"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 2 de março de 2014

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOMt 6, 24-34
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Ninguém pode servir a dois senhores,
porque ou há-de odiar um e amar o outro,
ou se dedicará a um e desprezará o outro.
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Por isso vos digo:
«Não vos preocupeis, quanto à vossa vida,
com o que haveis de comer ou de beber,
nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir.
Não é a vida mais do que o alimento
e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu:
não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros;
o vosso Pai celeste as sustenta.
Não valeis vós muito mais do que elas?
Quem de entre vós, por mais que se preocupe,
pode acrescentar um só côvado à sua estatura?
E porque vos inquietais com o vestuário?
Olhai como crescem os lírios do campo:
não trabalham nem fiam;
mas Eu vos digo:
nem Salomão, em toda a sua glória,
se vestiu como um deles.
Se Deus assim veste a erva do campo,
que hoje existe e amanhã é lançada ao forno,
não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos inquieteis, dizendo:
‘Que havemos de comer? Que havemos de beber?
Que havemos de vestir?’
Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas.
Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso.
Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça,
e tudo o mais vos será dado por acréscimo.
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã,
porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações.
A cada dia basta o seu cuidado».
AMBIENTE
Estamos, ainda, no contexto do “sermão da montanha” (cf. Mt 5-7). Jesus continua aqui a apresentar a “nova Lei” (como, no Antigo Testamento, Deus apresentou ao seu Povo, na montanha do Sinai a antiga Lei) que deve guiar a comunidade cristã na sua caminhada histórica.
O Evangelho que hoje nos é proposto começa com um “dito” de Jesus (vers. 24) que, em rigor, faz parte da secção anterior (cf. Mt 6,19-24: é aí que aparecem os “ditos” ou “sentenças” de Jesus que advertem os discípulos para o uso das riquezas). Depois, na sequência, Mateus apresenta uma “instrução” (vers. 25-34), na qual se procura definir (a partir das lições das “sentenças” anteriores) a atitude vital e o caminho do cristão.
MENSAGEM
O “dito” do vers. 24 afirma a incompatibilidade entre o amor a Deus e o amor aos bens materiais (o termo utilizado por Mateus – “mamonas” – personifica o dinheiro como um poder que domina o mundo). Qual a razão dessa incompatibilidade?
Em primeiro lugar, Deus deve ser o centro à volta do qual o homem constrói a sua existência, o valor supremo do homem… Mas, sempre que a lógica do “ter” domina o coração, o dinheiro ocupa o lugar de Deus e passa a ser o ídolo a quem o homem tudo sacrifica. O verdadeiro Deus passa, então, a ocupar um lugar perfeitamente secundário na vida do homem; e o dinheiro – ídolo exigente, ciumento, exclusivo, que não deixa espaço para qualquer outro valor – é promovido à categoria de motor da história e de referência fundamental para o homem.
Em segundo lugar, o amor do dinheiro fecha totalmente o coração do homem num egoísmo estéril e não deixa qualquer espaço para o amor aos irmãos. O homem deixa de ter lugar, na sua vida, para aqueles que o rodeiam; e, por amor do dinheiro, torna-se injusto, prepotente, corrupto, explorador, auto-suficiente…
Na “instrução” (vers. 25-34) que se segue aos “ditos” sobre a riqueza, Mateus procura responder às seguintes questões: como deve ser ordenada a hierarquia de valores dos discípulos de Jesus? Os membros da comunidade cristã não se devem preocupar minimamente com as suas necessidades básicas?
Para os discípulos de Jesus, o “Reino” deve ser o valor mais importante, a principal prioridade, a preocupação mais séria, aquilo que dia a dia “faz correr” o homem e que domina todo o seu horizonte (“procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça”).
E as preocupações mais “primárias” da vida do homem: a comida, a bebida, a roupa, a segurança? São valores secundários, que não devem sobrepor-se ao “Reino”. De resto, não precisamos de viver obcecados com essas coisas, pois o próprio Deus Se encarregará de suprir as necessidades materiais dos seus filhos (“tudo o mais vos será dado por acréscimo” – ver. 33). Aliás, quem aceita o desafio do “Reino” descobre rapidamente que Deus é esse Pai bondoso que preside à história humana, que cuida dos seus filhos, que vela por eles com amor, que conhece as suas necessidades: se Deus, cada dia, veste de cores os lírios do campo e alimenta quotidianamente as aves do céu, não fará o mesmo – ou até mais – pelos homens?
O crente que escolheu o “Reino” passa, então, a viver nessa serena tranquilidade que resulta da confiança absoluta no Deus que não falha.
A proposta de Jesus será um convite a viver na alegre despreocupação, na inconsciência, na passividade, no comodismo, na indiferença? Não. As palavras de Jesus são um convite a pôr em primeiro lugar as coisas verdadeiramente importantes (o “Reino”), a relativizar as coisas secundárias (as preocupações exclusivamente materiais) e, acima de tudo, a confiar totalmente na bondade e na solicitude paternal de Deus. De resto, viver na dinâmica do “Reino” não é cruzar os braços à espera que Deus faça chover do céu aquilo de que necessitamos; mas é viver comprometido, trabalhando todos os dias, a fim de que o sonho de Deus – o mundo novo da justiça, da verdade e da paz – se concretize.
ACTUALIZAÇÃO
A actualização da Palavra pode fazer-se a partir das seguintes linhas de reflexão:
A primeira grande questão que, neste texto, Jesus nos coloca é a questão das nossas prioridades. Dia a dia somos bombardeados com um conjunto de propostas mais ou menos aliciantes, que nos oferecem a chave da felicidade e da vida plena: o dinheiro, o êxito profissional, a progressão na carreira, a beleza física, os aplausos das multidões, o poder… E estes ou outros valores semelhantes – servidos por técnicas de publicidade enganosa – tornam-se o “objectivo final” na vida de tantos dos nossos contemporâneos. No entanto, Jesus garante-nos que a vida plena não está aqui e que, se estes valores se tornam a nossa prioridade fundamental, a nossa vida terá sido um tremendo equívoco. Para Jesus, é no “Reino” – isto é, na aposta incondicional em Deus e no acolhimento do seu projecto de salvação/libertação – que está o segredo da nossa realização plena. Quais são as minhas prioridades? Em que é que eu tenho apostado incondicionalmente a minha vida?
• As propostas equívocas de felicidade criam, muitas vezes, desorientação e confusão. Ao encherem o coração do homem de ídolos com pés de barro, afastam o homem de Deus e deixam-no perdido e sem referências, só diante de um mundo hostil – como criança perdida, indefesa, impotente. Jesus lembra-nos, porém, que Deus é um Pai cheio de solicitude e de amor, permanentemente atento às necessidades dos filhos (Ele até veste os lírios do campo e alimenta as aves do céu…). Ele convida-nos a colocar a nossa confiança e a nossa esperança nesse Pai que nos ama e a enfrentar o dia a dia com essa serena confiança que nos vem da certeza de que Deus é nosso Pai, conhece as nossas dores e necessidades e nos pega ao colo nos momentos mais dramáticos da nossa caminhada.
• A referência à incompatibilidade entre Deus e o dinheiro convida-nos a uma particular reflexão neste campo… O dinheiro é, hoje, o verdadeiro centro do poder no mundo. Ele compra consciências, poder, bem-estar, projecção social, reconhecimento e até compra amor. Por ele mata-se, calcam-se aos pés os valores mais fundamentais, renuncia-se à própria dignidade, envenena-se o ambiente (que interessa o buraco do ozono, a poluição dos rios, o desaparecimento das florestas, se isso fizer mais ricos os donos do mundo…), escravizam-se os irmãos. Quando a lógica do “ter mais” entra no coração do homem e o domina, o homem torna-se escravo e, por sua vez, leva a escravidão aos outros homens. Torna-se injusto, prepotente e explorador, passa indiferente ao lado dos irmãos que vivem abaixo do limiar da dignidade humana, deixa de ter tempo para gastar com aqueles que ama (o amor do dinheiro sobrepõe-se a todos os outros amores), relega Deus para a lista dos valores secundários, acha o “Reino” proposto por Jesus “uma absurda quimera”. Como nos situamos face a isto? Se tivermos que optar (não em termos teóricos, mas nas situações concretas da vida) entre o dinheiro e os valores do “Reino”, qual é que escolhemos?
FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=688

Pedimos-te apenas o pão suficiente para hoje, o pão que chega para o dia a dia, como o maná no deserto, não a ânsia de mais. É o desafio do monge: conheço mosteiros que vivem assim, como aves e como lírios, diariamente dependentes do céu. Mas este desafio é também para todos nós, cheios de coisas e temerosos do futuro. Ocupar-se menos das coisas e mais da vida verdadeira, que é feita de relacionamentos, conhecimento, liberdade, amor. Queres voar alto, como uma ave, queres florir na vida como um lírio? Então deves desfazer-te dos pesos. Madre Teresa de Calcutá costumava dizer: tudo o que não serve, pesa! Menos coisas e mais coração: não uma renúncia, mas uma libertação. Das coisas, da “tralha” que comanda os pensamentos. Procura o reino, ocupa-te da vida interior, procura a paz para ti e para os outros, justiça para ti e para os outros, amor para ti e para os outros.
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/menos_coisas_mais_coracao.html

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