.

Ato de confiante aceitação, tornou-o possível a ação prévia da graça divina, como recorda o Anjo na sua saudação: "Salve, ó cheia da graça, o Senhor está contigo" (Lc 1,28). Na linguagem dos teólogos, a obediência na fé, sem a qual Maria não seria a Mãe de Deus, é pura graça do mesmo Deus.
Sem a graça divina, a razão e a liberdade humanas permanecem irremediavelmente fechadas em si mesmas, envolvidas por sombras e desejos de uma humanidade pecadora. A jovem de Nazaré abriu caminho à salvação de todos por um ato de desprendimento pessoal: uma resposta arriscada, mas livre e graciosa, ao apelo de Deus para ser Mãe do Salvador. A resposta nasceu de um chamamento, cuja radicalidade e liberdade plena, no caso especial de Maria, a fé cristã assinala, fazendo-as remontar ao primeiro momento da sua existência, o momento da sua Conceição Imaculada.


4. Todos pecámos em Adão; e todos fomos redimidos e salvos em Cristo (cf. Rm 5,17-18).

A nossa salvação aconteceu graças aos méritos de Jesus Cristo, que por nós se entregou como Redentor dos pecados que contraímos. A salvação de Maria foi igualmente alcançada mercê da Redenção de seu Filho que Lhe aplicou os seus méritos, preservando-a de contrair o pecado.
Santo Agostinho, na senda de São Paulo, confirma que todos pecaram "exceto a Virgem Santa Maria, a respeito da Qual, pela honra do Senhor, não é permitido que qualquer questão se levante relacionada com o pecado" (De Natura et Gratia, c. 42).
O pecado tolda a consciência e endurece o coração. Cheia de graça, Maria, concebida sem pecado, sofre com redobrada violência, a Paixão e Morte de seu Filho, consequência dos pecados dos homens. Bem avisava Simeão que uma espada lhe atravessaria a alma. Tudo isto, aliás, é sentido e vivido pelo povo fiel que encontra, no Coração Imaculado de Maria, um refúgio de Mãe, sempre disponível para acolher as alegrias e tristezas dos filhos e filhas de Deus. Mas o sentido da fé faz-nos ainda descobrir, em Maria, uma outra dimensão de vida: Ela, que não foi tocada pelo pecado, tem uma especial sensibilidade de afeto maternal para com aqueles que pecam; intercede por eles e acompanha-os, de perto, para que se convertam e vivam como verdadeiros filhos de Deus.


5. Meditar no mistério da Imaculada Conceição de Maria há de levar-nos, antes de mais, ao apreço pelo mistério amoroso da ação redentora de seu divino Filho. Tal Redenção refulge, esplendorosamente, na pessoa de Maria, primeira redimida. Nela se revela a delicadeza da Providência divina que chama cada homem e cada mulher a colaborar na obra da salvação de todos: antes de mais, pelo exercício de uma grande radicalidade e liberdade interior, inspiradas nos apelos de Deus e enraizados no dom gratuito do seu amor; depois, pela correspondência a esse dom, na total fidelidade à nossa filiação divina que Maria, como Mãe, quer tornar cada vez mais sólida em nós.

A Rosa de Ouro que o Santo Padre oferece, tão carinhosa e paternalmente, ao Santuário do Sameiro, aí ficará como marca indelével de uma presença simbólica do Sumo Pontífice e do seu amor devocional a Nossa Senhora.
Queira Deus que um tal gesto papal se transforme num permanente apelo, para todos os portugueses, no sentido de cultivarmos e mantermos sempre viçosas as rosas do nosso amor a Maria. Que ela não nos deixe murchar a fé e a devoção que tantos séculos de história construíram no coração das gentes desta praia lusitana.


Que Maria Santíssima, nossa Mãe Imaculada, olhe para Portugal e por Portugal bem como por toda a humanidade, nos difíceis caminhos da paz.


e/ou no vídeo AQUI.

Alegre-se a gloriosa Virgem Maria, tua Mãe! 
 Bendiga-Te a santa glória da tua divindade, meu Deus e minha doçura, com a qual Te dignaste encher e cumular durante nove meses as castas entranhas da Virgem Maria. Bendiga-Te o elevado poder da tua divindade, que Se inclinou sobre as profundezas deste vale virginal. Bendiga-Te a engenhosa omnipotência, ó Deus altissimo, que difundiu tanta virtude, graça e beleza sobre a rosa virginal, a ponto de Tu próprio a desejares. Bendiga-Te a tua admirável sabedoria, cuja graça abundante fez com que toda a vida de Maria, no seu corpo e na sua alma, fosse confrme à tua dignidade. Bendiga-Te o teu amor forte, sábio e doce, que fez com que Tu, flor e esposo da virgindade, Te tornasses Filho de uma virgem. [...]
Rejubilem em Ti, por mim, o mui digno coração e a alma da gloriosíssima Virgem Maria, tua Mãe, que para tal escolheste com vista às necessidades da minha salvação, a fim de que a sua maternal clemência me fosse acessível. Rejubilem em Ti os fidelíssimos cuidados que tiveste comigo, concedendo-me uma tão poderosa e boa advogada e patrona, por quem posso facilmente obter a tua graça, e em quem, confiadamente o creio, me reservaste a tua eterna misericórdia. Rejubile em Ti este admirável tabernáculo da tua glória, que Te serviu dignamente oferecendo-Te uma habitação sagrada.
Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301)
monja beneditina
Exercícios VI, SC 127 
Sim!


Assim sim, vale a pena. Mas sejamos honestos, há muitos sins grávidos de nãos. «Sim, logo se vê», «se tiver tempo, não sei bem, deixa-me falar primeiro com…», «penso que sim, claro, confirmo amanhã», e a curva do sim entra em declínio, ultrapassa o «talvez», continua em queda, nada o consegue deter de tão pesado, até repousar num «não definitivo». Com a pobre de Nazaré tudo foi à primeira. Assim sim. Um sim incondicional, cheio, pronunciado com todas as letras, em maiúsculo.  Para saber mas clicar AQUI.

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