"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 30 de dezembro de 2012

PALAVRA de DOMINGO: há que contextualizá-la para bem e entender e melhor vivê-la!

EVANGELHO Lc 2,41-52
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém,
pela festa da Páscoa.
Quando Ele fez doze anos,
subiram até lá, como era costume nessa festa.
Quando eles regressavam, passados os dias festivos,
o Menino Jesus ficou em Jerusalém,
sem que seus pais o soubessem.
Julgando que Ele vinha na caravana,
fizeram um dia de viagem
e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos.
Não O encontrando,
voltaram a Jerusalém, à sua procura.
Passados três dias,
encontraram-n’O no templo,
sentado no meio dos doutores,
a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas.
Todos aqueles que O ouviam
estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas.
Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados;
e sua Mãe disse-Lhe:
«Filho, porque procedeste assim connosco?
Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura».
Jesus respondeu-lhes:
«Porque Me procuráveis?
Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?»
Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse.
Jesus desceu então com eles para Nazaré
e era-lhes submisso.
Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração.
E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça,
diante de Deus e dos homens.
AMBIENTE
O Evangelho que nos é proposto é o final do “Evangelho da infância” de Lucas. Ora, já sabemos que a finalidade do “Evangelho da infância” não é fazer uma reportagem sobre os primeiros anos da vida de Jesus, mas sim fazer catequese sobre Jesus; nessa catequese, diz-se quem é Jesus e apresentam-se algumas coordenadas teológicas que vão, depois, ser desenvolvidas no resto do Evangelho.
A “catequese” de hoje situa-nos em Jerusalém. A Lei judaica pedia que os homens de Israel fossem três vezes por ano a Jerusalém, por alturas das três grandes festas de peregrinação (Páscoa, Pentecostes e Festa das Cabanas – cf. Ex 23,17-17). Ainda que os rabinos não considerassem obrigatória esta lei até aos treze, muitos pais levavam os filhos antes dessa idade. Jesus tem doze anos e, de acordo com o texto de Lucas, foi com Maria e José a Jerusalém celebrar a Páscoa.
É neste ambiente de Jerusalém e do Templo que Lucas situa as primeiras palavras pronunciadas por Jesus no Evangelho. Elas são, sem dúvida, o centro do nosso relato.
MENSAGEM
A chave deste episódio está, portanto, nas palavras pronunciadas por Jesus quando, finalmente, se encontra com Maria e José: “porque me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?”
O significado (a catequese) da resposta à pergunta de Maria é que Deus é o verdadeiro Pai de Jesus. Daqui deduz-se que as exigências de Deus são, para Jesus, a prioridade fundamental, que ultrapassa qualquer outra exigência. A sua missão – a missão que o Pai Lhe confia – vai obrigá-l’O a romper os laços com a própria família (cf. Mc 3,31-35).
É possível que haja ainda, aqui, uma referência à paixão/morte/ressurreição de Jesus: tanto o episódio de hoje, como os factos relativos à morte/ressurreição, são situados num contexto pascal; em ambas as situações Jesus é abandonado – aqui por Maria e José e, mais tarde, pelos discípulos – por pessoas que não compreendem que a sua prioridade é o projecto do Pai; em ambas as situações, Jesus é procurado (cf. Lc 24,5) e tem de explicar que a finalidade da sua vida é cumprir aquilo que o Pai tinha definido (cf. Lc 24,7.25-27.45-46). Lucas apresenta aqui a chave para entender toda a vida de Jesus: Ele veio ao mundo por mandato de Deus Pai e com um projecto de salvação/libertação. Àqueles que se perguntam porque deve o Messias percorrer determinado caminho, Lucas responde: porque é a vontade do Pai. Foi para cumprir a vontade do Pai que Jesus veio ao nosso encontro e entrou na nossa história.
Atente-se, ainda, em duas questões um tanto marginais, mas que podem servir também para a nossa reflexão e edificação: em primeiro lugar, reparemos no entusiasmo que Jesus tem pela Palavra de Deus e pelas questões que ela levanta; em segundo lugar, a “declaração de independência” de Jesus pode ajudar-nos a compreender que a família não é o lugar fechado, onde cada pessoa cresce em horizontes limitados e fechados, mas é o lugar onde nos abrimos ao mundo e aos outros, onde nos armamos para partir à conquista do mundo que nos rodeia.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão do Evangelho de hoje deve ter em conta as seguintes questões:
¨ Para Jesus, a prioridade fundamental a que tudo se subjuga (até a família) é o projecto de Deus, o plano que Deus tem para cada pessoa. Se os planos dos pais e os planos de Deus entram em choque, quais devem prevalecer?
¨ Anima-nos o mesmo entusiasmo de Jesus pela Palavra de Deus? Somos capazes de esquecer outros interesses legítimos para nos dedicarmos à escuta, à reflexão e à discussão da Palavra? Vemos nela um meio privilegiado de conhecer o projecto que Deus tem para nós?
¨ Maria e José não fizeram cenas diante da resposta “irreverente” de Jesus. Aceitaram que o jovem Jesus não lhes pertencia exclusivamente: Ele tinha a sua identidade e a sua missão próprias. É assim que nos situamos face àqueles com quem partilhamos a experiência familiar?
¨ A nossa família potencia o nosso crescimento, abrindo-nos horizontes e levando-nos ao encontro do mundo, ou fecha-nos num espaço cómodo mas limitado, onde nos mantemos eternamente dependentes?
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário