"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nem todo o silêncio é de oiro

Porquê? Vejamos:
"Um dia bateram-me à porta e anunciaram-me que o governo tinha decidido cortar-me meio subsidio de Natal. Apesar de inconstitucional, compreendi o sacrifício que o Governo me pedia.
   Noutro dia bateram à porta do meu pai e anunciaram-lhe que iam cortar meia pensão do Natal. Apesar de considerar que era um roubo, ainda admiti, porque o pais estava em estado de emergência.
    Depois bateram-me à porta e anunciaram que me iam tirar dois meses de salário e dois meses de pensão ao meu pai. Depois da estupefação, resignação.
    A 7 de Setembro, bateram-me à porta para me anunciar que tiravam 7% do salário para dar 5,75% ao patrão e ficavam com os trocos, em principio para os cofres da Segurança Social.
    Desta vez fiquei indignado. Achei que estava a ser roubado e que estavam a transformar os patrões em recetadores do dinheiro roubado. Em reação, corri para a rua para protestar.
   Bateram-me mais uma vez à porta e informaram-me de que o ministro das finanças ia reescalonar as taxas de IRS, de modo a torna-lo mais progressivo. Imaginando que iam poupar os rendimentos mais baixos e taxar fortemente os mais altos, pensei que o Governo, finalmente, voltava ao trilho da lei.
   Mas para surpresa minha, voltaram a bater-me à porta para me ameaçarem com aumentos brutais no IMI. A minha indignação transformou-se em ira e juntei-me ao movimento nacional de resistentes ao pagamento do IMI.
    Ainda mal refeito do choque do IMI, bateram-me novamente à porta para me mostrarem nos jornais, em grandes parangonas e cinco colunas, os novo escalões de IRS. Afinal aumentaram as taxas dos rendimentos mais baixos, menos os dos mais altos e não criaram nenhum escalão para os mais ricos. E a progressividade do rei dos impostos diminuiu. A minha raiva subiu de tom e resolvi não mais voltar a votar estou preparado para qualquer ação revolucionária que apareça.
Ao fim e ao cabo eu o meu pai e a minha família já não temos nada a perder(J. Nunes de Almeida, Ericeira)
Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E na oportunidade
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada já não podemos dizer nada. 
Maiakovski (poeta russo 1893-1930)


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

Em 1933 Martin Niemöller criou o seguinte poema:
Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar?

Martin Niemöller,(1892-1984?), símbolo da resistência aos nazis.

Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima.
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança,
que não era meu filho…
Cláudio Humberto,  em 09 Fevereiro de 2007

Também Martin Luther King (1929-1968): O que mais me preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem carácter, dos sem ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons!.





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