"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 18 de julho de 2021

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:

1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
10. Os 8 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  
11.  Os 11 conselhos para viver a Missa mais profundamente AQUI.

Então:
Tema do 16º Domingo do Tempo Comum - Ano B
A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus pelas "ovelhas sem pastor". Esse amor e essa solicitude traduzem-se, naturalmente, na oferta de vida nova e plena que Deus faz a todos os homens.
Na primeira leitura, pela voz do profeta Jeremias, Jahwéh condena os pastores indignos que usam o "rebanho" para satisfazer os seus próprios projectos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu "rebanho", assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.
O Evangelho recorda-nos que a proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são - como Jesus o foi - as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, "como ovelhas sem pastor". A missão dos discípulos tem, no entanto, de ter sempre Jesus como referência... Com frequência, os discípulos enviados ao mundo em missão devem vir ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as suas propostas, elaborar com Ele os projectos de missão, confrontar o anúncio que apresentam com a Palavra de Jesus.
Na segunda leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos os homens, sem excepção, a possibilidade de integrarem a família de Deus. Reunidos na família de Deus, os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente superado.
EVANGELHO - Mc 6,30-34
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
os Apóstolos voltaram para junto de Jesus
e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
Então Jesus disse-lhes:
«Vinde comigo para um lugar isolado
e descansai um pouco».
De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir
que eles nem tinham tempo de comer.
Partiram, então, de barco
para um lugar isolado, sem mais ninguém.
Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam;
e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar
e chegaram lá primeiro que eles.
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão
e compadeceu-Se de toda aquela gente,
que eram como ovelhas sem pastor.
E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
AMBIENTE
O Evangelho do passado domingo mostrava-nos Jesus a enviar os discípulos, dois a dois, para pregarem o arrependimento, expulsarem os demónios, ungirem e curarem os doentes (cf. Mc 6,7-13). O anúncio que é confiado aos discípulos é o anúncio que Jesus fazia (o "Reino"); os gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o "Reino" são os mesmos que Jesus fez.
O Evangelho deste domingo apresenta-nos o regresso dos enviados de Jesus. Marcos chama-lhes, agora, "apóstolos" (enviados): é a única vez que a palavra aparece no Evangelho segundo Marcos. A missão correu bem e os "apóstolos" estão entusiasmados, mas naturalmente cansados.
Não há, no texto, qualquer indicação do lugar onde a cena se teria desenrolado.
MENSAGEM
O nosso texto começa com a narração do regresso dos discípulos que, entusiasmados, contam a Jesus a forma como se tinha desenrolado a missão que lhes fora confiada (vers. 30). Na sequência, Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e a descansarem um pouco (vers. 31). Os discípulos foram, com Jesus, para um lugar deserto (vers. 32); mas as multidões adivinharam para onde Jesus e os discípulos se dirigiam e chegaram primeiro (vers. 33). Ao desembarcar, Jesus viu as pessoas, teve compaixão delas ("porque eram como ovelhas sem pastor") e pôs-se a ensiná-las (vers. 34).
O episódio, em si, é banal... No entanto, Marcos vai aproveitá-lo para desenvolver a sua catequese sobre o discipulado. A catequese apresentada por Marcos desenvolve-se à volta dos seguintes pontos:
1. Os apóstolos são os enviados de Jesus, chamados a continuar no mundo a missão de Jesus. Essa missão consiste em anunciar o Reino. Para a concretizar, os apóstolos convidam os homens que escutam a mensagem a mudarem a sua vida e a acolherem a proposta que Jesus lhes faz. Os gestos dos discípulos ("expulsaram demónios, curaram doentes" - Mc 6,13) anunciam esse mundo novo de homens livres e esse projecto de vida verdadeira e plena que Deus quer oferecer a todos os homens.
2. A referência à necessidade de os "apóstolos" descansarem (pois nem sequer tinham tempo para comer) pretende ser um aviso contra o activismo exagerado, que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão.
3. Os "apóstolos" são convidados por Jesus a irem com Ele para um lugar isolado. Já dissemos, acima, que não se nomeia esse lugar: na realidade, o que interessa aqui não é o lugar geográfico, mas sim que esse "descanso" deve acontecer junto de Jesus. É ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças. Se os discípulos não confrontarem, frequentemente, os seus esquemas e projectos pastorais com Jesus e a sua Palavra, a missão redundará num fracasso.
4. Entretanto, as multidões tinham seguido Jesus e os discípulos a pé - quer dizer, deslocando-se à volta do Lago de Tiberíades, com o barco sempre à vista. Esta busca incansável e impaciente espelha, com algum dramatismo, a ânsia de vida que as pessoas sentem... Jesus, cheio de compaixão, compara a multidão a um rebanho sem pastor. Não é nos líderes religiosos ou políticos da nação que elas encontram segurança e esperança; não é nos ritos da religião tradicional que elas encontram paz e sentido para a vida... Mas é em Jesus e na sua proposta que as multidões encontram vida verdadeira e plena. Na sequência, Marcos vai narrar-nos a cena da multiplicação dos pães e dos peixes, que saciam a fome de cinco mil homens.
ACTUALIZAÇÃO
• A proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são - como Jesus o foi - as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, "como ovelhas sem pastor". As vítimas da economia global, os que são colocados à margem da sociedade e da vida, os estrangeiros que buscam noutro país condições dignas de vida e são empurrados de um lado para o outro, os doentes que não têm acesso a um sistema de saúde eficiente, os idosos abandonados pela família, as crianças que crescem nas ruas, aqueles que a vida magoou e que ainda não conseguiram sarar as suas feridas, encontram em cada um de nós, discípulos de Jesus, o amor, a bondade e a solicitude de Deus? Que fizemos com essa proposta de vida nova e de libertação que Jesus nos mandou testemunhar diante das "ovelhas sem pastor"?
• A missão dos discípulos não pode ser desligada de Jesus. Os discípulos devem, com frequência, reunir-se à volta de Jesus, dialogar com Ele, escutar os seus ensinamentos, confrontar permanentemente a pregação feita com a proposta de Jesus. Por vezes, os discípulos (verdadeiramente comovidos com a situação das "ovelhas sem pastor") mergulham num activismo descontrolado e acabam por perder as referências; deixam de ter tempo e disponibilidade para se encontrarem com Jesus, para confrontarem as suas opções e motivações com o projecto de Jesus... Por vezes, passam a "vender", como verdade libertadora, soluções que são parciais e que geram dependência e escravidão (e que não vêm de Jesus); outras vezes, tornam-se funcionários eficientes, que resolvem problemas sociais pontuais, mas sem oferecerem às "ovelhas sem pastor" uma libertação verdadeira e global; outras, ainda, cansam-se e abandonam a actividade e o testemunho... Jesus é que dá sentido à missão do discípulo e que permite ao discípulo, tantas vezes fatigado e desanimado, voltar a descobrir o sentido das coisas e renovar o se empenho.
• A comoção de Jesus diante das "ovelhas sem pastor" é sinal da sua preocupação e do seu amor. Revela a sua sensibilidade e manifesta a sua solidariedade para com todos os sofredores. A comoção de Jesus convida-nos a sermos sensíveis às dores e necessidades dos nossos irmãos. Todo o homem é nosso irmão e tem direito a esperar de nós um gesto de bondade e de acolhimento. Não podemos ficar no nosso canto, comodamente instalados, com a consciência em paz (porque até já fomos à missa e rezámos as orações que a Igreja manda), a ver o nosso irmão a sofrer. O nosso coração tem de doer, a nossa consciência tem de questionar-nos, quando vimos um homem ou uma mulher (nem que seja um desconhecido, nem que seja um estrangeiro) ser magoado, explorado, ofendido, marginalizado, privado dos seus direitos e da sua dignidade. Um cristão é alguém que tem de sentir como seus, os sofrimentos do irmão.
BILHETE DE EVANGELHO.
Deus tem piedade... Uma grande multidão pode abafar física e moralmente. Compreende-se que Jesus queira preservar os seus apóstolos: eles foram ao encontro das multidões para as ensinar e fazer milagres, então Ele propõe-lhes para se afastarem para um lugar deserto a fim de retomar o fôlego e não perderem o sentido daquilo que é essencial. Mas a multidão tem fome de palavras e de sinais, é ela que dirige o curso dos acontecimentos, parece querer recordar a Jesus e aos seus discípulos que eles não têm o direito de fugir. Como reagem os apóstolos? Não sabemos. O que sabemos é que Jesus se enche de piedade; este sentimento que O anima revela-nos algo do rosto do Pai. É o coração de Deus que bate no coração de Jesus cheio de piedade. Sim, Deus tem piedade da multidão na margem do lado Tiberíades, como outrora teve piedade do seu povo escravo no Egipto. E quando Deus tem piedade, Ele age.
À ESCUTA DA PALAVRA.
Instituição evangélica das férias! "Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco". É a instituição evangélica das férias! De facto, a multidão era tão numerosa que os Apóstolos nem tinham tempo para comer. Deviam estar esgotados, tanto mais que regressavam do primeiro envio em missão, que não terá sido propriamente um tempo de repouso. Conhecemos a vida de Jesus, a sua missão, as grandes fadigas, as noites em oração, sem dormir, após um dia extenuante... Numa das travessias de barco, aproveita mesmo para repousar um pouco e dormir... Assim, Ele sabe estar atento à fadiga dos seus companheiros. Convida-os a respeitar também as exigências da natureza corporal, a ter um pouco de repouso. E nós, hoje? Sabemos bem que as férias não são um luxo, se corresponderem àquilo para que existem: precisamente para respeitar a nossa natureza humana, que exige tempos de relaxe, de recuperação, não apenas física mas também intelectual e espiritual. As férias não são um tempo de ócio, mas de "re-criação", para retomar energias. Sabemos que há ainda muitos homens, mulheres e crianças que são explorados como vulgares máquinas para produzir. Isso não é respeitar a vontade criadora de Deus. O Evangelho de hoje, que cai bem em período de férias, recorda-nos isso de modo muito oportuno. Isso é também válido para os servidores do Evangelho! Os Apóstolos diminuem, as funções pastorais aumentam... a fadiga também. Cabe a cada um tirar as devidas consequências evangélicas!
PARA A SEMANA QUE SE SEGUE...
Com o Salmo 22... Como no Evangelho, temos de necessidade de nos afastar, de tomar alguma distância em relação à nossa vida trepidante, para repousarmos... Mas, de facto, sabemos repousar? Sem televisão, sem leitor de CD e DVD, sem Internet, sem vídeo, sem barulhos de todas as espécies, sem telemóvel? Ousamos encontrar-nos no silêncio, face a nós mesmos, face a Deus? Este momento que passarmos, só com Deus, pode ser, antes de mais, um tempo de silêncio para nos colocarmos na sua presença, seguindo-se um tempo de oração lenta e intensa do Salmo 22...

e/ou no vídeo AQUI.

Ensina-nos a compaixão, misericórdia e ternura que esquecemos
Vivemos hoje numa cultura em que o rendimento que tem de crescer e a produtividade que deve estar sempre a aumentar nos convenceram que são os compromissos que dão valor à vida. Jesus ensina-nos que a vida vale independentemente dos nossos compromissos. Talvez tenhamos esquecido que há uma vida profunda em nós que continuamos a mortificar, a deixar à fome e à sede. É a esta que Jesus se dirige, como uma mão-cheia de luz lançada ao coração de cada pessoa, iluminando-lhe o caminho. Para saber mais clicar AQUI.

«Compadeceu-Se de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor»
Salvar é um ato de bondade. «A misericórdia divina estende-se a todo o ser vivo: repreende, corrige, ensina e reconduz, como pastor, o seu rebanho. Ele Se compadece daqueles que recebem os seus ensinamentos e dos que se apressam a cumprir os seus preceitos» (Sir 18,13s). [...]
Os sãos não têm necessidade do médico enquanto estiverem bem; os doentes, pelo contrário, recorrem à sua arte. Nesta vida, todos nós estamos doentes, pelos nossos desejos censuráveis, as nossas intemperanças [...] e outras paixões; temos, pois, necessidade de um Salvador. [...] Nós, os doentes, temos necessidade do Salvador; extraviados, necessitamos de quem nos guie; cegos, de quem nos dê luz; sedentos, da fonte de água viva, porque «quem beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede» (Jo 4,14); mortos, precisamos da vida; rebanho, do pastor; crianças, de um educador; sim, toda a humanidade tem necessidade de Jesus. [...]
«Cuidarei da que está ferida e tratarei da que está doente. Vigiarei a que está gorda e forte e a todas apascentarei com justiça» (Ez 34,16): tal é a promessa do bom pastor, que nos apascenta como a um rebanho, a nós que somos pequeninos. Mestre, dá-nos com abundância o teu pasto, que é a justiça! Sê o nosso pastor e conduz-nos à tua montanha santa, à Igreja que se eleva, que domina as nuvens, que toca os céus: «Eis que Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e me interessarei por elas (cf Ez 34), porque [...] Eu não vim para ser servido mas para servir» (cf Mt 20,28). É por isso que Jesus aparece cansado no evangelho, Ele que Se afadiga por nós e que promete dar a sua vida para resgatar a multidão (cf Jo 4,5; Mt 20,28).
São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo, Pedagogo, I, 9; SC 70

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