Falar da vida espiritual é sempre sondar as zonas mais profundas (e por isso também mais reais, mais imperfeitas, mais inacabadas) da nossa alma. A espiritualidade não é uma busca epidérmica e apressada de satisfação. Na maior parte do percurso a pergunta que vale não é “o que me sacia?”, mas “de que ando eu à procura?” e “qual é a minha sede?”. Gosto da maneira como os autores clássicos da vida espiritual falam dela como de uma luta. Na cultura do pronto-a-servir, que em grande medida é a nossa, proliferam os sucedâneos da espiritualidade ministrados como aliciante indução de conforto. Nada mais distante da espiritualidade cristã, que é um livro do desassossego, um mapa de interrogações que não se falsificam nunca, um desafio a viver a autenticidade como caminho. A espiritualidade cristã não é um tráfico de certezas, mas um caminho trilhado na confiança. O próprio Jesus lembra que não veio trazer a paz das aparências, mas a espada que penetra as camadas mais íntimas (Mt 10,34).
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