"Porquê?" & "Para quê?"

Impõe-se-me, como autor do blogue, dar uma explicação, ainda que breve, do "porquê" e do "para quê" da sua criação. O título já por si diz alguma coisa, mas não o suficiente. E será a partir dele, título, que construirei esse "suficiente". Vamos a isso! Assim:
Dito de dizer, escrever, noticiar, informar, motivar, explicar, divulgar, partilhar, denunciar, tudo aquilo que tenho e penso merecer sê-lo. Feito de fazer, actuar, concretizar, agir, reunir, construir. Um pressupõe e implica, necessariamente, o outro - «de palavras está o mundo cheio». Se muitos & bons discursos ditos, mas poucas ou nenhumas acções que tornem o mundo, um lugar, no mínimo, suportável para se viver, «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço», então nada feito!!!

«Para bom entendedor meia palavra basta» - meu dito meu feito, palavras e motivo.





























domingo, 9 de março de 2014

PALAVRA de DOMINGO: contextualizá-la para bem a entender e melhor vivê-la!

EVANGELHOMt 4,1-11Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto,
a fim de ser tentado pelo Demónio.
Jejuou quarenta dias e quarenta noites
e, por fim, teve fome.
O tentador aproximou se e disse lhe:
«Se és Filho de Deus,
diz a estas pedras que se transformem em pães».
Jesus respondeu lhe:
«Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’».
Então o Demónio conduziu O à cidade santa,
levou O ao pináculo do templo e disse Lhe:
«Se és Filho de Deus, lança Te daqui abaixo, pois está escrito:
‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra’».
Respondeu lhe Jesus:
«Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
De novo o Demónio O levou consigo a um monte muito alto,
mostrou Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória,
e disse Lhe:
«Tudo isto Te darei,
se, prostrado, me adorares».
Respondeu lhe Jesus:
«Vai te, Satanás, porque esta escrito:
‘Adoraras o Senhor teu Deus e só a Ele prestaras culto’».
Então o Demónio deixou O
e logo os Anjos se aproximaram e serviram Jesus.

AMBIENTE
A cena das tentações antecede, em Mateus (e nos outros Sinópticos), a vida pública de Jesus. A cena segue-se imediatamente – quer em termos cronológicos, quer em termos lógicos – ao Baptismo (cf. Mt 3,13-17): porque recebeu o Espírito (baptismo), Jesus pode afrontar e vencer a tentação de uma proposta de actuação messiânica que o convida a subverter a proposta do Pai.
A cena coloca-nos no deserto. Mateus diz explicitamente que “Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo demónio”. Os quarenta dias e quarenta noites que, de acordo com o relato, Jesus aí passou, resumem os quarenta anos que Israel passou em caminhada pelo deserto. O deserto é, no imaginário judaico, o lugar da “prova”, onde os israelitas experimentaram, por diversas vezes, a tentação do abandono de Jahwéh e do seu projecto de libertação (embora seja, também, o lugar do encontro com Deus, o lugar da descoberta do rosto de Deus, o lugar onde o Povo fez a experiência da sua fragilidade e pequenez e aprendeu a confiar na bondade e no amor de Deus). Será que a história se vai repetir, que Jesus vai ceder à tentação e dizer “não” ao projecto de Deus – como aconteceu com os israelitas?
O relato que hoje nos é proposto não é, contudo, uma reportagem histórica elaborada por um jornalista que presenciou um combate teológico entre Jesus e o diabo, algures no deserto… É, sim, uma página de catequese, cujo objectivo é ensinar-nos que Jesus, apesar de ter sentido – como nós – a mordedura das tentações, soube pôr acima de tudo o projecto do Pai.
O relato de Mateus (bem como o de Lucas) parte, sem dúvida, do relato – muito mais breve – de Marcos (cf. Mc 1,12-13); mas o texto que hoje nos é proposto amplia o relato original de Marcos, com um diálogo entre Jesus e o diabo, feito de citações do Antigo Testamento (sobretudo do livro do Deuteronómio).

MENSAGEM
A catequese sobre as opções de Jesus aparece em três quadros ou “parábolas”.
A primeira “parábola” (vers. 3-4) sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho de realização material, de satisfação de necessidades materiais. É a tentação – que todos nós conhecemos muito bem – de fazer dos bens materiais a prioridade fundamental da vida. No entanto, Jesus sabe que “nem só de pão vive o homem” e que a realização do homem não está na acumulação egoísta dos bens. A resposta de Jesus cita Dt 8,3 e sugere que o seu alimento – isto é, a sua prioridade – não é um esquema de enriquecimento rápido, mas é o cumprimento da Palavra (isto é, da vontade) do Pai.
A segunda “parábola” (vers. 5-7) sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espectaculares e sendo admirado e aclamado pelas multidões (sempre dispostas a deixarem-se fascinar pelo “show” mediático dos super-heróis). Jesus responde a esta tentação citando Dt 6,16, e sugere que não está interessado em utilizar os dons de Deus para satisfazer projectos pessoais de êxito e de triunfo humano. “Não tentar” o Senhor Deus significa, neste contexto, não exigir de Deus sinais e provas que sirvam para a promoção pessoal do homem e para que ele se imponha aos olhos dos outros homens.
A terceira “parábola” (vers. 8-10) sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho de poder, de domínio, de prepotência, ao jeito dos grandes da terra. No entanto, Jesus sabe que a tentação de fazer do poder e do domínio a prioridade fundamental da vida é uma tentação diabólica; por isso, citando Dt 6,13, diz que, para Ele, só o Pai é absoluto e que só Ele deve ser adorado.
As três tentações aqui apresentadas não são mais do que três faces de uma única tentação: a tentação de prescindir de Deus, de escolher um caminho de egoísmo, de orgulho e de auto-suficiência, à margem das propostas de Deus. Mas, para Jesus, ser “Filho de Deus” significa viver em comunhão com o Pai, escutar a sua voz, realizar os seus projectos, cumprir obedientemente os seus planos. Ao longo da sua vida, diante das diversas “provocações” que os adversários Lhe lançam, Jesus vai confirmar esta sua “opção fundamental” e vai procurar concretizar, com total fidelidade, o projecto do Pai.
Israel, ao longo da sua caminhada pelo deserto, sucumbiu frequentemente à tentação de ignorar os caminhos e as propostas de Deus. Jesus, ao contrário, venceu a tentação de prescindir de Deus e de escolher caminhos à margem dos projectos do Pai. De Jesus vai nascer um novo Povo de Deus, cuja vocação essencial é viver em comunhão com o Pai e concretizar o seu projecto para o mundo e para os homens.

ACTUALIZAÇÃO
A reflexão e a partilha poderão ter em conta os seguintes dados:
• A questão essencial que a Palavra de Deus hoje nos propõe é, portanto, esta: Jesus recusou, de forma absoluta, conduzir a sua vida à margem de Deus e das suas propostas. Para Ele, só uma coisa é verdadeiramente decisiva e fundamental: a comunhão com o Pai e o cumprimento obediente do seu projecto… E nós, seguidores de Jesus? É essa também a nossa perspectiva? O que é que é decisivo na minha vida: as propostas de Deus, ou os meus projectos pessoais?• Quando o homem esquece Deus e as suas propostas, e se fecha no egoísmo e na auto-suficiência, facilmente cai na escravidão de outros deuses que, no entanto, estão longe de assegurar vida plena e felicidade duradoura. Quais são os deuses que, hoje, dominam o horizonte desse homem moderno que prescindiu de Deus? Quais são os deuses que estão no centro da minha própria vida e que condicionam as minhas decisões e opções?Deixar-se conduzir pela tentação dos bens materiais, do acumular mais e mais, do subordinar toda a vida à lógica do “ter mais”, é seguir o caminho de Jesus? Olhar apenas para o seu próprio conforto e comodidade, fechar-se à partilha e às necessidades dos outros, pagar salários de miséria e malbaratar fortunas em noitadas de jogo ou em coisas supérfluas… é seguir o exemplo de Jesus?
Usar Deus ou os seus dons para saciar a nossa vaidade, para promover o nosso êxito pessoal, para brilhar, para dar espectáculo, para levar os outros a admirar-nos e a bater-nos palmas… é seguir o exemplo de Jesus?Procurar o poder a todo o custo (às vezes, entregando ao diabo os nossos valores mais importantes e as nossas convicções mais sagradas) e exercê-lo com prepotência, com intolerância, com autoritarismo (quantas vezes humilhando e magoando os pobres, os débeis, os humildes)… é seguir o exemplo de Jesus?
FONTE: http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=397

O pão é vida, mas há mais vida na boca de Deus
A narrativa das tentações relembra-nos o trabalho interminável de ordenar as nossas escolhas, a escolher como viver. As tentações de Jesus são também as nossas ao abarcarem todos os relacionamentos do dia a dia. A primeira escolha diz respeito ao corpo e às coisas: sacia a fome, manda a estas pedras que se tornem pão. Pedras ou pão, pequena alternativa que Jesus coloca abertamente. E diz: queres tornar-te mais pessoa, viver melhor? Não esgotes a vida na procura de bens, de coisas. Sonha, mas nunca reduzas os teus sonhos a coisas e dinheiro. «Não só de pão vive o homem.» Dentro de mim há mais, uma excedência, uma brecha por onde entra o mundo, as criaturas, os afetos, um fragmento de Deus. O homem vive de cada palavra que sai da boca de Deus. Que acende em mim uma fome de Céu que tentamos preencher com largos tragos de Terra. O pão é bom, mas melhor é a Palavra de Deus; o pão é vida, mas há mais vida na boca de Deus. Meditação sobre o Evangelho do I Domingo da Quaresma.
Ler mais em:
http://www.snpcultura.org/o_pao_e_vida_mas_ha_mais_vida_na_boca_de_Deus.html

Sem comentários:

Enviar um comentário