"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























sexta-feira, 2 de maio de 2014

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Léxico do bom viver social

Palavras para o nosso tempo
Durante estes anos, demasiados foram os danos, não apenas económicos, provocados por quem apresentou ‘males’ sob forma de ‘bens’, custos como benefícios, vícios mascarados de virtudes. Danos que continuamos a produzir, nem sempre intencionalmente. Todos nós – cidadão comum, economistas, instituições, media, políticos – precisamos de instrumentos para dar vida a uma linguagem económica e civil que nos ajude a dar às coisas o nome certo, para amá-las e melhorá-las. Em todas as épocas de renascimento as palavras envelhecem muito rapidamente, e nenhuma época da história desgastou palavras e conceitos mais rapidamente que a nossa. Se verdadeiramente quisermos recriar trabalho, concórdia civil, cooperação e riqueza, é necessário saber antes pronunciá-los, dar-lhes nome. Quando do caos se quer passar ao cosmos (ordem), o primeiro ato humano fundamental é dar nome às coisas, conhecê-las, protegê-las, cultivá-las. Mas o nome mais importante que hoje precisamos de reaprender a reconhecer e a pronunciar é o nome do outro.
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http://www.snpcultura.org/palavras_para_o_nosso_tempo.html
A riqueza: O horizonte dos talentos
Se cancelarmos a natureza mais profunda e verdadeira da riqueza e o destino universal de todos os bens, perderemos também os sentimentos de reconhecimento civil pelas nossas riquezas. É a gratuidade-charis que funda toda a boa riqueza. Precisamos então de olhar o mundo e de dizer uns aos outros: «És tu que me fazes rico». E não deixarmos nunca de nos agradecermos reciprocamente. O que é a minha riqueza se não fruto de um conjunto de relações, algumas com raízes antiquíssimas? Se riqueza é primariamente um dom, partilhá-la e usá-la para o Bem comum não é um ato heroico, é um dever de justiça. Podemos, e devemos, partilhá-la porque, na sua maior parte, a recebemos também. Quando uma cultura perde este profundo sentido social e político das suas riquezas, extravia-se, declina, extingue-se.
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O preço não é justo
A nossa riqueza económica apinhou-se com uma miríade de bens diferentes, que partilham apenas o critério de medida monetário: antibiótico, bilhetes para ver Pirandello e Ibsen no teatro, flores para oferecer a quem amamos, bens relacionais, em conjunto com gastos com ações legais provocadas por litígios e delitos, minas anti-homem, slot-machines, pornografia. Tudo bens, tudo PIB, tudo crescimento. Nem todo o trabalho e nem todos os postos de trabalho, são coisas boas, não o foram nunca. Mas hoje em dia os bens perderam contacto com o Bem, e sem este contacto já não temos categorias culturais para entender que nem sempre o aumento de bens é Bem, que nem todos os bens são coisas boas, que nem todo o crescimento aumenta a felicidade o bem-estar.O contraste entre os nossos bens e o bem surge com toda a sua trágica claridade no ambiente natural, que muito frequentemente apresenta o espetáculo da combinação de bens individuais e mal comum. Que critério ético temos hoje para dizer se um aumento percentual do PIB é um bem ou um mal?
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http://www.snpcultura.org/o_preco_nao_e_justo.html
Os bens relacionais
Na nossa sociedade de mercado, depois de algumas décadas dominados por produtos de massa anónimos e despersonalizados, verifica-se hoje uma forte e crescente tendência para repersonalizar os bens. Pretende-se fazer emergir os «relacionamentos entre pessoas, escondidos na concha de um relacionamento entre coisas» (Marx, O Capital). Nos mercados, prateleiras de lojas, na web, vemos mercadorias e serviços; mas por baixo deles, invisíveis mas bem reais, estão relações de trabalho, produção, poder, amor e dor humanos. Precisamos de treinar o olhar e de aguçar o ouvido para conseguirmos ouvir vozes e ver rostos não apenas do lado de lá do balcão da fruta ou na caixa de uma loja, mas também atrás de frigoríficos, sapatos, fatos, computadores, porque eles estão lá realmente. Uma bica tomada num café com máquinas de venda automática, muito embora saboreado na companhia de amigos, não é a mesma coisa que se tomava tempos atrás no bar da rua ao lado, mesmo se feito com a mesma mistura de cafés e a mesma máquina. Tem um sabor muito diferente, mas é preciso ter glândulas espirituais e civis para notar esta diferença; glândulas que se estão atrofiando.
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http://www.snpcultura.org/os_bens_relacionais.html
A profecia e a injustiça
A pobreza é uma dimensão da condição humana, é uma realidade básica da vida de toda a gente. Grave erro da nossa civilização é considerá-la um problema típico de algumas categorias sociais ou povos que de vez em quando se assumem como “empreiteiros” da pobreza: um modo de nos imunizarmos sempre mais dos pobres, banindo-os, como bode expiatório, para fora das fronteiras da convivência civil. Já não conhecemos a pobreza; e não a reconhecemos porque não recordamos que nascemos na mais absoluta pobreza e que terminaremos a vida numa pobreza não menos absoluta. Sem a opção de ser pobre de poder, de riqueza, de si mesmo, não é possível conduzir longas e extenuantes lutas pela justiça que podem ir ao ponto de empenhar a própria vida e até mesmo morrer por aqueles ideais. Apenas estes pobres podem doar a sua vida pelos outros porque não consideram possuí-la ciosamente. Quem não for capaz de doar a sua vida pelos ideais em que crê, considera bem pouca coisa tais ideais e a própria vida.
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http://www.snpcultura.org/a_profecia_e_a_injustica.html
Capitais: nem tudo é mercadoria
O capital espiritual da pessoa, famílias, comunidades, escolas, empresas, foi sempre a primeira forma de riqueza das nações. Uma pessoa, ou povo, continua a viver e não implode durante as crises enquanto tiver capitais espirituais a que apelar. No tempo da noite, não morrerá enquanto souber entrar dentro da sua alma e da do mundo e nela encontrar algo, alguém, a que agarrar-se para recomeçar. Não é possível dar vida a uma empresa, achar recursos morais para uma aventura em caminhos de risco – para si mesmo e para os outros – conviver com suspensões, adversidades e com a desventura de que se compõe a vida empresarial, sem capitais espirituais pessoais e comunitários. Que capitais espirituais, antigos e novos, estamos a oferecer, a criar nas novas gerações? Estamos a dotar os jovens, e todos nós, de recursos espirituais para as etapas críticas da existência? Quando recolhem os olhos dentro de si, encontram alguma coisa que os faça levantar o olhar? Se não conseguirmos uma nova-antiga fundação espiritual do Ocidente, a depressão será a peste do séc. XXI. Os sinais de fragilidade da atual geração de jovens-adultos são muito eloquentes; bastaria apenas escutá-los mais.
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http://www.snpcultura.org/capitais_nem_tudo_e_mercadoria.html
Regenerar as virtudes subvertidas
Ultrapassámos por certo o ponto crítico da vida exterior (consumos, mercadorias, técnica), e assim parece-nos normal a grande carestia e incapacidade de interioridade, de meditação, de oração em que gradualmente precipitámos. A mesma sorte coube à imunidade. A boa conquista moderna de espaços e momentos de vida privada imune de poderosos e patrões, transformou-se numa “cultura da imunidade” na qual já não se abraça, nem sequer se toca, ninguém, cultura que está a fazer murchar tudo e todos; e assim uma maré cheia de solidão está inundando cidades e vidas. Habituamo-nos a sofrer sozinhos, a morrer sós, a crescer sozinhos em quartos fechados, vazios de pessoas amigas; mas cheias de demónios que nos roubam os filhos. Falar destes grandes temas civis é um primeiro passo decisivo para tomar deles consciência e para não ultrapassar outros pontos críticos que surgem no horizonte. Para nos determos ou mesmo voltar atrás: em alguns raros mas luminosos casos os povos foram capazes de fazê-lo.
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http://www.snpcultura.org/regenerar_as_virtudes_subvertidas.html
Algo de único
Para homens e mulheres nunca foi suficiente o mero consumo de bens. Animais simbólicos e ideológicos que somos, sempre pedimos mais aos produtos que consumimos: do statu social à representação de um futuro melhor durante presentes de indigência. Através dos bens quisemos falar, contar histórias, descrever-nos aos outros e ouvir o que os outros dizem. Fazer experiências. Alguns bens, aliás, estão de tal modo ligados a uma experiência que os economistas os designaram “bens de experiência” (experience goods); são os bens que apenas conseguimos compreender e avaliar depois uma experiência direta e pessoal. Quando saímos de casa para descer aos mercados procuramos experiências maiores que as coisas que compramos. Frequentemente, porém, os bens não mantêm as suas promessas, porque as experiências que fazemos são demasiado pobres em comparação com a nossa sede de infinito. Então, desiludidos mas prontos a esquecer desilusões de ontem, recomeçamos todas as manhãs as nossas liturgias económicas, à procura de bens, de sonhos, de relacionamentos humanos, de vida.
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http://www.snpcultura.org/algo_de_unico.html
A nossa riqueza são os laços
Florescem as comunidades quando são capazes de cooperação. Se não tivéssemos iniciado a cooperar (agir juntos) a vida em comum não teria sequer tido início; teríamos ficado evolutivamente bloqueados na fase pré-humana. Como com frequência acontece a grandes palavras do humano, também a cooperação é ao mesmo tempo una e múltipla, muitas vezes ambivalente; e as suas formas mais relevantes são as menos óbvias. Sempre que seres humanos atuam em conjunto e se coordenam para chegar a um resultado comum mutuamente vantajoso estamos perante a cooperação. Mas nem todas as cooperações são coisa boa; existem cooperações que, aumentando embora as vantagens dos sujeitos nela envolvidos, fazem piorar o bem comum porque prejudicam alguém exterior àquela cooperação. Para distinguir a boa da má cooperação é necessário antes de mais observar os efeitos que tal cooperação intencionalmente produz sobre pessoas externas.
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http://www.snpcultura.org/a_nossa_riqueza_sao_os_lacos.html
Mercado e reciprocidade: Aliança a reconstruir
O nosso melhor passado remoto e próximo é fruto da mescla de mercados e reciprocidade. O movimento cooperativo, os distritos industriais, as empresas familiares são filhos de encontros entre as linguagens do mercado com as do dom. As famílias sempre souberam que as empresas são assunto muito importante e essencial para o seu bem. É delas que vem trabalho e salário; é nesses lugares abertos e duros que se alimentam sonhos e vida verdadeiros. As pessoas sempre habitaram e viveram os mercados reais como lugares humanos, praças e lojas cheias de gente, de odores, sabores e palavras; não esqueçamos ainda que, durante décadas, os mercados foram dos pouquíssimos lugares de vida pública, soberania e protagonismo de muitas nossas mães e avós. A grande e longa história da relação entre mercados e vida civil é sobretudo uma história de amizade e aliança.
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http://www.snpcultura.org/mercado_e_reciprocidade_alianca_a_reconstruir.html
A gratuidade cria o novo, mas onde estão os profetas?
Os mais de 26 milhões de desempregados na Europa, entre os quais imensos jovens, a vulnerabilidade e a tristeza crescentes de tanta gente, são sinais inequívocos de que o nosso tempo precisa de inovações grandes, de topo. A Igreja do papa Francisco está a criar um ambiente propício para possíveis novas grandes inovações sociais e económicas de topo. Mas para que este ambiente seja povoado por novo trabalho, direitos, vida, era precisa a força de Isaías e de Jeremias; ou a força dos carismas. Uma Catarina de Sena, um D. Bosco, um Martin Luther King olhariam hoje para as nossas cidades dos seus cumes. Descobririam nas multidões a fome de trabalho e de vida verdadeira, o medo do presente e do futuro dos filhos. Comover-se-iam, amar-nos-iam com o seu olhar diferente e alto, e começariam logo a agir, inovando verdadeiramente. Mas onde estão os profetas de hoje?
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http://www.snpcultura.org/a_gratuidade_cria_o_novo.html
O futuro não é um clube
Para pôr em movimento uma ação ecológica na cidade, para fazer nascer uma forma de economia partilhada, para deixar de pagar o imposto às máfias, para salvar da morte um bosque ou uma associação, para assinalar e mapear os caminhos de montanha, é necessário que exista um grupo de cidadãos, ainda que pequeno, que faça de motor de arranque, que comece a comprometer-se sem garantia de reciprocidade nem de sucesso. Nestes “cidadãos starter” entra em ação um tipo especial de lógica que podemos chamar do “melhor eu só, do que ninguém”. Sabem que a sua doação é de risco, muitas vezes posta em ridículo, considerada ingénua, talvez até explorada por oportunistas; mas, tomando a peito esse bem comum e o Bem comum, preferem ocupar-se sozinhos daquele bem a vê-lo morrer, esperando (sem o exigir) que amanhã a sua ação seja imitada.
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Sem mercado não há liberdade. O mercado por si só não dá felicidade
Não se trata de pôr em dúvida a importância destes novos bens, mas apenas de usar o sentido crítico e tomar consciência de que as grandes multinacionais usam as inovações tecnológicas não para aumentar a criatividade e a autonomia dos cidadãos, mas para criar sempre mais conforto e consumidores que substituam rapidamente aqueles bens que devem envelhecer ainda mais rapidamente. Precisamos, pois, de tudo fazer para que a revolução das novas tecnologias não nos prenda dentro de casa ‘entretidos’ e cómodos. A qualidade das democracias dependerá muito da nossa capacidade de não confiar as novas tecnologias apenas ao capitalismo para o lucro, mas de considerá-las como novos direitos de cidadania, acessíveis a todos, principalmente aos mais pobres, e de regular o seu uso e gestão, como acontece hoje com os bens de utilidade pública.
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Um mundo a recomeçar a partir da mulher e do "Tu"
As estatísticas mostram que nas empresas e bancos são principalmente as mulheres que sofrem porque os postos de trabalho foram pensados, desenhados e promovidos por teorias onde falta “a outra metade” do mundo e da economia. Mudar a economia para a tornar à “medida de mulher” implicaria – faço apenas um aceno – rever também a teoria e a praxis da gestão da casa, a economia familiar, a educação dos filhos, o cura dos idosos. E muitas outras coisas mais. As dificuldades do tempo presente dependem também do não se conseguir valorizar a enorme energia relacional e moral das mulheres, hoje ainda demasiado hóspedes e estrangeiras no mundo produtivo dos homens onde, por isso, não conseguem exprimir todas as suas potencialidades e talentos. Também a economia está à espera de ser vivificada pelo génio feminino.
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Não é utopia uma alternativa à economia de domínio
A comunhão é felicidade, bem-estar, bem-viver. Mas dentro de nós e à nossa volta a vida mostra-nos continuamente um espetáculo de não-comunhão. Dizer – e recordá-lo sempre – que a comunhão é vocação da humanidade significa ter uma ideia acerca da saúde e da doença das sociedades humanas. O humanismo hebraico-cristão, por exemplo, fala-nos de um início da humanidade na comunhão, um início que é também o fim último da história, a meta para a qual tendemos. A não-comunhão não é nem a primeira nem a última palavra sobre o destino do homem. Dizer que a comunhão é a saúde e a não-comunhão a doença, significa ter uma ideia da terapia necessária. A cultura dominante, pelo contrário, está a inverter esta ordem e transformou a doença em saúde. É o que faz quando diz que a rivalidade, a inveja e a prepotência são os principais agentes de crescimento económico; e que a concórdia, a gratuidade e a igualdade não fazem crescer o PIB.
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http://www.snpcultura.org/nao_e_utopia_uma_alternativa_economia_dominio.html

 

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