E se "o tempo voa", eles estão já aí!
Acerca do ócio cristão
Pode defender-se que o ócio nos dá uma outra visão de nós mesmos, do outro e do mundo, visão a que se poderá chamar “órfica”, por oposição à atividade laboral que persegue de preferência um princípio prometeico. Orfeu canta Deus, a natureza, o outro. O seu canto não é interessado, não se compraz na vontade de poder e na procura do útil. Orfeu maravilha-se, agradece, rejubila e recebe através do seu canto a plenitude da realidade. Escreve Rilke sobre Orfeu: «O canto que tu mostras não é cobiça, não procura uma meta que seja alcançada ao final. Canto é existência.» Karl Rahner chama ao ócio o tempo das musas, «o tempo musical»: «O tempo musical é relaxamento, algo que não se projeta nem se produz, tornar-se disponível e confiar nas insuperáveis forças da existência, esperar o irromper de algo de incalculável e de oferecido, acolhimento da graça, o sentido sem objetivo.»
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