Em última análise, o obstáculo que se levanta a este diálogo-encontro [entre crentes e não crentes] talvez seja apenas um só, o da superficialidade que atenua e desbota a fé numa vaga espiritualidade e reduz o ateísmo a uma negação banal ou sarcástica. Para muitos, nos dias de hoje, o Pai-nosso transforma-se na caricatura que dele fez Jacques Prévert: «Pai nosso que estais no céu, ficai por lá!» Ou ainda na retomada irónica que o poeta francês excogitou do Génesis: «Deus, ao surpreender Adão e Eva,/ disse: Continuai, peço-vos,/ não vos perturbeis comigo,/ procedei como se eu não existisse!» Fazer como se Deus não existisse, etsi Deus non daretur, é, em parte, o mote de sociedade da nossa época: enclausurado como está no céu dourado da sua transcendência, Deus (ou a sua ideia) não deve apoquentar as nossas consciências, não deve interferir nos nossos afazeres, não deve arruinar prazeres e êxitos.
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Arcebispo de Braga convida artistas, cientistas, teólogos e filósofos para o Átrio dos GentiosO arcebispo bracarense convidou «crentes ou não crentes, artistas ou cientistas, teólogos ou filósofos, procuradores dum sentido e significado durante a longa ou curta existência» a participarem no Átrio dos Gentios que decorre a 16 e 17 de novembro em Guimarães e Braga. «Há sempre uma pluralidade interpretativa da vida e uma grande profundidade de saber acumulado em experiências vividas, mas de parâmetros que parecem contraditórios e que necessitam do diálogo para nos enriquecermos com as diferenças», escreve D. Jorge Ortiga. «Num átrio há lugar para todos» e manifesta a esperança de que os participantes consigam que «os decisores e os fazedores de opinião verifiquem que só a unidade, que nunca supõe a uniformidade, permite compreender os dinamismos duma sociedade melhor», acrescenta
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