Oito livros, apenas, fizeram aquela que terá sido, talvez, a mais pequena biblioteca infantil do mundo. Existiu num local insuspeito, de forma clandestina, e serviu de janela aberta ao mundo para um grupo de crianças. As obras escondidas no barracão 31 foram como que a liberdade, ainda que condicional, do campo de concentração: «Nesse lugar horrível, onde quando olhas para fora apenas vês chaminés que deitam as cinzas das pessoas queimadas, vês lama, gente armada e cães a ladrar, de repente entras num barracão, abres um livro, e esse livro leva-te para as pirâmides do Egito, para a Revolução Francesa ou para a conquista da América», diz o autor de “A bibliotecária de Auschwitz”. «O livro acaba por ser uma janela, uma espécie de passaporte, de helicóptero que te tira dali por um instante», salientou Antonio Iturbe: «Os livros não podem mudar a realidade atroz ou transformá-la de forma mágica. Mas, no mínimo, podem permitir um momento de pausa. É como se a escrita fosse um parêntesis para que a vida não nos caia em cima».
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