"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 14 de julho de 2019

PALAVRA de DOMINGO: Contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la: EUCARISTIA, LITURGIA & VIDA!

Considerando:
1. "Três qualidades essenciais de uma homilia: Positiva, concreta, proféticaAQUI
2. "A Palavra de Deus no quotidiano da vida eclesialAQUI
3. "A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Para saber mais, clicar AQUI
4. "Os leitores mais atentos poderão confirmar se o Papa Francisco é coerente quando exige qualidade nas homilias como fez na exortação apostólica "A alegria do Evangelho" e a sua prática nas missas que celebra em Santa Marta. Basta ler o livro que reproduz muitas daquelas saborosas homilias feriais" - Pe. Rui Osório in JN de 11/1/2015 - "A verdade é um encontroAQUI
5Pregação «não é um sermão sobre um tema abstrato»: Vaticano apresenta diretório sobre homilias. Para saber mais clicar, AQUI
6Diretório homilético: Para falar de fé e beleza mesmo quando não se é «grande orador». Ver AQUI
7Papa mais,  pede aos padres para falarem ao «coração» e não fazerem «homilias demasiado intelectuais». Par saber mais, clicar AQUI.
8Porquê ir à missa ao domingo? Ler AQUI.
9. O que é que se faz para que a Eucaristia dominical seja algo de vital, de verdadeiramente comunitário, capaz de permitir o reconhecimento recíproco e uma autêntica fraternidade para quantos nela participam? Ler&saber AQUI.
108 conselhos dos santos para amar a Eucaristia AQUI.  

Então:
Tema do 15º Domingo do Tempo Comum - Ano C
A liturgia deste domingo procura definir o caminho para encontrar a vida eterna. É no amor a Deus e aos outros – dizem os textos que nos são propostos – que encontramos a vida em plenitude.
O Evangelho sugere que essa vida plena não está no cumprimento de determinados ritos, mas no amor (a Deus e aos irmãos). Como exemplo, apresenta-se a figura de um samaritano – um herege, um infiel, segundo os padrões judaicos, mas que é capaz de deixar tudo para estender a mão a um irmão caído na berma da estrada. “Vai e faz o mesmo” – diz Jesus a cada um dos que o querem seguir no caminho da vida plena.
A primeira leitura reflecte, sobretudo, sobre a questão do amor a Deus. Convida os crentes a fazer de Deus o centro da sua vida e a amá-lo de todo o coração. Como? Escutando a sua voz no íntimo do coração e percorrendo o caminho dos seus mandamentos.
Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos um hino que propõe Cristo como a referência fundamental, como o centro à volta do qual se constrói a história e a vida de cada crente. O texto foge, um tanto, à temática geral das outras duas leituras; no entanto, a catequese sobre a centralidade de Cristo leva-nos a pensar na importância do que Ele nos diz no Evangelho de hoje. Se Cristo é o centro a partir do qual tudo se constrói, convém escutá-l’O atentamente e fazer do amor a Deus e aos outros uma exigência fundamental da nossa caminhada.

EVANGELHOLc 10,25-37
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
levantou-se um doutor da lei
e perguntou a Jesus para O experimentar:
«Mestre,
que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?»
Jesus disse-lhe:
«Que está escrito na lei? Como lês tu?»
Ele respondeu:
«Amarás o Senhor teu Deus
com todo o teu coração e com toda a tua alma,
com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento;
e ao próximo como a ti mesmo».
Disse-lhe Jesus:
«Respondeste bem. Faz isso e viverás».
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus:
«E quem é o meu próximo?»
Jesus, tomando a palavra, disse:
«Um homem descia de Jerusalém para Jericó
e caiu nas mãos dos salteadores.
Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no
e foram-se embora, deixando-o meio morto.
Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote;
viu-o e passou adiante.
Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar,
viu-o e passou adiante.
Mas um samaritano, que ia de viagem,
passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão.
Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho,
colocou-o sobre a sua própria montada,
levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
No dia seguinte, tirou duas moedas,
deu-as ao estalajadeiro e disse:
‘Trata bem dele; e o que gastares a mais
eu to pagarei quando voltar’.
Qual destes três te parece ter sido o próximo
daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»
O doutor da lei respondeu:
«O que teve compaixão dele».
Disse-lhe Jesus:
«Então vai e faz o mesmo».

AMBIENTE
Continuamos “a caminho de Jerusalém” – quer dizer, continuamos a percorrer esse percurso espiritual, durante o qual Jesus prepara os discípulos para serem as testemunhas do Reino, após a sua partida deste mundo. É neste contexto “pedagógico” que vai aparecer a “parábola do bom samaritano”.
Para percebermos cabalmente o que está aqui em jogo, convém também ter presente o quadro da relação entre judeus e samaritanos. Trata-se de dois grupos que as vicissitudes históricas tinham separado e cujas relações eram, no tempo de Jesus, bastante conflituosas.
Historicamente, a divisão começou quando, em 721 a.C., a Samaria foi tomada pelos assírios e foi deportada cerca de 4% da sua população; na Samaria instalaram-se colonos assírios que se misturaram com a população local; para os judeus, os habitantes da Samaria começaram, então, a paganizar-se (cf. 2 Re 17,29). A relação entre as duas comunidades deteriorou-se ainda mais quando, após o regresso do exílio, os judeus recusaram a ajuda dos samaritanos (cf. Esd 4,1-5) para a reconstrução do templo de Jerusalém (ano 437) e denunciaram os casamentos mistos; tiveram, então, que enfrentar a oposição dos samaritanos na reconstrução da cidade (cf. Ne 3,33-4,17). No ano de 333 a.C., novo elemento de separação: os samaritanos construíram um templo no monte Garizim; no entanto, esse templo foi destruído em 128 a.C. por João Hircano. Mais tarde, as picardias continuaram: a mais famosa aconteceu já na época de Cristo (alguns anos depois do nascimento de Cristo), quando os samaritanos profanaram com ossos o templo de Jerusalém.
Os judeus desprezavam os samaritanos, por serem uma mistura de sangue israelita com estrangeiros e consideravam-nos hereges em relação à pureza da fé jahwista; e os samaritanos pagavam aos judeus com um desprezo semelhante.

MENSAGEM
O que está em jogo no texto que nos é proposto é uma pergunta de um mestre da Lei: “o que fazer, a fim de conseguir a vida eterna?” (Marcos apresenta a mesma cena – cf. Mc 12,28-34 – mas, aí, a pergunta é acerca do “maior mandamento da Lei”. Lucas, talvez adaptando-se aos leitores cristãos de cultura grega, põe a questão em termos de “vida eterna”).
A resposta é previsível e evidente, de tal forma que o próprio mestre da Lei a conhece: amar a Deus, fazer de Deus o centro da vida e amar o próximo como a si mesmo. Neste “resumo” dos mandamentos, cita-se Dt 6,5 (no que diz respeito ao amor a Deus) e Lv 19,18 (no que diz respeito ao amor ao próximo). Jesus concorda: até aqui, a proposta de Jesus não acrescenta nada de novo àquilo que a própria Lei sugere.
A dúvida do mestre da Lei vai, no entanto, mais fundo: “e quem é o meu próximo?” É uma questão pertinente, neste contexto. Na época de Jesus, os mestres de Israel discutiam, precisamente, quem era o “próximo”. Naturalmente, havia opiniões mais abrangentes e opiniões mais particularistas e exclusivistas; mas havia consenso entre todos no sentido de excluir da categoria “próximo” os inimigos: de acordo com a Lei, o “próximo” era apenas o membro do Povo de Deus (cf. Ex 20,16-17; 21,14.18.35; Lv 19,11.13.15-18). Jesus, no entanto, tinha uma perspectiva diferente da perspectiva dos “fazedores de opinião” de Israel. É precisamente para explicar a sua perspectiva que Jesus conta a “parábola do bom samaritano”.
A parábola situa-nos nessa estrada de cerca de 30 quilómetros entre a cidade santa de Jerusalém e o oásis de Jericó. Na época de Jesus, é uma estrada perigosa, sempre infestada de bandos armados. Ora “um homem” não identificado (não se diz quem é, de que raça é, qual a sua religião, mas apenas que é “um homem”, embora, pelo contexto, possa depreender-se que é um judeu) foi assaltado pelos bandidos e deixado caído na berma da estrada. Trata-se, portanto (e isso é que é preponderante), de “um homem” ferido, abandonado, necessitado de ajuda.
Pela estrada passaram sucessivamente um sacerdote (que conhecia a Lei e que exercia funções litúrgicas no templo) e um levita (ligado à instituição religiosa judaica e que exercia, também, funções litúrgicas no templo). Ambos passaram adiante: ou o medo de enfrentar a mesma sorte, ou as preocupações com a pureza legal (que impedia contactar com um cadáver), ou a pressa, ou a indiferença diante do sofrimento alheio, impede-os de parar. Apesar dos seus conhecimentos religiosos, não têm qualquer sentimento de misericórdia por aquele homem. Eles sabem tudo sobre Deus, lidam diariamente com Deus mas, afinal, não sabem nada de Deus, pois não sabem nada de amor. A sua religião é uma religião oca, de ritos estéreis, de gestos vazios e sem sentido, de cerimónias faustosas e solenes, mas não tem nada a ver com o amor, com o coração.
Pela estrada passou, finalmente, um samaritano. Trata-se de um desses que a religião tradicional de Israel considerava um inimigo, um infiel, longe da salvação e do amor de Deus… No entanto, foi ele que parou, sem medo de correr riscos ou de adiar os seus esquemas e interesses pessoais, que cuidou do ferido e que o salvou. Apesar de ser um herege, um excomungado, mostra ser alguém atento ao irmão necessitado, com o coração cheio de amor e, portanto, cheio de Deus.
Jesus conclui a parábola dizendo ao mestre da Lei que o interrogara: “então vai e faz o mesmo”. A verdadeira religião que conduz à vida plena passa pelo amor a Deus, traduzido em gestos concretos de amor pelo irmão – por todo o irmão, sem excepção.
Recordemos que a pergunta inicial era: “o que fazer para alcançar a vida eterna”… A conclusão é óbvia: para alcançar a vida eterna é preciso amar a Deus e amar o próximo. O “próximo” é qualquer um que necessita de nós, seja amigo ou inimigo, conhecido ou desconhecido, da mesma raça ou doutra raça qualquer; o “próximo” é qualquer irmão caído nos caminhos da vida que necessita, para se levantar, da nossa ajuda e do nosso amor. Neste gesto do samaritano, a Igreja de todos os tempos (a comunidade dos que caminham ao encontro da vida plena, da salvação) reconhece um aspecto fundamental da sua missão: a de levantar todos os homens e mulheres caídos nos caminhos da vida
.

ACTUALIZAÇÃO
Para a reflexão e actualização da Palavra, considerar o seguinte:
• A pergunta do mestre da Lei não é uma pergunta académica; é a pergunta que os homens do nosso tempo fazem todos os dias: “o que fazer para chegar à vida plena, à felicidade? Como dar, verdadeiramente, sentido à vida?” A resposta eterna é: “faz de Deus o centro da tua vida, ama-O e ama também os outros irmãos”. Trata-se, portanto, de fazer com que o amor percorra as duas coordenadas fundamentais da nossa existência – a vertical (relação com Deus) e a horizontal (relação com os outros homens). É por aqui que passa a nossa realização plena.
O que é isso do amor ao próximo? Até onde se deve ir? É preciso exagerar? Não se trata de exagerar. Trata-se de ver em cada pessoa – sem excepção – um irmão e de lhe dar a mão sempre que ele necessitar. Qualquer pessoa ferida com quem nos cruzamos nos caminhos da vida tem direito ao nosso amor, à nossa misericórdia, ao nosso cuidado – seja ela branca ou negra, portuguesa ou ucraniana, cristã ou muçulmana, portista, sportinguista ou benfiquista, fascista ou comunista, pobre ou rica… A verdadeira religião que conduz à salvação passa por este amor sem limites.
Pode acontecer que o lidar todos os dias com o divino tenha endurecido o nosso coração em relação às realidades do mundo… Pode acontecer que uma vida instalada nos torne insensíveis aos gritos de sofrimento dos pobres… Pode acontecer que o nosso egoísmo fale mais alto e que evitemos meter-nos em complicações por causa das injustiças que os nossos irmãos sofrem… Mas, nesse caso, convém perguntar: deixando que a minha vida se guie por critérios de egoísmo e de comodismo, estou a caminhar em direcção à minha realização plena, à vida eterna?
As nossas comunidades são clubes fechados, “reservados a sócios”, onde é “proibida a entrada aos estranhos”, ou comunidades onde são amados e têm lugar todos aqueles que a vida atira para a berma da estrada?
FONTE: https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=2366 


e/ou em vídeo AQUI.

Tocar as coisas de Deus no templo, e não tocar as criaturas de Deus na estrada
Um homem descia de Jerusalém para Jericó. Uma das histórias mais belas do mundo. Um homem descia, e nem um adjetivo: judeu ou samaritano, justo ou injusto, rico ou pobre, pode ser até um desonesto, um bandido: é o homem, cada homem! Não sabemos o seu nome, mas sabemos da sua dor: ferido, golpeado, terror e sangue, rosto por terra, não se consegue recuperar por si só. É o homem, é um oceano de homens, de pobres derrubados, humilhados, bombardeados, naufragados, bolsas de humanidade ensanguentada em cada continente. O mundo inteiro desce de Jerusalém para Jericó, sempre.  Para saber mais clicar AQUI
Cristo vem em auxílio da humanidade ferida  
«"Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Jesus disse-lhe: "Amarás ao Senhor, teu Deus [...] e amarás ao teu próximo como a ti mesmo"» (Mt 22,36-39). O amor a Deus poupa-nos à morte e o amor aos homens poupa-nos ao pecado, pois ninguém peca contra aquele a quem ama. Mas que coração poderá possuir em plenitude o amor ao seu próximo? Que alma poderá fazer frutificar em si mesma, para com toda a gente, o amor nela semeado por este preceito: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo»? Os nossos meios são incapazes, por si sós, de ser instrumentos da vontade rápida e rica de Deus: para tal, é necessário o fruto da caridade semeado pelo próprio Deus.  

Santo Efrém (c. 306-373)

diácono da Síria, doutor da Igreja
Comentário do Diatessaron, cap. 16, 9/23

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