A linguagem realista e vibrante do profeta obriga-nos a fazer face ao sofrimento de Cristo por causa dos nossos pecados: é por nós que Ele sofreu, a sua dor é o preço da nossa paz. É o Cristo de Grünewald, o corpo batido, torturado, que somos obrigados a olhar – e não gostamos. Eu, pelo menos, não gosto. Suporto mal ver o sofrimento de outra pessoa, sobretudo de um ser amado, como Cristo. Forma-se em mim um sentimento de indignação, e mesmo, por vezes, um sentimento de revolta contra Deus, porque é a justiça de Deus que exige que este homem seja torturado. Com Job, sou tentado a perguntar o que é que os nossos pecados miseráveis, as nossas pequenas falhas, podem fazer a Deus, que é tão grande, tão transcendente, tão imutável. E se há ofensa, não será Ele mais magnânimo, mais nobre, para perdoar sem nada exigir? Não é Ele o Amor? Porque há de vingar-se sobre os homens, sobretudo neste homem, que é totalmente inocente? Porquê vingar-se? Continuar a ler…
Em frente a Jesus, com o centurião
O centurião viu o amor florir no deserto da desumanidade. Entre a ebulição dos insultos e das mentiras, aquele homem, Jesus, pronunciava palavras de fidelidade e de verdade. De todo o lado a multidão gritava «não» a Jesus, mas o centurião ouviu de Jesus apenas «sim» ao Pai, «sim» ao próximo», «sim» à sua missão. Naquela horrível cruz de ódio e de violência, o centurião reconheceu o amor, um amor firme que se recusa a morrer, que é forte como o aço contra o mal, mas terno diante do amado. Jesus permaneceu fiel à sua missão. Assim a sua morte se transformou em vida. Quando adoramos o Deus-Trindade em louvor do sacrifício de Jesus, somos chamados a chorar pelas vítimas da indiferença da humanidade pecadora e da impotência de Deus. Mas choramos também de gratidão pela experiência do amor puro que é derramado num mundo ferido. A cruz, emblema da culpa dos criminosos, confirmou a inocência de Jesus, o verdadeiro adorador de Deus. Continuar a ler…
Sem comentários:
Enviar um comentário