Os bispos católicos e ortodoxos que estão reunidos em Lisboa para discutir a crise, estão de acordo no que diz respeito às raízes da mesma. A crise é económica e financeira, sim, mas é também de valores.
O Cardeal Arcebispo de Budapeste, Peter Erdo, que é presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Europa, considera preocupante que a crise seja vista pelos políticos só do ponto de vista financeiro: “A crise é económica mas é com preocupação que vemos a economia real a passar sempre para segunda linha em relação às finanças. Contudo, pensamos que a crise sendo económica e moral é sobretudo antropológica”.
“O homem está-se a tornar diferente daquilo que conhecíamos do passado. Há grandes problemas de distracção, a perda da capacidade de raciocínio lógico ou de autodisciplina, de diversos valores sociais que são necessários para ultrapassar a crise na história”, conclui.
É neste sentido que estão reunidos os bispos e padres representantes da quase totalidade de igrejas ortodoxas e das conferências episcopais católicas da Europa. O objectivo é apresentar propostas para ajudar a resolver a crise: “Vamos fazer propostas concretas, não directamente propostas políticas, mas morais e sociais, que os políticos e os cidadãos devem ter em consideração, bem como todos os homens de boa vontade.”
O cardeal Erdo faz uma ressalva, contudo: “Quando digo propostas, são propostas e não receitas”.
"Políticos não se interessam pelas pessoas" (As pessoas não se interessam pela política, mas na hora do voto passam o "cheque", em branco, claro. Consequência a coisa fica preta)
Do lado ortodoxo a opinião é a mesma. As Igrejas têm a obrigação de falar à sociedade destes problemas e de apresentar propostas: “As Igrejas têm algo para dizer sobre esta situação, sobre a crise, e mostrar outros aspectos do problema, uma dimensão espiritual”, explica o chefe da delegação ortodoxa.
O bispo Gennadios de Sassima lamenta que os políticos ignorem este lado da crise: “Os políticos da Europa só falam da banca, do euro, salvar a zona euro. Ninguém vê o lado espiritual e claro que há muito para dizer, mas eles não querem saber do sofrimento das pessoas. Este é o papel da Igreja, temos de levantar bem alto a nossa voz”.
Ao fim do segundo dia de reunião os membros do Fórum Ortodoxo-Católico tiveram esta tarde um momento de lazer, visitando a Torre de Belém e os Jerónimos, antes de partir para uma oração ecuménica.
Para o bispo católico de Aberdeen, Hugh Gilbert, estes encontros têm muito valor sobretudo porque permitem construir relações de amizade entre representantes de diferentes confissões: “Permitem que se construam amizades e essa é a base do diálogo. Há outras dimensões, a teológica, a prática, mas poder conhecer pessoalmente pessoas das Igrejas Ortodoxas, só por si vale a pena”, considera.
O Fórum Ortodoxo-Católico continua amanhã, incluindo a participação dos delegados na missa de Corpo de Deus, na Sé. Na Sexta-feira termina o encontro, com a divulgação de um documento final.
in http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=65341Mais:
Igreja: Cardeal patriarca de Lisboa propõe "revolta cultural" para responder à crise
"(...) sem uma revolta cultural, a Europa poderá encontrar soluções precárias, mas não a solução(...)"
http://expresso.sapo.pt/igreja-cardeal-patriarca-de-lisboa-propoe-revolta-cultural-para-responder-a-crise=f731470
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