"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























quarta-feira, 21 de novembro de 2012

POLÍTICA, ECONOMIA & FINANÇAS: "Rendição" & "Conselhos de Stiglitz"

Sábado, 20 Outubro 2012 10:25
«Se aceitarmos a tese da RENDIÇÃO e do conformismo com a desgraça,
que defende o professor Vítor Bento, também nós estaremos entregues à
nossa sorte e à insanidade mística de quem nos governa. E se
aceitarmos que pelo facto de sermos um pequeno país num clube dominado
por grandes países, não nos resta nada senão ficar calados e obedecer,
então o que está em causa já não é saber como sairemos desta crise,
mas o que fazemos na União Europeia».
Na SIC-Notícias, vejo o economista Vítor Bento criticar os que dizem
que o Governo deveria mudar a sua postura de servidor obediente
perante a União Europeia e confrontá-la com o desastre para que
caminhamos sob orientação sua (como eu próprio aqui escrevi, há duas
semanas). Segundo ele, estas pessoas imaginariam que isso seria tão
fácil como chegar a Bruxelas e dizer que queremos mais tempo ou menos
juros, menos austeridade e mais apoio à economia. Não — explicou ele —
isso não é assim tão fácil: somos um pequeno país de dez milhões de
pessoas que, em termos económicos, nada conta na Europa. Eu peço
desculpa desde já ao professor Vítor Bento, cujo prestígio académico e
profissional não me atreveria minimamente a pôr em dúvida. E peço
desculpa porque também não sei se, a seguir, e para usar a linguagem
cara aos economistas do Governo, ele não tratou de "modelar",
"mitigar", "formatar", "reescalonar" a barbaridade do que disse. Não
sei se o fez, porque não aguentei ouvir mais: o que ele disse é de uma
gravidade extrema, vinda de quem é escutado com atenção.

Facto 1: Portugal jamais poderá levantar a cabeça, "regressar aos
mercados", como eles tanto apregoam, ou sequer regressar à economia,
pagando juros de 4% ou 4,5% pela ajuda, acrescentando dívida à dívida
e gastando no seu pagamento quase 5% do PIB -7200 milhões de euros no
ano que vem.
Facto 2: A Grécia, que já recebeu três vezes mais dinheiro da troika
do que nós (e ainda vai receber mais), que fez batota nas contas
públicas anos a fio (e ajudada pelo Goldman Sachs), que nunca cumpriu
os seus compromissos para com a troika, já conseguiu, mesmo assim, ver
o prazo de assistência prolongado, o prazo de cumprimento do défice
prolongado, os juros diminuídos e a dívida perdoada em metade (e já se
discute o perdão da outra metade). A Espanha, que, por orgulho, se
recusa ao pedido formal de resgate, já recebeu, mesmo assim, €100.000
milhões para acudir à banca e viu também prolongado o prazo para
cumprir as metas do défice a que se comprometeu com Bruxelas.
Nós, não: não queremos nem mais prazo, nem mais dinheiro, nem menos
juros: estamos confortáveis a ver os alemães financiarem-se a 0% de
juros para depois nos emprestarem a 5% — por isso é que a Alemanha não
quer ouvir falar nas eurobonds oú em qualquer forma de mutualização da
dívida. E estamos confortáveis a ver as nossas empresas, que, quando
conseguem, compram dinheiro a 10% e pagam mais cara a energia, as
comunicações e os impostos, terem de concorrer com empresas
estrangeiras que se financiam a 3%, pagam a energia a preços justos e,
havendo conveniência, vivem em dumping fiscal.
Facto 3: As opiniões públicas da Alemanha, da Holanda, da Áustria, da
Finlândia, dos países que nos maltratam, ignoram isto. E ignoram,
porque o nosso Governo não se atreve a explicar-lhes, não vá isso
indispor Angela Merkel.
Facto 4: Fora dó círculo dos cinco terroristas económicos que nos
governam, fora da nave de loucos supostamente conduzida pelo
primeiro-ministro Passos Coelho, não há uma alma penada que não tenha
percebido já que seguimos uma estratégia de suicídio colectivo. Se o
défice voltou a falhar as previsões este ano, se o desemprego foi "uma
desagradável surpresa", se a recessão foi e será sempre acima do
previsto, se a receita fiscal "estranhamente" caiu, mesmo aumentando
impostos além do sustentável (tal como se aprende, afinal, em qualquer
manual de economia para principiantes, excepto o do António Borges),
já não é por culpa do nunca explicado "buraco colossal" que herdaram,
nem por culpa do Tribunal Constitucional (cujo acórdão só teria efeito
para o ano): é apenas e só por culpa da chocante incompetência desta
gente. É porque eles falharam em toda a linha, que vamos agora ter de
pagar o seu falhanço de 2012 e o próximo. E assim sucessivamente, até
à implosão final. Facto 5: Perante a evidência do desastre, perante o
descalabro do "bom aluno" e do "bom exemplo", os seus mentores tratam
de tirar o cavalinho da chuva: o FMI fez um extraordinário exercício
de mea culpa, reconhecendo ter-se enganado na teoria e na sua
demonstração prática (o que, mesmo assim, não convenceu o último dos
moicanos, o nosso Vítor Gaspar, que acha que tudo não passou de um
problema de má tradução do inglês). E Bruxelas já tratou de
esclarecer, pela voz do nosso amigo Durão Barroso, que a
responsabilidade por tanta asneira junta, aqui ou na Grécia, "é dos
governos nacionais". É assim que acontece nas histórias de espionagem,
quando os agentes undercover são descobertos: abandonam-se à sua
sorte. O careca, o alemão e o etíope já estão em roda livre e por
conta própria: só Gaspar e Passos Coelho é que persistem em validar as
suas credenciais.
Se aceitarmos a tese da RENDIÇÃO e do conformismo com a desgraça, que
defende o professor Vítor Bento, também nós estaremos entregues à
nossa sorte e à insanidade mística de quem nos governa. E se
aceitarmos que pelo facto de sermos um pequeno país num clube dominado
por grandes países, não nos resta nada senão ficar calados e obedecer,
então o que está em causa já não é saber como sairemos desta crise,
mas o que fazemos na União Europeia. Quando se é convidado para jantar
em casa dos poderosos ou avançamos para a mesa como iguais ou acabamos
na cozinha, tratados como pedintes.
Eu não me conformo com isso. Entre todas as promessas que traiu, todas
as coisas que disse que ia fazer e não fez, e todas as outras que
jurou jamais fazer e fez, há uma coisa pela qual Passos Coelho não
merece perdão: dizer que estava preparado para governar.
A ignorância só é desculpável quando é humilde, não quando se mascara
de sapiência e suficiência, sabendo que, com isso, vai causar danos a
terceiros de boa-fé. Mas é o que temos, por ora.
E, se ele não tem coragem para estar à altura da situação e fazer o
que tem de fazer como primeiro-ministro de um país com quase 900 anos
de história, que agoniza, sem sentido nem dignidade, pois que acorde
então Sua Excelência que habita no Palácio de Belém e que tem o dom de
falar quando é fácil ou lhe convém e de ficar calado e quieto quando
acha prudente. Que Cavaco Silva obrigue o PM a defender Portugal, que
o substitua nisso, se necessário, ou que o demita, se não restar
alternativa. Mas que se deixe de silêncios palacianos e jogos
florentinos, à mistura com desabafos de alma no Facebook. Eu nem
sequer tenho conta no Facebook e não penso vir a tê-la para ler as
mensagens criptadas do alter ego do Presidente da República. Ó, sorte
a nossa!
2. Ainda com a interminável conta do BPN para pagar, o Governo
prepara-se para acorrer ao Banif com 600 milhões de euros — que são
garantidamente para perder. Mas que culpa temos nós que o Banif vá à
falência? Pois que vá e que fique de exemplo!
3. Foi brilhante o primeiro gesto de Alberto da Ponte na RTP:
contratar o incontornável amigo Cunha Vaz para tratar da imagem ou da
mensagem da televisão pública, que o ministro Relvas desespera por
privatizar. O homem tanto trata de eleições de presidentes, partidos,
primeiros-ministros, como de clubes de futebol, cervejas ou empresas
públicas. Porque não o contratam para governar?
4. E para vigiar a transparência do processo de privatização da TAP,
nada melhor do que alguém que, tal como António Borges, o 'consultor'
das privatizações, odeia tudo o que é público: Ferraz da Costa, outro
dos ilustres integrantes do bando dos cinco terroristas económicos que
nos governam. Para poupar o resto da história e das elaboradas
explicações 'técnicas' que nos serão dadas, digam-nos já o final:
quanto nos vai custar a 'venda' da TAP ao
brasileiro/colombiano/polaco?
Miguel Sousa Tavares

 
"(...)A Europa deve pôr fim à obsessão com o défice e mudar de paradigma. É claro que existem desperdícios na despesa pública, como nos EUA, mas, estruturalmente, o défice não é significativo. Em vez de lhe atribuir a responsabilidade pela fraqueza da economia, os dirigentes europeus deveriam compreender que é uma economia anémica - portanto com as suas receitas fiscais reduzidas - a causadora do aumento do défice.
Como se pode aceitar que, com um jovem em cada dois no desemprego, a Espanha possa conseguir reembolsar a sua dívida?
A austeridade só retarda a solução dos problemas. Em compensação as despesas públicas na educação e na tecnologia podem, a prazo, estimular a produção e criar emprego.
A Alemanha esqueceu as lições dos anos 30, quando a obsessão com o equilíbrio orçamental agravou a recessão e tornou a guerra inevitável.(...)
Stiglitz - recebeu o prémio Nobel da Economia em 2001)

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