"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 17 de agosto de 2014

PALAVRAdeDOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

A importância da homilia, na liturgia da palavra da eucaristia:
"A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Ler mais em:
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/nacional/publicacoes-raquel-dias-conta-no-livro-renascer-do-medo-a-confianca-porque-regressou-a-igreja-20-anos-depois/

Tema do 20º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre a universalidade da salvação. Deus ama cada um dos seus filhos e a todos convida para o banquete do Reino.
Na primeira leitura, Jahwéh garante ao seu Povo a chegada de uma nova era, na qual se vai revelar plenamente a salvação de Deus. No entanto, essa salvação não se destina apenas a Israel: destina-se a todos os homens e mulheres que aceitarem o convite para integrar a comunidade do Povo de Deus.
O Evangelho apresenta a realização da profecia do Trito-Isaías, apresentada na primeira leitura deste domingo. Jesus, depois de constatar como os fariseus e os doutores da Lei recusam a sua proposta do Reino, entra numa região pagã e demonstra como os pagãos são dignos de acolher o dom de Deus. Face à grandeza da fé da mulher cananeia, Jesus oferece-lhe essa salvação que Deus prometeu derramar sobre todos os homens e mulheres, sem excepção.
A segunda leitura sugere que a misericórdia de Deus se derrama sobre todos os seus filhos, mesmo sobre aqueles que, como Israel, rejeitam as suas propostas. Deus respeita sempre as opções dos homens; mas não desiste de propor, em todos os momentos e a todos os seus filhos, oportunidades novas de acolher essa salvação que Ele quer oferecer.
EVANGELHOMt 15,21-28
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia.
Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores,
começou a gritar:
«Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim.
Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio».
Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra.
Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe:
«Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós».
Jesus respondeu:
«Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel».
Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo:
«Socorre-me, Senhor».
Ele respondeu:
«Não é justo que se tome o pão dos filhos
para o lançar aos cachorrinhos».
Mas ela replicou:
«É verdade, Senhor;
mas também os cachorrinhos
comem das migalhas que caem da mesa de seus donos».
Então Jesus respondeu-lhe:
«Mulher, e grande a tua fé.
Faça-se como desejas».
E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.

AMBIENTE
Continuamos na secção da “instrução sobre o Reino” (cf. Mt 13,1-17,27). Depois de apresentar a pregação sobre o Reino em parábolas (cf. Mt 13,1-52), Mateus descreve a resposta dos interlocutores de Jesus à proposta que lhes foi transmitida (cf. Mt 14,1-17,27).
De uma forma geral, a comunidade judaica responde negativamente ao desafio apresentado por Jesus. Quer os nazarenos (cf. Mt 13,53-58), quer Herodes (cf. Mt 14,1-12), quer os escribas, quer os fariseus, quer os saduceus (cf. Mt 15,1-9; 16,1-4.5-12) recusam embarcar na aventura do Reino. Começa a tornar-se, cada vez mais claro, que a comunidade judaica não está disposta a acolher a proposta de Jesus.
O episódio que nos é proposto é, precisamente, antecedido de um confronto entre Jesus, por um lado, os fariseus e doutores da Lei, por outro, por causa das tradições judaicas (cf. Mt 15,1-9). Em ruptura com os fariseus e os doutores da Lei, Jesus “retirou-Se dali e foi para os lados de Tiro e de Sídon”. A recusa de Israel em acolher a proposta do Reino vai fazer com que a pregação de Jesus se dirija para fora das fronteiras de Israel. A comunidade dos discípulos – esse grupo que escutou atentamente a proposta do Reino e a acolheu – acompanha Jesus.
O episódio narrado no Evangelho deste domingo situa-nos na “região de Tiro e Sídon”. Diante de Jesus apresenta-se uma mulher “cananeia”. O apelativo “cananeia” designa, no Antigo Testamento, uma mulher pagã (neste caso, trata-se de uma mulher fenícia, provavelmente residente na região de Tiro e Sídon).
A Fenícia não era, aos olhos dos judeus, uma região “recomendável”. De lá tinham vindo, frequentemente, exércitos inimigos; de lá tinham vindo, muitas vezes, influências religiosas nefastas, que afastavam os israelitas da fé em Jahwéh e os levavam a correr atrás dos deuses cananeus. A famosa Jezabel, mulher do rei Acab, que potenciou o culto a Baal e Asserá (meados do séc. IX a.C., na época do profeta Elias) e que tão má memória deixou entre os fiéis a Jahwéh era filha de um rei de Sídon. Não admira, portanto, que os fariseus e doutores da Lei, defensores intransigentes da Lei e da pureza da fé, considerassem os habitantes dessa zona como “cães” (designação que, para os judeus, tinha um sentido altamente pejorativo).
O apelo da mulher fenícia vai no sentido de que ela possa, também, ter acesso a essa salvação que Jesus veio propor. Jesus passará por cima dos preconceitos religiosos dos judeus e oferecerá a salvação a esta pagã? Uma mulher fenícia (estrangeira, inimiga, oriunda de uma região com má fama e, ainda por cima, “mulher”) merecerá a graça da salvação?

MENSAGEM
Consideremos, em primeiro lugar, a figura da mulher fenícia… As suas três intervenções mostram, por um lado, a sua ânsia de salvação; e, por outro, a fé firme e convicta que a anima (as designações “filho de David” – que equivale a “Messias” – e “Senhor” – “Kyrios” – com que ela se dirige a Jesus, lidas em contexto cristão, equivalem a uma confissão de fé). É uma figura que nos impressiona pela fé, pela humildade e também pelo sofrimento que transparece no seu apelo.
Surpreende-nos depois, numa primeira leitura, a forma dura como Jesus trata esta mulher que pede ajuda. Ele começa por passar em silêncio, aparentemente insensível aos apelos da mulher (vers. 23). Depois, perante a insistência dos discípulos, responde: “não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (vers. 24). Finalmente, diante do dramático último apelo da mulher (“socorre-me, Senhor”), responde: “não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cães” (vers. 26).
Como entender esta atitude rude e insensível do mestre galileu, sempre preocupado em traduzir em gestos concretos o amor e a misericórdia de Deus pelos homens? A reacção de Jesus será fruto da convicção de que, de acordo com o plano de Deus, a salvação devia derramar-se, em primeiro lugar, pelos judeus, antes de alcançar os gentios?
A atitude de Jesus faz sentido, se a virmos como uma estratégia pedagógica, destinada a mostrar o sem sentido dos preconceitos judaicos contra os pagãos. Jesus conduziu o jogo de forma a demonstrar como eram ridículas as atitudes de discriminação dos pagãos, propostas pela catequese oficial judaica. Endurecendo progressivamente a sua atitude face ao apelo que lhe foi feito pela “cananeia”, Jesus dá à mulher a possibilidade de demonstrar a firmeza e a convicção da sua fé e prova aos judeus que os pagãos são bem dignos – talvez mais dignos do que esses “santos” membros do Povo de Deus – de se sentar à mesa do Reino. Esta mulher, na sua humildade, nem sequer reivindica equiparar-se a esse Povo eleito, convidado por Deus para o banquete do Reino… Ela está disposta a ficar apenas com “as migalhas” que caem da mesa (vers. 27); mas pede insistentemente que lhe permitam ter acesso a essa salvação que Jesus traz. Ao contrário, os fariseus e doutores da Lei, fechados na sua auto-suficiência e nos seus preconceitos, rejeitam continuamente essa salvação que Jesus não cessa de lhes oferecer.
No final de toda esta caminhada de afirmação da “bondade” e do “merecimento” desses pagãos que a teologia oficial de Israel desprezava, Jesus conclui: “Mulher, grande é a tua fé. Faça-se como desejas”. A afirmação de Jesus significa: “na verdade tu estás disposta a acolher-Me como o enviado do Pai e a aceitar o pão do Reino, o pão com que Deus mata a fome de vida de todos os seus filhos. Recebe essa salvação que se destina a todos aqueles que têm o coração aberto aos dons de Deus”.
É possível que Mateus esteja, nesta catequese, a responder a uma situação concreta da sua comunidade… Nos finais do século primeiro (o Evangelho segundo Mateus aparece durante a década de oitenta), alguns judeo-cristãos ainda tinham dificuldade em aceitar a entrada dos pagãos na Igreja de Jesus. Mateus recorda-lhes, então, que para Jesus o que é decisivo não é a raça, a história, a eleição, mas a adesão firme e convicta à proposta de salvação que, em Jesus, Deus faz aos homens.
O texto mostra que a proposta de Jesus é para todos. A comunidade de Jesus é, verdadeiramente, uma comunidade universal. Aquilo que é decisivo, no acesso à salvação, é a fé – isto é, a capacidade de aderir a Jesus e à sua proposta de vida.

ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode partir dos seguintes elementos:
• A primeira questão que o nosso texto põe prende-se com a definição daquilo que é essencial na experiência cristã. Quem é que é cristão? Quem é que pode fazer parte da comunidade de Jesus? A resposta está implícita na história da mulher cananeia: torna-se membro da comunidade de Jesus quem aceita a sua oferta de salvação, quem acolhe o Reino, adere a Jesus e ao Evangelho. O que é determinante, para integrar a comunidade do Reino, não é a raça, a cor da pele, o local de nascimento, a tradição familiar, a formação académica, a capacidade intelectual, a visibilidade social, o cumprimento de ritos, a recepção de sacramentos, a amizade com o pároco, os serviços prestados à “fábrica da igreja”, mas a fé (entendida como adesão a Jesus e à sua proposta de salvação). Para mim, o que é que é ser cristão? O que está no centro da minha experiência cristã é a pessoa de Jesus e a sua proposta de salvação? Em que é que se fundamenta a minha fé?
• O exemplo da mulher cananeia leva-nos a pensar, por contraste, nesses “fariseus e doutores da Lei” que rejeitam a oferta de salvação que Deus lhes faz, em Jesus. Estão cheios de certezas, de convicções firmes, de preconceitos; mas não têm o coração aberto aos desafios que Deus lhes faz… Conhecem bem a Palavra de Deus, têm ideias definidas acerca do que Deus quer ou não quer, são orgulhosos e auto-suficientes porque se consideram um povo santo, eleito de Deus, mas não têm esse coração humilde e simples para acolher a novidade de Deus… Atenção: o verdadeiro crente é aquele que se apresenta diante de Deus numa atitude de humildade e simplicidade, acolhendo com um coração agradecido os dons de Deus e a graça da salvação. O verdadeiro crente não se barrica em certezas imutáveis ou em chavões doutrinais, mas procura descobrir, cada dia, com humildade e simplicidade, a verdade eterna de Deus e as suas propostas para o mundo e para os homens.
• Teoricamente, ninguém põe em causa que a Igreja nascida de Jesus seja uma comunidade aberta a todos os homens e mulheres, de todas as raças, culturas, classes sociais, quadrantes políticos… Na prática, será que todos encontram na Igreja um espaço de comunhão, de amor, de fraternidade? Os homens e as mulheres, os casados e os divorciados, os pobres e os ricos, os instruídos e os analfabetos, os conhecidos e os desconhecidos, os bons e os maus, os novos e os velhos, todos são acolhidos na comunidade cristã sem discriminação e todos são convidados a pôr a render, para benefício dos irmãos, os talentos que Deus lhes deu? Independentemente do que os documentos da Igreja dizem, do que o Papa ou os bispos dizem, o que é que eu faço para que a minha comunidade cristã seja um espaço de fraternidade, onde todos se sentem acolhidos e amados?• Como a primeira leitura, também o Evangelho sugere uma reflexão sobre a forma como acolhemos o estrangeiro, o irmão diferente, o “outro” que, por razões políticas, económicas, sociais, laborais, culturais, turísticas, vem ao nosso encontro. Se Deus não discrimina ninguém, mas aceita acolher à sua mesa todos os homens e mulheres, sem distinção, porque não havemos de proceder da mesma forma? Particular cuidado e atenção devem merecer-nos os imigrantes que não falam a nossa língua, que não têm casa, que não têm trabalho, que sentem a ausência da família e dos amigos, que são perseguidos pelas redes que exploram o trabalho escravo… O convite que Deus nos faz é que vejamos em cada pessoa um irmão, independentemente das diferenças de cor da pele, de nacionalidade, de língua ou de valores.


FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=423
 

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