"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Respigos de leitura estival (1): "O VALOR DE EDUCAR" (Savater, Fernando), Publicações Dom Quixote

Pouco se avançará enquanto o ensino básico não for prioritário
No domínio da educação (...), pouco se avançará enquanto o ensino básico não for prioritário em termos de investimento dos recursos, de atenção institucional e também enquanto centro do interesse público. Temos de evitar o actual círculo vicioso, que vai de pouca valorização da tarefa dos professores primários à sua remuneração ascética, e desta ao seu escasso prestígio social (...). Trata-se de um tema demasiado sério para que nos permitamos abandoná-lo exclusivamente aos políticos, que só se ocuparão dele se o considerarem um tema de interesse urgente, eleitoralmente compensador: também aqui a sociededade civil deverá reclamar a iniciativa e converter a escola em «tema da moda». [pp. 17-18]
A tarefa de educar tem limites óbvios
À semelhança de todo o propósito humano – e a educação é, sem dúvida, o mais humano e humanizador de todos eles -, a tarefa de educar tem limites óbvios e nunca cumpre senão em parte os seus melhores – ou piores! – intentos. (…). É certo que o esforço no sentido de educarmos os nossos filhos melhor do que nós fomos educados encerra um aspecto paradoxal, imã vez que dá por adquirido que nós – que fomos educados com deficiências – seremos capazes de educar bem. [pp. 18-19]
A educação parece ter estado perpetuamente em crise ao longo do nosso século
É verdade, contudo, que a educação parece ter estado perpetuamente em crise ao longo do nosso século, pelo menos a darmos ouvidos às insistentes vozes de alarme que de há muito nos previnem  a esse respeito. (...) Com efeito, o problema educativo já não pode ser reduzido ao simples insucesso de uma mão-cheia de alunos, por mais numerosa que seja essa mão-cheia, mas revela-se de uma natureza preliminar e mais sombria: da incerteza ou da contradição presentes nas exigências correspondentes.
 Deverá a educação preparar competidores capazes em vista do mercado de trabalho ou formar homens completos? Deverá desenvolver a originalidade inovadora ou manter a identidade tradicional do grupo? Atenderá à eficácia prática ou apostará no risco criador? Deverá potenciar a autonomia de cada indivíduo, muitas vezes crítica e dissidente, ou a coesão social? Manterá uma neutralidade escrupulosa perante a pluralidade das opções ideológicas, religiosas, sexuais e as outras diferentes formas de vida(droga, televisão, polimorfismo estético…) ou esforçar-se-á por demonstrar o preferível e por propor modelos de excelência? (...). Poderão visar-se em simultâneo todos estes objectivos ou serão alguns deles incompatíveis entre si? Neste último caso, como e quem deverá decidir das escolhas a fazer? Mas vejamos: porque há-de ser obrigatório educar? [pp. 20-21]  (continua)

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