"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"UM POEMA POR SEMANA" (3/15)

Estreou, no Dia Mundial da Poesia (21 de Março):
15 poemas em 75 dias, ditos por 75 pessoas
Sophia de Mello Breyner Andresen, Cesário Verde, Ruy Belo, Fernando Pessoa, Miguel Torga, Sá de Miranda, António Nobre, Alexandre O'Neill, Luís Vaz de Camões, Jorge de Sena, José Régio, David Mourão-Ferreira, António Gedeão, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny.
O que têm em comum estes poetas? Para lá do facto de estarem mortos? Todos marcaram indelevelmente a história da literatura em língua portuguesa.
Mais do que isso: marcaram o nosso imaginário e condicionaram a nossa identidade! Ainda que, muitas vezes, disso não tenhamos consciência...
Os "dizedores":
São homens e mulheres, novos e velhos, falantes de português. Gente que tem em comum gostar MUITO de poesia.
"Um Poema por Semana" é uma ideia de Paula Moura Pinheiro.
Escolha dos poemas: José Carlos de Vasconcelos, jornalista com longa história na ação cultural em Portugal e diretor do clássico "Jornal de Letras";
Direção artística, realização e cenografia: Paulo Braga, um criativo sénior do mundo da Publicidade;
Direção de Casting: João Gesta, o apaixonado inventor de Quintas de Leitura no Teatro do Campo Alegre, no Porto; e por Gonçalo Riscado, Sandra Silva e Alexandre Cortez responsáveis pelo Festival Silêncio;

Para que fiquem claros os critérios com que trabalhámos em "Um Poema por Semana": nos poemas de autores que viveram há séculos, como Sá de Miranda ou mesmo Cesário Verde, há, por vezes, discrepâncias entre as diversas fixações dos seus textos. Nesses casos, aceitámos que os "diseurs" usassem a fixação do poema que melhor conhecem. Mas cuidámos que os textos dos poemas que aqui publicamos correspondem às fixações mais reconhecidas pela academia - se é para conhecer melhor o poema, que seja na sua versão mais consensual.

ARIANE, Miguel Torga, o 3º poema



ARIANE


Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.


Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades...
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades...


Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre gaivotas que se dão no rio.


Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.


Miguel Torga
1907-1995


Diário vols. I a IV
Miguel Torga
Publicações Dom Quixote

Sem comentários:

Enviar um comentário